Delegados da PF vão se calar em CPI, por Fernando Brito

Enviado por Webster Franklin

Do Tijolaço
 
Delegados da PF vão calar em CPI. É medo do seu colega Fanton? Leia o que ele diz

 

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Valor, hoje, anuncia que “Os delegados que atuam na Lava-Jato no Paraná já se prepararam para enfrentar os parlamentares que os convocaram para depoimento à comissão instalada na Câmara relacionada às irregularidades na Petrobras desvendadas pela operação”.

Por que tanta preocupação de autoridades policiais que, quando querem, vazam depoimentos, delações e tudo quanto lhes convenha?

A razão pode estar em um dos depoimentos marcados para amanhã na CPI da Lava Jato, que tem tudo para jogar luz sobre a obscura rede de intrigas e ilegalidades que se formou na Polícia Federal do Paraná.

É o do delegado Mário Fanton, que produziu um despacho em maio deste ano onde aponta, detalhadamente, os indícios de manipulação que, ao final, o fazem recomendar ao Ministério Público que “reanalise as provas, inclusive a sindicância da escuta clandestina, se possível refazendo-a, e conduza diretamente a presente investigação ou com grande proximidade a um novo delegado a se indicar, pois não acreditamos mais nas provas antes constituídas”.

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Em julho, Aguirre Talento publicou que “Delegado da PF relata pressão de colegas em investigação no Paraná“, informando que Fanton  relatava  que as pressões eram “para quererem ter ciência e manipular as provas”. Um mês depois, Marcelo Auler apontava em seu blog mais alguns baldes de lama encontrados na suposta investigação sobre a escuta e em outras nas atividades do grupo da Polícia Federal na Lava Jato.

O próprio Auler, na edição desta semana da CartaCapital, descreveu as circunstâncias das pressões narradas pela Folha.

“Em 4 de maio, ao saber que não ficaria na cidade, o delegado [Fanton] colheu o depoimento de[Dalmey] Werlang [agente da PF especializado em escutas], que pela primeira vez admitiu a instalação dos grampos. Em seguida, registrou sua apuração em cinco laudas. Nesse registro, acusou os delegados Igor Paula e sua mulher [ a delegada Daniele Rodrigues] de “quererem ter ciência e manipular provas, sendo que o principal setor de vazamento de informações da superintendência é o NIP”.

Agora, o Tijolaço teve acesso à íntegra do despacho do Delegado Fanton – que está em poder da CPI – , com todos os detalhes de como se deu esta manipulação e tentativa de supressão de provas por parte dos dois delegados.

Agora, o “coletivo de delegados” quer se recolher ao silêncio na CPI, alegando que a comissão “não deve atuar como delegacia de polícia”.

Não mesmo, se é assim que eles fazem funcionar a Delegacia de Polícia Federal em Curitiba, manipulando, ameaçando, escondendo o que é ruim e vazando o que ajuda a se exibirem como os “moralizadores do Brasil”, enquanto praticam, no silêncio, as maiores irregularidades.

E, com a ajuda do Ministério Público local, ai de quem as denunciar.

Leia o despacho de Fanton, pela primeira vez publicado na íntegra.

http://pt.slideshare.net/slideshow/embed_code/key/DZK52k53bcJ6hk

 

Redação

10 Comentários

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  1.  
    Como servidores públicos

     

    Como servidores públicos que são, esses delegados não poderão se calarem diante da CPI, sob pena de praticarem improbidade administrativa.

  2. Apesar das CPIs terem sido

    Apesar das CPIs terem sido desmoralizadas pelo mau uso de políticos demagogos e sem espírito público, isso não a destitui da institucionalidade nem subtrai uma vírgula das suas atribuições. É um instrumento posto à serviço do Parlamento, um dos Poderes da República, para investigar o que este julga como necessário. 

    Claro que por ser uma Casa essencialmente política não se pode querer que os instrumentos pelos quais exerça seu mister sejam isentos, neutros de colorações partidárias-ideológicas. Entretanto, isso em nada reduz suas prerrogativas, dentre as quais se inclui convocar quem quer que seja para depor, máxime agentes públicos, como é o desses delegados da Polícia Federal. 

    Como leigo em Direito apenas opino: podem esses servidores do Estado apelarem para o recurso do silêncio se não estão sendo acusados de nada? Não são réus ou mesmo só indiciados? Tal postura, se concretizada, não denotaria um desrespeito ao Congresso Nacional e um indício de que retem informações comprometedoras contra eles mesmos? 

    Sim, num processo penal se sabe que testemunhas que detenham a guardam de assuntos confidenciais podem escusar-se de falar. Será que se ancoram nessa prerrogativa? 

    Acima de tudo e de todos está a LEI. 

     

     

    1. seria surreal

      alem de incorrer em algum mandamento penal o fato de, em comissão de investigação prevista entre tantas para a  DEFESA DO ESTADO, detentor de carreira de ESTADO se calar.

       

      Faço parte de uma carreira dessas e pra mim É INCONCEBIVEL não responder como testemunha a qq tipo de questionamento feito dentro dos tramites legais. 

      1. Certo,

        Certo,

        mas quem vai reclamar disso, o PT, a “esquerda?

        … Já era, é vale tudo. Chute no saco e dedo no olho é pouco na disputa pelo poder…

        Da imprensa e da manada de “classe mééédia” é que não se pode esperar nada. São eles que estão silenciando literalmente.

        E eu coloco mais um grão de sal: ao se calarem consentem que podem e devem ser investigados a esfera CRIMINAL, e não somente na administrativa.

  3. Ué mas não são funcionarios

    Ué mas não são funcionarios publicos que devem explicações a seus superiores? Isso pode Arnaldo? Quer dizer, os integrantes da lava a jato adoram uma entrevista mas quando é para prestar esclarecimentos por dever de oficio se calam?

  4. Dever funcional* de falar, enquanto são agentes da lei

    Se querem usar o direito de ficar calados como “cidadãos”, que o façam, mas que sejam exonerados (ou no mínimo suspensos até que falem), deixem de ser policiais, onde têm a o dever, obrigação de esclarecer fatos e invesigações.

    A esculhambação geral em que chegamos é que falam (divulgam, vazam) o que não podem (por dever funcional e legal), cometem ilicitudes (grampos) e ações espetaculosas e desnecessárias (algemas, coerções e agendas com a míRdia) e se calam quando podem e devem contribuir em outras instâncias.

    Policia sem disciplina, autoridade e hierarquia passa a ser partido.

    Com poder de policia.

    (*) funcional, moral e legal

     

     

  5. A impressão que dá é que se

    A impressão que dá é que se instrumentalizou toda a PF do Paraná para que aja sempre em função de destruir o PT, em dar suporte ao impedimento da presidente da república em detrimento da lei. Não importa o que se faça desde que se de subsídio para os golpistas seguirem com seu propósito. 

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