Mapa da derrota da direita na Venezuela

Enviado por Ricardo Cavalcanti-Schiel

Por Marco Teruggi, no blog do Alok.

Originalmente em La Tabla.

Tradução do Coletivo Vila Vudu

A essa hora a direita estaria, pelos cálculos dela mesma, numa posição de força totalmente diferente da atual. Ou sentada no Palácio de Miraflores, ou tratando de um governo paralelo combinado com movimentos de massa e ações violentas, inclusive militares. Apostou no tudo ou nada/agora ou nunca, e hoje está enredada numa disputa interna para ver como seguir, tentando para não acabar pior que ao começar a escalada dos 100 dias.

Aconteceu o que tantas vezes acontece à direita: erraram nas análises. Superestimaram a própria força, subestimaram o chavismo, leram de maneira errada o estado de ânimo das massas, calcularam mal as coordenadas do campo de batalha. E nas batalhas as responsabilidades são coletivas, mas diferenciadas: o peso maior cai sobre os generais – como ensina, dentre outros livros, A Estranha Derrota, de Marc Bloch.

Porque fato é que houve a derrota, derrota tática, no marco de um equilíbrio instável prolongado, mas derrota, sim, e derrotas implicam mudanças, rompimentos, debandadas e mudanças de posição.

Por que a direita avaliou tão erradamente as condições para tomar o poder pela força na Venezuela? Foram vários elementos combinados. Em primeiro lugar, a posição da classe dirigente. A direção do movimento golpista estava e está em mãos de homens e mulheres da burguesia, da oligarquia, quadros em sua maioria de classe média alta, formados todos nessa política imaginária tão típica das direitas em todo o mundo. Não é verdade que a direita não desenvolveu estruturas em algumas zonas populares, mas não dirigem realmente coisa alguma e onde existem, são minoritárias. A esse elemento soma-se outro, que agrava o risco do cálculo e leva a erro: uma parte da direção do movimento golpista, tanto venezuelanos como norte-americanos, vive fora da Venezuela, muitos nos EUA.

Essas interpretações, marcadas por grande distância de classe e de país, acabaram por fracassar pelo efeito bumerangue de uma de suas reconhecidas forças: as redes sociais predominantemente de direita. A direita golpista venezuelana assumiu que a dinâmica manifestada nas redes seria representativa do estado de ânimo das maiorias e que essas maiorias seriam de direita. Pensaram que a fortuna que consumiram – da ordem de milhões de dólares – com veículos das empresas Twitter, Facebook, Instagram, Youtube, obtivera real sucesso, seria a expressão da verdade, o que realmente existia no mundo real, que a radicalidade da direita ali expressa seria a radicalidade popular real.

Desse modo, acabaram por se convencer de que o governo Maduro estaria caindo, faltando só o empurrão final, que o governo tinha apoio popular, que era minoritário e estava preso às cordas, que as massas descontentes atenderiam a convocação da direita para que tomassem as ruas para derrubar o “regime”, e que a própria direita teria força suficiente para expandir-se até alcançar aa grande massa policlassista e nacional necessária para derrubar o governo eleito. Essa combinação de elementos incidiria por sua vez sobre fatores políticos e institucionais do chavismo, os quais, ao ver o crescimento irrefreável das massas a exigir eleições gerais, mudariam de lado. Só aconteceu com a Fiscal Geral e alguns dirigentes intermédios pontuais – e não por pressão das massas, mas por plano e suborno político. O mais importante nesse plano era a Fuerza Armada Nacional Bolivariana, que a direita contava com que rapidamente mudaria de lado: e essa se manteve intacta, não vacilou e não quebrou.

Esses cálculos levaram a direita a manter a hipótese de saída violenta durante mais de 100 dias. Com pontos chaves, como o anúncio de que o próximo presidente seria eleito em eleições primárias. Foi o que disse Ramos Allup, o primeiro a declarar logo que participará nas eleições regionais. Entre um e outro anúncio, passaram-se 15 dias, e no meio houve um evento crucial: a vitória eleitoral de 30 de julho, com mais de 8 milhões de votos contra a violência golpista, e a favor de uma solução democrática comandada pelo chavismo. A direita fez como se nada tivesse acontecido, mas o impacto daquela vitória foi inegável: levou a um rearranjo de posições e mudança de tática em desenvolvimento.

Resultado disso tudo foi a inversão das premissas da direita: o chavismo não estava nocauteado e aplicou uma lição histórica à direita venezuelana; os setores populares adivinharam de longe o movimento que viria da direita e rechaçaram a violência. E a direita, os grupos de choque e setores paramilitares não conseguiram modificar o quadro nacional real. Com coordenadas desse tipo, é impossível tomar o poder pela força. E uma depois da outra caíram as ‘propostas’ da direita. Hoje já declaram que participarão de eleições coordenadas e comandadas pelo governo chavista de Maduro que, há uma semana, a direita acusava de ilegal, ilegítimo y fraudulento. Freddy Guevara, de “Voluntad Popular”, já anunciou que “o caminho é eleitoral”.

Alguns ainda não se pronunciaram, por desacordos, por incapacidade para concorrer em disputa eleitoral limpa – como María Corina Machado –, por tensão com uma base social fraudada, à qual haviam prometido poder iminente e forte, mas à qual, cem dias depois, só têm a oferecer a via eleitoral e crise interna.

Esses meses de escalada reconfiguraram o mapa interno da direita, que hoje parece composta de três setores, os quais, embora sustentem posições diferentes – por pragmatismo ou convicção – não parecem separados por fronteiras muito claras.

    1.      O primeiro desses grupos da direita venezuelana reúne os partidos de direita mais históricos, como “Acción Democrática” presidido por Ramos Allup, o qual, embora tenha acompanhado a escalada da violência, aposta e sempre apostou na estratégia de desgastar o governo – principalmente por efeito de ataques econômicos –para assim ‘herdar’ os votos do descontentamento popular e apostas em vitórias eleitorais.

    2.     O segundo grupo da direita venezuelana é coordenado, por exemplo, por “Voluntad Popular” e “Primero Justicia” – cujos dirigentes estão proibidos de candidatar-se – e grupo que desde o início apostou na saída pela violência, trabalhou na formação/financiamento/treinamento de grupos de choque e vinculou-se diretamente com setores paramilitares.

    3.     O terceiro grupo da direita venezuelana é o que se autodenominou “resistência” e recebe vários nomes conforme as regiões na Venezuela. O discurso desse grupo é rechaçar a traição dos dirigentes que aceitaram concorrer em eleições, e insistir na necessidade de escalar a confrontação de rua, com reivindicação de ações violentas – como as que se viram no dia das eleições.
             Esse grupo de direita extremista opera comunicacionalmente pelas redes sociais, e diretamente de Miami. É difícil definir se há aí um processo de relativa espontaneidade, ou se a dita “resistência” foi inventada exclusivamente para pôr em execução ações planejadas, dentro do segundo grupo acima, sob diferentes denominações. Quantos são? Quem os dirige e coordena? Segundo dizem os próprios ‘representantes’ maiameros [de Miami/*maiami*] seriam dispersos, sem centro de comando.

Essa análise permite compreender por exemplo a ação de domingo passado no Fuerte Paramacay.

Não se trata, como os ataques a quarteis dos meses de maio/junho/julho, de medidas no marco de alguma escalada que vise a encurralar o governo, como ação ofensiva. Mais se assemelha a um esforço para manter medidas de alto impacto – com forte repercussão internacional –, que contou com a participação dos grupos mais radicais. A autoria do fato deve ser buscada no terceiro setor acima – que parece vinculado, por baixo dos panos, também ao segundo e a dirigentes assumidos da direita como o senador norteamericano Marco Rubio. – Seguramente há planos para ações como essa, e maiores. Veem-se sintomas de desespero, o que sempre pode gerar violência e apostas mais radicais.

A esse quadro devem acrescentar-se as principais linhas de força da direita: os ataques econômicos e a ação internacional. No primeiro caso, já se viu como, logo depois do 30 de julho, produziu-se ataque frontal contra a moeda, quando o dólar paralelo foi aumentado vertiginosamente. O objetivo é fazer disparar os preços, desgastar o apoio popular, afastar do governo a população, agravar o quadro de dificuldade material, tentar asfixiar os cotidianos das classes populares. Quanto ao contexto internacional, a escalada continua, dirigida dos EUA, com apoio central da Colômbia e de governos subordinados aos EUA na região.

Resultado é que a direita voltou a depender de duas estratégias que manifestam a incapacidade da própria direita. Uma é golpear a população do país, para levá-la ao desespero e tentar converter o desespero em votos. A outra é pedir intervenção norte-americana, a ser disfarçada como seja preciso. Essa realidade é mostra de fraqueza, não de força.

A eleição de 30 de julho, da Assembleia Constituinte, foi vitória tática do chavismo. Essa nova situação, no equilíbrio instável, trouxe efeitos que recaíram sobre uma direita que outra vez equivocou-se gravemente em sua análise do campo de batalha, e também dentro dela. Essa vantagem a favor dos chavistas tem de ser traduzida urgentemente em ações. O setor que mais exige ações revolucionárias, além do Judiciário, é o setor econômico. A economia, já se sabe, é política concentrada. Aí parece estar hoje o principal desafio que a revolução bolivariana tem de enfrentar.
 

Redação

12 Comentários

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  1. A conclusão ´que a esquerda

    A conclusão ´que a esquerda ganhou mas e o que acontece com o Pais? Para onde caminha a economia? Porque pobres estão emigrando para Roraima para morar nas ruas de Boa Vista? Qual o mérito da esquerda ma administração do Pais?

    1. Ms tampouco a direita tem

      Ms tampouco a direita tem solução para esse problema. A direita Venezuelana representa, exatamente, o tipo de elite que você criticou tão duramente nesse seu último artigo (muito bom, por sinal). Mas o que o artigo coloca, de forma correta é o seguinte:

      1-A direita não tem poder suficiente para derrubar o governo pela força.

      2-O chavismo ainda é popular na Venezuela, em que pese a incompetência e os altos índices de rejeição ao governo do Maduro, ou seja, essa rejeição não se traduz em apoio à direita. Mais importante, o chavismo acaba de receber uma ajuda involuntária do presidente dos EUA, com sua desastrada ameaça de intervenção militar. Não há nada mais desmoralizante para a oposição venezuelana do que a associação com uma potência estrangeira.

      O que o artigo não diz também é importante

      1-Derrota para a direita não é necessariamente vitória para o chavismo. Enquanto persistir a atual instabilidade política, não há possibilidade de reconstrução da economia, e, da mesma forma que a direita foi incapaz de derrubar o governo, este parece ser incapaz de esmagar a oposição. Um acordo entre os dois extremos também me parece improvável, uma vez que ambos os lados em confilto rejeitam o conceito de democracia e soberania popular (diaga-se de passagem que a direita nunca aceitou esse conceito e o chavismo foi se tornando anti-democrático à medida em que o tempo passava). Portanto, persiste o impasse.

      2-Perder uma batalha não significa perder a guerra, se não houver uma solução para a crise econômica e o impasse político persistir, a Venezuela pode caminhar para a guerra civil.

      Na minha opinião, a manobra do Maduro de convocar uma Assembléia Constituinte não pode ser considerada democrática, já que o objetivo era usurpar os poderes de um Congresso eleito, mas, foi uma estratégica inteligente do ponto de vista político, ao se recusar a apresentar candidatos, e apostar na força, a oposição mordeu a isca. A questão é se essa manobra vai garantir a estabilidade necessária para o governo controlar a situação econômica, e, mesmo que isso aconteça, se o governo terá competência para isso (minha resposta seria não e não para as duas questões). Vamos ver os próximos movimentos. O Nassif poderia bem escrever um xadrez sobre a Venezuela.

      1. Muito bom seu comentario. A

        Muito bom seu comentario. A questão venezuelana não pode ser analisada sob a otica puramente ideologica. Há questões concretas a serem resolvidas, que independem de ideologiam dizem respeito à SOBREVIVENCIA da população.

        1.A incompetencia do governo chavista antecede Maduro mas piorou consideravelmente com Maduro. Chavez demitiu 9,500

        engenheiros de petroleo da PDVSA, uma elite bem treparada com cursos de formação especialmente na França, porque

        esse pessoal era considerado parte de uma elite anti-chavista.. Esse pessoal emigou já no começo do governo Chavez,

        hoje a PDVSA é uma ruina, produz 20% menos petroleo do que em 1998 e as tres grandes refinarias estão sucareadas.

        2.Foram nacionalizadas sem qualquer logica economica 2.300 empresas, todas foram inchadas com a cupinchada dos botecos de Caracas que não historicamente não curtem trabalhar. Os venezuelanos de Valencia são bons operarios, os agricultores de Tajira são otimos mas os caraquenhos tem merecida fama de vagabundagem e é com esses qu o chavismo aparelhou as estatizadas, que não produzem mais nada mais tem folhas de salarios inchadas e inuteis.

        3. A queda dos preços do petroleo, a queda da produção fisica de petroleo, a destruição dos sistemas de abastecimento são fatos reais  e arruinaram a economia, ninguem mais paga ninguem, não há dolares para importar comida, o paralelo vale quinze vezes o oficial, a elite emigrou há dez anos, a classe media alta há cinco anos, a classe media media já foi quase toda embora, restam alguns rescaldos da classe media alta lutando contra o aparelho miliciano chavista.

        4.O que seria a “elite” de Chacao já está fora da Venezuela há muito tempo, os mais ricos em Madri, os menos ricos em Miami., o que seria uma “direita” venezuelana não está mais dentro do Pais.

        5.O regime chavista é inviavel e todo mundo sabae disso, a economia já ruiu, ´massa falida, não há o que esperar desse governo Maduro, podre por sua incompetencia, corrupção, estupidez. Não se invoque ideologia para defende-lo, governos tambem de esquerda como o da Bolivia e do Equador funcionam e sobrevivem razoavelmente, o caso da Venezuela é se outra natureza e é absurdo as esquerdas latino-americanas defenderem esse grupo de saqueadores que está fazendo até os muito pobres emigrarem para não morrer de fome, Roraima está recendo gente todo dia e ninguem é elite ou rico.

        6.A ameaça de intervenção militar de Trump é um horror, algo imbecil e que só complica a situação. A chave da situação venezuelana poderia estar com a Colombia e o Brasil, ambos tem força politica para pressionar Maduro e não fazem.

         

         

         

        1. Então AA não acredita numa solução “chavista” para a crise

          AA, em síntese você não acredita que o chavismo consiga oferecer uma solução para a crise por conter problemas estruturais intransponíveis. Não importa se com Maduro ou o que vier desse grupo.

          É uma colocação interessante pois também coloca a proposta da oposição de uso da força como única tentativa válida de rearranjar o Estado venezuelano. Quer dizer: o Estado está tão desgastado pelos erros do chavismo que seria necessário uma ruptura institucional radical para, através da Força, se restabelecer alguma perspectiva para a Economia. Inclusive recompondo a Elite da Venezuela e, com isso, a estabilidade para a vida do restante da população.

          E mesmo essa alternativa despótica poderia falhar ou só servir de verniz para a degradação institucional que já existe.

          Se é isso que eu entendi, então é uma análise válida… mas eu atento para sua última colcoação: o chavismo poderia ser parte da solução SE contasse e aceitasse intervenção/parceria de Brasil ou Bolívia para ajustar o Estado que destruíram. CONCORDO PLENAMENTE COM ISSO. Para mim é uma solução que o Brasil deveria ter ousado desde Lula, quando Chaves ainda era vivo. Lula até tentou mas não insistia quando Chaves negava receber ajuda. 

          O problema agora é como o Brasil poderia ajudar dada a situação política em que estamos? É mais fáctível Maduro contar com pressão de Cuba, Equador e Bolivia. Chamem o Papa também!

        2. A Colômbia pode até ter força

          A Colômbia pode até ter força política para pressionar a Venezuela para uma saída menos traumática para sua imensa crise política e econômica. Mas o Brasil perdeu essa condição. O Brasil do pós-golpe e governado por quadrilhas que atuam no meio político e radicais do mercado financeiro não tem estatura moral para coisa alguma…

    2. Diz o ditado que a primeira

      Diz o ditado que a primeira baixa da guerra é a verdade, errado, a primeira vitima da guerra é a razão, a própria guerra é o fim da racionalidade, cobrar racionailidade da esquerda no meio de uma guerra iniciada pela direita é típico de quem tem um lado nessa guerra, e todos já sabem que lado é esse, é o lado que perdeu, tivesse ganhado não estaria preocupado com o custo da “vitória”.

  2. O Maduro deveria aproveitar a

    O Maduro deveria aproveitar a momentânea unidade dos venezuelanos contra a possível agressão norte-americana e liquidar fisicamente as lideranças golpistas .

  3. E o A.A. tendo mais uma de

    E o A.A. tendo mais uma de suas “recaídas”. Ou seria eu que o interpreto mal? De qualquer forma, lamentável esta posição de avestruz diante das atrocidades neoliberais que afundam o mundo ocidental implacavelmente…

  4. Todos estão dizendo besteiras!

    A grande conclusão que chego é que a quantidade de besteiras que os brasileiros mal informados tanto de direita como de esquerda escrevem sobre a Venezuela é imensa.

    Ninguém em sã consciência tem capacidade de opinar concretamente sobre o nosso país fronteiriço, fica mais fácil falar sobre o Afeganistão ou a Coréia do Norte do que da Venezuela, simplesmente porque o fluxo de informações é extremamente pobre e totalmente poluído pela imprensa contra o governo, e, países em que não há imprensa livre que não é o caso da Venezuela, os bons meios de informação não acreditam em nada que escutam e colocam bons analistas para interpretar a situação, quando há uma imprensa local, inclusive escrita em inglês há uma tendência dos jornalistas de copiarem o que é escrito, logo a única coisa que posso dizer é que não tenho nenhuma opinião sobre a atual correlação de forças na Venezuela e qual é o nível de problemas econômicos causados por fatos reais ou por locautes da direita.

    Acho que no lugar de ficar discutindo o que não se sabe era melhor ficar escutanto.

  5. Não há muita possibilidade

    Não há muita possibilidade que Colômbia ou Brasil possam ajudar. Nosso governo é visto como ilegítimo pelo chavismo e como irrelevante, do ponto de vista diplomático, por boa parte do mundo, sem falar que o nosso ministro do exterior tem um QI  similar ao de uma ameba com Alzheimer, e está mais intressado em ver o circo pegar fogo do que em qualquer tipo de mediação. A Colômbia também não é vista como mediadora confiável pelo governo Venezuelano, e o mesmo se aplica a Equador e Bolívia, por parte da direita. É também importante observar que existe um fator adicional que nenhum de nós está mencionando. Perder a o poder na Venezuela não significa simplesmente ir para casa e passar para a oposição. Significa cadeia ou coisa pior, e isso vale para os dois lados, ou seja, o jogo envolve também sobrevivência. No meu entender, existem duas alternativas possíveis para o impasse.

    1-Um dos dois lados é capaz de, efetivamente, esmagar o outro, e restaurar um governo minimamente eficaz, ainda que brutal. Dada a correlação de forças existente na Venezuela, isso é improvável. Observem que a derrota do Chavismo nas eleições de 2015 não dá uma boa medida da popularidade dos dois lados. Embora a oposição tenha obtido quase 2/3 das cadeiras, a relação, em porcentagem de votos foi de 55% para 40%, e não há evidências que a oposição tenha aumentado sua popularidade. Me parece que a opção 1 só é viável com guerra civil. Também é difícil saber se a direita seria capaz de governar, afinal de contas, o próprio chavismo é resultado de anos de má gestão por parte da elite tradicional. Embora a incompetência do chavismo, em termos de gestão econômica, seja evidente, tampouco se pode dizer que e Venezuela era um país próspero antes de o Chávez aparecer do nada e destruir o país, como ocorre no imaginário coxinha.

    2-A segunda alternativa seria “resetar” o sistema eleitoral venezuelano, negociar uma anistia para todo mundo e convocar eleições gerais. Mas o Maduro já mostrou sua mão de jogo e não vai recuar agora. Não acho também que a oposição se interesse muito por uma saída democrática. 

  6. e o petróleo?

    Imagino o que aconteceria no Brasil, se todas as nossas Forças Armadas fossem “petistas”. Pois não podemos esquecer que todas as Forças Armadas na Venezuela são “bolivarianas”. Em uma das visitas do Chavez ao Brasil, lembro que ouvi ele dizer: ” eu seguro os meus turcos”. “os outros que segurem os deles”. Por turcos ele queria dizer, os meus radicais, que são exatamente os oficiiais das Forças Armadas daquele país, que só não caminhou – ainda, pelo menos, para um regime radical, em razão exatamente de gente como Maduro e Chavez, que tanto a direita enlouquecida quer destruir. Fora disso, a primeira vítima em uma guerra dizem, é a verdade. Deve ser mesmo, porque apesar de toda essa animosidade informada pela imprensa, a Venezuela continua a exportar petróleo bruto para os EUA, e este a comprar o óleo, para abastecer as centenas de refinarias que estão na California, Arizona e outros, sem o que seria um caos na américa, tanto social como econômico. Ou seja, apesar de tudo, parece que “uma mão lava a outra” E se a economia Venezuelana vai mal, a americana não está melhor. Como dizem os chineses: “os americanos precisam parar de usar o cartão de crédito e viver conforme a realidade lhes impõem!!!”. Como são credores de 2/3 do PIB americano, devem saber muito bem do que falam. Embora Trump seja um primata, é dificil (para mim), entender as razões da permanência desse impasse.

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