Mundo critica vandalização no Capitólio, menos Bolsonaro, que repete discurso de Trump

Espelho fiel de Trump, Bolsonaro sempre que pode repete que foi alvo de fraude nas eleições de 2018, mesmo ganhando e, tal qual o ídolo, coloca em desconfiança o sistema eleitoral.

Foto AFP

Jornal GGN – Enquanto os principais líderes mundiais criticaram o ataque ao Capitólio, por seguidores de Donald Trump, que inclusive instigou, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro foi na contramão, defendendo que houve fraude na eleição norte-americana e que ele passou por isso no Brasil.

Bolsonaro, que inclusive foi um dos últimos líderes a reconhecer a vitória de Joe Biden e a parabenizá-lo, apoiou o ato inconsequente de Donald Trump e a ação de suas hordas. Disse ele a seus apoiadores: “Eu acompanhei tudo. Você sabe que eu sou ligado ao Trump. Você sabe da minha resposta. Agora, muita denúncia de fraude, muita denúncia de fraude. Eu falei isso um tempo atrás”.

Bolsonaro começou a repetir a cantilena de que ele também foi alvo de fraude eleitoral, que teria vencido em primeiro turno e, obviamente, sem nenhuma prova, como seu ídolo Trump. “A minha eleição foi fraudada. Eu tenho indícios de fraude na minha eleição. Era para eu ter ganho no primeiro turno”, disse ele.

Espelho fiel de Trump, Bolsonaro sempre que pode repete que foi alvo de fraude nas eleições de 2018, mesmo ganhando e, tal qual o ídolo, coloca em desconfiança o sistema eleitoral. A estratégia se repete aqui e bons ventos não chegarão com 2022. O roteiro é o mesmo, a radicalização vai pelo mesmo rumo.

Já os presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, criticaram os acontecimentos em Washington.

Veja a seguir a reação de líderes internacionais. A maioria escolheu a rede social Twitter para tornar pública sua reação, compilados pelo El País.

Reino Unido. O primeiro-ministro Boris Johnson, também um aliado de Trump, condenou o que aconteceu: “Imagens vergonhosas no Congresso dos Estados Unidos. Os Estados Unidos representam a democracia em todo o mundo e agora é vital que haja uma transferência de poder pacífica e ordeira.”

Alemanha. “Trump e seus apoiadores devem definitivamente aceitar a decisão dos eleitores americanos e parar de pisotear a democracia”, tuitou o ministro das Relações Exteriores alemão, Heiko Maas.

OTAN. O secretário-geral da Aliança Atlântica, o norueguês Jens Stoltenberg, chamou os violentos protestos em Washington como “cenas chocantes” e destacou que “o resultado dessas eleições deve ser respeitado”.

Rússia. “De DC vêm imagens no estilo Maidan”, tuitou o número dois do embaixador russo na ONU, Dmitry Poliansliy, referindo-se às mobilizações populares que culminaram na derrubada do aliado presidente ucraniano de Moscou, Viktor Yanukovich. “Alguns dos meus amigos perguntam se alguém vai distribuir cookies como nas travessuras que Victoria Nuland estrelou”, referindo-se ao comportamento do número dois na diplomacia dos EUA durante uma visita à Ucrânia em 2013.

União Europeia. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, expressou sua confiança na “força das instituições americanas e na democracia. Uma transição pacífica está no centro”, tuitou a líder europeia. “Joe Biden ganhou a eleição. Estou ansiosa para trabalhar com ele como o próximo presidente dos Estados Unidos.” Da mesma forma, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, declarou que “contamos com os Estados Unidos para permitir uma transferência pacífica do poder para Joe Biden”.

Espanha. O presidente de Governo (premiê) Pedro Sánchez tuitou: “Estou acompanhando com preocupação as notícias que chegam do Capitólio, em Washington. Estou confiante na força da democracia americana. A nova presidência de Joe Biden vai superar este momento de tensão, unindo o povo americano.” Por sua vez, a ministra das Relações Exteriores, Arancha González-Laya, lembrou que “a democracia se baseia na transferência pacífica do poder: quem perde tem que aceitar a derrota. Confiança plena nos senadores e deputados para cumprir a vontade do povo. Confiança total no presidente eleito Joe Biden.”

Argentina. O presidente Alberto Fernández expressou sua “rejeição aos graves atos de violência e indignação do Congresso” e confiou em que “haverá uma transição pacífica que respeite a vontade popular”. Ele enfatizou seu “forte apoio ao presidente eleito Joe Biden”.

França. De Paris, o ministro das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, condenou o “sério ataque à democracia” que representa o ataque ao Capitólio em Washington por partidários de Trump: “A vontade e o voto do povo americano devem ser respeitados”.

Venezuela. “Com este lamentável episódio, os Estados Unidos sofrem o mesmo que geraram em outros países com suas políticas agressivas”, diz um breve comunicado, que também condena “a polarização política e a espiral de violência”.

Com informações do El País.

Redação

2 Comentários

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  1. De como são feitas as bananas, as salsichas e a democracia estadunidense!

    Frisson geral na grande mídia corporativa e seus filhotes regionais e locais.

    O sacrossanto lar da democracia foi conspurcado por um bando de lunáticos, instigados pelo seu líder, que reage e resiste a entregar o governo conforme as regras conhecidas.

    OEA em cólicas, Globo News consternada, ex-embaixadores, analistas e toda sorte de neófitos de plantão.

    Saldo da contenda: 4 mortos.

    O que será de nós agora?

    Quem irá nos salvar de nós mesmos, aborígenes das republiquetas de bananas, como disse o Bill “Pinton”, o assediador do Arkansas, ao nivelar o episódio com outros da geopolítica latina?

    Nós, os incapazes de existirmos que somos, sem a tutela dos Patróns del Norte ?

    É o fim, senhores, parece o fim. Será?

    Bem, vamos com calma e aos pedaços, como disse Jack, O Estripador.

    Primeiro parece muito estranho que o Capitólio estivesse vulnerável à invasões, quase que como um convite, sabendo as autoridades de lá que a horda de “red necks” enchia as ruas da cidade, alimentados pelo ódio, e carregando as tochas do fogo insano das plataformas digitais.

    Os caras são capazes (e se dizem capazes) de investigar e monitorar o movimento, o cheiro, consistência, amplitude e duração de um peido comunista em Marte, mas não conseguiram prever o risco do que estava para acontecer, e aconteceu?

    Deixemos as conspirações de lado. Elas podem ser verdadeiras.

    Eis que o “berço da Democracia Ocidental”, “Os Campeões Morais do Mundo”, enfim, a matriz de toda subserviência estrutural e ideológica, que está no DNA de nossas elites, nossa classe média e da mídia, está, afinal, em palpos de aranha com as suas disputas representativas.

    Perguntam todos estes órfãos dos EUA se os Republicanos conseguirão se reerguer, se o sistema de lá resistirá a tal solavanco, se os Democratas serão capazes de lidar com a frágil hegemonia recém conquistada nas urnas?

    Esta posição majoritária no Congresso foi confirmada com as eleições para as vagas no Senado no Estado da Geórgia, o novo “queridinho” da “Primavera Democrática Black Lives Matters”, que mostra que, no fim das contas, há esperança.

    Pausa para risos: (risos).

    É hora da necropsia na hipocrisia:

    Os EUA, desde 1776, nunca foram o que se pode considerar um sistema representativo universal, já que o voto era direito submetido às condições censitárias, e depois, com o passar do tempo, muiiiiiiiiiiiiiito tempo, até 1968, negros foram sistematicamente impedidos de votar, ao mesmo tempo que eram pendurados pelos pescoços, cujos corpos carbonizados e espancados funcionavam como macabros adornos da sociabilidade sulista.

    Esta celebrada “democracia” matou 600 mil pessoas em uma guerra fratricida de 5 anos, só porque um presidente ELEITO (Abraham Lincoln) achou de exercer seu mandato e libertar os escravos.

    Detalhe, esta Democracia, após a derrota do Sul, matou este presidente, e inaugurou esta estranha “mania democrática” deles de praticar tiro ao alvo presidencial.

    Recentemente, após anos e anos de luta contra as medidas para dificultar o voto naquela Democracia, o “Supremo com tudo” deles voltou a liberar as leis estaduais que permitem tais alterações (gerrymandering), que no fim é um tipo de voto de cabresto um pouco mais sofisticado, algo como uma Banana Sundae.

    Nossos bananinhas choram o fim do American Dream, mas não sabem dizer porque todas as vezes que governos progressistas ou de esquerda chegaram aos governos através de eleições, tudo no figurino dos EUA, mesmo assim esse Grande Irmão do Norte achou que deveria patrocinar golpes truculentos e sanguinários, que atualmente ganharam um pouco mais de “civilidade” chamada lawfare.

    Precisamos mencionar também que esta “mais antiga democracia do planeta” elegeu um presidente (Bush Jr) pela fraude eleitoral perpetrada pelo seu irmão Governador da Flórida, lá nos anos 2000.

    A partir daí, o Darth Veider, como era chamado o Dick Cheney e sua quadrilha, assaltou o poder, instituiu vigilância completa pela NSA, com o uso do Programa PRISM, denunciado pelo seu criador Edward Snoden, que passou a espionar dentro e fora dos EUA.

    Esta ferramenta foi usada até pelo bom Pai Tomás Obama contra Dilma e a Petrobrás.

    Eu sei, eu sei, 11 de setembro foi um trauma para todos os bananinhas ao Sul do Rio Bravo, e para o Grande Sul dos EUA, que vai do Maine até a Califórnia, embora os sociólogos (argh) insistam em dizer que o sulismo é coisa de Alabama, Lousiana, ou Texas.

    Sim, um grande trauma que a tudo justifica, certo?

    Nem tanto.

    Hoje morrem por lá, vítimas da execução sanitária programada capitalista de excedente de pobres, diariamente, um 11 de setembro.

    Aqui, modestos que somos, matamos uns três aviões, ou algo em torno de 1000 pessoas dias.

    Indignação? Medidas drásticas? Passeatas? Convulsões de tristeza coletiva?

    Nenhuma.

    Nem 0,20 centavos?

    Vem pr’a rua?

    Quem matou 198 mil conterrâneos de Marielle?

    Então vamos combinar e dizer de forma bem suave, para não assustar o pessoal que acredita no American Way of Life:

    Nunca houve qualquer traço de democracia por lá, e quando tentamos copiar eles aqui embaixo, eles vieram lá de cima e nos enfiaram o Big Stick ou uma…banana.

    Feliz era Carmen Miranda, que apenas as levava na cabeça.

    Banana, como vemos, é fruta que dá em muitos lugares.

    Idiotice também.

    Mas não perguntem, como no caso da piadas das salsichas, como nascem os idiotas, e como são criadas as Repúblicas das Bananas.

    PS: Não se surpreendam se toda essa celeuma obedecer a um roteiro cínico que permita a extrema-direita manter algum capital político, enquanto a direita que come com talheres avisa:
    “Viram?” “Se vocês não se comportarem direitinho, e ousarem ir um pouco mais para esquerda, nós chamamos o Bicho Papão do Sul”.

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