Caso Marielle: Polícia apreende computador da administração do condomínio de Bolsonaro

Ação acontece um mês depois de o síndico entregar o arquivo de áudio que, segundo perícia do MP do Rio, não comprova a ligação de presidente com suspeitos no crime

Jornal GGN – A Polícia Civil do Rio de Janeiro apreendeu o computador da administração do condomínio Vivendas da Barra, onde o presidente Jair Bolsonaro tem residência e morou até o final do ano passado. No local, mora o policial militar aposentado Ronnie Lessa, acusado de ser o executor do crime.

A retirada do equipamento aconteceu na manhã desta quinta-feira (7), cerca de um mês após o síndico do local entregar à Polícia Civil a gravação onde, segundo perícia do Ministério Público do Estado do Rio, não há ligação direta entre Bolsonaro e os acusados de terem executado a morte da vereadora Marielle Franco.

No dia 14 de março de 2018, o ex-policial militar Élcio de Queiroz, também suspeito do crime, entrou no condomínio horas antes do homicídio. Os investigadores do caso tiveram acesso a uma planilha da portaria mostrado que, naquele dia, Élcio havia dito que visitaria a casa número 58, de Bolsonaro. Lessa mora na casa que tem os números 65/66.

O porteiro disse ainda que acompanhou a movimentação de Élcio nas câmeras e viu que ele se dirigiu à casa 66, de Ronnie Lessa. O funcionário do condomínio voltou a ligar para a casa 58 e a mesma pessoa que ele identificou como “seu Jair”, da primeira ligação que liberou a entrada do ex-PM, disse que sabia para onde Élcio estava indo.

Registros da Câmara dos Deputados, entretanto, apontam que naquele dia Bolsonaro, então deputado federal, estava em Brasília, participando de votações na Câmara. Por outro lado, como divulgado aqui no GGN, a empresa que atende o condomínio de Bolsonaro oferece um sistema de acesso remoto à interfone. Isso significa que a portaria pode autorizar a entrada de visitantes ligando para o celular do morador.

A informação de que Élcio teria dito na portaria que estava visitando a casa de Bolsonaro veio a público no dia 29 de outubro, em reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo. Em menos de 24h, no dia 30 de outubro, o Ministério Público do Rio de Janeiro divulgou o resultado da perícia dos áudios apreendidos dias antes na portaria do condomínio dizendo que a voz que aparece liberando a entrada de Élcio não é de Bolsonaro, e sim de Ronnie Lessa, e ainda que irá investigar por que o porteiro teria mentido.

Entretanto, no dia 1º de novembro, o MP admitiu que não considerou a possibilidade de adulteração dos registros e gravações, também não verificou se os arquivos foram apagados ou renomeados antes de entregues à Justiça.

O áudio analisado pela perícia foi entregue à Polícia Civil no dia 7 de outubro, mês passado, pelo síndico do condomínio, contendo arquivos dos meses de janeiro, fevereiro e março de 2018. A entrega aconteceu dois dias depois de a polícia fazer uma operação de busca e apreensão na portaria Vivenda da Barra, atrás da planilha de controle de visitantes.

Em entrevista à Folha de S.Paulo, o presidente da Associação Brasileira de Criminalística, Leandro Cerqueira, explicou que, sem acesso ao computador que captou os áudios, não é possível saber se o arquivo foi apagado, renomeado ou adulterado.

“A edição pura e simples, se cortou alguma coisa, dá pra fazer [apenas com a cópia]. O arquivo pode não estar editado, mas pode ter sido trocado. Tem ‘n’ coisas que aí não é a perícia no áudio, é a perícia da informática. Para ver se não foi alterada a data ou qualquer outra coisa nesse sentido, tem que ter acesso ao equipamento original. A perícia vai lá, faz um espelho, e perícia o espelho, para garantir a idoneidade da prova”, disse.

*Com informações da Folha de S.Paulo

Redação

7 Comentários

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  1. E a quebra do sigilo da linha telefônica da portaria, que faz as ligações para os celulares dos moradores???!!! Foi feita??????!!!!!! Por gentileza, apurem isso!!!!!!

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