As chantagens da Lava Jato e a paralisia das instituições

Da Rede Brasil Atual

O fim da picada de uma Nação em que as instituições se recusam a funcionar

Por Mauro Santayana

A “República da Destrói a Jato”, mergulhada na chantagem, exige a coragem dos órgãos de controle e fiscalização de enfrentar o falso clamor ditado pela ignorância. Falta peito a quem pode fazê-lo

Jornal do Brasil – Se não falham os estudiosos, a expressão “o fim da picada” deriva da situação em que se encontra, de repente, o sujeito que vinha seguindo uma trilha, no meio da floresta, e, subitamente, se vê perdido quando essa trilha, ou “picada”, aberta à medida que se corta, ou se “pica” o mato à frente, termina abruptamente, obrigando o viajante a seguir às cegas, ou a voltar para um distante, e muitas vezes, inalcançável, ponto de partida.

O grampo contra a presidente da República, com sua imediata divulgação, para uma empresa de comunicação escolhida para escancarar seu conteúdo ao país, operado por um juiz de primeira instância, depois da desnecessária e arbitrária condução coercitiva e do pedido de prisão de um ex-presidente da República, devido a uma acusação de falsidade ideológica – em um país em que bandidos com dezenas de milhões de dólares em contas na Suíça, procurados pela Interpol e condenados à prisão em outros países circulam, soltos, tranquilamente – representa isso.

O fim da picada de uma Nação em que as instituições se recusam a funcionar, e estão, virtualmente, sob o sequestro de meia dúzia de malucos concursados, apoiados corporativamente por toda uma geração de funcionários de carreira de Estado comprometidos ideologicamente – com a razoável exceção de organizações como a Associação Juízes para a Democracia (AJD) –, que atuam como ponta de lança de uma plutocracia estatal, que, embalada por uma imprensa parcial e irresponsável, pretende tutelar a República, colocando-se acima dos poderes constituídos.

Perguntado o que achava do pedido de prisão preventiva de Lula feita pelo Ministério Público de São Paulo, há poucos dias, o líder do PSDB na Câmara Alta, o senador Cássio Cunha Lima, disse que não via motivos para tanto e recomendou cautela neste momento.

Agradece-se a sua coragem e bom-senso – Cássio Cunha Lima foi violentamente atacado por isso pela malta radical fascista nos portais e redes sociais –, mas agora é tarde.

A oposição deveria ter pensado nisso quando ainda não ocupava – tão hipócrita e injustamente quanto outros acusados – as manchetes da coluna de delações “premiadas”. Quando abandonou o calendário político normal para fazer política nos tribunais, por meio da criminalização da atividade, entregando o país a um grupo de procuradores e a um juiz de primeira instância que age – como se viu, pelo vazamento imediato do grampo do Palácio do Planalto – como um fio desencapado, não se importando, assim como os procuradores que o cercam ou nele se inspiram, em incendiar o país para dizer que é ele quem está no comando, independente da atitude da presidente da República de trocar o Ministro da Justiça, ou nomear para a Casa Civil um ex-presidente da República, ou da preocupação de alguns ministros e ministras do STF, pelo menos aqueles que parecem ter conservado um mínimo de dignidade e de razão neste momento.

Iludem-se aqueles que acham que a Operação Lava Jato vai livrar o país da corrupção.

Os resultados políticos da Operação Mani Pullitti – a operação Mãos Limpas, à qual o Juiz Sérgio Moro se refere a todo instante como seu farol e fonte de “inspiração”, foram a condução de Berlusconi, um bufão pseudofascista ao poder na Itália, por 12 anos eivados de escândalos, seguida da entrega do submundo do Estado a uma máfia comandada por ex-terroristas de extrema-direita, responsáveis por megaescândalos como o da Máfia Capitale, que envolve desvios e comissões em obras públicas em Roma, da ordem de bilhões de euros, cujo julgamento começou no último mês de novembro.

Da mesma forma, iludem-se, também, aqueles que acham que, com a queda do governo, por meio de impeachment, ou de manobra no TSE ou no TCU, ou de uma Guerra Civil, que se desenha como cada vez mais provável, o Brasil irá voltar à normalidade.

A verdadeira batalha, neste momento e a perder de vista – e há uma grande proporção de parvos que ainda não entenderam isso – não é entre o governo e a oposição, mas entre o poder político, alcançado por meio do voto soberano da população, e a burocracia estatal, principalmente aquela que tem a possibilidade – pela natureza de seu cargo – de pressionar, coagir, chantagear, a seu bel-prazer, a Presidência da República, o Congresso e o grande empresariado.

Em palestra recente, para empresários – quando, com suas multas e sanções, ele está arrebentando com metade do capitalismo brasileiro – o Juiz Sérgio Moro afirmou que a operação Lava Jato não tem consequências econômicas.

Sua excelência poderia explicar isso ao BTG, cujas ações diminuíram pela metade seu valor, quebrando milhares de acionistas, ou que perdeu quase 20 milhões de reais em ativos desde a prisão de André Esteves.

Ou à Mendes Júnior que teve de demitir metade dos seus funcionários e está entrando em recuperação judicial esta semana.

Ou, ainda, aos 128 mil trabalhadores terceirizados da Petrobras que perderam o emprego no ano passado.

Ou às famílias dos 60 mil trabalhadores da Odebrecht, também demitidos, ou aos funcionários restantes que aguardam o efeito da multa de R$ 7 bilhões – mais de 15 vezes o lucro do grupo em 2014 – que se pretende impor “civilmente” à companhia.

Ou aos funcionários da Odebrecht envolvidos com projetos de extrema importância para a defesa nacional, como a construção de nossos submarinos convencionais e atômicos e nosso míssil ar-ar A-Darter, concebido para armar nosso futuros caças Gripen NG-BR, que terão de ser interrompidos caso essa multa venha a ser cobrada.

Ou, ainda, aos “analistas” entre os quais é consenso que a Operação Lava Jato foi responsável por 2 pontos percentuais, ou mais de metade, da queda de 3,8% do PIB no último ano.

Na mesma ocasião, o sr. Sérgio Moro – como se fôssemos ingênuos de acreditar que juízes não têm suas próprias opiniões, ideologia e idiossincrasias políticas – afirmou não ter “partido”.

Ora, ele tem, sim, o seu partido. E se chama PSM, o Partido do Sérgio Moro.

Um “partido” em que não cabem os interesses do país, nem os do governo, nem os da oposição, a não ser que eles se coloquem sob a sua tutela.

Assim como não dá para acreditar, com sua relativamente longa experiência, depois dos episódios de Maringá e do Banestado, que ele esteja agindo como age por ter sido picado pelo messianismo que distrai e embala a alma de outros “salvadores da pátria” da Operação Lava Jato.

O que – seguindo a lógica do raciocínio – só pode nos levar a pensar que ele está fazendo o que faz porque talvez pretenda meter-se a comandar o país diretamente – achando, quem sabe, que as Forças Armadas vão permitir que venha a adentrar o Palácio do Planalto carregado por manifestantes convocados pelo WhatsApp, em uma alegre noite de buzinaço, como um moderno Salazar ou Mussolini – ou quando eventualmente se cansar, lá pela milésima-primeira fase da Operação Lava Jato – de exercitar seu ego e – até agora – seu incontestável poder de manter o país em suspense, paralisado política e economicamente, independentemente do ocupante de turno – quem grampeia um presidente grampeia qualquer presidente – que estiver sentado na principal poltrona do Palácio do Planalto.

A alternativa a essa República da “Destrói a Jato”, de um país mergulhado permanentemente na chantagem, na manipulação, no caos e na paralisia, é alguém ter coragem, nos órgãos de controle e fiscalização, de enfrentar o falso “clamor”, pretensamente “popular”, de um senso comum ditado pela ignorância e a mediocridade, e pendurar o guizo no pescoço do gato – ou desse tigre (de papel) –  impondo ao mito construído em torno dessa operação, e aos seus “filhotes”, o império da Lei e o respeito ao Estado de direito e à Constituição Federal.

Mas para isso falta peito e consciência de História a quem pode fazê-lo.

E sobra – talvez pelo medo das tampas de panela dos vizinhos – hesitação e covardia.

Redação

8 Comentários

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  1. os contra-Dilma

    a burocracia estatal, principalmente aquela que tem a possibilidade – pela natureza de seu cargo – de pressionar, coagir, chantagear, a seu bel-prazer, a Presidência da República

     

    Muitos funcionários públicos são contra Dilma, se acham melhores que a população em geral.

    E olhe que muitos entraram no serviço público sem concurso.

    “Anexaram” proventos aos salários enquanto foi possível (talvez esse seja um dos motivos da raiva).

    Falam mal do PT como se eles próprios mijassem perfume e cagassem ouro.

    Eles tem nojo dos pobres e inveja dos ricos.

     

    No fundo, uns pobres-diabos dignos de pena.

  2. O ministro da justiça…

    Já trocou a cúpula da PF? Ainda não? Está esperando o quê? O golpe já foi dado. Agora, não há mais nada a perder.

  3. Instituições são formadas e

    Instituições são formadas e agem de acordo com aqueles que fazem parte de sua estrutura. Além de mediocridade, esperam o que de instituições constítuidas por mediocres????

  4. Eh

    Se tem Ministro do STF – e não falo de Gilmar Mendes ou Dias Toffoli, que eses ai não são bobos, são manipuladores – que acredita até hoje na Lava Jato, no Moro, no MPF, em todo caso defende tudo isso, que dira a massa totalmente teleguiada nesse momento. 

    Vai ser dura a luta para fazer o Brasil voltar ao patamar em que estava até 2013.

     

  5. Recibo de incompetente
     
    Para

    Recibo de incompetente

     

    Para mim o juizeco de quinta da vara da primeira instância já passou 2 recibos ou de incompetência ou de que realmente não encontrou nada que incriminasse o ex-presidente Lula.

    O juizeco já está a quase 3 anos investigando, prendendo, achincalhando e torturando emocinalmente investigados, forçando a mão nas delações-mega-sena-premiada e nada, nada de que tivesse o minimo da consistência de uma gelatina mal-feita para incriminar o ex-presidente.

    Pela lógica minima se o ex-presidente é tão ladrão como quer o juizeco e a rede-corrupta-globo fazer o povo brasileiro crer vocês não acham que eles já teriam encontrando, sei lá, pelo menos uma foto do ex-presidente mijando na rua, para poder prendê-lo por atentado ao pudor?

    Os últimos acontecimentos me levam a crer, que apesar do juizeco mais a globo terem feito de tudo para obter algo, e como não conseguiram passaram para o ato de loucura final.

    E o STFc, o CNJc e o STJc com aquela cara de paisagem, indignados de terem sido chamados do que realmente parecem ser: covardes.

    Lewandovski você vai passar para a história como o presidente do STF e por conseguinte CNJ, como o presidente que se acovardou e deixou o golpe acontecer.

    Triste fim para aquele que parecia ser uma gota de sensatez em um mar de insensatez que se transformou a justiça brasileira.

     

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