Avião do PSB teve mesmo destino do helicoca do aliado do Aécio: sumiu, por Jeferson Miola

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Avião do PSB teve mesmo destino do helicoca do aliado do Aécio: sumiu do noticiário e do judiciário

por Jeferson Miola

Ontem, 31/01, a Operação Vórtex da Polícia Federal revelou que a empresa Lidermac, beneficiária de contratos milionários com o governo do PSB de Pernambuco, é co-proprietária do avião Cessna Citation acidentado na campanha presidencial de 2014, no qual morreu o candidato Eduardo Campos, do PSB, assessores e tripulação.

A Lidemarc, que atua no ramo de equipamentos e construção, recebeu R$ 75 milhões nos período de governo de Eduardo Campos [2010/2014] em Pernambuco, e seguiu contratada e faturando pelo menos até 2016, também na gestão do PSB e partidos coligados [PMDB, PSDB, DEM, PP, PPS, PSD etc].

A Lidemac é citada também na Operação Turbulência por crimes de lavagem de dinheiro com empresas fantasmas – mais de R$ 600 milhões –, doação ilegal a campanhas eleitorais, e financiamento por caixa dois de políticos do bloco que domina a política pernambucana e que está ostensivamente representado no governo do usurpador Michel Temer com nada menos que 4 ministros: Mendonça Filho, do DEM; Bruno Araújo, do PSDB;  Raul Jungmann do PPS e Fernando Bezerra Filho, do PSB.

Um dos sócios da Lidemac é o empresário Rodrigo Leicht Carneiro Leão, genro do ministro do Tribunal de Contas da União José Múcio, político do PTB. O empresário e outros três sócios foram conduzidos coercitivamente para prestar depoimento na PF.

Ou seja, é um escândalo completinho, para ninguém botar defeito. Porém, todos os jornais de hoje da mídia hegemônica [1º/02, dia seguinte à Operação Vórtex] não só não deram manchetes ou chamadas de capa, como simplesmente fizeram a notícia evaporar do noticiário.

É como se fosse um não-acontecimento. É um fenômeno idêntico ao ocorrido com o helicóptero dos políticos da família Perrela, aliados de Aécio e Anastasia em Minas Gerais. O pai Zezé, eleitor do impeachment fraudulento, é senador pelo PTB de Minas; e o filho Gustavo, não-reeleito deputado, virou Secretário Nacional de Futebol do Ministério do Esporte do governo golpista.

O helicóptero, conhecido como “helicoca”, carregado com 445 quilos de cocaína, foi interceptado pela PF no Espírito Santo em novembro de 2013, quando era pilotadopor Rogério Antunes [que estava lotado no gabinete de deputado estadual de Gustavo Perrela] e abastecido com dinheiro público da Assembléia Legislativa de MG – a tal verba indenizatória que o deputado Carlos Marun [PMDB/MS] usou recentemente para visitar Eduardo Cunha na prisão.

Ou seja, um crime transcorrido há mais de três anos que alimenta um escândalo de dimensões policiais cinematográficas. Porém, também evaporado do noticiário.

As últimas informações disponíveis são de que os pilotos e a família Perrela, proprietária do helicoca, estão soltos; o helicoca foi devolvido à família, e a vida segue normal, como se nada tivesse acontecido: o Zezé continua com mandato no Senado e o Gustavo ganhou um cargo de confiança no governo golpista. O destino dos 445 quilos de cocaína, entretanto, é desconhecido e não sabido.

Moral da história: o pau que bate em Chico não bate, necessariamente, em Francisco, como vez ou outra o mineiro Rodrigo Janot tenta iludir com sua ginástica retórica para invocar uma inexistente imparcialidade da Lava Jato.

A justiça, o judiciário, a lei, o ministério público, a polícia federal, a verdade e a mídia é uma para a oligarquia golpista; para os inimigos políticos e de classe dessa oligarquia, é outra.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

5 Comentários

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  1. Fazer desaparecer aeronaves é

    Fazer desaparecer aeronaves é know how herdado da ditadura militar desde o castelo branco. As investigações caem todas nas mãos da aeronáutica, ou seja, nas mãos de golpistas pertencentes à máfia ditatorial que dominam os Brasil.

  2. Bem lembrado: tudo que diz

    Bem lembrado: tudo que diz respeito à máfia-político-partidária-dos-mesmos-de-sempre evapora do noticiário da imprensa associada. Quanto aos citados órgãos públicos, ora, ora e ora…

  3. A montanha que pariu um rato.

    Estranho que apenas esse caso tenha vindo à tona, inclusive de forma espetaculosa. Como se não houvesse tráfico nem antes nem depois do caso e como se 445kg de pasta-base fosse ponto fora da curva… ou como se a PF não tivesse informantes antes, depois e nessa quantidade.

    Assim, sem um desfecho a completar a notícia pode ficar a impressão de que essa operação, a propósito inominada pela PF (sugiro “Operação Carreira” já que foi rápida, demandou seguir o helicoca, além de servir para dar um up em poderes e outros significados mais), foi apenas tentativa de algum poderoso da PF botar pressão sobre Perrela. Se conseguiu ou não só saberemos verificando se as “carreiras” na PF continuaram seus cursos normais ou se alguém teve promoção ou transferência repentinas… ou ainda se o filho de alguém virou assessor parlamentar… vai saber. Talvez eventual poderoso da PF ou do MPF não fosse assim tão poderoso, pelo menos não mais que Perrela ou que barões da cocaína. A única certeza é que ninguém monta um circo daquele para o nada que resultou.

     

  4. Bah ! Com esse novo método de

    Bah ! Com esse novo método de se livrar das pessoas , “acidentando-as” , tá difícil.  Até o assistente principal do Teori SE MANDOU , pediu demissão do cargo.

  5. Aeronática investigando acidentes na qual desafetos foram vitima

    Botar a Aeronáutíca para investigar ‘acidentes’ aéreos nos quais opositores ao sistema da Casa Grande são vitimados é como botar uma raposa para investigar o sumiço de galinhas numa granja.

    O avião do PSB deve ter sobrevoado o Triângulo das Bermudas da Política Brasileira.

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