Bernardo Mello Franco: Cassação só interessava quando era ameaça à Dilma

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – A fala denotando a indiposição de Gilmar Mendes em tocar a ação do PSDB que poderia cassar a chapa Dilma Rousseff-Michel Temer – atingindo em cheio o governo do novo presidente da República após impeachment – deveria entrar para a “história”, sugere o colunista da Folha Bernardo Mello Franco.

No artigo “Um processo peculiar”, o articulista aponta como a cassação virou carta fora do baralho tão logo Temer foi alçado ao cargo conquistado por Dilma em 2014. Desde então, o PSDB de Aécio Neves, com três ministérios, não falou mais na ação. E Gilmar Mendes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, passou a oferecer café da manhã e churrasco para aliados de Temer.

Por Bernardo Mello Franco

Um processo todo peculiar

Na Folha

O Tribunal Superior Eleitoral consultou o calendário e, surpresa, concluiu que o processo que pede a cassação da chapa Dilma-Temer não poderá mais ser julgado até o fim do ano. O anúncio sepulta oficialmente a possibilidade de novas eleições diretas para presidente.

Quem conhece o pôquer brasiliense sabe que esta carta já estava fora do baralho. Mesmo assim, era mantida sobre a mesa para iludir os jogadores mais desavisados.

No fim de 2014, o PSDB pediu ao TSE que anulasse os votos de Dilma Rousseff e entregasse a faixa a Aécio Neves. A ação dizia que a petista teve uma “pífia vitória nas urnas” e a acusava de crimes eleitorais.

O processo foi arquivado em fevereiro de 2015. Oito meses depois, uma articulação liderada pelo ministro Gilmar Mendes permitiu a sua reabertura.
A ação passou a ser um dos principais fatores de desestabilização do governo petista.

A ameaça TSE aumentou a carga sobre Dilma ao apontar elos entre o petrolão e a campanha. Ao mesmo tempo, acelerou o processo de impeachment no Congresso. O PMDB percebeu que corria o risco de perder tudo se ficasse à espera do tribunal.

Na tarde de 12 de maio, quando Michel Temer assumiu a Presidência, ficou claro que ninguém mais tinha interesse no processo judicial. Os tucanos, que pediam a cassação da chapa, indicaram três ministros do governo interino. Um Aécio sorridente prestigiou a posse do ex-vice.

Poucas horas depois, Gilmar Mendes assumiu a presidência do TSE. A ação que poderia cassar o mandato de Temer passou a se arrastar como um zumbi, e o ministro se tornou presença assídua no Planalto.

Nesta sexta (16), Gilmar foi questionado sobre o desfecho do processo. Um trecho de sua resposta merece lugar nos livros de história: “O futuro a Deus pertence. Vamos aguardar. Nem sei se haverá julgamento este ano. Nós não sabemos também se haverá condenação. Em suma, nós temos um processo todo peculiar”. 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

3 Comentários

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  1. A delicadeza e sutileza para criticar os aliados

    Pelo jeito nunca veremos blogueiros e jornalistas rasgarem o verbo contra PMDB/PSDB… parece que algumas expressões que ficaram comuns no jornalismo agora entraram em desuso: “aparelhamento das instituições”, “projeto de poder”, “formação de quadrilha”, “ditadura comunista”, “obstrução de justiça”… qual a chance de Reinaldo Azevedo inventar um novo apelido para os aliados dos seus patrões?

    Agora o máximo que se vê são esses textos sóbrios fazendo observações críticas para o que antes era tratado como uma abominação inaceitável, digna de escracho total.

    Se houvesse um “powerpoint” sobre a corrupção do direita… a imprensa seria um dos destaques.

  2. Falta informar a quem Bernardo Mello Franco serve

     

    Jornal GGN,

    Não sei quais sãos os vínculos contratuais de você com o grupo da Folha de S. Paulo, mas que se fique claro que o Bernardo Mello Franco não é alguém que mereça o destaque que ele aqui ganha. Não é um bom jornalista nem me parece ser um jornalista do bem. Não é um jornalista do bem como se depreende do artigo “O PT rasga a bandeira de Dilma” que aqui foi transcrito no post “Dilma foi sabotada por seu próprio partido, por Bernardo Mello Franco” de quinta-feira, 25/08/2016 às 10:04 e que pode ser visto no seguinte endereço:

    https://jornalggn.com.br/noticia/dilma-foi-sabotada-por-seu-proprio-partido-por-bernardo-mello-franco

    Ali a intenção era criar intriga. E havia também má qualidade no texto pelo fato de ele se mostrar incapaz de perceber a inviabilidade prática da proposta de eleições já. Só não se trataria de mau jornalista se ele soubesse da inviabilidade, mas ai cai na esparrela do mal.

    E este texto é também com intuito de ficar bem com o PT, mas dando uma notícia que só engana a incautos desenganados. A possibilidade da chapa Dilma Rousseff e Michel Temer ser cassada no STE era nula. No máximo, se a decisão não ficasse para as calendas gregas, o STE poderia acarretar penalidades para o PT, mas não para a chapa. O ministro Gilmar Mendes sabia disso. Ele talvez tenha alguma dívida para com o PT e criou um imbróglio que poderia arrefecer o ânimo contra o impeachment. Não teve êxito na empreitada.

    Enfim a única coisa que serve neste post é conhecer um pouco mais as faltas de qualidade do jornalista Bernardo Mello Franco. O que ajuda a compreender mais os textos dele, mas é ainda insuficiente quando se sabe que para bem compreender um texto é preciso saber a quem ele serve. Avento uma possibilidade, o jornalista serve a quem o paga. Pode ser que esses tipos de artigos tenham utilidade para o grupo empresarial Folha de S. Paulo na medida que o artigo transmite imparcialidade para pessoas com pouca informação. Nesse caso o truque é continuar escondendo a informação que interssa para esclarecer. Com essa intenção trata-se de um bom jornalista que certamente não está a serviço do bem.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 19/09/2016

  3. Uma eleição que ocorreu em

    Uma eleição que ocorreu em outubro de 2014 e passados 2 anos, sua validade ainda encontra-se em aberto para atender aos interesses do momento.

    Continuo achando que o jogo é segurar Temer apenas o tempo suficiente para qie após sua derrubada, a escolha do novo presidente seja pela via indireta.

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