Ações do Congresso, STF e Planalto apontam para o isolamento crescente de Sergio Moro

Ministro da Justiça enfrenta derrotas sucessivas no Parlamento e no Judiciário somadas à crise de confiança do presidente

Jornal GGN – As últimas semanas estão sendo difíceis para o ministro da Justiça Sergio Moro. Manifestações do Congresso, Supremo Tribunal Federal (STF) e vindas do próprio presidente Jair Bolsonaro aumentam o desgaste e isolamento da sua imagem.

No Judiciário, o STF impôs duas derrotas ao ex-magistrado: primeiro a preservação do conteúdo das mensagens de autoridades interceptadas por hackers, com o envio de uma cópia do inquérito da Polícia Federal à Corte e, segundo, a rejeição expressiva (10 votos a favor contra 1) da transferência do ex-presidente Lula de Curitiba para São Paulo. O pedido para a troca de prisão foi solicitado pela Polícia Federal, comandada pelo ministro Moro, e atendido pela juíza Carolina Lebbos, responsável pela execução da pena de Lula em Curitiba.

Enquanto o Supremo se preparava para julgar o pedido de habeas corpus da defesa de Lula, pela suspensão da transferência, dez partidos e a cúpula da Câmara dos Deputado se mobilizavam contra a transferência do ex-presidente, avaliando que significava uma “escalada de arbítrio” da Lava Jato. “Deputados diziam que a violação das prerrogativas de um ex-presidente romperia qualquer limite”, escreveu a Folha de S.Paulo.

Também nesta semana, o ministro do Supremo, Gilmar Mendes, atendeu ao um pedido de medida cautelar da Rede Sustentabilidade para que o jornalista Glenn Greenwald, responsável pelo site The Intercept Brasil, não sofra investigações de autoridades ou seja responsabilizado pelas mensagens, obtidas por fontes anônimas, revelando que os procuradores da Lava Jato e o então juiz Sergio Moro extrapolaram as competências constitucionais.

No Legislativo, Moro sofreu ainda uma nova derrota na tramitação do texto do projeto anticrime, com a derrubada do chamado “plea bargain” – tipo de acordo entre acusado por um crime, Ministério Público e juiz. Semanas antes, os parlamentares derrubaram outro dispositivo do projeto: a prisão após condenação em segunda instância.

Não parando por aí, Bolsonaro realizou movimentações e declarações que isolaram ainda mais Sergio Moro. No início da semana, o presidente não garantiu a permanência de Roberto Leonel no comando do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), homem que foi coordenador da Receita Federal na Lava Jato e assumiu o cargo a pedido de Moro.

O presidente da República também manifestou publicamente seu descontentamento quando Moro advertiu pessoalmente outras autoridades de terem sido grampeadas por hackers e disse que o ministro não poderia destruir as provas da Operação Spoofing.

Na manhã de quinta-feira (8), ao deixar o Palácio da Alvorada, Bolsonaro comentou ainda à imprensa que Moro precisa ter “paciência” em relação à tramitação do pacote anticrime no Congresso, porque não tem mais a “caneta na mão” como na época em que era juiz, pontuando que a prioridade do governo são as medidas econômicas em discussão no Congresso.

“O Moro está vindo de um meio onde ele decidia com uma caneta na mão. Agora, não temos como decidir de forma unilateral e temos que governar o Brasil. O ministro Moro vem da Justiça, mas não tem poder, não julga mais ninguém. Entendo a angústia dele, de querer que o projeto vá para frente, mas nós temos que combater aí, diminuir o desemprego, fazer o Brasil andar”, disse.

Segundo fontes ouvidas pelo Estado de S.Paulo, apesar do desgaste que Moro vem sofrendo desde a divulgação das mensagens entre ele e procuradores da Lava Jato, o governo Bolsonaro enxerga nele um “patrimônio” no combate à corrupção junto ao eleitorado.

À noite de quinta-feira, como forma de contornar o mal-estar, Bolsonaro convidou o ministro da Justiça para participar de sua “live” semanal abrindo espaço para defender o pacote anticrime.

O isolamento de Moro é identificado também em outros espaços. Segundo informações da Folha, o ministro da Economia, Paulo Guedes, tem se queixado para aliados que está sofrendo desgaste por tabela. Ele teria recebido um telefonema de parlamentares de que a rejeição de Leonardo Bandeira Rezende, indicado por ele para ser conselheiro do Cade (Comissão de Assuntos Econômicos), era, na verdade, uma retaliação a Moro.

Redação

3 Comentários

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  1. Esse já foi.Além de cretino,mau carater,lombrosiano,provinciano,tabaréu,confesso que não sabia que é tão burro.Mas o assunto é outro.Que Nassif ligue as antenas sobre o “Itaipugate”.Se meu faro ainda é forte,Rodrigo Maia pode pegar Bozo por aí.Basta que abra uma CPI,o resto vem por osmose.

  2. Se tem alguém que merece essa humilhação pública é Moro. E ponto final.
    Ou como diz a canção de Billy Blanco na voz da maravilhosa Elis Regina: “A vaidade é assim, põe o bobo no alto/ E retira a escada/ Mas fica por perto esperando sentada/ mais cedo ou mais tarde/ ele acaba no chão
    O gajo que se achava o próximo presidente da república e ajudou a eleger esse psicopata aliado de torturador porque partilha dos mesmos instintos autoritários e cruéis tem que aguentar uma live em que o “patrão” sugere um troca-troca com outro ministro tão cretino quanto ele. E aí, conja?

  3. “Se tem alguém que merece essa humilhação pública é Moro”:

    Ta no menu dele, Vera: “Humiliacao com troca-troca ou sem troca-troca pro cafe da manha, senhor ministro?”

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