Bolsonaro é ameaça a democracia e América Latina, diz The Economist

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Durante a campanha eleitoral, Bolsonaro foi capa da revista The Economist como a “ameaça” à democracia no Brasil e América Latina
“Os brasileiros não devem ser enganados: além de suas visões sociais não liberais, Bolsonaro tem uma admiração preocupante pela ditadura”, alerta revista britânica para riscos do candidato da extrema direita
 

Foto: Reprodução
 
Jornal GGN – “Hoje em dia os brasileiros devem se perguntar se, como a divindade no filme, Deus saiu de férias”, escreveu a revista britânica “The Economist”, no artigo “Jair Bolsonaro, a mais recente ameaça da América Latina”, publicado nesta quinta-feira (20).
 
A reconhecida revista não só apresentou o candidato da extrema direita como ameaça em editorial, como também estampou na capa da edição desta semana, com uma fotografia do presidenciável nas cores do Brasil, com a manchete: “A última ameaça da América Latina: BOLSONARO PRESIDENTE“.
 
No texto, a publicação faz menção ao filme “Deus é brasileiro”, ao valorizar as riquezas naturais, a música e a beleza do país, que agora tem tudo a perder. “O Sr. Bolsonaro seria uma adição particularmente desagradável ao clube de populistas no mundo. Se ele vencesse, poderia colocar em risco a própria sobrevivência da democracia no maior país da América Latina”, pontua.
 
A reportagem lembra que os grandes índices de intenções de voto a Bolsonaro se devem às justificativas de uma economia fracassada, com alto nível de desemprego, a corrupção do colarinho branco, o descrédito da classe política deflagrado pela Operação Lava Jato, um Congresso que torna a corrupção de Michel Temer impune, etc.
 
“Até então, ele era um congressista de sete mandatos pelo estado do Rio de Janeiro, reconhecido de longa data por ser grosseiramente ofensivo. Bolsonaro disse que não iria estuprar uma congressista porque ela era ‘muito feia’; que preferiria um filho morto a um gay; que os quilombolas que vivem em assentamentos são gordos e preguiçosos”, enumerou. 
 
“Mas, de repente, essa disposição de ‘quebrar tabus’ está sendo interpretada como uma prova de que ele é diferente dos padrões políticos da capital, Brasília”, concluiu The Economist: “E, assim, para os brasileiros desesperados por se livrarem de políticos corruptos e traficantes de drogas assassinos, o Sr. Bolsonaro se apresenta como um xerife sensato.”
 
Sobre o recente ataque a Bolsonaro durante um comício, a revista afirma que “só o tornou mais popular e o protegeu de uma crítica mais minuciosa pela mídia e por seus adversários”.
 
Mas a edição pede cuidado, ao se lembrar do que diz a própria história da América Latina. “Os brasileiros não devem ser enganados: além de suas visões sociais não liberais, Bolsonaro tem uma admiração preocupante pela ditadura”.
 
Um dos exemplos citados é o caso da ditadura no Chile de Augusto Pinochet (1973-1990), que misturou políticas autoritárias com a economia liberal do “Chicago Boys”. “Eles ajudaram a estabelecer o terreno para a prosperidade relativa de hoje no Chile, mas a um custo humano e social terrível”, relembrou.
 
Por fim, o editoral sugere que os brasileiros não devam se deixar levar por Bolsonaro, cujo lema poderia chegar a ser “eles torturaram, mas agiram”. “A América Latina conhece todos os tipos de homens fortes, a maioria deles terríveis”.
 
E os riscos são grandes, considerando que “a democracia do Brasil ainda é jovem” e que “até mesmo um flerte com autoritarismo é preocupante”.
 
“Em vez de cair nas promessas vãs de um político perigoso, na esperança de que ele possa resolver todos os seus problemas, os brasileiros devem perceber que a tarefa de curar sua democracia e reformar sua economia não será fácil, nem rápida. Algum progresso foi feito – como a proibição de doações corporativas a partidos e o congelamento de gastos federais. Muito mais reformas são necessárias. O senhor Bolsonaro não é o homem que o fornece”, finaliza.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

15 Comentários

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  1. Um ponto

    No Chile de Pinochet, quem dava acessoria econômica era o Bill Bonner e o pessoal do DR, uns caras para lá de safos. Dai o desgosto mortal da Banca Internacional rsrsrsrsrsrs….

  2. Só para lembrar

    Uma reforma com qualidade, equilibrio e harmonia exigirá um plano que se desenvolva concomitantemente pelas oito direções, ou seja, terá de ter Norte, Estrela e Rumo.

    Qualquer um, eu disse qualquer um, é isto mesmo, qualquer um que fizer isto coloca o Brasil nos eixos.

  3. Eu sempre desconfiei que essa

    Eu sempre desconfiei que essa revista de extrema esquerda(The Economist),  era bancada por Lenin, Stálin, Chaves e Lula…

    Tá aí a prova!!!

    1. Esquerda para os conservadores:

      Ateus, abortistas, atacam a familia, preferem valores elaborados em departamentos de ciencias humanas do que os valores tradicionais, defendem multiculturalismo, ignoram a noção de Pátria, querem legalizar drogas, pregam a promiscuidade sexual e o consumismo, são responsáveis pela decadencia moral da sociedade, transformaram a escola em centro de doutrinação e não de educação… e por aí vai

      PT , PSOL, PSDB,  Economist, Globo, é tudo esquerda nessa classificação.

      Não é tão dificil de entender

  4. Mau agouro…

    Na véspera do Brexit, o The Economist também vaticinava que a saída do Reino Unido da União Europeia era ruim:

      E também dizia que Trump era perigoso antes de sua eleição:  

     

    1. Sintoma preocupante

      Quando descobrimos que estamos do mesmo lado que a porta-voz da oligarquia que nos oprime algo está errado conosco e com nossas análises.

  5. AS AMEAÇAS: a situação do povo té péssima

    hoje, um jornal de Recife-Pernambuco, aponta que apenas 14% da população-PE tem saneamento. O povo tá mal, infraestrutura péssima, não se fez nada permanente (institucionalização) anos e anos, e, sim,coligações pras mesmas “governabilidades”, pra “conquistas” sociais q foram atos (meritosos) de caridade,de doação. O povo tem “gratidão”, e é esperançoso. Mas nem tanto: uma parcela ou migrou pro outro lado,ou vai seguir o conhecido”pra não perder meu voto” do q pesquisas apontarem quem está na frente, ou no páreo, e tome-lhe marketings. [Expressão que ouvi há muuuuito tempo, e, creio,nada ou pouco mudou na consciência]. E “esquerdas” apostando quem é exclusiva,horror de Frente Ampla Democrática.

  6. OH NO NO NO NO NO NO NO

    OH NO NO NO NO NO NO NO NO… [breathes in] BWAHAHHBEHAHAHHAHAHHAHAHAHHAHHAHAHAHHHJAJAHHAJAJJAJAJJAJ

    AHHAHAHAHAHAHHAHAHAHAHAHAHHAHAHAHAHHAAKAKAKAKAKKAKAKAKA

    KKAJAHUEHEUEHUEHEUEHEUEBEIEHEHEHEUEHHEUEHEHUEHEIEJHEEHHIE

    EHEUHIEHEIHUEHUEHUEHUEHUE… ESSA FOI A MELHOR DO ANO! O que eles vão fazer agora, falar que o the economist é comunista?!?

  7. Está td muito
    Está td muito volátil,Bolsonaro era o candidato da elite mundial econômica (será q racharam?)pq fora se acertar nos EUA com “os da finanças”,o plano seria fomentar o caos (ex:greve dos caminhoneiros,CUT e assemelhados “ajudar”a greve e com isso cair como patinhos na arapuca,p aí vir os “salvadores”militares e organizar a bagunça q já estava fomentada pela perda de direitos do povo, o aumento dos combustíveis era providencial,só q deu td errado pra eles, CUT não participou e o povo não se rebelou deixando-os sem desculpa/motivo para darem uma de heróis da pátria,subestimaram os brasileiros, não entendem nada de Brasil e suas complexidades,não acredito q usem Bolsonaro como espantalho p eleger Alckmin,se quiseram isto,só prova mais ainda q não entendem nada de povo brasileiro,O OBJETIVO DELES É ENGANAR/MENTIR/MANIPULAR TODA A NAÇÃO BRASILEIRA, FIRMEMO-NOS NA VERDADE!!!
    Obs:Haddad ganhou a simpatia dos donos do mundo,espero q não haja nenhum acordo com estes manipuladores/ilusionistas da realidade e grande sugadores do dinheiro privado/público,VIVA O BRASIL OU VIVA AO BRASIL,SEI LÁ !!

  8. Falta opção

    NThe Economist : “The second trauma is Brazil’s worst-ever recession, which started as Lava Jato was getting under way in 2014 (see chart). It slashed GDP per person by 10% and dragged back into poverty millions of Brazilians who had entered the middle class. Although growth has resumed, it is a feeble 1.4% a year. A further cause of dismay is crime. The number of murders rose 3% last year, to a record of nearly 64,000.”

    O PT já teve sua chance, vamos ter que tentar o novo.

    Na minha humilde opinião, o único novo é o João Amoedo.

     

     

    1. Os Bolsominions têm o Amoeba

      Os Bolsominions têm o Amoeba como segunda opção, é só ver a quantidade de comentários estúpidos no facebook do Novo. Se o Amoeba for pro segundo turno os eleitores do boçal certamente estarão ao seu lado.

  9. Eleição de Bolsonaro

    Meu amigo,

    a eleição deste ano está bem divertida, até engraçada. E, pelo andar da carruagem, teremos a pior bancada de todos os tempos. Olhe os candidatos ao Senado Brasil à fora. Um desastre ferroviário. Será o maior balcão de negócios da história. Teremos um presidente sem votos no Congresso tendo que negociar com esta ‘gentalha’ que será eleita. Pior, se Bolsonaro for eleito, e pode ser, a coisa assim se desenha: negociatas a céu aberto que irão levar, no máximo 420 dias, ao impedimento do presidente. Aí o golpe se consolida.

    Quem assume? O vice. O sonho de todo militar. General Mourão. E a roubalheira continuará com a desculpa da pureza.

    Os atuais militares farão o que foi feito na ditadura: sequestro, tortura e mortes, e muita roubalheira – coroa brastel, capemi, projeto jari, escândalo mandioca, fraude do farelo, paulipetro, delfim, camargo correa e outras empreiteiras, soja, rio-niterói, transamazônica, itaipu, angra, e por aí vai.

    A imensa diferença entre estes militares da ditadura e os de hoje, é que aqueles eram nacionalistas, e estes, entreguistas.

    Forte abraço.

  10. Eleição de Bolsonaro

    Meu amigo,

    a eleição deste ano está bem divertida, até engraçada. E, pelo andar da carruagem, teremos a pior bancada de todos os tempos. Olhe os candidatos ao Senado Brasil à fora. Um desastre ferroviário. Será o maior balcão de negócios da história. Teremos um presidente sem votos no Congresso tendo que negociar com esta ‘gentalha’ que será eleita. Pior, se Bolsonaro for eleito, e pode ser, a coisa assim se desenha: negociatas a céu aberto que irão levar, no máximo 420 dias, ao impedimento do presidente. Aí o golpe se consolida.

    Quem assume? O vice. O sonho de todo militar. General Mourão. E a roubalheira continuará com a desculpa da pureza.

    Os atuais militares farão o que foi feito na ditadura: sequestro, tortura e mortes, e muita roubalheira – coroa brastel, capemi, projeto jari, escândalo mandioca, fraude do farelo, paulipetro, delfim, camargo correa e outras empreiteiras, soja, rio-niterói, transamazônica, itaipu, angra, e por aí vai.

    A imensa diferença entre estes militares da ditadura e os de hoje, é que aqueles eram nacionalistas, e estes, entreguistas.

    Forte abraço.

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