Reforma migratória de Obama é hipocrisia, afirma imigrante guatemalteca

Livro “LUZ DE FARO – Poemario”, de Ilka Oliva Corado.

Enviado por Roberto Bitencourt da Silva

Do Diário Liberdade

De origem guatemalteca e residente não documentada em Chicago [Estados Unidos], Ilka Oliva Corado é uma prolífica escritora, que se inspira nas lutas sociais em favor dos direitos dos não documentados e da diversidade sexual, e contra a discriminação de gênero e o racismo, no coração do império.

Ilka Oliva Corado (Comapa, Jutiapa, Guatemala, 08 de agosto de 1979) é colunista para vários meios de informação [dentre eles o Diário Liberdade] e autora de ensaios e poesia. Sua última obra, surgida em novembro de 2015, é um poemario, intitulado “Luz de Faro” [Luz de Farol].

Nesta entrevista, a autora analisa a situação dos seus compatriotas da “Pátria Grande”, no contexto pré-eleitoral de um país governado durante sete anos pelo “primeiro presidente negro da sua história”.

Qual é a situação atual da comunidade latino-americana nos Estados Unidos?

Nos Estados Unidos, os latino-americanos são discriminados, enquanto que os imigrantes de qualquer país da Europa, da Ásia e da África é raro que sejam discriminados, ou que deportem alguém desses continentes. Para que sejam deportados, precisam ter feito algo de verdade. Em troca, os não documentados latino-americanos são discriminados até pela policía, em uma infração de trânsito, que, em muitas ocasiões, eles mesmos inventam com o objetivo de deportarem latinos.

De que maneira?

A policia maneja um certo perfil. Por exemplo, a comunidade mexicana é a maior aqui. Os mexicanos preferem usar um furgão de dupla tração, (a Cherokee, as Toyotas, a Suburban, as picapes, de também de dupla tração) porque, na América Latina, é um carro que se usa pelo tipo de terreno, ainda que aqui o terreno esteja todo asfaltado, tudo é plano. Assim, não há razões para comprar um carro desses…, o terreno não requer, mas a questão é alcançar um sonho. As pessoas que vêm para cá a ganhar a vida, seu sonho é ter um carro desses, o que nunca teve em seu país, então, quando a polícia vê um desses carros na rodovia, revisa o número da placa e, imediatamente, o detém, ainda que não haja infração de trânsito.O detém porque sabem que 90% dos que o dirigem são latinos ou mexicanos. A primeira coisa que pedem são os documentos. Se não os tem, será deportado. Este é o perfil que manejam.

E no âmbito trabalhista?

Nos trabalhos, quando um negro vai solicitar o mesmo posto de trabalho que um latino, ao latino pagam 3 dólares por hora e ao negro pagam 8 dólares, ou seja, o salário mínimo. É assim em todos os trabalhos: em fábricas, limpando casas, limpando neve, na construção…, sempre, por ser latino-americano vão pagar menos do que o salário mínimo, vão utilizar mais horas, não vão pagar as horas extras…, algo que não ocorre com outros migrantes. Outro exemplo: aquí, existe essa lei que, se trabalha-se em um dia festivo, têm que pagar o dobro. Os latinos são obrigados a irem trabalhar e pagam como um dia normal.

Trata-se de organizar a divisão?

Exato. Por exemplo, os europeus vêm trabalhar em pintura de casas, em decoração e essas tarefas da construção das casas são feitas pelos europeus. Os asiáticos vêm para o mercado de restauração, como empresários. Os africanos vêm para trabalharem como nós, mas como chefes dos latinos. Os dois podem ser não documentados, mas ao outro, por ser africano, dão um posto de chefe do latino, mesmo que o latino seja igualmente preparado. Mas o maior fenômeno de discriminação que acontece no país é contra os latinos. Inclusive, a polícia assassina latinos como se fossem cachorros, todos os dias, em qualquer Estado do país. E isto não vai ser visto na cobertura do noticiário, nem sequer as notícias de língua hispânica. Porque a Telemundo, Univisión, CNN em Espanhol, são meios hispano-falantes, mas direitistas. Sua função aqui é enganar a comunidade latina imigrante sobre que este país é o “sonho americano”, jamais falarão claramente da política exterior, salvo que seja para favorecê-lo. E agradecem a Obama porque fala dos migrantes, beijam os pés a Obama. Enquanto que a reforma migratória é pura hipocrisia, porque nenhum presidente pode chegar à Casa Branca sem ter o voto da comunidade latina, porque somos milhões aqui. Necessitam de nós na política e por isso utilizam sempre como trampolim o tema dos não documentados.

Precisamente, depois dessas duas legislaturas de Obama, como vês a situação da esquerda nos Estados Unidos?

Neste país, tudo está cooptado. Não existem meios de esquerda latinos, de verdade. Têm a aparência de serem de esquierda, mas, no fim, são de direita. Todos apoiaram Obama quando estava lançando a sua candidatura. A principio, havia isto de: “bom, é um presidente negro, é preciso dar-lhe uma oportunidade”. Em Chicago, as ruas se encheram de um mar de gente hispânica e negra, que saíam chorando a abarrotá-las, todos felizes porque Obama tinha sido eleito presidente, e, na segunda candidatura, foi igual; o tipo representava uma oportunidade. Rapidamente, essa pobre gente imaginou outro Martin Luther King ou outro Malcolm X. Mas nem aos pés chega Obama.

Se nos dermos conta, historicamente, os democratas vêm utilizando a questão da reforma migratória há mais de 20 anos. E vêm utilizando-a porque, supostamente, é um partido digamos de esquerdas, verdade? Porque, do outro lado, estão os republicanos, que manejam o projeto da deportação massiva. Mas aí, tem Obama, quem veio falar da Ação Executiva, justamente alguns dias antes do Dia de Ação de Graças, e disse que era um presente de “ação de graças” aos não documentados.

Que, supostamente, podem ser dados papéis aos imigrantes que têm filhos nascidos nos Estados Unidos. Que foi imediatamente cancelado pelo circuito de cortes do país, em que está o peso da Ku Kux Klan. Eles controlam uma cifra de 11 milhões de não documentados, mas, no mínimo, somos 25 milhões. A questão é que Obama mentiu e a comunidade latina está decepcionada, mas Hillary Clinton vem utilizando essa mesma plataforma. Essa mulher já se enganchou com todas as comunidades da mesma forma que fez Obama com a juventude e os latinos. Com ela, é o slogan de que a toca como mulher, (sim, já toca, mas não ela) e utiliza a plataforma do feminismo e dos não documentados. Mas, ao final, vemos que eles (os candidatos) são representantes do poder imenso que tem o sistema capitalista expressamente estadunidense. O coração do mesmo está no Congresso e na Câmara Baixa, nesse Circuito de Cortes, onde pulula a Ku Kux Klan. O presidente só obedece às ordens, como bom lacaio.

Entretanto, os Estados Unidos são um país que, históricamente, se formou com o aporte das pessoas que vinham de outros lugares. Como se entende que preconizem um modelo de multiculturalismo e que, ao mesmo tempo, haja esse elitismo ou racismo que estava descrevendo?

Lembre que, para eles, o migrante é o “anglo” (anglo-saxão). Eles, em relação a nós, os latino-americanos, não nos veem como pessoas. Se vem um latino-americano aqui para o país, trabalhar em uma empresa – inclusive, com papéis – não significa nada: é invisível. Se com papéis eles são invisíveis, para nós, os não documentados é ainda pior. Porque, para eles, a A América Latina é o quintal, é o mais baixo em educação, em cultura. Os Estados Unidos veem os latino-americanos como os que limpam os banheiros. Mesmo que venha trabalhar como engenheiro, químico, sempre vai ser visto, para eles, como um limpa banheiros. E isto se nota perfeitamente nas reuniões sociais, em um restaurante, em algo tão simples como escolher a cadeira do ônibus.

Inclusive, aqui, os negros brigam com os latinos, a se matarem! Por racismo, o latino diz ao negro que porque é negro é uma porcaria. E o negro diz ao latino que, por ser latino, é uma porcaria. Não acontece isso com outras comunidades, como os asiáticos, só se vê entre negros e latinos. Porque são os que disputam os trabalhos, por exemplo, no McDonald’s ou Burger King, e esses lugares, são negros e latinos que fazem a limpeza e que fritam os hambúrgueres. Nunca vai ver um asiático, nem um italiano ou um polonês fazendo isso…, não vai ver jamais. Eles vêm para fazerem outro tipo de trabalho.

Como vê a relação entre as diferentes comunidades de migrantes latino-americanos?

Em questão de organização, estão mais organizados os mexicanos, isto é assim. Aqui, têm bastante trabalho na questão de direitos humanos, na questão da violência de gênero, na briga pelos direitos trabalhistas. Há uma organização bem grande e bem forte, que é a mais antiga aqui, a de Dolores Huerta e do senhor César Chaves, que já faleceu. Eles nasceram aqui, mas de pais mexicanos. Fizeram uma manifestação grandíssima, ali pelo ano de 1966, para lutar pelos direitos trabalhistas dos jornaleiros que trabalhavam nos campos de uva, na Califórnia.

E conseguiram, com as manifestações massivas e as paralisações gerais que fizeram, que todos esses donos dos campos de cultivo e do Governo da Califórnia lhes dessem seus direitos trabalhistas. Esta era e continua sendo uma organização forte. Mas, como comunidade aqui, os centro-americanos, os mexicanos, os sul-americanos ou os chicanos estamos muito divididos. Cada um faz coisas para o seu lado. E este é o problema, que não nos unimos como uma só comunidade, por exemplo, em torno da luta dos não documentados. Temos um peso tão grande que, se nos uníssemos, transformaríamos a questão da Reforma Migratória. Mas existe o divisionismo. Te falo como organizações, porque, como comunidade, o temor impera. Agora bem, muitas dessas organizações são apenas de nome, porque só são utilizadas como escada para que quem as controlam ascendam a postos de governo, já seja aqui ou em seus países de origem.

Que capacidade existe de que os movimentos sociais em favor dos sem papéis tenham alguma influência nas próximas eleições?

Nenhuma. Por exemplo, há uma organização dos “dreamers” [sonhadores]. São um grupo que se formou há dois anos, de estudantes de universidades, de high schools, que vieram aqui crianças e aqui cresceram. Então, eles pediram que lhes dessem papéis, se organizaram em movimentos e Obama lhes deu os papéis, lhes disse: “quando se graduarem, terão licença para trabalharem”. Mas esse mesmo grupo, que já conseguiu os papéis, não apoiam os não documentados, que trabalham limpando lixo, cortando cebolas, de pedreiro…, essas pessoas que vem para carregar o país nas costas, verdade? Pois não os apoiam, não falam por eles, não aproveitam os espaços. Eles já conseguiram seus papéis e se esqueceram do resto, que cada qual cuide da sua vida, verdade? Isto é egoísmo, desumano. As lutas são brigadas para todos igual, ou todos ou nenhum. Todo o discurso que Obama fez, para quem vê de fora, é o presidente mais “humano” com a questão dos não documentados. Mas tem sido o presidente que mais não documentados deportou na história dos Estados Unidos. Como se entende essa dupla moral, esse duplo padrão?

Como vais querer que os não documentados tenham papéis se está deportando-os massivamente? Deportam as pessoas prendendo-as na parada de ônibus, ao saírem dos restaurantes, nas discotecas, quando vão a shows… Por exemplo, quando veio o Papa. Com essas milhões de pessoas que estavam lá para acolhê-lo fizeram deportacções. Que meios informaram sobre essas deportações? Nenhum, nem meios em inglês, nem meios em língua hispânica. Há alguns días, o Circuito de Cortes novamente congelou a Ação Executiva e os beneficios dos “dreamers”. Agora, esses pretenciosos estão iguais a nós, que trabalhamos em ofícios, e isto está acontecendo com eles porque são egoístas. As lutas são feitas para todos, por igual. Outro exemplo claro: as declarações anti-latino-americanos que fez Trump [empresário Donald Trump] são exatamente as mesmas que tem a maior parte do povo estadunidense. Do tipo, o satanizam, mas ele só disse em frente às câmeras de televisão o que a maioria comenta todos os dias em qualquer lugar. Dolores Huerta chamou ao boicote, mas a comunidade latina segue calada. Esses artistas medíocres, calados. Esses defensores de migrantes, calados. Essas organizações de Direitos Humanos, caladas. Era esse o momento de sair às ruas e fazer tremer este país, mas quem vai.

Qual é a sua visão acerca da cultura do espetáculo, de Hollywood? Que repercussão tem na sociedade essa violencia que se percebe na cultura estadunidense?

Pois, com a questão da Síria, por exemplo, temos visto alguns artistas assinando uma carta de rechaço à guerra. E Hollywood foi em cima deles! Hollywood é direitista recalcitrante, é a xenofobia, pois. É a Ku Klux Klan. Recentemente, Viola Davis recebeu um “Emmy”. Ela é negra, e recebeu o Emmy como melhor atriz protagonista. Fez um discurso que é preciso ter coragem para falar, porque se sabe que podem fechar as portas imediatamente. Há gente progressista em Hollywood, claro que há. O problema é que, quando se atrevem a falar, sabem que vão cortar suas asas. Mas Viola fez isso, ela falou sobre a discriminação racial que existe em Hollywood com as atrizes negras. Mas, por exemplo, esse diretor de cinema mexicano, Iñárritu, que ganhou há pouco três Oscar. Pois, em nenhum momento falou dos não documentados. Até que chegou esse senhor, Sean Pean, que é ator também, e quando deu a ele o último Oscar, como melhor diretor do filme, disse algo que o insultou de brincadeira, verdade. Conhecendo o trabalho de Pean, eu entendi como uma cacetada que deu nele, assim: “Veja, rapaz, se és mexicano, fala por tua gente!” Então, ele parou e falou. Mas não foi até que o gringo tenha empurrado.

Sean Pean é a favor da Venezuela, de Cuba… Então, se a própria gente deles, que está nessas altas plataformas, não aproveita esses espaços para falar dos que não têm voz, como pretender que o façam os gringos, pois. E, em Hollywood, lá o racismo é recalcitrante. Inclusive, tem gente não documentada trabalhando para eles e não pagam nem o salário mínimo. A mesma coisa na Disneylândia. Nunca nenhum artista de Hollywood falou, não fez Penélope Cruz, nem Javier Bardem, nunca. Se eles não fazem, que são latinos, de quem esperas que faça, pois. Contudo, ambos assinaram a carta em defesa de Gaza, contra o governo genocida de Israel. Estou segura de que isso reduziu suas oportunidades de trabalho em Hollywood. Oxalá um dia esses artistas latinos, que trabalham na indústria estadunidense, também tenham coragem para falar dos não documentados, e que assinem uma carta igual e que se posicionem nos cenários e façam valer sua condição humana.

E, nas próprias cadeias de informação, mais além de que possa ter simbolicamente como apresentador na televisão uma pessoa afro-americana ou latina, mais além disso, pensas que se dê a voz à situação dos sem papéis?

Se são meios em inglês, é que são tão “polite” (educados, dito ironicamente: NdlR), eu não conheõ outras pessoas que sejam tão diplomáticas como os estadunidenses nas coisas. Eles seguem o protocolo. Se param e dizem “que bom, Obama, nós somos por uma reforma migratória… Sim, dizem que estão de acordo com uma reforma migratória, mas não cobrem a notícia de um policial hispânico assassinado. Isto é uma denúncia que têm que fazer e não fazem. Maneja-se esse duplo padrão. Não atendem, por exemplo, as denúncias de violência de gênero, que ocorrem todos os dias. “Sim, a comunidade latina é importante”. “Sim, há alguns não documentados e essas pessoas merecem papéis”, mas até aí. Por exemplo, agora, os meios estão quase desmaiando pela crise da Síria, mas são incapazes de questionarem o papel de Israel na região e dos Estados Unidos, que provocaram essa crise. A veem como uma crise de refugiados, mas não denunciam o genocídio nem a investida que Israel e os Estados Unidos estão levando a cabo nessas terras, e que, como uma de suas consequências, se dá a crise de refugiados.

Historicamente, houve lutas muito nobres nesse país, como a que teve lugar contra a Guerra do Vietnam ou pelos direitos civis. Como está atualmente a dinâmica de visibilização dos afroamericanos com o movimento Black Lives Matters?

Eles denunciam o que acontece. Mas a questão é que isto te absorve. O capitalismo, o direitismo aqui é tão absorvente que eles levantam a voz, mas quase não lhes permitem entrevistas. Nunca vais ver, nos meios potentes aqui nos Estados Unidos, que lhes deem um espaço para uma entrevista, em que eles possam falar. Controlam os meios alternativos que leem dois ou três, verdade. Porque não se pode comparar isso com o impacto que tem a rádio ou a televisão nos Estados Unidos, esse poder. Eles estão lutando, há várias organizações que tomam nota e arquivam todas as discriminações. Tomos e tomos de todos os tipos de violência. De tudo o que vive a comunidade afro, do que vive a comunidade não documentada. Mas fica arquivado, porque, quando vai ao tribunal para entrar com uma denúncia, o sistema é tão corrupto, tão “Ku Klux Klan”, que mesmo que leve a uma menina violada e partida em duas não acreditam em você. Invertem os papéis. É raríssimo que um afro-descendente interponha uma denúncia e acreditem nele. Mesmo que tenha todas as provas. É praticamente impossível.

Esse racismo que mencionavas no sistema judicial, está relacionado com o sentimento de superioridade e com a atitude neocolonial, tão típicas do Norte e do “Ocidente”?

De fato, é algo que tem os Estados Unidos, mas também a América Latina. Inclusive, pode ser que esteja mais marcado na América Latina do que nos Estados Unidos. E te digo, com toda a dor do meu coração. Mas falemos dos Estados Unidos. As mulheres latinas os gringos nos veem como trabalhadoras sexuais. Como o Kama Sutra, e tudo o que alguém possa imaginar, agregado ao Kama Sutra. Assim somos vistas. Nunca nos veem como pessoas. Para eles, uma mulher latina que vem para cá é porque quer se casar com um gringo, para melhorar a raça. Para ter filhos de olhos verdes, azuis e mudar imediatamente o sobrenome. Há outras pessoas que não pensam assim, claro, há os que estudam nas universidades as humanidades, a Sociologia. Gente que está em organizações com imigrantes, em questões de Direitos Humanos, de tortura.

Esse tipo de pessoa nos veem diferente. Mas como comunidade, quando chegas aos Estados Unidos, te encontras com um muro gelado, frio. Nem sequer é cultural, porque os Estados Unidos não têm nem cultura. E voltamos ao início: aqui, há uma mistura de culturas, de gente que emigra de todo o mundo. Os estadunidenses não têm um tipo de cultura definido. O que sim existe é a supremacia branca. A Ku Klux Klan é a supremacia branca. Muitos deles dizem que conheceram o mundo e já não necessitam ir a lugar nenhum, porque foram de férias para a Europa, pois. O demais não existe para eles. E isto pode se ver nas crianças. A partir dos cinco a nos, os pais lhes dizem: “ela é a empregada, esta é a babá”. No parque, lhes dizem: “ese menino é negro, não brinque com ele”; “aquele outro menino é hispânico, não vá com ele porque não é igual a você”; “você é superior”. Como pretender que na idade adulta um estadunidense vá nos ver com equidade? Tive o privilégio de trabalhar como empregada. E, quando alguém é empregada, é um móvel a mais. Eles pensam que não escutas, que não sentes. Ouve conversas, mesmo que não queira, porque está lá limpando e ouve as conversas que eles têm. Falam coisas horríveis dos não documentados. Mas saem das suas portas e, em uma conversa ou num evento social, dizem “sim, apoiamos a Reforma Migratória”. Mas ainda assim, ainda que doa, o pior inimigo e opressor que um latino-americano pode ter nos Estados Unidos é outro latino-americano.

Redação

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador