Dodge mantém discrição em guerra de procuradores com Temer

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – A segunda denúncia contra Michel Temer gerou um acirramento de conflitos entre o mandatário e o ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Mas se a intenção de Temer era desqualificar os meios de condução de investigações de Janot, o resultado obtido foi um embate criado com o próprio Ministério Público Federal (MPF) e demais procuradores.
 
Apesar de a nova PGR ser uma indicação de Temer e de, nos últimos dias, o presidente enfatizar valores e elogios a Raquel Dodge, a procuradora tem evitado responder aos elogios ou trocar gentilezas, a fim de evitar quaisquer interpretações de conflito de interesses. E, como instituição, o Ministério Público Federal esconde os acirramentos internos e se mobiliza para defender seus integrantes contra ataques do Planalto. 
 
É nessa linha que vem atuando os procuradores em resposta às defesas de Temer e dos ministros Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) e Eliseu Padilha (Casa Civil), entregues nesta quarta-feira (04). A peça que se dedicou a criticar e tirar a credibilidade dos investigadores, foi acompanha da publicações nas redes sociais do Planalto, chamando-os inclusive de “organização criminosa que quis parar o país”. Ela foi recebida com críticas em troca.
 
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Um deles foi o coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol. Já publicamente não afeito a engolir críticas, o polêmico procurador rebateu Temer: “”Só há uma associação criminosa que quis parar o país: aquela que desviou bilhões de reais dos brasileiros e deve responder por isso”, disse em sua conta no Twitter.
 
Também se manifestou a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), que disse que o presidente utilizar “meios oficiais para ofender sem qualquer base a instituição do Ministério Público Federal” é “absolutamente incabível e irresponsável”.
 
Em nota oficial, a ANPR lembrou que o mandatário é “quem responde à acusação – lastrada em numerosas provas de fatos concretos – de pertencer à organização criminosa”. “Os membros do MPF – ofendidos de forma generalizada pela mensagem do presidente, como se fosse esta instituição da República e seus componentes a quadrilha -, ao oposto, fizeram mais uma vez um trabalho técnico, impessoal e isento”, adicionou.
 
De acordo com o presdente da Associação, José Robalinho Cavalcanti, as críticas do mandatário não partiram de sua defesa, o que seria visto como algo mais natural. “Não foi o advogado. Foi o próprio Temer usando o canal de Twitter dele, como presidente, fazendo uma declaração vista como um ataque ao MPF inteiro, quando chamou de organização criminosa. É muito diferente de uma declaração do advogado dele, por mais dura que seja”, posicionou.
 
Apesar de ser um dos epicentros do conflito, a nova comandante da PGR, Raquel Dodge, mantem a distância de entrar em polêmicas. Não responde aos elogios de Michel Temer e dá passagem para que outros integrantes do MPF questionem e critiquem o mandatário.
 
De acordo com membros da PGR próximos a Dodge, a chefe do MPF não deve entrar em guerra com Temer e tampouco se manifestar publicamente contra as manifestações do mandatário, considerando que ações contra ele estão em andamento. 
 
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

6 Comentários

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  1. Na cara dura

    Se Dilma não tivesse a metade da dignidade e do pudor que tem… O Temer é mesmo um lambe-botas sem carater. Esta ai sem nenhum pudor, tecendo loas à nova procuradora. Nos é que somos bobos?

  2. ?

    Nassif, não sei nada sobre a Dra. Dodge, mas quando ela fez aquela visita noturna ao Temer logo após sua indicação, a pretexto de tratar da cerimônia de posse, fiquei com um elefante atrás da orelha.

    A impressão que tive é que ela iria livrar a cara do Temerário.

    Gostaria de saber que você e os comentaristas acharam daquilo.

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