A rede de contatos de Bumlai com o PMDB

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Nomes como o de Dias Toffoli, do STF, e de caciques de governos estaduais do PMDB foram encontrados como parte da influência política do pecuarista. Dos 51 cartões, apenas três eram de membros do PT
 
Jornal GGN – Durante a Operação Passe Livre, deflagrada no dia 24 de novembro, a Polícia Federal apreendeu 51 cartões de apresentação no apartamento do empresário e pecuarista José Carlos Bumlai, em São Paulo. Apesar de os investigadores não levantarem suspeitas contra os nomes encontrados, a PF anexou os cartões no inquérito como provas de proximidades e redes de contato de Bumlai com políticos, deputados, governadores, empresários e nomes do Judiciário.
 
Alguns dos nomes já estiveram presentes em autos da investigação da Operação Lava Jato. Abaixo da lista, a Polícia afirma que “dentre os cartões de apresentação apreendidos é possível destacar empresas investigadas na Operação Lava Jato (Petrobrás, Odebrecht e Andrade Gutierrez), empresas estatais, empresários e políticos” e que tal fato “evidencia e corrobora” com o depoimento do delator Fernando Soares (Baiano) “sobre as influências políticas de José Carlos Costa Marques Bumlai, que levaram a contratação do Grupo Schahin para a Operação da Plataforma de Perfuração para Águas Profundas Vitória 10.000”.
 
Apesar de confessar que o empréstimo de R$ 12 milhões pelo Banco Schahin tinha como destinatário final o PT, muitos dos políticos investigados na Lava Jato referentes ao caso do navio-plataforma Vitória 10.000 pertenciam ao PMDB, como o presidente da Câmara Eduardo Cunha. O próprio delator Fernando Baiano era a peça chave do partido de Cunha no esquema de corrupção da Petrobras, sobretudo nos contratos da Diretoria Internacional, comandada pelo PMDB.
 
A lista com os nomes dos contatos foi divulgada, originalmente, pelo Estadão, na reportagem “PF acha ‘influências políticas’ de Bumlai“, que enfatiza em muitos parágrafos a relação do pecuarista com o ex-presidente Lula. Na imagem anexada com os autos da investigação, entretanto, nomes como o do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, e de caciques do PMDB em governos estaduais revelam a omissão imposta no conteúdo da reportagem. Por outro lado, dos 51 cartões encontrados pela PF, apenas três eram de membros do PT.
 
A seguir, a lista de nomes dos cartões encontrados pela PF e respectivas relações apuradas pelo GGN:
 
PMDB:
Sérgio Cabral, ex-governador do Rio de Janeiro pelo PMDB
Regis Fichtner, também peemedebista, ex-chefe da Casa Civil do Estado para Cabral
André Puccinelli, ex-governador do Mato Grosso do Sul pelo PMDB
Ovídio Antônio de Ângelis, ex-secretário de Políticas Regionais, apadrinhado pelo peemedebista e ex-ministro da Justiça Iris Resende (PMDB-GO).
 
Petrobras:
Fernando José Cunha, ex-gerente da área internacional da Petrobras (comandada pelo PMDB)
Flavia Pelosi, coordenadora financeira de crédito para exportação na Petrobras, da área internacional (comandada pelo PMDB)
Maria das Graças Silva Foster
Antônio Carlos Lopes Coelho
Jorge de Oliveira Rodrigues
Aline de Carvalho Fragoso Pires
 
 
PT:
Cândido Vaccarezza, deputado federal pelo PT
Sérgio Ricardo Silva Rosa, ex-presidente da Previ, fez parte da equipe de transição do governo Lula
Paulo Tarcisio Okamotto, Sebrae
 
PDT:
Dagoberto, deputado federal pelo PDT/MS
 
Justiça/Direito:
José Antônio Dias Toffoli, ministro do STF
Luiz Zveiter, corregedor-geral da Justiça do TJRJ
Patrícia T. Pires Coelho, Wald Associados Advogados
Alexandre Romano, Romano Advogados Associados
 
Executivo:
Marco Aurélio Loureiro, Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do MDS
Paulo C. de Oliveira Campos, embaixador
Antônio Luiz Godoy Soares Mioni Rodrigues, Major Aviador
 
 
Empresas:
Luciano Lewandowski, GP Investimentos
José Rubens Goulart Pereira, Galvão
Paulo Lacerda de Melo, Odebrecht
Carlos Fernando Anastácio, Odebrecht
Luciano Galvão Coutinho, BNDES
Paulo Faveret, BNDES
Rodrigo Matos Huet de Bacellar, BNDES
Cláudia Trindade Prates, BNDES
João Carlos Cavalcanti, BNDES
Flávio G. Machado Filho, Andrade Gutierrez
Marcelo Benchumol Saad, Credit Suisse
German Efromovich, Synergy Group
Jackson Schneider, Anfavea/Sinfavea
Marta Rocha, Grupo Takano
Luiz Fernando Furlan, Concórdia Holding
Leandro Sansoldo, Crystalsev Comércio e Representações
Jaques Mari, Estre Ambiental
Oswaldo Travassos, Estre Ambiental
Michele McCrary, Merrill Lynch
Jean-Noel Bonnet, Institut De L’Elevage
Jeff A Stafford, The AES Corporation
Kristina M Stehling, Crossing Borders Limited
Eduardo Mangabeira Albernaz, Cotia Trading SA
Vanessa de Lima Ferreria, Embraer
Ricardo Mickenhagen, Fazenda Progresso
Antonio Otélo Cardoso, Itaipu Binacional
Jorge Samek, Itaipu Binacional
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

10 Comentários

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  1. Bumlai o amigo do PMDB

    Não sei quem é Bumlai, mas pelo que tudo indica  ele não está sendo investigado. A policia Federal passa o tempo todo perguntando sobre Lula. e , já descrente de encontrar provas comprometedoras, a polícia parece trabalhar para Folha e Estadão. A cada fato , a cada ligação a cada palavra associam o nome Lula. Em interrogatório o nome de Lula apareceu 17 vêzes na boca dos interrogadores. A prisão preventiva parece ser uma cadeira de um dentista com a idéia fixa de extrair dentes.  Isto ultrapassou muito todos os limites da ética investigativa , e da ética jornalística.  Estes jornais  poderiam claramente se posicionar do ponto de vista ideológico, porém preferem fazer parte do pelotão de frente do linchamento.  Sei que tudo já foi falado sobre isto, e sei que esta crítica não vai mudar nada , pois esta é uma tatica racionalmente planejada. O relativismo moral, ou falsa moralidade prevalece. Mas eu fico pensando se leitores mesmo contrários ao governo e ao PT ,  não se enojam deste tipo de comportamento. Será que estes leitores abdicaram de  defender suas idéias de forma ética.  Será que resta a eles se submeter a esta enxurrada de hipocrisia dando suporte a este vale-tudo . Não sou maniqueísta a ponto de pensar que todos contrários ao governo compactuam com esta manifestação indecente que os jornais trazem todo dia, mas não compreendo como alguns  pela omissão e outros de forma ruidosa dão suporte a tudo isto.

  2. Cartões de visitas de quem

    Cartões de visitas de quem esperavam encontrar?

    Do lanterneiro da esquina? do vendedor de consórcio?

    do mecânico? da tinturaria?

    E o que isso prova?

    Ora, ora.ora.

  3. Esses babacas querem
    Esses babacas querem encontrar alguma prova para prender LULA.. Nos que sustententamos esses canalhas para fazerem esse tipo de investigação. Canalhas….
    .

  4. Cartões de visita? Esse povo

    Cartões de visita? Esse povo já foi mais sério, será que foi mesmo? Cartão de visita não prova nada, todo mundo recebe trocentos cartões de gente que às vezes só cumprimentamos. Brincadeira.

  5. Só três eram do PT.
    E só

    Só três eram do PT.

    E só quatro eram do PMDB.

    Essa o BNDES levou com cinco cartões. Hehehe

    Bumlai era operador pessoal do Ex e não do PT ou de partido algum. Tipo gerente do Itaú Personalitte.

  6. parece roteiro hollywoodiano


    parece roteiro hollywoodiano escrito poor um ghost writer do mpf

    para pegar o lula,com assessoria óbvia da grande mídia, capitaneada,

    neste caso, pélo estãdão   e pelo instituto millenium

    como se cartão de apresentação fosse prova de qualquer crime…

    é o tal do domínio do fato,…

    de novo, cara pálida?

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