Recuperação dos EUA é miragem perigosa, diz Roubini

Nouriel Roubini: A recuperação econômica dos EUA é uma miragem perigosa

De O Globo

O economista, em artigo no ‘The Guardian’, afirma que a recuperação vai demorar muitos anos para ocorrer devido ao alto nível de endividamento público e privado

RIO — O Dr. Apocalipse ataca de novo. Em meio ao consenso de que os Estados Unidos estão no caminho da recuperação econômica, o economista Nouriel Roubini afirma que esse processo ainda demorará muitos anos para ocorrer, devido ao alto nível de endividamento dos setores público e privado. Até lá, diz ele, os resultados da maior economia do mundo deverão ser sempre abaixo do esperado.

— Mesmo este ano, o consenso foi errado, esperando uma recuperação para crescimento acima da expectativa, mais veloz que 3%. Mas a taxa de crescimento da primeira metade do ano parece se aproximar de 1,5%, abaixo até mesmo do funesto 1,7% de 2011. E agora, depois de entenderem errado a primeira metade de 2012 muitos estão repetindo o conto de fadas de que uma combinação de preços menores de petróleo, vendas de automóveis em alta, preços das casas em recuperação e o ressurgimento da manufatura irão impulsionar o crescimento na segunda metade deste ano e no próximo — afirma o economista, no artigo intitulado “A recuperação econômica dos EUA é uma miragem perigosa”, publicado nesta sexta-feira no jornal britânico “The Guardian”.

Roubini — que se tornou mundialmente conhecido por ser um dos primeiros economistas do mundo a perceber a gravidade da crise do crédito imobiliário nos EUA, que resultou na crise de 2008 — prevê que o crescimento irá desacelerar mais na segunda metade de 2012 e será ainda menor em 2013, chegando perto da estagnação.

Ele aponta quatro fatores que impedirão o crescimento dos EUA: a piora da crise na Eurozona, o “pouso forçado” cada vez mais duro da China, a desaceleração generalizada dos países emergentes e o risco de alta nos preços do petróleo em 2013, à medida que as negociações e as sanções fracassam em convencer o Irã a abandonar seu programa nuclear.

— Políticas responsivas terão um efeito muito limitado em deter a desaceleração da economia dos EUA em direção à inércia. Mesmo com apenas um arrasto fiscal leve no crescimento, o dólar americano deverá se fortalecer à medida que a crise da Eurozona enfraquece o euro e a aversão global ao risco retorna — conclui.

Luis Nassif

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