O que uma presidência de Joe Biden significaria para a Venezuela?

A Venezuela está lutando contra uma inflação de 2.400% e as sanções dos EUA sob o governo de Trump. Biden seria diferente?

Gestão do presidente Nicolás Maduro vinha na Justiça e por vias diplomáticas tentando repatriar os recursos. Foto: Governo da Venezuela/Imprensa

do Al Jazeera

O que uma presidência de Joe Biden significaria para a Venezuela?

por Lucia Newman

Quando questionados sobre quem prefeririam como o próximo presidente dos Estados Unidos, muitos venezuelanos comuns respondem rapidamente que têm coisas muito mais importantes com que se preocupar. Em um país onde a inflação atingiu 2.400% e as pessoas lidam com a escassez de bens básicos como alimentos e remédios, quem fica na Casa Branca parece menos importante.

“Estamos muito mais preocupados em sobreviver aqui do que em uma eleição presidencial distante”, disse à Al Jazeera uma mulher que pediu para ser identificada como Gabriela Perez.

“Somos como zumbis andando pelas ruas. A única coisa em que pensamos é como conseguir gás de cozinha, água e eletricidade”, acrescentou.

As sanções dos EUA dirigidas ao governo do presidente socialista venezuelano Nicolas Maduro do poder agravaram a economia da nação sul-americana rica em petróleo, e uma crise política contínua parece estar em um impasse depois que o político da oposição Juan Guaido se declarou presidente interino do país em janeiro de 2019, ganhando reconhecimento internacional, mas sem conseguir tirar Maduro do poder.

Quando você pergunta aos políticos da oposição venezuelana sobre a perspectiva de vitória do candidato presidencial democrata dos EUA, Joe Biden, em 3 de novembro, eles ficam divididos – e relutam em declarar abertamente por razões óbvias.

Um deputado da oposição do partido Justice First (Primero Justicia) próximo ao autoproclamado presidente interino Guaido disse à Al Jazeera que está preocupado que Biden queira negociar com Maduro e que ele possa aliviar algumas das posições políticas de linha dura do governo Trump e as sanções econômicas. Ele pediu para não usar seu nome para discutir política no país profundamente polarizado.

“Trump tem sido um forte aliado. Ele mostrou que é sério e que não vai desistir da exigência de saída de Maduro e seus comparsas”, disse o político da oposição.

A petroleira estatal venezuelana PDVSA – o salva-vidas da economia do país – também foi atingida pelas sanções dos EUA, aumentando o sofrimento do povo venezuelano.

Biden expressou seu desejo de retomar a diplomacia com a Venezuela e o Irã, membros da Opep, o que poderia levar ao retorno de suas exportações de petróleo se certas condições forem atendidas, informou a Reuters News Agency.

“Não buscamos desmantelar a política de sanções, mas aplicá-las de forma inteligente, ajudados por um esforço multilateral e com objetivos específicos a serem alcançados – principalmente eleições livres, justas e credíveis”, Leopoldo Martinez, estrategista de campanha do Biden com foco sobre a votação latina, disse à Reuters.

Mas é improvável que qualquer afrouxamento da pressão aconteça rapidamente, e Biden parece ansioso para dissipar a impressão de que seria mole com Maduro.

Em uma visita de campanha ao bairro de Little Havana em Miami, Flórida, no início deste mês, Biden sugeriu que Trump era “um amigo de ditadores”.

“Maduro, a quem conheci, é um ditador puro e simples. E está infligindo um sofrimento incrível ao povo venezuelano para permanecer no poder”, disse Biden.

As relações entre os EUA e a Venezuela permanecem em baixa histórica, especialmente depois que Maduro foi reeleito em uma eleição amplamente contestada em 2018, na qual os principais partidos de oposição do país se recusaram a participar.

Após a posse de Maduro em janeiro de 2019, a Casa Branca desencadeou uma enxurrada de sanções e reconheceu Guaido como o presidente legítimo da Venezuela, embora sem poder.

Trump continuou a usar a Venezuela como exemplo do fracasso do socialismo na campanha eleitoral – e tentou pintar Biden como um comunista.

Alguma coisa mudaria se Biden ganhasse? Provavelmente não muito, pelo menos durante o primeiro ano. Mas o ex-vice-presidente provavelmente se concentraria mais no dilema humanitário que os venezuelanos enfrentam em casa e no exterior. Mais de 4,5 milhões de venezuelanos fugiram de seu país como migrantes e refugiados, segundo a ONU.

Devemos liderar os esforços internacionais para enfrentar a enorme crise humanitária na Venezuela. O povo venezuelano precisa de nosso apoio para recuperar a democracia e reconstruir seu país”, disse Biden no início deste mês.

Biden também tem muito mais probabilidade de buscar uma abordagem multilateral para a crise política da Venezuela que envolva aliados dos EUA, incluindo a União Europeia. Há membros da oposição venezuelana que acreditam que é hora de tentar uma nova estratégia, já que a atual não deu certo.

Quanto a Maduro, quando questionado sobre a corrida presidencial dos EUA, ele respondeu repetidamente que Trump e Biden representam o mesmo inimigo. “Quer Trump ou Biden ganhe, vamos enfrentá-lo e derrotá-lo”, disse Maduro em 30 de setembro, deixando poucas dúvidas sobre suas intenções em relação a quem se encontra no Salão Oval em janeiro.

Redação

3 Comentários

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  1. É piada, né?
    Nenhum governo americano, seja democrata ou republicano, “afrouxou” com ninguém… vão continuar embargando Cuba e tentando derrubar Maduro.
    Este texto nem deveria existir.

    1. É sempre curioso ver a vocação ditatorial da esquerda, em qualquer lugar do mundo: ou escreve o que me agrada ou não pode escrever nada. Fim de papo.

  2. E cadê a ajuda chinesa, ajuda russa? Afinal, por que não ajudam pra valer?……economicamente, militarmente, politicamente. E por que chineses, sendo a potência economica:militar que são ajudam o governo do cafajeste brasileiro e não acabam com suas importações por aqui? Infelizmente há muita cafajestice nos países que poderiam ajudar e nada fazem……….

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