Aragão sobre Moro: “Justiça não pode se transformar num circo para o público”

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Em entrevista divulgada no último dia 30 de abril pelo canal no Youtube Vida Roda, o ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão avaliou como positivo o fato de a Lava Jato ter desnudado esquemas de corrupção ligados a financiamento de campanhas eleitorais, mas critivou a postura da chamada República de Curitiba, que tem um “impulso exibicionista” que compromete o Estado de Direito, principalmente quando a grande mídia decidiu ser permissiva com ativismos e persecuções seletivas.
 
Aragão citou diretamente o episódio em que o juiz Sergio Moro disse à imprensa internacional que o sucesso da Lava Jato está atrelado ao apoio público. “A Justiça não pode se transformar num circo para o público”, respondeu Aragão. “A publicidade sobre a ação penal ou inquérito policial não significa uma exposição pública e devassa na vida das pessoas”, acrescentou.
 
Na visão do ex-ministro, o “saldo da República de Curitiba é mais negativo que positivo, até porque sua atuação não sofre critica sólida. Enquanto a plateia bate palma par louco dançar, o louco não para de sançar. Acredito que esse exibicionismo, esse impulso de jogar para a plateia, atrapalha muito a qualidade da investigação e do processo. Porque o Direito Penal moderno é essencialmente tímido, recolhido, discreto, é quase que envergonhado de aplicar a pena. Ele não pode ser o fim em si mesmo. Colocaram a corrupção como agente central, quando não pode ser. A corrupção é decorrente de outros problemas, como, por exemplo, a extrema desigualdade”, ponderou.
 
Aragão também criticou a postura de Gilmar Mendes, que só agora levanta-se contra alguns expedientes abusivos da Lava Jato, como a parceria com a grande mídia para vazar delações premiadas e antecipar o juízo de culpa sob sobre os investigados.
 
“Estamos vivendo momento grotesto da vida das nossas instituições. Agora Gilmar Mendes tem sempre indignação seletiva. Quando se vazou conversas de Dilma com Lula, ou de dona Marisa com seu filho, Gilmar não estava preocupado. Aliás, bem pelo contrário: ele estava se regozijando desses vazamentos. Quando os vazamentos começam a afetar o campo dele, ele começa a chiar. Então isso se chama indgnação seletiva e não dá para levar a sério”, disparou.
 
Questionado sobre as intenções de Gilmar, Aragão disse que se ele tiver a “chance de ser presidente, não vai abrir mão disso.” Porém, disse é típico de Gilmar só agir quando “pessoas de seu círculo” são afetadas. “São dois pesos e duas medidas que desmoralizam a indignação”. Para o ex-ministro, os outros ministros “se contêm” para não julgar Gilmar em pública, na tentativa de não manchar ainda mais a imagem do Supremo Tribunal Federal. “Tem a ver com a proteção da instituição, mas isso faz Gilmar parecer como o primeiro dos 11 ministros.”
 
Aragão ainda avaliou que, ao contrário de Gilmar, o “ministro exemplar” era Teori Zavascki, que julgava com a discrição que é inerente à função de um magistrado da Suprema Corte. “O contraste entre os dois é tão grande que chega a ser escandaloso”, comentou.
 
Questionado sobre seu futuro, Aragão disse que tem o “ideal” de estudar o que ocorre na história contemporânea brasileira e ajudar a sociedade a interpretar isso. Mas não descartou a possibilidade de fazer parte de outros governo nem abriu mão do objeto maior de todo jurista, de ser ministro da Suprema Corte.
 
A entrevista está disponível abaixo.
 
https://www.youtube.com/watch?v=vXrtbygq0Nk&feature=youtu.be
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

6 Comentários

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  1. Que conversa mole. 
    Qual foi

    Que conversa mole. 

    Qual foi a atitude concreta do Senhor quando era Min. da Justiça ?

    Pelo tudo que ja foi exposto a única efetiva atuação do Aragão foi fazer campanha para o Janot ser escolhido PGR. 

    A Política deve ser pragmática, e devemos avaliar os polítocos pelas suas ações concretas e não pelo que dizem ou acreditam ou irão fazer. 

    1. Não culpo Aragão nesse ponto,

      Não culpo Aragão nesse ponto, convenhamos, Aragão no Ministério da justiça é que nem aquele atacante que entrou aos 42 de segundo tempo com o jogo 3 x 0 contra…. não ia ser ele que ia virar.

      Mas é importante a lembrança que ele fez campanha para Janot estar ali naquele cargo. Isso foi um erro grave. Não saber julgar caráter é um defeito grave para um homem público…

       

  2. O grande Eugênio.

    O bravo Aragão destaca-se pela coragem ao utilizar as suas salvaguardas constitucionais para enfrentar o cala boca a que se submetem os supostos ministros da ex suprema corte. Mas insistem em destacar no finado ministro Teori uma diferença que ele não fez por merecer.

  3. Maio, início de derrocadas de tiranias :

    O Último Ano de Hitler 

    (Ótimo documentário sobre o início da derrota do regime nazi-fascista germânico . As perseguições do supreminho nazista liderado pelo juizeco Fressler aos que se rebelavam contra o regime, o papel da TV Glolbels hitlerista ao distrair os alemães enquanto a pátria estava sendo destruída etc…)

    [video:https://youtu.be/4z0tFJBvN-M%5D

  4. O golpe de Estado foi

    O golpe de Estado foi possivel graças a figuras que não tem nada a perder, como Cunha e Moro, e que serão descartados no momento oportuno. Moro e Cunha são figuras rudes, com a diferença de que aquele tem destino certo quando a casa cair: os EUA…

  5. Aragão….

    Aragão, em pleno 2017 descobrimos que a melhor adjetivação para a Justiça Brasileira seria CIRCO. Todas as outras, garanto que seriam muito piores. Inacreditável é alguém falar emn Justiça aqui no Brasil?! Onde Justiça, caro sr? Caricatura e Escánio.

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