Contadora que foi traída por força-tarefa de Curitiba se emociona em depoimento a Moro

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Agência Brasil

 

Jornal GGN – Responsável por ter destravado a delação de Paulo Roberto Costa e entregar documentos sobre operações de Alberto Youssef que foram fundamentais para o sucesso da Lava Jato, a contadora Meire Pozza chorou em depoimento ao juiz Sergio Moro, divulgado pelo Estadão na noite de domingo (4), no momentou em que lembrou que foi bajulada pelos procuradores de Curitiba e, 2 anos depois, traída pela força-tarefa.

Meire é acusada de ter vendido um imóvel de Alberto Youssef sendo que a transação havia sido informada com antecedência às autoridades da Lava Jato. A contadora diz que tomou a iniciativa após o doleiro ser preso e deixar dívidas em uma de suas empresas.

Segundo a defesa de Meire, ela foi usada pela Polícia Federal para destravar a delação de Paulo Roberto Costa; foi orientada pelo delegado Márcio Anselmo a colaborar de maneira informal, ou seja, sem acordo de delação com vários processos que tramitaram em Curitiba e somente quando sua relação com a Lava Jato chamou a atenção do ex-ministro da Justiça, Eugênio Aragão, ela foi denunciada.

Leia mais: Como a Lava Jato usou uma mulher para destravar as delações

Diante de Moro, Meire respondeu a uma pergunta de sua defesa, sobre a efetividade de sua colaboração informal, com a voz embargada. “O Márcio [Anselmo] dizia que se eu não tivesse colaborado da forma como eu fiz, muito provavelmente a operação não tivesse chegado onde chegou”, disse.
 
“No dia 17 de março de 2015, aniversário de 1 ano de operação, eu recebi mensagem de toda a força-tarefa dizendo que eles iam comemorar, falando que a vitória era nossa, me chamando para um churrasco de comemoração. Membros do Ministério Público me dizendo que minha colaboração foi imprescindível. Se não tivesse tido minha colaboração, não teria chegado [onde chegou]. Recebi muitas mensagens desse tipo”, acrescentou.
 
A defesa de Meire revelou durante interrogatório de Márcio Anselmo que ela mantinha um grupo no aplicativo WhatsApp com a força-tarefa de Curitiba, e por lá enviava informações que dispunha contra Youssef e seus negócios.
 
“Ele [MP] me fez a proposta de acordo [de delação] e quem encaminhou isso foi o doutor Márcio. Minha conversa foi única e exclusivamente com o doutor Márcio. Eu nunca decidi… Eu me limitei a colaborar dentro do que ele [Márcio] precisava e essas determinações, o caminho, como tudo ia acontecer, sempre foi o doutor Marcio quem me orientou”, disse Meire.
 
Ela afirmou a Moro que no decorrer das investigações, recebeu uma proposta de acordo de delação por meio do delegado Márcio Anselmo, que foi recusada. Meire sequer chegou a descartar a minuta junto ao Ministério Público. O assunto teria parado em Anselmo, que chegou a dizer a Meire que pediria perdão judicial ao juiz, caso ela fosse denunciada pelos procuradores. Diante de Moro, o delegado não admitiu que fez a promessa.
 
“Embora não tehha sido assinado, nós tinhamos um acordo que, para mim, era 100% válido. Era um acordo simples: eu colaboraria como colaborei em todas e quaisquer ações que houvessem, e eles não me denunciariam”, disse Meire.
 
“Era um acordo firmado, um acordo moral, que foi cumprido por eles em 2014, 2015, 2016, e só foi quebrado agora em 2017. Mas existia efetivamente.”
 
O Estadão só divulgou 6 minutos do depoimento de Meire. 
 
https://www.youtube.com/watch?v=d9yjIZcx7XQ&t=4s
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

15 Comentários

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  1. “Meire é acusada de ter

    “Meire é acusada de ter vendido um imóvel de Alberto Youssef sendo que a transação havia sido informada com antecedência às autoridades da Lava Jato. A contadora diz que tomou a iniciativa após o doleiro ser preso e deixar dívidas em uma de suas empresas”:

    So ai o caso ja cai por terra:  se ha documentacao que ja havia sido informado aa LavaBunda, a denuncia eh i le gal.

  2. Pensando bem…

    “O Estadão só divulgou 6 minutos do depoimento de Meire”:

    Isso nao esta me cheirando bem…  alguem sabe onde esta o video completo?

  3.  
    Não pode haver acordo (nem

     

    Não pode haver acordo (nem formal, nem informal) com os órgãos de persecução criminal. A contadora foi usada e enganada.

  4. Conforme o local tudo acaba em pizza, na lava jato em churrasco.

    Alberto Youssef, Meire Pozza, Operação Lava Jato, e seus churrascos… tudo farinha do mesmo saco.

  5. Definitivamente tem alguma

    Definitivamente tem alguma coisa errada nesse video que esta sendo escondida!  O primeiro depoimento dela eh dois videos de um total de uns 50 minutos.  Alem disso, praticamente todos os videos de depoimentos do canal estao completos, inclusive o dela…

    E SOMENTE esse depoimento esta cortado a 6 minutos!

    Ela nomeou nomes!

  6. Este pessoal tem especialização em traições

    parece que só os EUA e os bolsos de alguns é que ficam contentes com estas atuações lamentáveis dos agentes da injustiça brasileira

    1. Companheiro Lucio Vieira,uma

      Companheiro Lucio Vieira,uma ponderação permita-me.Sua graça não seria Lucio Vieira Souza,Silva,Nunes,Carvalho,Pires,Santos,Gomes,Almeida,Machado,Pereira,Nascimento,Barreto,Caldas,Dourado etc etc etc.Confesso-lhe,com esse Lucio Vieira eu me tremo da cabeça aos pés.Você não faz a mais palida ideia dos que os Lima são capazes de fazer.Os R$ 51 milhões foi só um aperitivo.Não se fie nisso.Eu conheço eles.Os Genitores eram os chefes da quadrilha.Presciso desenhar?

      1. Rapaz, a primeira vez que

        Rapaz, a primeira vez que você fez essa piada foi até engraçadinho. Agora já passou das medidas. Deixa o moço em paz.

    1. Nao serve, Djijo, esse eh de

      Nao serve, Djijo, esse eh de 2014 e alem disso ela nao estava sendo acusada de nada aa epoca.  O outro depoimento em duas partes tem uns 50 minutos.  O recente seria esse que o estadao cortou sem explicacao nenhuma.

  7. Juízes, procuradores em policiais lavajateiros cometeram crimes

    Não fosse o “juiz” sérgio moro integrante da mesma ORCRIM Fraude a Jato, esse delegado márcio anselmo, além de outros colegas dele, deveriam não só ser afastados do serviço público, mas processados criminalmente; o mesmo se diga em relação aos procuradores lavajateiros, que foram cúmplces e coniventes com essas práticas criminosas. Mas sérgio moro e comparsas dele no TRF4 são da patota que integra a ORCRIM lavjateira, portanto são inimputáveis e nda sofrerão em virtude dos crimes continuados que têm cometido contra este pobre País.

  8. E o seguinte Meire: tu tens

    Eu acho que lágrimas não amolce o coração do Moro, não, Meire.

    É o seguinte Meire: tu tens uma conta em paraíso fiscal para manipular, omitir, negociar? Não tem? Estás ferrada. O negócio em Curitiba só rola se for na Justiça padrão DD – Dolar Desviado, que por coinicidência, apenas coincidência, são as iniciais do procurador chefe Deltan Dallagnol, aquele profissional dedicado a acabar com a corrupção no país.

    Na justiça padrão DD a mulher do Cunha gastou um milhão de reais lá fora e foi inocentada porque não sabia que o dinheiro era ilegal. Só que o Cunha tem dinheiro lá fora (e aqui dentro também, só que em malas). Dá uma conversada com o Youssef que ele ganhou comissão sobre a delação. Vai que ele te passa algum e você consegue fazer um acordo igual ao do Banco de Andorra do Tacla Duran.

  9. porque

    na reportagem e no video, não aparece o desabafo dela de que QUEIMARAM SEU ESCRITÓRIO, após ela negar a continuação da ajuda à PF ????

     

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