A escalada da violência policial no Rio de Janeiro

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Para que se tenha alguma mudança, eleger um novo governador não será suficiente: é preciso mudar Assembleia Legislativa

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

As recorrentes chacinas no Rio de Janeiro foram tema da TV GGN 20 horas desta sexta-feira (11/02), onde os  jornalistas Luis Nassif e Marcelo Auler conversaram com o advogado criminalista Djefferson Amadeus.

Sobre os dados de covid-19 no Brasil, a média diária semanal de casos chegou a 144.240, queda de 18,6% ante sete dias e de 21,3% em relação a 14 dias. Na variação per capita, os estados com maior crescimento foram Pará, Piauí, Sergipe, São Paulo e Paraíba

Quanto aos óbitos, a média diária semanal no Brasil ficou em 951, alta de 44,4% ante sete dias e de 100,5% ante 14 dias. Na variação per capita, os estados com mais mortes foram Rio de Janeiro, Acre, Piauí, Minas Gerais e Sergipe.

As recentes ameaças do presidente Jair Bolsonaro mostram que ele está em pânico com o andamento das investigações da Polícia Federal.  “O resultado da investigação dessa delegada Denisse (Ribeiro)… olha, o orgulho da Polícia Federal. Fez um levantamento do Gabinete do Ódio, sem medo, levantando, cumprindo a lei, servindo ao Estado”

“Mostrou, inclusive, ligações do general Heleno com o que se espalhou. E, depois, entregou e pediu licença para dar à luz. Vai ser a mulher do ano”, diz Nassif. “Vai ser daquelas coisas que, quando você pega a delegada Érika (Marena), aquela que levou o reitor da UFSC ao suicídio, tudo isso levou a uma imagem ruim da Polícia Federal,  mas delegadas que nem essa já reabilitam”

Violência no Rio de Janeiro

Nassif conversa com o jornalista Marcelo Auler a respeito da escalada da violência no Rio de Janeiro – apontada por Nassif como “capital do genocídio” após o assassinato de oito pessoas na Vila Cruzeiro nesta sexta-feira.

“O Rio de Janeiro é a capital do genocídio. Oito mortos. Inventam de novo essa polícia de proximidade, ocupação de território, matam sempre com aquela desculpa da resistência que só um lado que morre, do outro lado não acontece nada”.

A atuação do Ministério Público Estadual foi igualmente alvo de críticas. “Um Ministério Público Estadual inerte lá, é um horror o que está acontecendo no Rio de Janeiro. Tem que ser revertida essa situação que virou a capital do crime efetivamente”.

Na visão de Auler, a situação não deve apresentar mudanças no atual governo estadual. “Não vai. Ou junta as forças de oposição novamente e carrega em uma única candidatura, ou a gente vai ficar correndo risco”.

Porém, Auler lembra que não basta apenas eleger Marcelo Freixo (PSB) ou outro nome. “Tem que eleger a Assembleia. Tem que mudar essa Asembleia. O Rio tem, o Legislativo tem influência da milícia. E nós temos que combater isso. Então tem que juntar frentes”.

O medo da ‘normalpatia’

Sobre as recentes ações policiais no Rio de Janeiro, Nassif e Marcelo Auler conversam com o advogado criminalista Djefferson Amadeus em torno dos últimos acontecimentos nas favelas cariocas.

“Eu tenho falado de normalpatia, que seria uma espécie de normalização da barbárie”, diz Amadeus.  “Tenho até comentado com o pessoal: eu tenho, enquanto advogado, acredito que até vocês (Nassif e Auler) na profissão de jornalistas, diante de tantas barbáries, eu tenho medo de ser acometido por essa coisa chamada normalpatia, de normalizar essas barbáries (…)”.

Sobre os órgãos de Estado com que se pode contar para o combate a essa barbárie, Djeff Amadeus faz outro questionamento: “quem controla o controlador? Nós temos hoje um Ministério Público – hoje não, sobretudo – temos um Ministério Público totalmente inerte no que diz respeito ao seu papel de controle externo da atividade policial”.

O advogado lembra que, enquanto integrante da ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) das Favelas, algumas vitórias foram conquistas, mas boa parte das demandas não vem sendo atendidas.

“Por exemplo: uma questão muito simples era o plantão do Ministério Público. Se, de fato, houver uma operação policial e você precisar de um plantão, acionar o Ministério Público, você não consegue porque eles só trabalham em um determinado período e mesmo assim, durante esse período a gente não consegue acessar”, diz Amadeus.

Djefferson Amadeus lembra que as ações ocorridas nesta semana, como na Penha e no Jacarezinho, ocorreram na semana em que o Supremo Tribunal Federal (STF) julga as restrições de operações policiais no Rio de Janeiro.

“Parece que (os policiais) perderam a total vergonha em relação a essas barbáries por conta também, sobretudo, dessa ausência de fiscalização. O que acontece com as pessoas que, eventualmente, cometem esses atos?”, questiona Amadeus.

Veja o debate entre Luis Nassif, Marcelo Auler e Djefferson Amadeus sobre a violência policial no Rio de Janeiro na íntegra da TV GGN 20 horas. Clique abaixo e confira!

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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