Condenação isolada e com brechas de filha de Paulo Preto levanta suspeitas

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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A única relação de Tatiana com os crimes imputados é que uma funcionária de seu marido foi incluída entre as beneficiárias ilegais. Mas o esposo não está entre réus

Foto: Agência Câmara

Jornal GGN – Na condenação do operador do PSDB, Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, a filha do ex-diretor da Dersa, Tatiana Arana de Souza Cremonini, também foi sentenciada a 24 anos e três meses de prisão. Sem argumentação suficiente para incriminá-la, a suspeita é que a condenação contra a filha busca pressionar por uma colaboração do pai.

Tatiana também foi incluída na acusação contra seu pai, de formação de quadrilha, desvio calculado de R$ 7,7 milhões (mais de R$ 10 milhões atuais) de dinheiro público e inserção de dados falsos em sistema público de informação, no esquema de reassentamentos do trecho sul do Rodoanel, obra do estado de São Paulo.

Paulo Preto teria intercedido a favor de quatro funcionárias suas por meio de unidades da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo) e auxílios-mudança, que eram destinados aos atingidos pela obra, os reassentados.

Além disso, outros 1773 pagamentos indevidos de indenizações pelas obras foram identificados, ainda, com supostos desalojados para as obras de prolongamento do complexo viário de Jacu Pêssego.

Paulo Vieira de Souza foi sentenciado a apenas um dia do prazo para valer a prescrição, porque o operador tucano completou 70 anos hoje, e a partir de agora as punições podem ser reduzidas pela metade do tempo estimado.

Mas além dele, a juíza da 5ª Vara Federal Criminal de São Paulo, Maria Isabel do Prado, incluiu entre os sentenciados o ex-chefe do departamento de assentamento da Dersa, José Geraldo Casas Vilela, a 145 anos e 8 meses de prisão, a ex-funcionária da Dersa e delatora, Mércia Ferreira Gomes, a 12 anos e 15 dias, e a filha de Paulo.

A justificativa para as penas contra Paulo Preto e Vilela dada pela juíza é que eles estariam envolvidos nos três crimes denunciados. Mércia, a terceira condenada, obteve uma pena menor apenas porque contribuiu com a Justiça e obteve a redução de sua sentença, que acabou sendo convertida a duas restrições de direitos e ao pagamento de multa.

Já Tatiana foi sentenciada a 24 anos e três meses de prisão e teve a pena convertida em medidas de restrição de direitos. Mas a suspeita de a Lava Jato ter solicitado a inclusão de Tatiana Souza Cremonini entre o banco de réus é de que seria uma forma de pressionar o pai, operador, a fechar acordo de delação premiada com os investigadores.

Na linha defendida pelos próprios procuradores, a única relação de Tatiana com os crimes imputados é de que, assim como seu pai, empregadas da filha também foram incluídas no programa de reassentamento com as obras. Em detalhes, entre todas as beneficiadas estão três babás da família de Paulo, duas domésticas e uma funcionária da empresa do genro de Paulo, ou seja, do esposo de Tatiana.

Mas o marido da filha não está entre os sentenciados. E, de acordo com os próprios investigadores, foi uma decisão de Paulo Vieira a inclusão do nome das seis funcionárias como supostas moradoras do espaço do rodoanel supostamente desalojadas pela obra, entre 2009 e 2011, recebendo apartamentos da CDHU no valor de R$ 62 mil à época, cada uma.

Assim, Tatiana não teria, segundo os próprios argumentos da Lava Jato de São Paulo, influência de decisão sobre os crimes cometidos pelo pai e, ainda que tivesse, os mesmos motivos teriam que justificar também a condenação de seu marido, o que não ocorreu.

Leia, abaixo, trecho da sentença da juíza, obtida pelo GGN:

Processo SP Paulo Vieira Souza
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

6 Comentários

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  1. Pergunta que não quer calar? Era isto Redemocracia? Era esta a promessa de Palanques por Diretas Já no começo dos anos de 1980? Era este o país projetado em Aeroportos de Anistia de 1979? Quem chegou ao Poder, nova Elite Política que ainda estava esperando por ser a nova Elite Financeira sabe que sim. AntiCapitalistas se diziam. O Povo Brasileiro embarcou e comprou a fraude. O tempo é senhor da razão. Conheceis a Verdade. E a Verdade Vos Libertará. Até as pedras sabem que o Tucanato transformou o Ministério Público em um das suas Facções. Quem não se lembra do ENGAVETADOR GERAL DA REPÚBLICA? Qual era o nome principal do MERENDÃO TUCANO, se não outra Figura do MP, Fernando Capez? Onde está o moço, agora? Numa função do Estado de SP, esperando a poeira baixar. PAULO PRETO é apenas ‘testa de ferro’. Nunca foi ‘Coronel’ dentro do PSDB. É fichinha. É Laranja. A Suíça já divulgou os 44 milhões de dólares nas suas contas que pertencem ao Tucanato. Já divulgou outros 4 milhões da Filha de José Serra. A CCR, conluio de Empreiteiras juntamente com o Tucanato, que compraram a liberdade, o território,á água, a Vida dos Brasileiros, já entregou o “Esqueminha dos Pedágios” no PR, com Beto Richa. Paraná é fichinha. Tem cerca de 5 milhões de automóveis. Qual é o tamanho do ‘esquema’ em SP com mais de 30 milhões de automóveis? E por onde trafega cerca de 20% da frota de outros estados? Não vai perguntar caro Sérgio Moro? Não vai ter ‘powerpoint’s, caro Dellagnol? Não terão Conduções Coercitivas? E Delações Premiadas? Quem é o lambari Paulo Preto no meio de Tubarões como Covas, Dória, Picolé, Serra, Aloísio, FHC? Queremos conhecer o “Chefe da Quadrilha”?

  2. Quem escreveu a matéria esqueceu de dizer que a filha de Paulo Preto era sócia da empresa com o Pai, e esta é o fator que a incriminou.

  3. O Serra jamais devolveu (já prescreveu) os salários recebidos como professor da UNICAMP, já que não tem qualquer título universitário reconhecido pelo MEC, como determina a legislação. E mesmo assim, foi duas vezes candidato a presidente e teve dezenas de milhões de votos, foi prefeito, governador, senador, deputado federal por São Paulo e ninguém nunca questionou. Porque nossa hipócrita classe média é do mesmo nível. Podem roubar, mas não podem ser descobertos, senão os eleitores dessa corja fingem passar vexame.

  4. Desculpem o fato de este comentário não tratar do assunto abordado no post, mas, enfim, são todos do mesmo partido de golpistas do Paulo Preto.

    Prefeitura de São Paulo e Governo de SP aplicam golpe nos devedores de multas de trânsito.

    Alguns meses atrás a Prefeitura de Sampa, ainda sob a administração do “gestor” Doria, ofereceu um parcelamento nas multas de trânsito a todos os que estivessem com multas em atraso.
    Paguei e PAGAMOS (centenas de milhares de pessoas) 6 das 7 parcelas do infeliz “parcelamento”.
    Depois, uma “briga” (na verdade um golpe) entre governo estadual e municipal, ambos do mesmo partido, embargou o parcelamento.
    Conclusão: Todas as multas continuam constando no cadastro do veículo e o dinheiro que NÓS pagamos ficou no bolso deles.
    Os canais na internet para pedir ressarcimento estão todos bloqueados.
    Fizeram caixa por tempo indeterminado às custas dos contribuintes duplamente penalizados.
    Paguei (pagamos) as multas parceladas e agora terei que pagar à vista, senão o carro não pode rodar.
    Um verdadeiro golpe nos paulistanos, orquestrado pelos piores quadros do PSDB.
    Viramos credores do Estado, sem querer. Agora eles pagam quando quiserem e se quiserem.
    Nassif, espero que você aprofunde as informações e denuncie essa cafajestada que está sendo solenemente abafada pela nossa grande e porca mídia.
    Abração.

  5. LN,

    você sabe em que ponto ficaram as investigações a respeito da suspeita de envolvimento do Manfred Richtoffen, assassinado sob orientação da então jovem Suzanne, sua filha?

    O assunto é espinhoso pois se trata de investigação sobre alguém vítima de crime bárbaro. Mas eu me lembro de que este assunto foi abordado de modo muito cauteloso pela mídia. Seja pelo risco da injustiça contra o morto, seja pela alcance político de eventuais crimes.

    Não seria o caso de se aprofundar nisso?

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