O que esperar de Bolsonaro na 76ª Assembleia Geral da ONU

Líder de um governo que atrasou e tentou ganhar propina sobre vacinas, Bolsonaro pode citar Brasil como "produtor mundial" e anunciar ajuda aos vizinhos latinos na imunização

Foto: Divulgação/Redes Sociais

Jornal GGN – Jair Bolsonaro está em solo nova-iorquino nesta segunda-feira (20), preparado para discursar na abertura da 76ª Assembleia Geral da ONU amanhã. O extremista de direita teria sido orientado pela equipe do ministro das Relações Exteriores, Carlos França, a ser menos assertivo no discurso para sua base ideológica mais radical e aplacar as críticas da comunidade internacional apresentando uma agenda positiva.

Líder de um governo que não só atrasou a vacinação em massa como também é acusado de cobrar propina para fechar contratos com supostos revendedores de imunizantes, Bolsonaro deve usar a queda da transmissão do coronavírus no Brasil para exaltar suas ações na pandemia. É esperado que ele destaque o pagamento do auxílio-emergencial – que ele tem chamado de “maior programa de transferência de recursos do mundo”.

No contexto da pandemia, o ex-capitão pode aproveitar para anunciar que o Brasil poderá doar vacinas contra Covid-19 para vizinhos latino-americanos que enfrentam uma fase mais aguda da pandemia, já que o País se tornou um polo produtor de imunizantes – não por causa de, mas apesar de Bolsonaro.

Bolsonaro pode ainda apontar anunciar o aumento de recursos federais para órgãos de fiscalização do meio ambiente e vender números que apontam uma queda nas queimadas em florestas brasileiras. A ideia é quebrar a resistência de outros países e da própria ONU no quesito agenda ambiental.

Embora França apele para o estilo discreto e pragmático de fazer diplomacia, há expectativa de que Bolsonaro acene para sua base de eleitores ao citar a questão do marco temporal das terras indígenas e a sua suposta defesa da liberdade de expressão no País.

Na semana passada, o presidente defensor do agronegócio disse que a eventual rejeição do marco temporal pelo Supremo Tribunal Federal traria insegurança alimentar ao mundo. Bolsonaro também já prometeu em uma live que um dia viajaria para o extremo norte do País para entrevistar a população que vive na região da floresta amazônica e provar que o que as pessoas querem é “internet”, e não a preservação ambiental acima do “progresso”.

O filho Eduardo Bolsonaro, um pretenso articulador da extrema-direita mundial, também viajou a Nova York com o presidente da República. O governo está às voltas com uma medida provisória que impede que as redes sociais removam conteúdo sem autorização judicial. O libera geral fere as diretrizes da plataforma e é mal visto pelo STF e por parlamentares que defendem que a MP seja derrotada.

Além de discursar na abertura da Assembleia na terça (21), Bolsonaro terá encontros com o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, o presidente da Polônia, Andrzej Duda, e o secretário-geral da ONU, António Gutérres. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, discursará na sequência. A imprensa ficará atenta para saber se Biden falará com Bolsonaro nos bastidores, ainda que rapida e protocolarmente.

A comitiva de Bolsonaro é comporta por Carlos França (Relações Exteriores), Paulo Guedes (Economia), Marcelo Queiroga (Saúde), Joaquim Leite (Meio Ambiente), Augusto Heleno (GSI), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral da Presidência), Anderson Torres (Justiça), Gilson Machado (Turismo), Pedro Guimarães (Caixa), Flávio Rocha (Assuntos Estratégicos da Presidência), e os diplomatas Nestor Forster (embaixador em Washington) e Ronald Costa Filho (representante permanente do Brasil junto à ONU), além da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

Com informações do Estadão e BBC Brasil

Redação

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