Cuidadoso com Temer, Moro pediu investimentos à sua força-tarefa de Curitiba

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Reprodução
 
Jornal GGN – O juiz da Lava Jato de Curitiba, Sérgio Moro, negou que tenha interesse em se candidatar às eleições, mas opinou sobre decisões parlamentares e, inclusive, sobre a reforma política em tramitação no Congresso, como a forma de financiamento das campanhas eleitorais. “A profissão política é uma das mais belas, mas eu não teria o perfil”, disse Moro durante evento promovido pela rádio Jovem Pan.
 
“Já disse mais de uma vez e reitero quantas vezes forem necessárias que não sou candidato, não serei candidato”, insistiu o magistrado do Paraná, pontuando em seguida o que ele defende ou não dentro do sistema político e, apesar de colocar como um figurativo opositor da política, defendeu que apesar imagem pejorativa que ela carrega – sobretudo desde os avanços da Operação Lava Jato – é uma das profissões “mais belas”, sendo preciso, contudo, ter “o perfil” para aderir.
 
Disse que, na forma como está sendo feita hoje a reforma política “não é uma verdadeira reforma”. “Há uma tendência de quem está dentro do sistema, de quem tem um cargo, queira continuar dentro, e queira deixar fora quem está fora. Então, o financiamento público, por bem intencionado que seja, tem que ser muito bem pensado para evitar esse tipo de problema”, posicionou-se.
 
Sérgio Moro opinou também sobre a forma de financiamento eleitoral: “Não pode, por exemplo, empresa contratada do poder público fazer doações. Me parece uma questão muito óbvia”. Mas esteve do lado dos políticos ao confirmar que é preciso pensar em algum tipo de financiamento das campanhas, sem ocorrer os “casos grotescos” em que grandes empresas doadoras firmaram “uma espécie de contrato de seguro” com políticos.
 
No evento que contou com a participação também da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, e de um dos autores do impeachment de Dilma Rousseff, Miguel Reale Jr, Moro disse que o combate à corrupção “não é tão caro”, em recado ao governo federal: “valeria a pena ter um efetivo maior da Polícia Federal e dar condições a eles de realizar o trabalho em Curitiba”, disse, sendo específico no interesse por sua força-tarefa local no Paraná.
 
Tentando a cordialidade junto ao próprio atual presidente da República, Michel Temer, o juiz Sérgio Moro não mencionou o nome do mandatário, mas saiu em sua defesa, ao afirmar que não há “uma intenção deliberada de enfraquecer a Operação [Lava Jato]”, mesmo após o corte de investimentos na Polícia Federal e a tentativa de renovação da equipe de investigadores.
 
Com um cuidado pouco visível em outras ocasiões, como para a defesa dos próprios processos que comanda e em réus já condenados, como petistas, o ex-deputado Eduardo Cunha e outras figuras públicas, Moro disse apenas a Temer que “acho que não é o momento de vacilações”: “é preciso investir para chegar com esse caso até o final”.
 
 
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Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

11 Comentários

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  1. A força-tarefa é do

    A força-tarefa é do Ministerio Publico, não da Justiça Federal. Eu sei que parece uma coisa só mas

    nunca deveria ser, Juiz e Ministerio Publico são entidades em oposição e não em colaboração.

    1.  
      Mas, na república de

       

      Mas, na república de curitiba, ministério público e justiça são entidades de perseguição às esquerdas em geral. 

  2. Talvez em relação a este

    Talvez em relação a este sujeito um dia eu sossegue quando eu o ver listado na INTERPOL  ..como procurado

    por que não ?

    Violação de direitos elementares como o da presunção da inocência ..atentado contra a Constituição ao violar o teto Constitucional de proventos  ..crime de lesa pátria ao fornecer informações privilegiadas a estrangeiros e a divulgar ILEGALMENTE gravação de PRESIDENTE da República..

    ..apologia política em exercício no cargo de magistrado ..crime de tortura e desgaste emocional potencializando tentativas de suicídio e a perda de saúde resultando até na MORTE prematura de réu..

    ..adulteração de processo desvirtuando causa, petição e foro, misturando processos, intimidando testemunhas e acuando diversos réus ..fazer apologia de suas causas pronunciando-se fora dos autos e se autopromovendo em redes sociais

    enfim ..motivos pra mim não faltariam ..indo das mais simples às mais teratológicas faltas jurisprudenciais    ..inclusive o de FALSA COMUNICAÇÂO DE CRIME e CRIME DE LESA HUMANIDADE ao se valer de atos partidarizados e oportunistas que facilitaram a ação dos GOLPISTAS contra a nossa POBRE democracia
     

  3. O desmonte do estado era

    O desmonte do estado era premeditado, por isso o juiz queria confiscar diretamente parte do dinheiro recuperado da petrobras, isso para aprovar reformas absurdas encampadas pelos golpistas.

  4. De uma pernada só Morô

    De uma pernada só Morô substituiu todo o Ministério Público Federal e o CNJ, com STF E ST…

    A Sra. Dodge e a Carminha com toda a turma do stf deixam de ter sentido de existir.

    Vamos eleger MORÔ rei do Brasil.

  5. Os bandidos se protegem

    sérgio moro é cuidadoso em relação a michel temer por uma razão simples: é tão bandido quanto ele; e os bandidos se protegem.

  6. Tudo a ver!

    A foto acima traz um simbolismo muito grande: moro empunhando microfone da jovem (?) pan. Há uma ligação à casa-grande com a foto em que ele aparece aos risos com um certo senador, hoje livre, leve e solto como um pássaro – embora havendo Justiça devesse estar atrás das grades -, tendo ao fundo o emblema de outra publicação, cujo nome recuso-me a mencionar. Mas no brasil há justiçamentos; não há o Brasil da Justiça (em todos os sentidos da Palavra).

  7. já entendi!

    “Já disse mais de uma vez e reitero quantas vezes forem necessárias que não sou candidato, não serei candidato”

    vai sair candidato!

  8. “A profissão política é uma

    “A profissão política é uma das mais belas, mas eu não teria o perfil”,  -disse moro. Concordo e acrescento: Não tem perfil nem pra ser juiz.

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