O petróleo e o gás nas Malvinas

Enviado por jns

Do The Economist

O Petróleo e o Gás das Ilhas Malvinas

JB | STANLEY | 28 FEV 2014

A promessa de riqueza em petróleo offshore pairou sobre as Ilhas Malvinas durante anos. 

Poços exploratórios foram perfurados em 1998 com base em dados sísmicos da década de 50, do século passado. 

Uma indústria de óleo de bilhões de dólares faria as Falklands, habitadas por apenas 2.563 pessoas, uma das comunidades mais ricas do planeta.

O Governo das Ilhas Falkland (FIG) projeta a sua própria política fiscal para coletar royalties de 9% do petróleo extraído e, eventualmente, cobrar 26% de imposto sobre os licenciamentos futuros.

O FIG está planejando canalizar as receitas em um fundo soberano, inspirado no da Noruega.

Toda essa riqueza potencial aguça o antagonismo entre a Inglaterra e a Argentina, que também reivindica a soberania sobre as ilhas que ele chamam de Malvinas. 

 

Daniel Filmus, o senador argentino que recentemente tornou-se chefe de uma nova “Secretaria das Malvinas”, alertou que as empresas de perfuração ao largo das costas das ilhas não serão elegíveis para explorar óleo de xisto e o gás no vasto campo Vaca Muerte na Patagônia. 

Em novembro, o Congresso argentino aprovou uma lei para impor pesadas multas e penas de prisão de até 15 anos a qualquer pessoa envolvida na exploração da plataforma continental das Malvinas ‘sem a sua permissão’.

As supercorporações exploradoras de petróleo (supermajors como a Chevron e a British Petroleum) estão com o olho na Argentina, mas não fazem nenhuma previsão de prosseguir os trabalhos nas Malvinas em um futuro próximo. 

Isso deixa o campo livre para as empresas de prospecção submarinas de menor porte que estão baseadas no Reino Unido.

(…)

Em uma visita às Malvinas, neste mês, o ministro Hugo Swire do Foreign Office britânico, responsável por proteger e promover os interesses do Reino Unido no mundo inteiro, rejeitou as insinuações que as empresas estariam adiando a empreitada por ameaças da Argentina: “Não… nós esperamos que as pessoas não se assustem”, disse ele, antes de colocar o dedo no problema real. “Eu acho que – uma vez que sabemos que há petróleo e gás aqui – é apenas uma questão de fazer isso acontecer.”

Os ilhéus estão confiantes que as riquezas do petróleo encaminharão o seu futuro.

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Parafraseando ‘um grande’:

‘Há algo mais, além pedras, rolando sob a terra e as águas das Malvinas do que imagina a nossa vã filosofia.’

PREMIER OIL

Em julho de 2012, a Premier Oil, incluindo a descoberta de Sea Lion, detinha 60% dos interesses de licença de Rockhopper Exploration na Bacia Falklands do Norte. 

A transação foi concluída em outubro de 2012 e Premier assumiu do desenvolvimento da área Sea Lion em novembro de 2012. 

A Premier fez um pagamento inicial de 231 milhões dólares, que serão acrescidos de até a $ 48 milhões e 722,000 mil dólares, para explorar e o desenvolver o transporte de óleo e gás, respectivamente.

Mias informações: http://www.premier-oil.com/premieroil/operations/falkland-islands

Redação

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  1. As Ilhas do Tesouro

    A Argentina ainda se sente o trauma da sua humilhação na guerra de 1982?

    As chamas do ressentimento são atiçadas por outro ingrediente: a descoberta do que poderiam ser vastos campos de petróleo e gás ao largo das ilhas.

    A linha vermelha do mapa demarca o território reivindicado pela Argentina.

    Pra relembrar o envolvimento de outros países na disputa pelas ilhas em 1982.

    Os EUA deram informações vigilância por satélite dos movimentos dos navios e aviões argentinos ao Reino Unido.

    Os EUA também permitiram que a RAF fizessem pouso e reabastecesse os seus aviões na Ilha de Ascensão que, apesar de ser uma ilha britânica, estava sob controle total do local dos EUA que instalou uma base aérea ali [ hoje Ascension Island é uma base aérea administrada pela parceria britânica e americana ].

    A Noruega forneceu informações da sua vigilância por satélite para os ingleses a afundarem o cruzador General Belgrano.

    A Nova Zelândia se ofereceu para emprestar  um navio e a Turquia ajudo no bloqueou a navegação de navios da Argentina.

    A França forneceu informações sobre os mísseis do exército argentino aos britânicos.

    Chile ajudou a Grã-Bretanha com vigilância de satélite, transmissões de rádio e permitiu o reabastecimento dos aviões ingleses nas suas bases aéreas.

    A Argentina, do seu lado, também recebeu apoio estrangeiro durante a guerra contra a Grã-Bretanha.

    Israel enviou armas, ilegalmente.

    A Rússia forneceu informações por satélites.

    A China também encaminhou armamento ilegal.

    A Cuba e a Bolívia ofereceram treinamento às tropas argentinas.

    O Peru e o Brasil enviaram aviões e mísseis para a Argentina.

  2. Mercosul Bloqueou Portos para Navios das Malvinas

    Mercosul proibe navios das Ilhas Malvinas utilizarem os portos dos países do bloco.

    Em 2011, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner disse que a Grã-Bretanha estava pronta para usar seu poder militar para roubar recursos naturais “em qualquer lugar, de qualquer maneira”

    Ela disse: ‘Eles estão, atualmente, tomando as nossas reservas de petróleo e a nossa população pesqueira nas Malvinas e, quando eles precisarem de mais recursos naturais, eles virão e usarão a força para roubá-los onde e como eles puderem.

    O bloco comercial sul-americano formado pelo Mercosul, que inclui o Brasil, o Uruguai e Paraguai, concordou em proibir a navegação de barcos com a bandeira das Malvinas de atracar nos seus portos, embora o Paraguai não tenha sequer uma linha costeira.

    Na dia 22 de dezembro de 2011, o jornal britânico Daily Mail revelou que o Reino Unido está “tirando a poeira de seus planos de defesa” nas Malvinas, mais de 30 anos depois do fim da guerra com a Argentina. Uma fonte militar afirmou ao jornal que os britânicos contam com uma “força decente de ataque para proteger as ilhas, o que estava ausente em 1982 [ano da guerra], e as Forças Armadas argentinas não se recuperaram adequadamente da ‘paulada’ que receberam na última vez”.

    O primeiro-ministro David Cameron afirmou que o Reino Unido  “não pode aceitar” que a autodeterminação dos habitantes das Malvinas esteja sendo desafiada. “As ameaças de cortar a comunicação entre as ilhas e seus vizinhos da América do Sul só prejudicam quem as impulsiona”, criticou Cameron, em resposta à decisão dos países do Mercosul (Argentina, Uruguai, Brasil e Paraguai, apesar de este último não ter litoral) de impedir a passagem de barcos “com a bandeira ilegal das Malvinas”, ocupadas pelo Reino Unido desde 1833.

    Antes da Decoberta do Campo Sea Lion

    Uma análise sobre as perspectivas exploratórias das ilhas publicada no dia 12 de outubro de 2011 pela Oil Voice.

    Apesar do sucesso recente, ainda existem aqueles que duvidam que as Ilhas Falkland nunca vão ter produção de petróleo em larga escala. Uma razão para isso é a campanha de perfuração, em grande parte mal sucedida, realizada pelas Majors, incluindo Shell, Hess e Lasmo em 1998. Foram perfurados seis campos, com apenas um retornando óleo, em pequena quantidade, para a superfície. Confrontado com os altos custos de exploração e um preço do petróleo deprimido de, aproximadament,e US $ 10 por barril, tornou-se difícil argumentar, economicamente, para dar continuada a atividade na área (…). Uma nova rodada de licenças foram entregues a várias pequenas empresas britânicas , cada um com apenas um punhado de funcionários em tempo integral, para fazer a exploração durante a próxima década. Depois de um longo período de pouca atividade, o sonho Falklands Oil voltou de volta à vida com a contratação da Ocean Guardian pela Desire Petroleum. Após a retomada sensacionalista, das atividades de perfuração em fevereiro de 2010, o primeiro poço ‘ Liz ‘ produziu resultados decepcionantes, indicando que a região estava destinada a nunca explorar o seu potencial energético. Isto, até que serem conhecidos os resultados de Sea Lion .

    Enquanto a atividade de perfuração continua , os protestos da Argentina reverberam em segundo plano . Os críticos apontam que as Ilhas Malvinas são frequentemente usadas ​​pelo governo argentino para desviar a atenção dos seus problemas internos. Este foi o caso de 1982, quando Galtieri , líder da Junta Militar na época, lançou uma invasão das ilhas em face da não popularidade doméstica e uma crise econômica (acelerada). Desta vez, depois de rasgar unilateralmente um acordo sobre a receita de compartilhamento de petróleo, em 2007, o governo argentino mais uma vez começou a reafirmar a sua reivindicação de soberania . Em uma cúpula da ONU no México em 2010, o país ganhou um apoio sem precedentes de outros estados da América Latina, atraindo apoio vocal dos líderes do Brasil, Venezuela, Uruguai e até mesmo do Chile, um aliado britânico, a longo praz. Argentina e, mais recentemente, o  Brasil, impuseram a proibição de não permitir que qualquer embarcações com bandeira com atividades nas Malvinas atracar em seus portos, em uma tentativa deliberada de impedir a perfuração. Uma coisa é certa; quanto mais óleo foré descoberto, maior será o protesto da Argentina. A Grã-Bretanha, por sua vez, sustenta que, ao abrigo da Carta das Nações Unidas, os ilhéus têm o direito à autodeterminação e rejeita a possibilidade de qualquer eventual mudança na sua posição , mantendo 1.000 soldados nas ilhas, permanentemente.

    Observando o Futuro

    Questões políticas à parte, considerável incerteza permanece sobre o futuro da exploração de petróleo nas ilhas Malvinas. Dada uma descoberta desta magnitude, parece altamente improvável que o campo de Sea Lion exista isoladamente . Portanto, como o programa de exploração intensifica as esperanças de novas descobertas, há a elevação adicional que consolida a região como um local economicamente viável para a produção de petróleo . Voltando às comparações com o Mar do Norte, a excitação inicial de exploradores, na década de 60, desvaneceu-se rapidamente depois de uma sucessão de poços secos e descobertas de gás reduzidas. Foi a descoberta do campo gigante de Forties e do campo de petróleo Brent, pouco depois , que anunciou o nascimento de uma das principais regiões produtoras de petróleo do mundo e, finalmente calou os céticos. Da mesma forma, nas Malvinas, o campo de Sea Lion, foi descoberto ao mesmo tempo que é feita a atual rodada de perfuração ao longo dos últimos 18 meses, que tem sido bastante sombria. No entanto, um campo do tamanho de Sea Lion é grande demais para ser ignoradoe, quase certamente, será operacionalizado para a produção. Em resposta à pergunta de como melhor rentabilizar a descoberta, a Rockhopper revelou planos ambiciosos de desenvolvimento do campo alugando o navio Floating Production Storage & Offloading ( FPSO ). Ele estima que, em 2016, o primeiro petróleo será atingido com a produção diária máxima atingindo 120 mil bpd em 2018. Resultados exploratórios deste manitude, certamente, irão fazer maiores empresas de petróleo do mundo observar ao lucro potencial a ser obtido.

    Além disso, a utilização prevista de um FPSO pela Rockhopper nega a tese defendida pelos céticos da falta de infra-estrutura local e que a dupla argentino-brasileira não vai impedir as atividades de perfuração através da proibição de navegação de embarcações de transporte das Malvinas. Em termos de custos de desenvolvimento, a Rockhopper calcula que uma quantidade não desprezível de US $ 2 bilhões serão necessários para atingir o ponto de produção do primeiro óleo. Enquanto a empresa tenha sinalizado, repetidamente, a sua intenção de produzir óleo sem associar-se a outras corporações, o empreendimento, provavelmente, exigirá uma significativa angariação de fundos, que pode revelar-se difícil, dado o recente endurecimento da disponibilidade de crédito. Entre os atuais investidores poderia nãoreceptiva qualquer emissão de ações. Dado que a Rockhopper está na invejável posição de manter 100% na licença PL032 do Campo de Sea Lion, uma opção mais provável seria um farm-in de uma parcela da propriedade do campo para um dos Majors, em benefício duplo, propiciado pela posição de caixa grande e os conhecimentos técnicos que seriam trazidos para a produção do campo.

    Qualquer compromisso estabelecido por um major para perfuração nas Ilhas Falkland iria, imediatamente, aliená-lo da administração argentina. Esta parece prevenir o envolvimento de empresas como a Total, a Chevron e a Petrobras. Curiosamente , a Shell começou recentemente o desinvestimento de ativos na Argentina, chegando a fazer um acordo com o grupo família Luksic do Chile, para vender a sua participação na segunda maior refinaria de petróleo do país. A empresa se encaixaria na exigência de um parceiro qualificado, com muita experiência no desenvolvimento de campo utilizando um FPSO. A questão que permanece, porém, é se a administração estaria disposta a engolir o seu orgulho e pagar muito dinheiro para recuperar um projeto que eles desistiram por nada. A British Petroleum é outra empresa que foi mencionada, com os paralelos óbvios, extraídos da rica experiência empresa no mar do Norte, além de sua carteira de realinhamento contínuo após a precipitação do incidente Deepwater Horizon no ano passado. Também é possível que as empresas poderiam se envolver, de forma a satisfazer as necessidades de uma economia em crescimento com sede de petróleo. Quem enfrentar uma busca contínua para repor as reservas de petróleo , acaba por descobrir que os parceiros potenciais são as Majors. Se as Malvinas revelarem que nova descobertas serão, realmente, do tamanho que tem sido afirmado, pode, muito bem, ser decidido que vale a pena o risco de transcender as disputas políticas . Às vezes, as oportunidades são boas demais para deixar passar.

    http://www.oilvoice.com/n/Falkland_Islands_The_New_North_Sea/614e4d43b.aspx#gsc.tab=0

  3. A Argentina quer retomar as Malvinas

    Missão parlamentar das Ilhas Malvinas chega a Brasília

    Agência Brasil | Renata Giraldi | 26/08/2013

    Brasília – Uma missão de parlamentares das Ilhas Malvinas (Falkland Islands, para os ingleses) desembarca amanhã (27) em Brasília para passar uma semana no Brasil. A ideia é mostrar aos brasileiros que as ilhas devem permanecer sob domínio britânico. Liderada por Dick Sawle, a missão chega ao Brasil no momento em que a Argentina, que também disputa o controle das Malvinas, intensifica sua campanha para retomar o poder do território. Tradicionalmente, o Brasil apoia a Argentina, assim como a maioria dos latino-americanos.

    O embaixador do Reino Unido no Brasil, Alex Ellis, disse que a missão parlamentar estará no Brasil em busca de “promover esclarecimentos” à sociedade civil, não com políticos e o governo brasileiro. O diplomata acrescentou que haverá reuniões em Brasília, São Paulo, Porto Alegre e Pelotas (RS).

    “As pessoas conhecem mal a realidade das Falkland Islands. A tentativa é explicar como funciona o cotidiano dos cerca de 3 mil moradores das ilhas. Há habitantes de mais de 20 nacionalidades e uma imensa possibilidade nas áreas de de pesca e hidrocarbonetos”, disse o embaixador.

    No Brasil, segundo ele, a missão parlamentar quer incrementar as relações comerciais entre a população e as ilhas. Haverá reuniões com empresários em São Paulo e no Rio Grande do Sul. Em Brasília, os encontros serão com senadores e deputados, além de integrantes da sociedade civil e intelectuais.

    As Ilhas Malvinas são um território britânico, mas geograficamente estão no extremo Sul do Continente Sul-Americano, próximas à Argentina. Há três ilhas no local. Em 1982, os argentinos ocuparam pela força o território, dando expressão militar às suas reivindicações. Porém, entre maio e junho do mesmo ano, os britânicos retomaram o controle e a soberania durante a Guerra das Malvinas.

    Apesar da vitória militar britânica no conflito, o governo argentino mantém a reivindicação de retomar o território. O apelo é feito em todas as reuniões internacionais das quais a presidenta Cristina Kirchner participa, assim como seus auxiliares. Foram encaminhadas reivindicações à Organização das Nações Unidas (ONU), à União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e ao Mercosul.

    Nas Malvinas, o idioma oficial é o inglês britânico. A legislação também segue o determinado pelo Reino Unido, assim como placas e orientações são em inglês. De acordo com o embaixador, há apenas duas brasileiras que se casaram e passaram a viver nas ilhas.

    Edição: Graça Adjuto

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  4. Brasil se equilibra

    Brasil se equilibra diplomaticamente no apoio à soberania argentina nas Malvinas

    Giovanni Lorenzon | 20 Fevereiro 2014

    brasil, argentina, relações, malvinas, falklands, apoio, história

    Foto: http://www.sindmetau.org.br

    Não consta na agenda oficial da visita (até hoje) do chanceler britânico William Hague ao Brasil algum diálogo sobre as Malvinas.

    Também não se sabe, oficialmente, se a presidente Cristina Kirchner solicitou a Brasília alguma intervenção a favor da soberania argentina sobre as ilhas, embora muito provavelmente tenha pedido, já que ela dificilmente deixa escapar uma oportunidade dessas.

    Da parte londrina, a questão está sacramentada: as Falklands são do Império Britânico e ponto, principalmente após os kelpers decidirem ficar sob a órbita atual, num referendo (2013) que foi mais uma concessão à gritaria do vizinho do que algo sério que pudesse ameaçar a mudança de status.

    Da parte brasileira também: o país apoia a soberania argentina e defende o diálogo entre as partes e nos fóruns internacionais, um discurso pronto que no arranjo da diplomacia nunca causou grandes dores de cabeça entre os dois países com relações históricas impecáveis desde que D. João VI teve que fugir de Portugal escoltado pela Royal Navy.

    Para os dois, o tema nem precisaria mais ser debatido dadas as condições de ambos no contexto mundial – o primeiro, com a crise na Europa e questões mais preocupantes na geopolítica do Norte, como Irã e Síria, e, o segundo, tentando evitar uma crise econômica maior e diminuir as desconfianças internacionais, além de estar às voltas com a Copa e eleições.

    E mais ainda diante de uma realidade que se impõe declaradamente, inclusive para a Argentina de ontem, de hoje e do futuro: não há nada que faça os britânicos devolverem aquelas terras, ainda que haja uma resolução da ONU colocando a questão como tema de descolonização. Não há precedente similar no mundo contemporâneo, em qualquer região do planeta, onde um país devolve algum território cuja soberania tenha sido contestada, com ou sem razão. A decisão do Chile de devolver ao Peru parte de seu mar territorial, obedecendo decisão da Corte Internacional de Haia, não serve de exemplo.

    A aventura Argentina de 1982, fazendo Margaret Thatcher mandar seus homens guerrearem no arquipélago, sepultou de vez a mínima chance de que houvesse ao menos um amigável chá das 17 horas.

    Porém, sempre há um motivo adicional e provocativo para a Argentina fazer entrar as disputas por aquelas ilhotas geladas e áridas do Atlântico Sul nas agendas bilaterais – dela e dos outros – e multilaterais. Agora, por exemplo, foi o ultimato dado ao navio de cruzeiro Queen Victoria, que ondeava suas águas territoriais e se preparava para aportar, a baixar do mastro o pavilhão inimigo, sob ameaça de multa e arresto.

    Se Hague solicitou ao seu colega Luiz Alberto Figueiredo, ou à presidente Dilma Rousseff, que serenasse os ânimos da inquieta presidente – e mesmo em advertência ao ato ilegal sob as leis internacionais – ou se ela requisitou mais um reforço em sua defesa, baita incômodo diplomático para o Brasil.

    Em 2012, o país, junto a outros membros do Mercosul e da Unasul – União das Nações Sul-Americanas – assinou resolução proibindo a entrada em seus portos de navios com a bandeira das Falklands, por pressão de Cristina e dos chavistas. Outra medida sem sentido e inócua, apenas para efeito midiático, posto que o território não tem frota mercante, quando muito, poucos barcos pesqueiros.

    Sorte que a visita do ministro da Grã-Bretanha passou praticamente desapercebida pela imprensa.

    Apesar da causa ser justa, que ninguém se engane: a posição brasileira endossando a soberania portenha sobre as ilhas nunca foi das mais fervorosas. Sempre houve uma desconfiança e rivalidade mútuas.

    Voltemos há 32 anos. Quando o general-presidente Leopoldo Galtieri mandou seus homens para a morte nas Malvinas, naturalmente a ditadura brasileira apoiava a de lá, mas na psicologia dos militares era difícil aceitar uma vitória do vizinho que o levasse a ser protagonista militarmente importante no Cone Sul. Mesmo que a derrota consumisse de vez a longevidade do regime e o Brasil ditatorial ficasse mais isolado, como de fato aconteceu no ano seguinte.

    Continuemos nessa mesma época. Boa parte da oposição no Brasil se escondeu publicamente durante os dois meses de guerra, incluindo as esquerdas mais radicais. Não era fácil apoiar a Argentina sem endossar diretamente a ditadura local.

    Mais ainda para trás. Quando os ingleses tomaram as ilhas em 1833, o Império se alinhou a já republicana Argentina muito mais pelo passado em comum de ex-colônias e de vizinhos que se temiam, porém já se desconfiavam das respectivas pretensões expansionistas, que começaram pela disputa sobre o território uruguaio por volta de 1811. Foi tão protocolar a posição do Brasil que a coroa britânica aceitou de pronto a proposta de seu velho amigo em responder pelos negócios de Buenos Aires em Londres.

    Mesmo a aliança, anos mais tarde, entre os dois lados do rio Iguaçu (mais o Uruguai), na Guerra do Paraguai, foi produzida pelo temor ao poderio de Solano López e à ameaça que ele representava regionalmente.

    Talvez nos atuais dois últimos governos a sustentação política brasileira seja mais sincera por causa do compartilhamento político-ideológico com o vizinho, mas não se a tira da zona de conforto da diplomacia. Até que o governo argentino volta e meia traga o debate para o cenário público, notadamente quando está precisando desviar a atenção de sua crescente instabilidade econômica e política.

    Alguma diferença do que Galtieri tentou fazer ao invadir as Malvinas?

    Os fatos citados e as opiniões expressas são de responsabilidade do autor

     

  5. Pepe Escobar: C’mon baby, incendeie o meu incêndio (crimeano)

    Corroborando com umas opiniões levantadas aqui no blog no começo da crise da Ucrânia. A melhor análise sobre a situação. Para variar do Pepe Escobar.

    http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2014/03/pepe-escobar-cmon-baby-incendeie-o-meu.html

    Uma outra fonte é o Paul Craig Roberts, e para não dizer que é um comunista inrrustido, veja o currículo dele.

    http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2014/03/a-propaganda-domina-as-noticias.html

    Paul Craig Roberts (nascido em 03 de abril de 1939) é um economista norte-americano, colunista doCreators Syndicate. Serviu como secretário-assistente do Tesouro na administração Reagan e foi destacado como um co-fundador da Reaganomics. Ex-editor e colunista do Wall Street Journal, Business Week e Scripps Howard News Service. Testemunhou perante comissões do Congresso em 30 ocasiões em questões de política econômica. Durante o século XXI, Roberts tem frequentemente publicado em Counterpunch, escrevendo extensamente sobre os efeitos das administrações Bush (e mais tarde Obama) relacionadas com a guerra contra o terror, que ele diz ter destruído a proteção das liberdades civis dos americanos da Constituição dos EUA, tais como habeas corpus e o devido processo legal. Tem tomado posições diferentes de ex-aliados republicanos, opondo-se à guerra contra as drogas e a guerra contra o terror, e criticando as políticas e ações de Israel contra os palestinos. Roberts é um graduado do Instituto de Tecnologia da Geórgia e tem Ph.D. da Universidade de Virginia, com pós-graduação na Universidade da Califórnia, Berkeley e na Faculdade de Merton, Oxford University.

     

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