A carta que Alan García deixou antes de cometer suicídio

"Nestes tempos de rumores e ódios repetidos que as maiorias creem serem verdadeiros, eu vi como se utilizam de procedimentos para humilhar, causar vexame e não para encontrar verdades"

Jornal GGN – O ex-presidente do Peru, Alan García, deixou uma carta antes de cometer suicídio. Ele morreu no último dia 17 de abril após atirar contra a própria cabeça, quando policiais chegarem em sua residência para executar um mandado de prisão preventiva.

García, líder do Partido Aprista, de centro-esquerda, estava sendo acusado de receber propina da construtora Odebrecht, quando presidente do país, cargo que ocupou por duas vezes: entre 1985 e 1990 e 2006 e 2011.

Na última mensagem que deixou, o ex-presidente reafirmou sua inocência indicando a perseguição que sofreu pelos 30 anos de política como uma tentativa frustrada de a derrotá-lo.

Ele seguiu na carta dizendo que não iria se submeter a humilhações, concluindo: “deixo aos meus filhos a dignidade das minhas decisões; aos meus colegas, um sinal de orgulho. E meu cadáver como sinal desprezo para os meus adversários porque já cumpri a missão que impus a mim mesmo”.

Leia a seguir o texto na íntegra.

“Cumpri a missão de conduzir o Aprista ao poder em duas ocasiões e impulsionamos outra vez sua força social. Eu acho que essa foi a missão da minha existência, tendo raízes no sangue desse movimento.

Por essa razão e por causa dos reveses do poder, nossos oponentes optaram pela estratégia de me criminalizar por mais de trinta anos. Mas eles nunca encontraram nada e eu os derrotei novamente, porque eles nunca encontrarão mais do que suas especulações e frustrações.

Nestes tempos de rumores e ódios repetidos que as maiorias creem serem verdadeiros, eu vi como se utilizam de procedimentos para humilhar, causar vexame e não para encontrar verdades.

Por muitos anos me coloquei acima dos insultos, me defendi e a homenagem dos meus inimigos foi argumentar que Alan García era esperto o suficiente para que eles não pudessem provar sua calúnia.

Não havia contas, nem subornos, nem riqueza. A história tem mais valor do que qualquer riqueza material. Nunca existirá preço suficiente para quebrar meu orgulho como membro aprista e peruano. Por isso que eu repeti: outros vendem, eu não.

Cumpri meu dever em minha política e nas obras feitas em favor do povo, tendo alcançado as metas que outros países ou governos não conseguiram, não tenho que aceitar humilhações. Já vi outros desfilarem algemados guardando sua existência miserável, mas Alan García não precisa sofrer essas injustiças e circos.

Por essa razão, deixo aos meus filhos a dignidade das minhas decisões; aos meus colegas, um sinal de orgulho. E meu cadáver como sinal de desprezo para os meus adversários porque já cumpri a missão que impus a mim mesmo.

Que Deus, a quem eu vou com dignidade, proteja os de bom coração e os mais humildes”.

O texto no original, em espanhol:

“Cumplí la misión de conducir el aprismo al poder en dos ocasiones e impulsamos otra vez su fuerza social. creo que esa fue la misión de mi existencia, teniendo raíces en la sangre de ese movimiento.

Por eso y por los contratiempos del poder, nuestros adversarios optaron por la estrategia de criminalizarme durante más de treinta años. Pero jamás encontraron nada y los derroté nuevamente, porque nunca encontrarán más que sus especulaciones y frustraciones.

En estos tiempos de rumores y odios repetidos que las mayorías creen verdad, he visto cómo se utilizan los procedimientos para humillar, vejar y no para encontrar verdades.

Por muchos años me situé por sobre los insultos, me defendí y el homenaje mis enemigos era argumentar que Alan García era suficientemente inteligente como para que ellos no pudieran probar sus calumnias.

No hubo ni habrá cuentas, ni sobornos, no riqueza. La historia tiene más valor que cualquier riqueza material. nunca podrá haber precio suficiente para quebrar mi orgulho de aprista y de peruano. Por eso repetí: otros se venden, yo no.

Cumpido mi deber en mi política y en las obras hechas en favor de pueblo, alcanzadas las metas que otros países o gobiernos no han logrado, no tengo por qué aceptar vejámenes. He visto a otros desfilar esposados guardando su miserable existencia, pero Alan García no tiene por qué sufrir esas injusticias y circos.

Por eso, le dejo a mis hijos la dignidad de mis decisiones; a mis compañeros, una señal de orgulho. Y mi cadáver como una muestra de mi desprecio hacia mis adversarios porque ya cumplí la misión que me impuse.

Que Dios, al que voy con dignidad, proteja a los de buen corazón y a los más humildes”.

Redação

12 Comentários

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  1. Com policiais padrão érica, juízes padrão lesbos, tribunais PP (padrão paraná) virando multinacionais, e persecutores estilo deltan, ninguém em sã consciência quer ficar pra ver.
    Alan Garcia não quis, o reitor brasileiro não quis.
    Nem todo inocente tem a força de Lula.
    Infelizmente, esses algozes não se detém sobre corpos mortos.
    Eles riem e ainda enxovalham a memória de suas vítimas.

    1. Quantos cadáveres, entre essas quadrilhas de milicianos, compostas por:

      “policiais padrão érica, juízes padrão lesbos, tribunais PP (padrão paraná)”, e TRF-4 e STF,

      seriam necessários e suficientes para mitigar parte dos danos irreparáveis a que deram causa e prosseguem causando?

  2. Aparentemente mais uma vítima do fatídico “ouvi dizer” que aplicaram no Brasil…
    quando apenas delatores e testemunhas presenciam um mesmo fato, ficamos apenas com uma prova duvidosa e não com duas ou mais provas com força de condenação

    cansaram de aplicar por aqui

    outro abuso, pelo que entendo, muito usado com a Petrobras:
    considerar um só fato como sendo vários, o que por sinal permitiu a condenação de Lula mesmo sem ter qualquer ligação legal com a Petrobras

    é assim que se cria um juiz que é uma merda juiz por ser ao mesmo tempo algoz, mas, pasmem, não do criminoso, da vítima

    usaram na 470, deu certo, e repetiram

  3. Esta carta deveria ser lida num megafone dentro de todas as instituições do fasciamo lavajatense, em especial, a república de curitiba. Eu espero que seja feita justiça e que estes fascistas togados paguem por todos os seus crimes. Gente cruel, sem nenhuma humanidade.

    1. gente cruel mesmo…
      amigos(as) de predadores externos, estrangeiros que para certos juízes dão coragem ao mesmo tempo em que metem medo em outros

      quem tem prévio conhecimento das limitações dos juízes, torna-se o dono dos processos

      ou condicionam suas decisões, tucanos não, petistas sim, assim como também ministros do STF

  4. Alan Garcia, um nome e uma história. O que estão fazendo com as lideranças na América latina, é um descalabro. O sistema financeiro mundial vem corrompendo os poderes instituídos para levar as nossas riquezas. Somos reféns dessa ditadura midiática e predadora.

  5. Alguns acham que isso poderia incomodar os nossos lavajatences. Não. Sinto se os desiludo. Ali só há espaço para a hipocrisia e o cinismo. Hipocrisia dos que, por fanatismo religioso, se consideram superiores. Hábito milenar: “-Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas!“. Cinismo daqueles que enriqueceram … parentes e amigos, com a indústria da delação, combinada e encomendada.

  6. Acho que a esquerda fez coisas erradas e a direita fez coisas erradas e está fazendo. A esquerda no Brasil não impediu a entrega das nossas riquezas e a direita as entrega e da disso a sua bandeira política apoiada por uma parte do povo que não lê e não se informa. O que resta é o enriquecimento de alguns, principalmente os estrangeiros e pobreza, morte e destruição para outros, como o caso de Brumadinho. E você vê ministros, analistas e jornalistas todos os dias defendendo as privatizações e a entrega do patrimônio nacional. É uma tristeza.

  7. Se os algozes tiverem consciência, eu diria que terão remorso, mas geralmente os perseguidores se acham acima de tudo e de todos, até que se descubra as suas falcatruas! Aqui no Brasil, iam dando golpe na Petrobras e no povo brasileiro!

  8. Fico aqui pensando em como tem gente que perde a oportunidade de ficar calado. Fernando Henrique Cardoso, o nosso príncipe sociólogo e homem de inexplicável sucesso econômico e sorte – afinal conseguiu colecionar em seu patrimônio apartamentos de milhões de dólares em Higienópolis e Paris verão sítios e fazendas nas áreas mais valorizadas do país,vtudo isso tendo como fonte de renda sua cátedra na USP e seus salários de político – disse ontem que Alan Garcia era um corrupto que se suicidou envergonhado pelos crimes que cometeu. Fico imaginando o que nosso príncipe deveria fazer envergonhado ( secé que ele conhece o termo) com os dele, que todos nós e o Geraldo Brindeiro sabemos de cor. Haveriam vidas suficientes para os suicídios que ele deveria cometer? Fica a dúvida…

    1. “Haveriam vidas suficientes para os suicídios que ele deveria cometer? ”

      E ele espera que a sua biografia seja respeitada “post mortem”, e que se lhe façam estátuas (já deve ter encomendado), quando sua vida e seus atos lhe dão mérito somente por não ter tido suficiente brio para se matar.
      Depois de seu governo corrupto, omisso e irreverente para com o seu povo miserável, quando ele viajava para receber encomendados lauréis, ele ainda se acha no direito de atacar a memória dos mortos.
      Respeitoso Afff!!! para o senil ex-governante.

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