Caso Paraisópolis: Doria é pressionado a afastar do posto ouvidor que criticou ação da PM

Em paralelo, MP-SP investiga tragédia em baile funk como homicídios; 'A forma de lidar com isso é fazer uma apuração dos fatos', diz procurador-geral da Justiça

Jornal GGN – O líder do governo na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), deputado estadual Carlão Pignatari (PSDB-SP), está pressionando o governador João Doria a não reconduzir o ouvidor das polícias, Benedito Mariano, para o cargo.

Em resposta à tragédia que matou 9 jovens e deixou cerca de 10 feridos, após uma intervenção violenta de policiais militares em um baile funk, em Paraisópolis, o ouvidor determinou o afastamento de seis agentes envolvidos dos serviços de rua. Benedito ainda determinou que a Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo, liderada por ele, seja a responsável pela investigação e não o batalhão onde atuam os PMs que participaram da ação.

O mandato do ouvidor vence em fevereiro, mas a sua recondução ao cargo estava prevista, isso porque ele ficou em primeiro lugar na elaboração da lista tríplice enviada pelo Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direito da Pessoa Humana) ao governador.

Benedito recebeu o apoio de nove votos dos integrantes do colegiado. Em segundo lugar está Cheila Olalla (sete votos) e em terceiro Elizei Soares Lopes (cinco). Todos são ligados a movimentos de direitos humanos.

Para o líder do governo na Alesp, entretanto, o ouvidor não deve ser reconduzido por ser “mau-caráter”.

Paralela a essa discussão, o procurador-geral da Justiça em São Paulo, Gianpaolo Smanio, determinou que o Ministério Público no estado investigue as mortes em Paraisópolis não como acidentais, por conta de pisoteamentos, mas como homicídio.

“Designei a promotora do júri para fazer a apuração a respeito dos homicídios que ocorreram em Paraisópolis. Ela vai acompanhar as investigações”, disse nesta terça-feira (3).

“Ninguém gosta de nove mortes; agora, a forma de lidar com isso é fazer uma apuração dos fatos”, completou.

Parte dos PMs que participaram da ação afirmam que o tumulto começou quando dois suspeitos em uma motocicleta, que estavam sendo perseguidos, entraram no baile e atiraram contra os policiais.

Entretanto, outros agentes contam uma história diferente. Segundo eles, ao chegarem no baile, foram recebidos com objetos atirados contra eles. Os agentes então voltaram com mais equipamentos e usaram cassetetes e munição química para dispersar a multidão.

Moradores relataram que os policiais fecharam os dois lados da rua Ernest Renan, onde o baile é realizado, encurralando os jovens em duas vielas estreitas, onde ocorreram os pisoteamentos.

PM dispara arma de efeito moral contra multidão em baile funk em Paraisópolis. Imagem: reprodução

*Com informações da Folha de S.Paulo

Redação

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