Após “pouca” doação de Camargo, Lobão articulou contratação de “empresa amiga”

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
 
Jornal GGN – O ex-presidente da Camargo Corrêa, João Ricardo Auler, afirmou que a empreiteira contratou uma “empresa amiga” do senador Edison Lobão, em 2010, para obras da usina hidrelétrica de Jirau. 
 
A contratação ocorreu após a Camargo doar “apenas” R$ 1 milhão dos R$ 3 milhões que Lobão teria pedido para sua campanha à reeleição. Naquele ano, o parlamentar havia sido reeleito ao Senado. 
 
O depoimento de Auler faz parte do acordo de delação premiada da empreiteira, e foi concedido à Polícia Federal no dia 12 de dezembro do último ano, revelado somente agora pela imprensa.
 
O repasse não foi mencionado pelo ex-presidente da companhia como “propina” ou “suborno”, mas deixa claro que se tratava de uma espécie de troca de favores. Auler contou que mantinha reuniões com Lobão no período em que a Camargo Corrêa integrava o consórcio para o projeto da hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira.
 
Já tendo deixado o posto de comando no Ministério de Minas e Energia, na qual ainda mantinha certa influência e foi acusado de facilitar diversos contratos a empreiteiras, Lobão pediu que a Camargo doasse R$ 3 milhões à sua reeleição.
 
A empreiteira doou oficialmente apenas um terço do solicitado, o que foi autorizado pelo então presidente da empreiteira, Antônio Miguel. Auler era diretor da companhia naquele ano. O executivo narrou aos investigadores que o senador teria reclamado da pouca doação.
 
“Houve inicialmente uma frustração por parte do senador em razão da redução do valor. Que na mesma reunião, Edison Lobão entregou ao declarante um cartão de uma empresa que prestava serviços de engenharia, mencionando que gostaria que a Camargo Corrêa contratasse a ‘empresa amiga’”, descrevem os delegados da PF sobre a delação.
 
João Ricardo Auler disse que, no final daquele encontro, chegou a ser apresentado a uma pessoa chamada “Ralfe”, para dar procedência à contratação da empresa que prestava serviços de engenharia. O andamento do caso teria ficado nas mãos de seu então superior à época, Marco Antonio Bucco.
 
Aos investigadores, afirmou que a “empresa amiga” seria a Brasil Central Engenharia, empreiteira de Cuiabá. A empresa teria fechado um contrato com a Camargo no valor de R$ 3,8 milhões para serviços de carga, transporte, descarda e espalhamento de material comum para as obras da Jirau.
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

1 Comentário

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  1. Após…

    Lobão é uma das faces mais evidentes da politica brasileira. Seu filho, Lobãozinho, bateu o carro numa madrugada. Ele parlamentar também. Não houve inquérito sobre o acidente. Não houve exame de dosagem alcóolica, não houve exame sobre uso de drogas. Lobãozinho sumiu então. O Brasil roda, roda e não sai do lugar.  

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