O hit da eleição – Datemi Un Martello, por Victor Saavedra

A música mais tocada de 1964 que inspira uma legião de eleitores a voltar 55 anos no tempo com apenas dois botões no último domingo de outubro

O hit da eleição – Datemi Un Martello, por Victor Saavedra

Em 1964 as rádios brasileiras tocavam incessantemente uma canção italiana. Muitos talvez não entendiam o que estavam dançando, mas a letra da música de Rita Pavone traduzia a ânsia de quem não acreditava na democracia e junto com os uniformizados tomaram as ruas.

Atualmente, o exército de formiguinhas, saudosos do dia da mentira que mergulhou o país em seus anos mais escuros, mostra algumas semelhanças com aqueles patriotas que aplaudiram a mudança de rumo que trocou a liberdade pela obediência, a música pela marcha e o amor pela repressão.

https://www.youtube.com/watch?v=v3LQ80i2CmY align:center

Esse comportamento colérico é de quem quer agredir quem discorda, e Datemi Un Martello retrata fielmente a violência contra os marxistas ignorantes e embala uma candidatura sem propostas, que quer decidir com metralhas, exílio e continências o rumo do país.

Para aqueles que não vestem a camisa do 7 a 1 o mármore do inferno e os golpes necessários para que se calem. As facadas no Mestre Môa provaram que a vingança será doze vezes pior.

Me dê um martelo,

O que quer fazer com ele,

Quero batê-lo na cabeça

De quem não gosto, sim sim sim

Google

Como não imaginar aquela tia reaça, frente à urna, pensando em cada uma das meninas que insistem em desobedecer a família e preferem o amor de outras mulheres, hippies ou petistas, aos engomadinhos da São Francisco. Estarão erradas, perdendo tempo e energia lutando contra uma sociedade que sempre as menosprezou apesar da luta de muitas?

Por que gritar ‘Marielle Presente’? Isso pode calar o estrondo do revólver? Como deter o fio da navalha que corta sua carne? Os seios expostos impedem os toques atrevidos de quem não pede licença?

Frente à sua liberdade e seus direitos, será que o reacionário com que divide a cama… vai permitir um voto consciente? Será que ela pode escolher o candidato que defende a igualdade de gênero ou o que propõe acabar com o atendimento do corpo violado e ultrajado?

Daquela dengosa

Com os olhos pintados

Que todos todos fazem dançar

Deixando-me a olhar.

Que raiva me dá!

Que raiva me dá!

Não sabiam os jovens que ambiciosamente tomaram as ruas em 2013 que sua rebeldia se tornaria a ferramenta de congregação que começou a minar o poder daquela que foi eleita?

As ofensas de 2014 à região de origem do velho barbudo pareciam inocentes, até que uma ação judicial foi negada pelo TSE.

Aquele tal Zuckerberg derrubou no Facebook as páginas que os orientavam, mas deixou um aplicativo ainda mais forte, um mensageiro capaz de entregar aquele conteúdo desenhado para afetar seu julgamento de forma direta: Duas setinhas… recebida, cor azul… lida. Um controle total do emissor sobre quem por anos está recebendo  mentiras e denúncias (pouco importa a verdade frente as cores da bandeira) e que permitiu que a realidade novamente desmorone.

Se na música de Rita Pavone o desejo de quebrar o telefone era um ato de liberdade e rebeldia, nesta eleição o aparelho foi a ferramenta que permitiu a construção da matriz do desespero, encarnando em um ParTido todos os males de uma nação que por 13 anos soube sonhar e desejar um futuro melhor para todos os que nela habitam.

Me dê um martelo,

O que quer fazer com ele,

Para quebrar o telefone

O usarei,

Porque em poucos minutos

Me chamará mamãe,

O papai está quase para voltar,

Para casa devo ir.

Ufa, que vontade que tenho!

Não não não, que vontade que tenho!

O Brasil que encabeçou a missão da ONU no Haití desapareceu quando quase metade dos que apertaram aqueles botões empoderaram a alternativa da tortura e da perseguição. Apoiada por um comando de saudosos do poder absoluto, que desde sua reserva prometem violência e assassinatos nas ruas, representam uma ameaça àqueles que tentam devolver ao país a esperança de um futuro melhor.

Um golpe na cabeça,

A quem não é dos nossos

E assim a nossa festa

Mais bonita será,

Seremos nós somente

E seremos todos amigos,

Dançaremos juntos os nossos bailes

O surf e o hully gully

Que força será!

Que força será!

Com a dor de ver seus pensamentos vilipendiados nas mesmas plataformas que um dia prometeram difundir seu talento, muitos artistas se calam… com medo da reação frente a uma Hashtag… Um grito de liberdade… Um estrondoso e maldito #EleNão

Felipe Malavasi

Redação

9 Comentários

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  1. O que me espanta
     

    É a broma das “redes sociais”.

    Por que diabos alguém em sã consciência haveria de querer mostrar sua cara, as suas  idéias, a sua  intimidade pra todo mundo,  sabendo que todos os seus dados poderão ser utilizados por sistemas totalitários para influenciar, prejudicar, humilhar e até desaparecer com ele?

    Por quê e como somos convencidos de que precisamos dessas monstruosidades a nos confundir e manipular?

    Quando surgiu a primeira agenda eletrônica, já se  desenhava que alguém qeria se apossar de nossos compromissos e cavar um pedaço de nossa memória.

    Quando surgiu telefone com gps, câmera, registro de acesso às nossas preferências, e a obrigatoriedade de cadastro de dados pessoais e número de telefone para a utilização plena, o ” tudo num” percebeu-se que era tarde demais.

    Agora não se pode nem mais  ir ao banheiro sem testemunha.

    Todos os documentos de todo o mundo, inclusive os oficiais,  estão “na nuvem” e ninguém se liga do que ainda está por vir.

    Sem privacidade somos todos um da pior maneira. Somos o gado indefeso de um dono só.

    E a solução é tão simples:

    Desligar tudo e resolver os assuntos cara a cara.

       

  2. Bom texto, boa redação
    Bom texto, boa redação Victor, parabéns. Quanto a música, cabe outras análises, martelo não preciso nem me estender muito né?! foice e martelo?! socialismo?! ex URSS?! Itália que fez parte do Eixo, como República Social Italiana, Mussolini e seu partido fascista, derrotado na segunda guerra mundial. Não sei como era o clima na itália em 1964, portanto não sei se lá, em seu país de origem, era dado algum recado, algum protesto, contra ou até mesmo a favor.  Quanto aqui, nós sempre pagamos pau pra culturas estrangeiras, e verdade seja dita, a música tem balanço, suingue se não tivesse a legenda na música e a sua explanação, eu mesmo não saberia até hoje o significado. Não sei precisar se tocava aqui realmente com esse intuito ou não, fora que, tal qual na itália, pode ser tanto defendendo quanto atacando o comunismo. Detalhe, a cantora veio esse ano mesmo ao Brasil, foi no Faustão, no Danilo Gentile, etc. Quanto ao Bolsonaro, PT e tudo mais, gostaria de não ter que votar no Bolsonaro, mas do outro lado está o quadrilheiro do PT, entre uma planta carnívora e o PT, eu voto 50x na planta carnívora. PT esse que deveria ter caído no primeiro mandato do Lula e seu mensalão, passando por petrolão, odebrecht, copa e olimpíada superfaturada, com mais sedes a pedido do titio Lula, verdadeiros elefantes brancos, itaquerão, etc, etc, etc, e sem esquecer queima de arquivo do Celso Daniel (que também não era santo, mas…), de denuncias ao Haddad, etc, etc, etc.  O Bolsonaro, fala besteira pra caramba, tio bêbado do churrasco, fala o que o povo quer ouvir, mas ele nada mais é do que cria do PT, os desmandos, roubalheiras, falcatruas do PT, criaram o Bolsonaro, o sentimento anti Petista, e por tabela também anti PSDBista.  Lula, no poder, sempre foi populista, demagogo, para tentar se perpetuar, na oposição votava contra tudo e contra todos, contra qualquer projeto originado de outro partido, votou contra o Plano Real, falava contra o (os) verdadeiro bolsa família, contra o verdadeiro prouni, para depois pegar, mudar de nome, pintar de vermelho (como eles adoram), ficou como o pai da criança, e sempre, eles sim, fazem fake news, e não é de hoje, muito antes do termo existir, anunciando aos quanto ventos “olha, se outro ganhar, vão tirar o bolsa família”. Se o Bolsonaro é como é, ele teve uma ótima escolha. Quanto aos extremistas, quanto aos babacas, eles sim me preocupam, mas extremistas, não é de hoje, tem em todos os lugares, é intrínseco da humanidade, sempre teve no PT, no PSTU, nos Sem Terra, na torcida do meu time, na torcida do seu time, e eles também, nada mais são do que cria do PT, o PT que fez esse caldeirão. Eu, e a maioria dos eleitores do Bolsonaro, que também é a maioria dos eleitores dos outros candidatos do primeiro turno, seja votando no Bolsonaro ou qualquer outro, não iremos sair por ai cometendo barbáries simplesmente porque votamos em A ou B, isso é da índole da pessoa, e como disse, fomentada pelo próprio PT.

    Vivemos em uma democracia, e se o Bolsonara ganhe, o que está se desenhando, espero que ele nem alguns dos que o defendam, comentam atrocidades, mas se cometer, que façamos cumprir nossa constitução (apesar que não é cumprida nem em o que o salário mínimo deveria comprar/pagar), que façamos ele sair, tal qual já fizemos antes, e deixamos de fazer com o Lula.

     

  3. É uma versão de If I Had a Hammer, que tem sentido oposto

    If I Had A Hammer

    If I had a hammer
    I’d hammer in the morning
    I’d hammer in the evening
    All over this land
    I’d hammer out danger
    I’d hammer out a warning
    I’d hammer out love between
    My brothers and my sisters ah-aaah
    All over this land

    If I had a bell
    I’d ring it in the morning
    I’d ring it in the evening
    All over this land
    I’d ring out danger
    I’d ring out a warning
    I’d ring out love between
    My brothers and my sisters ah-aaah
    All over this land.

    If I had a song
    I’d sing it in the morning
    I’d sing it in the evening
    All over this land
    I’d sing out danger
    I’d sing out a warning
    I’d sing out love between
    My brothers and my sisters ah-aaah
    All over this land.

    I got a hammer
    And I got a bell
    I got a song to sing
    All over this land
    It’s the hammer of justice
    It’s the bell of freedom
    It’s the song about love between
    My brothers and my sisters
    All over this land
    All over this land
    All over this land
    All over this land
    All over this land

  4. #Fascismo não

    Eu estou com vontade de dar marteladas nas cabeças de umas cabeças duras… E olha que, como dizia Maria de Fatima, não transo violência 🙂 

    Falando sério, espero que não sejamos atacados nas ruas por querermos ser livres e ter as proprias ideias. 

  5. Essa música não é de Rita Pavone

    E nem é italiana. É do Pete Seeger, americano, para o conjunto The Weavers, mas foi popularizada por Peter, Paul and Mary.

    Só por que a Pavone cantou uma versão de péssima qualidade, não a torna autora da música.

    Jesus Cristo, em que estamos transformando este mundo? É o império da pós-verdade?

    1. Sobre a coluna

      Olá Luís, obrigado por trazer informações sobre a canção.

      Agradeço o aporte e espero que entenda que a coluna foi sobre qual era a musica mais tocada durante o ano 1964.

      o compositor, ou mesmo de qual a versão da mesma não foram objeto do texto, mas seu aporte é muito valioso e junto com os comentários dos demais visitantes ajudam a compor uma interação imensamente rica.

      Obrigado novamente e bom pós-semana!

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