Deputados cobram de MP-SP resposta sobre tucanos acusados por Odebrecht

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Divulgação

Da RBA

Por Eduardo Maretti

Para deputados, revelações da Odebrecht exigem resposta do MP-SP sobre tucanos

Após reunião realizada ontem (20) com o procurador-geral de Justiça Gianpaolo Smanio, deputados da bancada do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo afirmam esperar providências e investigação séria por parte do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) sobre formação de cartel no Rodoanel paulista e no Programa de Desenvolvimento do Sistema Viário Estratégico Metropolitano de São Paulo.

Informações reveladas a partir de acordo de leniência da Odebrecht no âmbito do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e do Ministério Público Federal (MPF) indicam que houve formação de cartel em várias obras no período dos governos tucanos de Geraldo Alckmin (2004-06), José Serra (2007-2010) e Alberto Goldman (2010). O acordo com a empreiteira levou o Cade a instaurar inquérito no mês de agosto.

“Indagamos ao Ministério Público o que eles fizeram ao longo de tanto tempo sobre questões que envolvem os governos Alckmin e Serra, já que há várias representações da bancada do PT pedindo investigações desde duas legislaturas anteriores. Queremos saber também o que farão, dada a gravidade das novas revelações”’, diz o líder do PT na Assembleia, Alencar Santana. Segundo ele, o procurador-geral e sua assessoria prometeram atualizar as informações sobre as representações dos parlamentares petistas ao longo do tempo.

A Odebrecht revelou que um esquema existiu de 2004 a 2007 nas obras do Rodoanel e de 2008 a 2015 em projetos do sistema viário. Somadas, elas custaram R$ 10 bilhões aos cofres públicos. Em setembro deste ano, o MP-SP recusou-se a firmar um acordo de leniência com a mesma Odebrecht, para que a empreiteira desse informações sobre pagamento de propina em obras do Metrô, DER, CPTM e Dersa, envolvendo os governos de Alckmin e Serra.

“Diante das evidências de agora, eles terão que dar retorno sobre os questionamentos que fizemos. Pontuamos as questões e prometeram que vão nos responder todos os pontos”, afirma o deputado Zico Prado, que participou da reunião com Smanio. Segundo ele, o procurador-geral se comprometeu a responder os questionamentos logo depois do recesso forense, que termina em 6 de janeiro.

Os parlamentares pretendem ir a Brasília para requisitar mais informações junto ao Cade e o MPF sobre as informações contidas nos documentos entregues pela Odebrecht aos órgãos.

De acordo com o líder petista, a conversa com Smanio foi franca. “Nós dissemos inclusive que, na nossa opinião, o Ministério Público de São Paulo tem agido para proteção dos governos e políticos tucanos e não tem tomado nenhuma medida efetiva para investigar nada do que é revelado e acontece em São Paulo envolvendo as obras do metrô, de mobilidade e outras”, diz Alencar Santana. “Se as coisas não andarem, será um descaramento e o Ministério Público de São Paulo assume que de fato tem um lado na história, que o lado deles é o PSDB. A verdade pode ser que o governador é responsável, e pode ser que não. O que não pode é ficar essa dúvida”, afirma.

 “Espero que agora, com os dados que têm, o Cade e o MP esclareçam o mais rápido possível, porque está tudo evidente, eles nem precisam mais investigar nada, está tudo pronto”, acrescenta Zico Prado.

O deputado diz esperar que o andamento do processo no Cade não se arraste indefinidamente, como aconteceu no processo que investigou cartel na indústria de suco de laranja no estado. O caso chegou ao Cade em 1999 e apenas em 2016 foi firmado um Termo de Compromisso de Cessação. “Só depois de quase 20 anos tomaram uma decisão sobre o caso da citricultura”.

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

4 Comentários

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  1. Dificilmente eles vão se

    Dificilmente eles vão se mecher do lado certo . Me lembro muito bem do estudo de uma pesquisadora que estava fazendo um trabalho das relações da justiça e o MP de São Paulo com relação os governos tucanos , bem como aquele procurador que esqueceu na gaveta processo do ‘trensalão ” na gaveta , quando solicitado várias vezês pelo pelo MP Suíco .

    Na AESP   , não passa nada  contra tucano e aliados . O que fazer ?, Deixar o governador se candidatar e perder de novo para Lula . ou o seu indicado . 

  2. O Crime Político Compensa
    Nassif, agora vai. Aberto o precedente de Maluf, podemos esperar destino igual para os políticos que há 35 anos, desde Montoro, dominam o cenário político paulista. Claro, ao completarem 86 anos como Maluf, teremos a detenção de Serra (em 2028), Alckmin (em 2030) e Aloysio Nunes (2031), sem falar em Aécio Neves (2046) ou Michel Temer (2026). É claro que até lá todos os crimes deles estarão prescritos – como já caducou o gasto de US$ 9 bilhões para despoluir o Tietê mais imundo do que nunca -, mas o que vale é essa cobertura da imprensa mostrando que temos Justiça, sim, e que até corruptores como o herdeiro da Odebrecht estão sentenciados à prisão domiciliar em sua mansão de dois mil metros quadrados, muito embora o malogro da tornozeleira eletrônica permita que se desloquem livremente, sem aquele tormento nas canelas. Com isso, nossos deputados oposicionistas poderão comemorar vitória por decurso do tempo de vida de nossos políticos corruptos, já que durante a vida útil dos mesmos se limitam à façanha de cobrar do MP-SP (o mais bem pago do mundo e, por isso mesmo, o mais omisso) o enquadramento penal de quem poderia ser preso a qualquer momento, bastando demonstrar que amealharam patrimônios incompatíveis com seus proventos. Mas, porém-contudo-todavia, isto iria requerer deles um esforço inaudito para quem ostenta pertencer ao partido dos… trabalhadores…

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