A guerra contra o crime organizado

Um sofisma recorrente, utilizado especialmente pelo esquema de defesa de Daniel Dantas, é considerar o combate ao crime organizado como sendo um procedimento corriqueiro.

É essa visão esdrúxula que leva o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, a tentar acabar com o Sistema Brasileiro de Inteligência, com os trabalhos continuados contra o crime organizado e a investir contra todos os órgãos que ousaram investigar o esquema Dantas – inclusive a Primeira Instância do Judiciário.

O Estadão de hoje traz uma entrevista com Fausto Zucarelli, promotor italiano da Divisão Antimáfia da Itália. Ele diz o óbvio: crime organizado é como o terror, por isso, uma questão de Estado”.

A maior dificuldade, diz ele, é que “infelizmente, em muitas partes do mundo, grupos criminosos são coligados ao poder político, econômico e há muita corrupção.

Diz, também, que “é igualmente importante a integridade do sistema. Sobretudo a polícia, a magistratura precisam ser íntegros, limpos. Para isso, precisam ser institutos independentes. Na Itália, o Ministério Público faz parte do Poder Judiciário e eu sempre digo que para haver um juiz independente é preciso um Ministério Público independente”.

Gilmar Mendes tem se manifestado reiteradamente contra essa autonomia dos demais poderes.

Finalmente, levanta a questão da cooperação internacional contra o crime – tema de outra nota do Blog -, ponto central para desmontar o esquema Dantas.

”Crime organizado é como o terror”

Fausto Zuccarelli: promotor italiano; segundo ele, criminosos são movidos por objetivo tão forte quanto a religião, que é ganhar dinheiro ilicitamente

Sônia Filgueiras, BRASÍLIA

A Itália deu um exemplo ao mundo com a Operação Mãos Limpas e agora se vê às voltas com problema em Nápoles supostamente causado pela máfia. É um sinal de que as instituições estão perdendo a guerra contra o crime organizado?

Não perdemos a batalha. É uma guerra contínua. Deve ser conduzida com os instrumentos da lei e respeitando todas as convenções internacionais e os direitos humanos, mas isso não significa que os Estados não devam se empenhar. A Itália está se empenhando, colocando constantemente em campo novas forças e instrumentos legislativos para responder a uma criminalidade organizada que às vezes se comporta como uma empresa, uma sociedade que investe os ganhos em setores capazes de trazer benefícios econômicos. Os Estados devem tratar com essa nova realidade, sobretudo levando em conta que é indispensável uma cooperação internacional. Um grave crime que ocorre no Brasil gera efeitos negativos na Itália e vice-versa. Não é mais um problema que os países devam resolver sozinhos, e sim juntos, renunciando em parte a alguns valores de soberania, em especial no campo penal.

Os países estão empenhados na cooperação? Há progresso?

Estamos dando muitos passos à frente, mas o caminho é longo e há múltiplas resistências. Basta dizer que a conferência das Nações Unidas contra o crime transnacional (realizada em outubro em Viena, na Áustria) não conseguiu os resultados esperados, sobretudo no que diz respeito aos temas sequestro e confisco de capital de organizações criminosas. É importante condenar os responsáveis por graves atos, mas é preciso subtrair dos grupos criminosos os recursos com os quais financiam suas atividades. Somente desse modo seu poder será reduzido.

(…)
Por que é tão difícil progredir nessa área?

Em primeiro lugar, as investigações são complexas. Em segundo, não há ainda suficiente harmonia nas legislações nacionais. Cada país tem a sua. Em terceiro, infelizmente, em muitas partes do mundo, grupos criminosos são coligados ao poder político, econômico e há muita corrupção. Isso impede que se alcancem os resultados no combate.

Esse terceiro motivo seria especialmente perigoso, mais difícil de enfrentar?

Torna seguramente mais difícil o resultado, porque cabe a cada Estado adotar sua política preventiva interna para evitar a corrupção e eventuais alianças entre os poderes econômico e político e o crime organizado. Existe outro aspecto: o crime organizado se move com grande rapidez. Não tem de respeitar procedimentos, leis, burocracia. O Estado tem, obviamente, de respeitar as leis, mas deve reduzir entraves burocráticos ao máximo, tem de ser rápido. Hoje, um traficante de drogas com uma mensagem via celular compra centenas de quilos de drogas e um Estado consome anos para obter as provas necessárias para condenar aquela pessoa.

Qual o pior erro que um país pode cometer no combate ao crime organizado?

O grande erro é imaginar que é possível resolver o problema sozinho. É indispensável cooperar com os demais. É um tema grande, vasto. Um Estado que pensa poder resolver o problema sozinho é presunçoso e pouco inteligente. Deve se dar conta de que trocar informações, trocar provas e colaborar nas cartas rogatórias, extradições e todas as outras formas é indispensável para atingir o objetivo comum. Em resumo, a guerra não se ganha só. É preciso ter aliados. É igualmente importante a integridade do sistema. Sobretudo a polícia, a magistratura precisam ser íntegros, limpos. Para isso, precisam ser institutos independentes. Na Itália, o Ministério Público faz parte do Poder Judiciário e eu sempre digo que para haver um juiz independente é preciso um Ministério Público independente.

Como o senhor situaria a atuação brasileira no combate ao crime organizado?

Hoje, existem no mundo vários países emergentes: China, Índia e, na América do Sul, o Brasil. São países vastíssimos, com grandes recursos naturais e economia grande; mas, como em todos os países com grandes riquezas e oportunidades, também há grande criminalidade. Vejo que hoje o Brasil está pondo em campo novos instrumentos. Parece-me que também deve elevar a capacidade material e numérica de sua Policia Federal. Foi-me dito que a PF brasileira tem cerca de 11 mil policiais, um número modesto para um país tão grande como o Brasil.

A cooperação com o Brasil funciona?

Vamos intensificá-la a partir de agora. Itália e Brasil firmaram em 1999 um tratado de cooperação judicial e a Secretaria Nacional de Justiça é a autoridade central para dar assistência ao nosso país, mas tivemos numerosas ocasiões em que infelizmente remetemos cartas rogatórias e recebemos as respostas depois de muitíssimo tempo. Agora, vamos tentar aplicar melhor esse tratado de cooperação de modo que a autoridade judiciária italiana possa dirigir-se diretamente à Secretaria Nacional de Justiça para que a resposta de assistência judiciária possa vir muito mais rápido.

São muitos os casos em que a cooperação é necessária?

Temos muitíssimas, muitíssimas rogatórias com o Brasil. Isso significa que há grande conexão entre criminosos italianos e brasileiros. No entanto, se pedidos de assistência que a Itália faz ao Brasil e o Brasil faz à Itália não são respondidos rapidamente, as investigações ficam incompletas. É preciso respeitar os prazos definidos em lei e muitas vezes somos obrigados a encerrar uma investigação sem a prova que buscávamos. Agora devemos colocar em campo todos os instrumentos de cooperação de forma mais simples, rápida e efetiva.

Vemos constantes tentativas do crime organizado em conexão com instituições do Estado, como o Legislativo e o Executivo. Como evitar esse tipo de infiltração?

O sistema político tem de ser transparente. O político eleito para representar o povo no Parlamento, por exemplo, precisa ser uma pessoa de quem se saiba tudo. Ele deve declarar todos os seus bens, seus ganhos, tudo tem de ser transparente. Assim se reduzem as possibilidades de conexão entre políticos e zonas escuras da sociedade. Obviamente não me refiro ao Brasil, pois não conheço especificamente a situação brasileira. (…).
Quem é:
Fausto Zuccarelli

É promotor da Divisão Nacional Antimáfia da Itália

 

Luis Nassif

31 Comentários

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  1. Para haver um combate
    Para haver um combate sistemático ao crime organizado é preciso que a sociedade brasileira acompanhe os poderes estabelecidos, principalmente o judiciário. O poder Executivo e o Legislativo são fiscalizados, falta o Judiciário, principalmente as altas cortes como o STF e o STJ, em que Dantas disse que teria facilidades. Se a sociedade pressionar para que haja ética e justiça nessas cortes, esse quadro mudará. Gilmar Dantas (como disse o Noblat) terá de seguir os procedimentos corretos, sob pena de se expulso da STF. Corre na internet uma lista pelo impichamento do Gilmar Mendes. É isso que a sociedade tem de fazer, vigiar e cobrar coerência.

  2. Para esta matéria destaco
    Para esta matéria destaco trechos do artigo do renomado Dr. Francisco César Pinheiro Rodrigues, Advogado, desembargador aposentado e escritor. É membro do IASP Instituto dos Advogados de São Paulo e da NYSA- Academia de Ciencias de Nova York
    ____
    “Conceitos sobre investigações do M.público”

    Dia 27-11-08 a Câmara dos Deputados promoveu um seminário sobre a “segurança pública”. Um dos palestrantes foi o presidente do STF que externou opinião pessoal no sentido de que o Ministério Público não pode, isoladamente, fazer investigações sigilosas. Só poderia, argumenta, investigar a existência de um suposto crime juntamente com a polícia. Assim mesmo às claras, tudo aberto, isto é, permitindo-se ao investigado completo conhecimento do que ocorre, contra ele, nos autos do inquérito policial.

    Obviamente, todo cidadão, pertença ou não à área jurídica, tem o direito de opinar, embora alguns o façam com mais autoridade que outros, em razão dos cargos que ocupam ou dos títulos acadêmicos que possuem. No entanto, nem sempre, automaticamente, aqueles com mais autoridade — acadêmica ou funcional — têm opinião mais acertada — a pouco explicável “pontaria legal” — que as restantes cabeças de seu país.

    O bom senso pode, por vezes, avaliar mais acertadamente um determinado fenômeno social, ou legal, que um prestigiado jurista, como é o caso do presidente do STF; ou algum mero “medalhento” — na atrevida e talvez algo despeitada expressão do falecido crítico Agripino Grieco, um inteligentíssimo literato que sempre foi odiado por causa da crítica ácida contra aqueles que permanecem na literatura por mera vaidade e teimosia. Lei, costume e até doutrina podem estar redondamente equivocados, contaminados pela profunda ignorância da época. Ignorância inconsciente, claro — pois do contrário seria má-fé — que só fica evidente, indiscutível, décadas ou séculos depois.
    (…)
    Concluindo, espera-se que os senhores Deputados meditem, soberanamente — com personalidade, com independência intelectual — sobre o que vão fazer, em termos de legislação sobre a “segurança pública”. Por sinal, a expressão ficou um tanto desvirtuada na reunião mencionada de início. Transformou-se em “segurança individual”.
    (…)

    _____
    fonte e artigo completo, que indico a leitura por inteiro, inclusive dos demais artigos que são pontuais, éticos e explicativos : http://www.franciscopinheirorodrigues.com.br/conceitos_sobre_M_publico.html

  3. O Sistema Brasileiro de
    O Sistema Brasileiro de Inteligência é vital para segurança do Brasil. Participam dele alem da ABIN, a PF, a Receita, a Anvisa, as Forças Armadas, alguns ministerios, que trabalham com a cooperação de informações estratégias para a segurança do país seja terrorismo, seja crime organizado, assuntos de interesse do Estado.
    No país não temos terrorismo, ainda, mas temos várias organizações criminosas, que estão impregnadas na política, na imprensa, no judiciário, em toda a sociedade brasileira.
    O Senhor Gilmar Mendes está desacreditado em todo o judiciário brasilleiro e no ministerio publico; é motivo de chacota, por seu comportamento. Já era hora dos demais ministros do Supremo começarem a questionar o seu comportamento.

  4. Pois é, aqui no Brasil os que
    Pois é, aqui no Brasil os que fazem parte do crime organizado recebem tratamento diferenciado e privilegiado, como se fossem cidadãos de primeira classe. Praticamente temos, em tais casos, a adoção do sistema de castas da Índia.
    É uma afronta aos cidadãos e cidadãs decentes. Até quando o Brasil vai continuar com esta esculhambação no que diz respeito aos corruptos tidos como “importantes”, amigos do poder?
    É muita cara de pau, inclusive, de pessoas que até pouco tempo atrás eram conhecidas como defensoras do Estado de Direito, engajadas em várias lutas dos movimentos sociais. É uma nojeira, pensam que só o que conta é o passado?

  5. É do conhecimento público as
    É do conhecimento público as gigantescas proporções e o profundo enraizamento na vida social, política, institucional e até jurídica do país, desta organização criminosa que tem como eixo central as atividades de Daniel Dantas.
    Se fosse possível quantificar em dólares a movimentação e os ganhos desta organização, não seria de surpreender que se chegasse a cifras mais altas que aquelas das máfias italianas e envolvendo maior número de atores, também.
    Por esta cristalina razão, seria de todo conveniente a criação de uma Divisão Nacional Antidantas do Brasil.
    Uma divisão que trabalhasse sem obstáculos com setores da Agência de Inteligência, da Polícia Federal e do Ministério Público, contando com a pronta colaboração de qualquer instituição governamental do país que fosse requisitada.
    Para que o país dê um salto significativo para a frente, é absolutamente necessários que sejam rasgados os véus que encobrem esta maldita entidade que supre de oxigênio aos poderes obscuros, aos grupelhos de politicagem, à corrupção policial e judiciária que infectam todo o país e puxam com insistência o Brasil para baixo.

  6. A Burocracia emperra a
    A Burocracia emperra a investigação. A Constituição entra num detalhe desnecessário ao regular um procedimento banal: Cabe ao Supremo autorizar o “exequatur” às Carta Rogatórias. (art. 102, I, h).
    Seria melhor acabar com isso, nessa época de internet, e autorizar as autoridades a trabalhar com as novas tecnologias.
    Um Delegado aqui, um Promotor lá na Itália, por telefone ou emeio, deveriam ter poderes de trocar informações, válidas processualmente, de forma que possibilte a apuração dos crimes, praticados com abundância e galhardia, sabedores de sua impunidade.
    Esse ataque à atuação do Ministério Público vem desde a época do FHC.

  7. Já discuti em outros
    Já discuti em outros comentários essa excessiva defesa de medidas excepcionais, mas que seriam “necessárias”, para combater o crime organizado. Não questiono a existência de pessoas que se reunem para cometer crimes e se inserir no aparato estatal (as milícias aqui no Rio), nem de um sujeito como Dantas, que usa uma rede criada com muito dinheiro, que junta advogados, juízes, congressistas, para a defesa de seus interesses, a maioria ilícitos ou usando métodos ilícitos.
    Aceito que se use métodos de investigação mais rígidos, mas isso não pode ferir o direito de defesa.
    E aí vem um italiano nos dizer como deve ser a luta contra grupos mafiosos. Quem é esse italiano para dar lição a alguem? Nada contra a Itália, nem vai aqui nenhuma patriotada cretina, mas o que adiantou a “Operação Mãos Limpas”? Hoje BERLUSCONI é o primeiro-ministro. Simplesmente o chefe da quadrilha. O homem que detem o monopólio das comunicações. Quando a cruzada moralista da “Operação Mãos Limpas” destruiu o sistema político italiano todo mundo vibrou. Os inúmeros abusos cometidos foram colocados na conta dos “danos colaterais inevitáveis” (ouvi isso de um certo Rumsfeld sobre os bombardeios no Iraque). A descrença, a despolitização e o cinismo que tomaram conta da política italiana nunca foram analisados pelos moralistas como um efeito perverso da “Operação”, que acabou por resultar em Berlusconi. Isso porque essa turma só se preocupa em atacar os “jogadores”, mas nunca o “jogo”. O sistema permaneceu intocado.
    E ainda vem esse Fausto Zuccarelli dizer que “infelizmente, em muitas partes do mundo, grupos criminosos são coligados ao poder político, econômico e há muita corrupção”. Ele não tem espelho? Não vê que lá eles têm um “Dantas” como primeiro-ministro? E separatistas racistas no governo? Se eu fosse italiano estaria preocupado com isso e não tanto com algum Corleone comandando parte da política na Sicília, Calábria ou Nápoles. Qual a relevância econômica dessa “máfia”? Estabelecer o preço do azeite, comandar o jogo ilegal e cafetizar as prostitutas?
    Polícia anti-máfia na Itália e Berlusconi no poder. Mais piada pronta que isso, impossível. Essa é nossa esperança: que o Berlusconi morra do coração por causa de um ataque de riso com alguma nova declaração do Sr. Fausto Zuccarelli.
    Desculpe o mau-humor.

  8. Oi Nassif, não sei se foi no
    Oi Nassif, não sei se foi no seu blog (leio tantos) que o ex-secretário de segurança do Rio, Carlos Luz, nos deu um exemplo de um “crime organizado” bem nas nossas narinas – Escolas de Samba – que são patrocinadas por bicheiro e promovidas pela prefeitura, pelo estado e pela midia (diga-se Globo ) que televisiona para todo o país e até para o mundo.
    E os contraventores ainda são reverenciados, entrevistados como patronos e benemérito de uma comunidade. Que coisa mais tosca ver e ouvir assassinos chorando ou sorrindo para as câmeras quando suas escolas perdem ou ganham na quarta-feira de cinzas. Tudo sob o manto da impunidade. E la nave va…

  9. Gilmar Dantas – conf Noblat,
    Gilmar Dantas – conf Noblat, deixa muito claro as particularidades nos casos em que DD está sob suspeita, e dá o veredito adiantado como porta voz e senhor máximo do STF…
    Recorde mundial de H Corpus, 48hs sem a necessidade das devidas instâncias… Melhor que isso ?

  10. Luis Nassif,
    Acho muito
    Luis Nassif,
    Acho muito difícil prosperar a idéia de crime organizado. Venho insistindo bastante no seu blog e insisto mais uma vez: o principal instrumento gerencial de uma organização ainda é a escrituração. Crime organizado é idéia dos nossos patrícios portugueses para no caso de serem pegos serem condenados somente pelos crimes que praticaram conforme constariam na escrituração deles.
    O estudo científico da Máfia só leva à conclusão de que se trata apenas de famílias de criminosos cada uma se virando por si. Funciona apenas como se fosse uma célula de criminosos. Para crescer, precisa-se organizar e para se organizar, precisa de escrituração. A Máfia como organização só existe nos filmes de Hollywood. Evidente que uma família com um chefe de inteligência superior poderá crescer a sua família bem além de uma pequena célula, mas ainda longe de se falar em crime organizado. Há uma outra possibilidade é de o chefe mafioso assumir o poder e evidentemente considerar a sua ação como não criminosa. Nesse caso se teria o não-crime organizado.
    Sem equiparação, quando falo de crime organizado menciono o caso Atalla. Naquela época, o auditor que fazia o levantamento na empresa relatou que toda a contabilidade estava na cabeça do Atalla, mas a empresa ficou tão grande que ele não teve condições de administrar todo o negócio. Qualquer estudioso do Direito Penal vê a fraqueza da legislação que tipificou o crime organizado. Mais comedido e mais acertado o nosso Código Penal trata da figura do “bando ou quadrilha”.
    Clever Mendes de Oliveira
    BH, 04/01/2009

  11. Caro Nassif,

    Muitos são os
    Caro Nassif,

    Muitos são os sofismas dos discursos relacionados à investigação sobre Daniel Dantas.

    Quando o tema é o procedimento investigativo da PF, vale o apego cego à observância do rigorismo formal. O foco nunca é direcionado para as peculiaridades do crime, nem tampouco para a força ou para a astúcia do criminoso; mas, sim, à importância dos chamados “direitos fundamentais processuais”.

    Em momento algum há espaço para reflexões sobre a capacidade de o Crime Organizado atuar acima das possibilidades de repressão ordinária do Poder Público. O esforço extraordinário do agente público é rotulado de “messianismo”. Diligência demasiada é, por si, suspeita, e até mesmo recebida como ameaça ao Estado de Direito.

    Por outro lado, quando se está diante de uma decisão judicial assentada em estrita observância do rigor formal, impõe-se, então, outra estratégia argumentativa.

    De início, as evidências fáticas são minimizadas, quando não ignoradas. Em seguida, há uma confusão intencional de valores. O peso atribuído aos supostos abusos praticados pelo Poder Público (seja por ocasião do uso de algemas, seja em relação às escutas telefônicas ou às prisões preventivas) passa a ser, de súbito, muito maior do que aquele que sempre lhes foi reconhecido. Surge o perigoso Estado Policial.

    O foco do debate é deslocado para as estrelas, invocando-se temas universais como o da “liberdade”, o da “dignidade da pessoa humana” e o da “garantia dos direitos fundamentais”. Coisas importantes no mundo jurídico, mas que jamais foram asseguradas em lugar algum, de modo eficaz – ironicamente, uma das razões de tal ineficácia é a própria ingerência do Crime Organizado junto ao Poder Público.

    Não se percebe em parte alguma a ponderação dos valores em conflito. Qual a ameaça mais grave: o surgimento do Estado Policial ou do Estado Gângster?

  12. Crime organizado tem
    Crime organizado tem peculiaridades realmente muito estranhas que, aos poucos, a cada entrevista que sucede uma investigação, cada pedido de prisão preventiva revelado, cada manifestação de protesto e repulsa da parte dos fingidores, visando vexar os policiais e juizes de imposições, independente de aceitas ou não, vem sendo fragmentado, o crime organizado, e continuará sendo, queiram ou não, pois as análises desse mecanismo são compartilhadas, faz tempo, para permitir que fiquem centralizadas(?) e protegidas.
    O mapeamento das riquezas usurpadas, dos melhores investimentos, de pessoas ponto a ponto, parece que já ultrapassou fronteiras, como não poderia deixar de ser, até que ocorram mudanças por aqui !
    E já começou, pasmem, justamente através de bajuladores que antes beijavam os pés !!!

  13. Gilmar contamina o ambiente.
    Gilmar contamina o ambiente. Incrível como alguém pode ser tão cara de pau. Ele é o verdadeiro Pinóquio. Gilmar Mentes !

  14. Nassif,

    Hoje o Consultor
    Nassif,

    Hoje o Consultor Jurídico, do Sr. Márcio Chaer, continua prestando seus serviços ao grupo Daniel Dantas, conforme a proposta que você postou aqui. O alvo continua sendo o Dr. Paulo Lacerda que, ao que parece, nem na Europa terá sossego. Veja:

    “Disciplina e hierarquia
    Nomeação de Lacerda a Portugal soa como escárnio

    por Josias Fernandes Alves

    A nomeação do delegado aposentado Paulo Lacerda para adido policial em Portugal, cargo com vencimentos pagos em dólar, que podem chegar a R$ 40 mil, criado especialmente para acomodá-lo, como prêmio de consolação pelo afastamento definitivo da direção-geral da Abin, soa como um escárnio aos princípios da hierarquia e disciplina, constantemente pregados pelos dirigentes da Polícia Federal.

    Os motivos da saída do delegado Lacerda, que antes de assumir a Abin dirigiu a PF no primeiro mandato do presidente Lula, de 2003 a 2006, há semanas pautam o noticiário nacional. Até o momento, as investigações não confirmaram a existência de grampos telefônicos clandestinos ou a participação de agentes da Abin na sua execução, durante a “Operação Satiagraha”.

    Independente da comprovação de supostos grampos ilegais, sabe-se que mais de 80 agentes da Abin participaram da já famosa operação policial, inclusive para analisar escutas telefônicas, sem o conhecimento do atual diretor-geral da PF, o delegado Luiz Fernando Corrêa. Nem do juiz federal e do procurador da República que atuam no caso.

    O coordenador (ou estrela) da Operação Satiagraha, delegado Protógenes Queiroz, seduzido pelos holofotes da mídia, acabou sendo afastado da investigação depois de reveladas as irregularidades cometidas durante a Satiagraha. Algumas se tornaram um prato cheio para os defensores dos investigados, cuja estratégia é tentar anular na Justiça as provas obtidas contra seus clientes”.

  15. Caro Nassif, conheço varios
    Caro Nassif, conheço varios com nome Gilmar, o + famoso Gilmar dos Santos Neves, ex-goleiro Do Corinthians, Santos, Seleção Paulista e Brasileira. Profissionalmente exercia com responsabilidade sua função.
    Este Gilmar Mendes, ñ me inspira confiança, pensa q. somos otários.
    Acorda, Brasil
    zamperetti fiori
    ex-árbitro de futebol

  16. Nossa!

    Querem comparar
    Nossa!

    Querem comparar Daniel Dantas a Al Capone agora?

    Que ele comete lá seus crimes financeiros, eu não ponho a minha mão no fogo por ele, mas não chega a ser um gangster e ninguém o acusou de mandar matar ninguém.

    Existem muitos casos de gangsterimo na vida do brasileiro, desde as Máfias, Comando Vermelho, MST, Primeiro Comando, e até no neo-peleguismo das centrais sindicais, todos que apelam para a intimidadação e pior, violência física para impor seus interesses e vontades.

    Eu classifico as pessoas entre assassinos, terroristas e vítimas.

    Assassinos são aqueles que que admitem assassinar pessoas para conseguir o que quer. Terroristas são aqueles que admitem matar pessoas inocentes para conseguir chegar aos seus objetivos.

    Vítimas? Somos todos nós que não somos nem assassinos, nem terroristas e confiamos na sorte para não virarmos simples estatística.

  17. O crime organizado – seja lá
    O crime organizado – seja lá o que isso signifique precisamente – visa à obtenção de dinheiro.

    Já que de crime se trata, esse dinheiro obtido é ilegal. Sendo ilegal, deve passar por certos processos para adquirir ares de legalidade.

    Resulta que o famoso dito track the money é o conselho eficaz contra isso.

    Sucede que todos os cantos do mundo lavam dinheiro, ao contrário do que o senso comum foi forçado pela grande mídia a acreditar. É bobagem esse discurso de lavagem localizada em meia duzia de paraísos fiscais.

    A lavanderia mais sofisticada do mundo é o vaticano. Claro que não opera no varejo e que se o cidadão aparece com vinte milhões de dólares oriundos de cocaína o mais provável é ser preso.

    Mas, se forem vinte bilhões e o cidadão souber manejar corretamente três talheres, comunicar-se em quatro idiomas, não usar relógio rolex e outros detalhes mais ou menos codificados, tudo se resolve.

    Está claro que o Brasil não pretende ir a sério contra algum crime organizado que exista. Pretende, sim, chamar a todo e qualquer tráfico de entorpecentes crime organizado e focar todas as atenções para um combate militar estúpido.

  18. Nassif, ontem foi o meu dia
    Nassif, ontem foi o meu dia de passar pela triste experiência da violência cotidiana, a mesma por que tantos já passaram…aqui vão alguns comentários sobre o post:
    – àqueles que temem criticar altos magistrados porque acham que isto poderia desestabilizar a democracia, digo que discordo e acho que o fator mais desestabilizante da democracia é a omissão.
    – concordo com o Alexandre, também não entendo porque o pensamento coletivo de repente resvala para caminhos totalmente incrongruentes. Isto também aconteceu no malfadado plebiscito do desarmamento!

  19. Prezado Nassif, já viu as
    Prezado Nassif, já viu as pessoas de destaque na Isto É em 2008? Adivinha quem estava lá? DDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDD!

  20. Cada vez mais me convenço de
    Cada vez mais me convenço de que o crime organizado está ganhando a guerra. Enquanto a sociedade se enche de escrúpulos ao combater as quadrilhas dispostas em todos os lugares e, principalmente, nas hostes dos governos, os seus “chefões” abusam dos subterfúgios visando o aprimoramento e a tranqüilidade de suas ações.

  21. Desculpe-me, eu novamente.
    Desculpe-me, eu novamente. Não consigo acreditar nos comentários do senhor Contador. Este acha que bandido tem que matar. Piada. Roubar milhões do erário representa menos investimentos em setores estratégicos públicos. Mata-se e deseduca-se indiretamente. Esses são os valores que ele quer que seus filhos carreguem? Bandido é bandido. E DD é muito mais bandido que alguns assassinos. Esse corrompe todas as esferas do poder, aplicando um complexo sistema que, para ser destruido, é necessário até o envolvimento de outras nações. Quem é criminoso é criminoso.
    E ainda se aproveita deste espaço para associar movimentos sociais e atividades terroristas, para destilar visões puramente ideológicas fora do contexto. Então posso enquadrar DD como terrorista financeiro (essa modalidade ainda vai entrar no código penal!)?
    Espanta-me, ademais, a falta de interresse desse pelos próprios impostos pagos. Aceito-os de bom grado, não para mim, mas para uma instituição do sertão da minha Jacobina.

  22. Ao Mauro: Há razão no que
    Ao Mauro: Há razão no que você fala, mas a Itália é muito diferente do Brasil. Já ouví antes este argumento, que parece dizer: vamos deixar o Dantas livre porque prendê-lo irá desmoralizar os políticos e a política. Isto não será bom, porque depois teremos um Berluscone. Acredito firmemente que este fenômeno italiano não se repetirá no Brasil. Aquí, combater o crime organizado significará apenas varrer sérios obstáculos para que o país fortaleça suas instituições e possa caminhar com maior desenvoltura rumo ao desenvolvimento. A Itália tem uma história absolutamente diferente do Brasil. E o Berlusconi lá não pode chegar a ser um déspota nem usufruir do seu vulnerável cargo para roubar qualquer sequer um euro do país.

  23. O problema da cooperação
    O problema da cooperação internacional está no descumprimento dos próprios acordos estabelecidos. Além disso, em países nos quais a corrupção se alastra pelos poderes constituídos, como o Brasil, não basta acreditar no espírito democrático e fraterno dos representantes populares. Há de existir uma internacionalização profunda do combate à corrupção, para que os corruptores não se sintam à vontade para fugir das punições internas. A punição tem que ser externa, aplicada por um Tribunal Internacional, desapegado da realidade política do país. Do contrário, ficaremos a discutir teses inúteis. O Brasi, do jeito que está, não está apto a oxigenar o poder público dos males da corrupção. Está tudo entrelaçado de tal forma que a isenção esperada na punição dos corruptores não existe mais. Isso se um dia existiu. Então, o melhor é internacionalizar o problema, de forma que o uma instância externa, realmente imparcial, fique responsável pela aplicação da sanção penal aos agentes do crime organizado.

  24. Se desviar dinheiro público
    Se desviar dinheiro público significa menos saúde e educação, matando e deseducando indiretamente, porque tantas e tantas pessoas defendem políticos corruptos?

    Cada caso de corrupção, quando descoberto, deveria ter uma punição exemplar, mas recentemente, quando um político é pego roubando, vem um exército em sua defesa para passar a mão na sua cabeça e dizer “ele só fez o que outros fizeram antes”.

  25. Conjur: “seduzido pelos
    Conjur: “seduzido pelos holofotes da mídia”. Sei. Se ele não tivesse aparecido tanto já teria sido eliminado. Sua segurança é contar o que aconteceu.

  26. O povo apronta uma falação
    O povo apronta uma falação danada e não chega a lugar nenhum..

    Ou melhor…não tem organização suficiente para chegar a algum lugar.

    Tem muito blá..blá…blá..e pouca ação.

    A tão propalada flexibilidade dos executivos brasileiros não se aplica neste caso.

    É mais que evidente criminosos abonados nao sofrerem a devida punição
    quando são culpados.

    Não pagam nem a décima parte do gigantesco prejuízo que cometem.

    Agora uma pergunta…:

    Quando vocês acham que isso vai mudar…?

    E…principalmente…:

    Como vocês acham que essa mudança vai ocorrer…?

    Caiam na real. Abram os olhos…Parem para pensar um pouco.

    A Economia pode ser a mais importante…para vencer eleições.

    Mas a mais importante para as nossas vidas é e sempre será a Política.

    Daqui a dois anos decidimos o futuro da nação e dos estados.

    Pergunte se haverá algum debate para sabermos se esse ou aquele candidato a deputado pretende “lutar” por uma reforma da legislação penal…?

    Isso é piada. Ao mesmo tempo que e trágico.

    O PSDB não tem nem o esboço do que seria um projeto para o país em 2010.

    E o PT vai na base do embalo. Na figura grande do Lula.

    Agora…que país é esse…?

    É muito bonito discutir se é máfia ou se não é.

    Mas eu quero saber é quem vai resolver o problema.

  27. Los rostros de la
    Los rostros de la justicia,Carlos Avilés Allende

    La otra elección (¿en la que no decidiremos?)

    http://WWW.Universal.com.

    Porque si usted no forma parte de este reducido grupo, al que se le suman otros nombres e intereses por supuesto, pero que sería largo y tedioso colocarlos de inicio, nadie lo tomará en cuenta en esa otra elección.
    Se trata de la elección de los dos nuevos integrantes de la Suprema Corte de Justicia de la Nación que ocuparán las vacantes que dejarán, a partir del 30 de noviembre, los ministros Genaro Góngora Pimentel y Mariano Azuela Güitrón, sin duda, dos de los integrantes más polémicos del máximo tribunal del país, más respetados y a la vez tan opuestos y tan representativos de los sectores más liberales y conservadores de la justicia y de la sociedad mexicana

    Allende deve ter esquecido, que a Cosa Nostra da “toga” recruta seus próprios comparsas?

    La Unión Internacional de Magistrados, organización internacional profesional política, fue fundada en Salzburgo (Austria) en el año 1953.
    Sus miembros no son personas individuales, sino asociaciones de magistrados que tienen interés en pertenecer a la misma.

  28. Matam sim. A cleptocracia
    Matam sim. A cleptocracia instituída no Brasil mata sim. Mata quando rouba a saúde, a segurança, a educação e o futuro dos nossos filhos. Assim, são criminosos mesmo. Elegantes, envolventes, viajados. Mas apenas bandidos. E criando seus próprios filhos como bandidos. E isso vem se repetindo nos últimos “poucos” 500 anos. Tem que haver uma hora para o basta. Para o fim do compadrio, da esperteza barata – e que custa tão caro à nação – das “nobrezas” de alguns “amigos do rei”!

  29. Volto a insistir.

    Se a
    Volto a insistir.

    Se a corrupção mata, por que diariamente fica se passando a mão na cabeça dos políticos e dizendo:

    “O que ele fez, é o que é feito no Brasil sistematicamente”

    E o que vimos desse momento em diante foi carta branca á todos que roubam (e matam) a esperança dos brasileiros.

    Taí a re-privatização da telefonia e o prêmio de 2 bilhões de reais a Daniel Dantas que não me deixa mentir.

  30. O povo brasileiro gosta muito
    O povo brasileiro gosta muito de filme de ação, suspense e gangsterismo. Já, já, teremos um filme emocionante tendo como personagens DD, Gilmar, Heráclito, Itagiba, o famosíssimo Jungman, Demóstenes, Fruet e outras personalidades da vida brasileira. Xuxa e Didi irão para o brejo.

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