Depois de O Antagonista, jornalista da Folha também pressiona contra CPI da Delação

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Na esteira da campanha do blog O Antagonista contra a instauração da CPI que vai investigar a indústria das delações premiadas na Lava Jato, Folha de S. Paulo publicou artigo nesta quinta (21) tratando a comissão como “descabida” e lançando uma verdadeira cortina de fumaça sobre o que realmente pode vir à tona.
 
Assinado por Bruno Boghossian, o artigo usa argumentos de toda sorte para minar a CPI, mas omite os escândalos que estão na mira dos deputados.
 
O caso de Rodrigo Tacla Duran é um dos mais gritantes, pois envolve os procuradores de Curitiba e o padrinho de casamento de Sergio Moro, o advogado Carlos Zucolotto. Ex-sócio do Rosangela Moro, Zucolotto teria, segundo Duran, cobrado 5 milhões de dólares em propina para negociar uma delação premiada com a Lava Jato e reduzir o valor da multa que o investigado teria de pagar após ser acusado de lavagem de dinheiro.
 
Desconectado dessa realidade, o repórter da Folha escreveu que a CPI das delações, a exemplo da CPI da JBS, vai ser “contaminada por motivações políticas”, disse que os deputados querem mais é se safar das acusações e usarão a comissão para esvaziar o instituto.
 
O autor ainda recomendou que as acusações – como a de que o advogado Antonio Figueiro Basto vendia proteção a doleiros – devem ser apurada por “policiais e procuradores, e não por uma CPI”. Folha escondeu que os próprios investigadores podem ser arrastados para a CPI e que a cúpula do Ministério Público Federal não demonstra interesse nenhum em analisar os casos. Prova disso é o episódio envolvendo Marcelo Miller, ex-procurador que atuou na delação da JBS. Até Gilmar Mendes já cobrou publicamente que a Procuradoria Geral da República apure o que ocorreu com Miller e, até agora, Raquel Dodge não apresentou resultados.
 
Gilmar também citou a Lava Jato em Curitiba quando lembrou que o advogado e irmão do procurador Diogo Castor de Mattos atuou na defesa de João Santana. Há ainda outros relatos de advogados que foram sabotados pelos procuradores, que impõem aos réus os escritórios com os quais querem negociar.
 
Nada disso foi citado no artigo de Bruno Boghossian, para quem a CPI é simplesmente “descabida”, embora tenha defendido que o instituto da delação precisa ser aprimorado. Para isso, porém, ele confia apenas no Judiciário, que começou agora, depois de 4 anos de Lava Jato, a ser “mais rigoroso nos casos baseados somente em delações”. Ele citou o julgamento de Gleisi Hoffmann.
 
“O papel do STF, do Ministério Público e da Polícia Federal, agora, é aplicar esse padrão de forma mais cuidadosa”, apontou. Nenhuma linha foi escrita sobre como fica a situação de figuras como Lula, que está preso em decorrência de um juízo que não foi tão rigoroso assim quanto ao uso exarcebado e exclusivo de delações premiadas.
 
Na noite da absolvição de Gleisi no Supremo, Paulo Pimenta e Wadih Damous fizeram uma transmissão ao vivo ironizando a campanha de O Antagonista contra a CPI das Delações. Segundo os parlamentares, o blog publicou, no mesmo dia, mais de 60 postagens contra a instauração da comissão. O movimento fez deputados recuarem.
 
O GGN e DCM, em parceria financiada pelos leitores dos dois blogs, produziram um documentário e uma série de reportagens sobre a indústria da delação premiada. Assista:
 
https://www.youtube.com/watch?v=HUduKGWp6xU
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

5 Comentários

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  1. Essa CPI já era, mas virão outras… e vacinadas contra a mídia!

    Pelo jeito essa CPI aí será melada pela mídia… ÓTIMO!!!

    A próxima já deve ser criada vacinada contra isso! 

    Deve-se analisar o que deu errado nessa e partir para uma “nova CPI” sem as partes negativas que foram exploradas dessa vez pela mídia.

    Tem que usar o “método Eduardo Cunha”… ir tentando até aprovar…

    DEPOIS DE APROVADA A CPI… AÍ JÁ ERA… ELES PERDEM O CONTROLE… SE MORO, DALLAGNOL E OUTROS PROCURADORES FOREM OBRIGADOS A RESPONDER PERGUNTAS EM UMA CPI… ADEUS LAVA-JATO!!!

  2. chocado mas não surpreso

    A fsp, que um dia foi um jornal que se podia ler, não quer a CPI.

    Ora, ora porque será? Vai ver que descobrem a verdade. 

    Vai ver que desmascara a farsa da “republica de curitiba”

    E o jornalista realmente acredita no que escreve? ou somente o que o patrão manda?

  3. Onde o cal@ aperta
    Alguém lembra da “Folha, de rabo preso com a notícia”?

    Versão século XXI, com ar vintage.

    “F@lha, de rabo preso… com a polícia, com a malícia, com a preguiça, com a sub-reptícia distorção da notícia, com a icterícia política, com a judiciária im-perícia, com a farsa, a fraude e a empáfia, a ganância e a impudicícia, com a arrogância da presunção de verdade onde abunda fictícia autoridade jornalística, com a estultícia, a advocatícia voz do patrão pela vitalícia submissão da nação.

    Pergunta: qual o interesse da Falha em abafar investigações sobre graves acusações que põem em xeque o Golpe? Se a dita era branda, o Golpe não poderia ser sujo, não é?

    SAMPA/SP, 21/06/2018 – 17:25

    1. Genealogia do rabo preso
      Minha memória de ex-leitora me traiu e mesmo ao esculhambar a Folha, lhe atribuí uma nobre pretensão que, a bem da verdade factual e da propaganda, ela nunca teve, “o rabo preso com a notícia” – minha memória ultimamente é um festival de atos falhos, valha-me Jung&Freud de todos os Santos -, porque o slogan correto era “De rabo preso com o leitor”. O que também dá muita rima boa pro rumo ruim que a
      Falha tomou – na verdade, revelou, pois antes ela apenas foi cínica de se apropriar dos eventos populares como as Diretas para sobreviver como negócio modernoso e lavar sua imagem de aliada da ditadourada.
      Mas a melhor paródia da Falha ela mesma fez na propaganda dos Classificados, com o ratinho (personagem, não o apresentador): tentou de tudo para ser líder em vendas, e não é que conseguiu? Quem diria que 20 anos depois do merchand, o Golpe de 2016 que ela ajudou a dar vendeu tudo o que o país tinha de riqueza material! Será que usaram seus editoriais como o espaço ” desclassificado” para anunciar a pechincha? Hum, quanta dúvida…

      “Se você quer vender alguma coisa, Pense Big.
      Big títulos com três big linhas. Big Folha. Imóveis, empregos, veículos ou tudo”. Será que acham que o pré-sal é o McDonalds?
      “Se você quer vender soberania, Big Folha. Big títulos, e lá vão as refinarias. Big Folha. Território, Estado, Ativos e Democracia, venda tudo!”

      O ato falho da Folha é pior que os meus: neste comercial, ela fala tudo que fez mas que ainda não tinha sido suficiente para ser líder em classificados; até ajudou a derrubar um presidente (o Collor, supõe-se) – uma dica do que pode ter motivado seu interesse no golpe, que defendeu ser impeachment, conseguir emplacar mais vendas, agora do Estado brasileiro com quase tudo dentro (povo está fora, como fiador, e a maioria dos políticos já estava vendida mesmo), e assim como achou engraçado maltratar animais na propaganda, em que a figura do rato era um covarde disfarce para sua violência não ser repudiada – o asco associado ao animal o impedia -, agora se diverte sadicamente com a sevícia ao povo brasileiro, que no fim das contas não passa de rato asqueroso para essa gente da granfinalha.
      Será que a Falha vai chutar o juizeco de voz irritante como faz com o rato, de voz idem, na propaganda depois de a Maior Venda de Todos os Seus Desclassificados ser concluída? “F@lha, não dá pra não escarnecer”.

      [video:https://m.youtube.com/watch?v=r5pKQLEtUQ%5D

      https://m.youtube.com/watch?v=r5pKQLEtUQ

      Sampa/SP, 21/06/2018 – 23:26 (alterado às 23:29 e 23:37).

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