Bumlai narrou caso de Delfim Netto com Belo Monte há três anos à PF

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Reprodução de Youtube
 
Jornal GGN – Alvo principal da Operação Buona Fortuna deflagrada nesta sexta-feira (09), o ex-ministro Delfim Netto teria se encontrado com o pecuarista José Carlos Bumlai no hotel Maksoud Plaza, em São Paulo, em meados de 2010, para tratar da construção da Usina de Belo Monte, no Pará.
 
O ex-ministro teria recebido R$ 15 milhões de propina pela obra, sendo R$ 4,4 milhões já rastreados, entre 2012 e 2015, em troca de ter ajudado a criar o consórcio vencedor e ter supostamente facilitado a subcontratação de outro grupo de empresas que tocou a construção, entre elas a Odebrecht, a Camargo Corrêa e a Andrade Gutierrez.  Aliás, trabalho típico de ocnsultor.
 
De acordo com os investigadores da Lava Jato, foram estas empreiteiras que teriam pago a propina, rastreada pela Polícia Federal. Foi identificado o repasse de uma construtora menor, que também integrou este segundo consórcio, a JMalucelli, de Curitiba, e que também foi alvo de busca e apreensão nesta sexta.
 
A casa de Delfim foi alvo de mandados de bysca e apreensão. O ex-ministro já havia sido arrolado na Operação Lava Jato, sendo apontado por delatores como o “Professor” da lista de caixa dois e repasses da Odebrecht. Em resposta à Polícia Federal, em 2016, ele havia justificado que o dinheiro era referente a serviços de consultoria junto à Odebrecht.
 
De acordo com o procurador Athayde Ribeiro Costa, o ex-ministro mentiu no depoimento: “Ele não falou a verdade. Ele tentou mascarar os recebimentos de vantagens indevidas em supostos contratos de consultoria, cujos serviços jamais foram prestados conforme declarado até pelos colaboradores”, disse. A montagem de um consórcio exige contato com as empresas envolvidas, modelagem econômica que satisfaça todas as partes. O procurador não explicou o óbvio: Não explicou: se os serviços não foram prestados, como o consórcio foi montado? E se o consórcio foi montado, não seria a prova cabal de que a consultoria foi prestada?
 
Ainda relacionado a este caso, reportagem do Estadão recuperou um depoimento de 2015 de José Carlos Bumlai, que narrou o episódio de uma conversa com Delfim em meados de 2010, para tratar sobre a construção da Usina de Belo Monte. 
 
No dia 21 de dezembro de 2015, Bumlai disse que recebeu um telefonema de Delcídio do Amaral ou do próprio Delfim, convidando-o para a reunião no quarto do hotel. De acordo com o relato do depoimento de Bumlai, a PF descreveu que estavam presentes na reunião, além de Delcídio e Delfim Netto, também o sobrinho do ex-ministro, Luiz Appolonio Neto e que a presença de Bumlai seria por sua experiência no setor de engenharia hidráulica.
 
Na ocasião teria sido decidido a formação de consórcios para a Usina. “Delfim disse ao reinterrogando que o governo tinha interesse em montar um segundo consórcio; que Delfim disse que teria sido procurado para montar o segundo consórcio e que este tentaria economizar R$ 15 bilhões para a obra; diante deste panorama Delfim pediu que o reinterrogando lhe ajudasse”, diz trecho do depoimento de Bumlai à PF.
 
Bumlai contou, neste episódio, que teria se afastado do tema após a realização do leilão da Usina. Mas adiantou aos investigadores que “um amigo” disse a ele “que Delfim Netto teria recebido um percentual de comissão pela formação do consórcio”. 
 
Bumlai ainda teria tentado cobrar a comissão à Andrade Gutierrez, mas o executivo contatado afirmou a ele que a empreiteira “já tinha cumprido todos os compromissos referentes à construção da Usina de Belo Monte, inclusive os de cunho político”. A Operação não teve como mira o pecuarista porque, segundo o procurador, não foi verificada vantagem indevida a ele.
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

5 Comentários

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  1. Bumlai….

    Briga de foice no escuro. Estão atirando para qualquer lado. O Professor Delfim passou por uma vida octagenária, por Governo Militar por Redemocratização até consultoria para Lula e Dilma. Temos uma Mente Brilhante destas a nosso serviço. O que as Hienas que controlam este Estado Brasileiro reservam aos Excepcionais? Jogá-los na mesma Latrina do Poder Político. E tem gente que diz não entender o Brasil/2018. 

  2. “Mas adiantou aos

    “Mas adiantou aos investigadores que “um amigo” disse a ele “que Delfim Netto teria recebido um percentual de comissão pela formação do consórcio”. “

    “Disse que um amigo disse que fulano teria recebido…”

     

     

  3. Afinal, qual o critério do

    Afinal, qual o critério do “brioso” aparato de repressão para distinguir o que é lobby, consultoria e corrupção? O que seriam exatamente “vantagens indevidas”? Onde o ponto de corte entre o lícito e o ilícito? A referência é a Lei, o formal, ou a subjetividade partidarizada e ideologizada? 

    Falta pouco para criminalizarem o ar que respiramos.  

     

     

    1. se é tucano, é lobby. se é petista, é corrupção.

      critério simples e infalível!

      se é tucano, é dinheiro de campanha. se é petista, é corrupção. 

      se é tucano, é prescrição. se é petista, vaza a jato. 

      e assim vai

       

  4. Nenhum tucano preso…essa

    Nenhum tucano preso…essa porra de Lava Jato já deu, aliás, o objetivo era só inabilitar o Lula, então pegam alguns figurarntes para o filme da Globo contra o Lula, o A Lei é para Todos(menos para tucanos)…Delfim dá Ibope para o filme da Globo…

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