Doze fases se passaram e Lava Jato ainda não sabe quem é o “Santo” da propina em SP

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Doze fases da Lava Jato se passaram entre a operação Acarajé e a Omertà, e a força-tarefa ainda não identificou quem é o “Santo” que aparece como receptor de propina da Odebrecht em pelo menos duas obras que ocorreram durante as gestões do PSDB em São Paulo: a duplicação da rodovia Mogi-Dutra e a expansão de linhas do Metrô.

O codinome “Santo” consta na famosa planilha da Odebrecht que vazou em meados de março e, imediatamente, foi colocada sob sigilo pelo juiz federal Sergio Moro, que remeteu a parte que envolve repasses da companhia a políticos para o Supremo Tribunal Federal.

De acordo com o Estadão desta terça (27), se a Polícia Federal tivesse identificado quem é o Santo que aparece nas anotações apreendidas pela Lava Jato em posse de um dos diretores da Odebrecht, ele poderia ter sido indiciado na nova fase, chamada de Omertà – que, ao lado da fase Arquivo X, foi classificada pelo ex-presidente Lula como operação “Boca de Urna”, pois atingiram apenas o PT com os pedidos de prisão contra Antonio Palocci e Guido Mantega.

A publicação de hoje dá uma nova pista sobre Santo: ele aparece ligado a um pedido de pagamento de R$ 500 mil, em 2004, relacionado a uma “ajuda de campanha” com vistas aos “interesses locais” da Odebrecht em São Paulo.

A PF disse não ter identificado quem é Santo mesmo sabendo quem talvez poderia fazê-lo: o diretor da Odebrecht responsável pelo contrato da Linha 4 do Metrô, Marcio Pellegrini, que foi quem enviou a mensagem com o pedido de “doação” ao Setor de Operações Estruturadas da empreiteira, conhecido como “departamento de propinas”.

Santo é apenas um entre vários potenciais receptores de propina sob as gestões do PSDB em São Paulo que figuram na lista da Odebrecht que está com a Lava Jato há pelo menos seis meses, a julgar pela data da primeira notícia sobre o assunto na imprensa.

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Em 26 de março, a Folha de S. Paulo mostrou, com base nos documentos da Lava Jato apreendidos na fase Acarajé, que Santo era o destinarário de R$ 3,3 milhões em propina referentes a um contrato de R$ 68 milhões vencido pela Queiroz Galvão na licitação da duplicação da rodovia Mogi-Dutra.

A suspeita é de que houve cartel e favorecimento a empresas derrotadas no certame, entre elas a Odebrecht. “Padrão idêntico levou o Ministério Público Federal a apontar a formação de cartel das empreiteiras para lotear as obras da Petrobras, mediante pagamento de propina”, anotou a Folha. Mas diferentemente do que ocorreu com o caso da Petrobras, a denúncia envolvendo obras sob a gestão Alckmin não avançou.

No manuscrito apreendido pela PF, os R$ 3,3 milhões aparecem como “custos com Santo” em função da licitação. Há ainda outro trecho nos documentos, de acordo com a Folha, indicando que o pagamento a ele pela Odebrecht deveria ser de R$ 687 mil, em parcelas. A primeira parcela sairia no momento da homologação da licitação, em fevereiro de 2002. A segunda, na assinatura do contrato, e as demais, ao longo da execução da obra.

“Como ainda não existe análise dos peritos sobre as anotações e o respectivo cruzamento com desembolsos do governo, não é possível afirmar se as projeções da anotação encontrada com o executivo se concretizaram.”

À época, o governo Alckmin disse que não iria tecer comentários pois se tratava de um problema da Queiroz Galvão. Hoje, com o indício de propina na obra do Metrô, diz que não mantém esse tipo de relação com empreiteiras.

Quando a planilha da Odebrecht vazou, Dilma Rousseff ainda não havia sido afastada da presidência em caráter definitivo. Somente quando a primeira decisão do Senado sobre o impeachment saiu, em maio passado, é que Michel Temer assumiu o cargo e indicou para o Ministério da Justiça o então secretário de segurança pública de São Paulo, Alexandre de Moraes.

Uma das primeiras ações de Moraes foi visitar a Lava Jato em Curitiba. Essa semana, ele se envolveu em polêmica ao antecipar a prisão de Antonio Palocci pela Lava Jato. Quem fez o pedido de prisão foi a PF.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

31 Comentários

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  1. Claro que o Santo é o Lula

    eu não tenho prova, mas tenho convicção que o Lula, que é o próprio tinhoso, tentou se passar por picolé de xuxú só para incriminar o inocente tucano comedor de merenda.

  2. Santo Helicóptero

    Eeles também não chegaram ao nome dos donos da cocaina do famoso caso Helicoca. Parece que nesses casos quem têm as vendas são os investigadores e não o simbólo da (in)justiça.

  3. Santo de casa fazendo milagre… o milagre da blindagem total

    É um santo muuuuuito forte… não falha nunca… vamos apelar às estatísticas para tentar descobrir o dono do milagre:

    99,9999% das vezes que a Polícia Federal não conseguiu descobrir algo era por que envolvia alguém do esquemão PSDB/Mídia.

    99,9999% das vezes que a Polícia, o MP ou algum Juíz foi severo e agiu sem provas ou fora da lei foi contra o PT.

    99,9999% das vezes que o Domínio do Fato foi usado é por que era alguém do PT.

    99,9999% das vezes que a mídia não se interessou por algum caso de corrupção é por que era do PSDB.

     

    “Al-que-mim” recordo nem a polícia, nem o MP, nem o Moro, nem a mídia estão muito interessados no assunto… eu não sou nenhum gênio das investigações, como nossas autoridades… mas estou desconfiando que é aguém do PSDB.

    É claro que essa super-hiper-mega dúvida seria encerrada com uma simples pergunta…afinal depoimentos servem para que? Mas aí estraga a graça de brincar de Sherlock.

  4. Complexado eh assim mesmo:

    Complexado eh assim mesmo:  dividido em camadas “superior a nos” e “inferior a nos”.

    Esse “Santo” eh beeeeeemmm superior, evidentemente.

  5. Do alto de suas convicções,

    Do alto de suas convicções, sem ter nenhuma prova, Dallagnol crê que descobriu quem é o santo, segue uma foto do meliante.

     

  6. PF errou: ‘JD’ na planilha da

    PF errou: ‘JD’ na planilha da Odebrecht não era José Dirceu

     

    Publicado: 26, setembro 2016 ás 16:41 Postado por: Fernando Garcel     Giuliano Gomes Foto: Giuliano Gomes

    Em coletiva de imprensa convocada pela Polícia Federal (PF) na manhã nesta segunda-feira (26) para trazer novas informações sobre a 35ª fase da Operação Lava Jato, a Força-Tarefa informou que o codinome “JD” citado como beneficiário de R$ 48 milhões em propina na planilha da empreiteira Odebrecht não se tratava do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, como havia sido divulgado anteriormente.

    Lava Jato quer provar interferência de Palocci em benefício da Odebrecht
    Moro determina bloqueio de até R$ 128 milhões das contas de Palocci

    Segundo os investigadores, a sigla “JD” faz referência ao ex-chefe de gabinete de Palocci, Jucelino Antonio Dourado. Em anotações, Marcelo Odebrecht registrou repasses de valores “via JD”, em 2009 e 2010. “Esses fatos de como foram feitos os pagamentos, principalmente no local, estão sendo aprofundados. E objetivou-se com as medidas de hoje esse aprofundamento”, destaca o delegado Filipe Hille Pace.

    Confira o momento em que o delegado Filipe Hille Pace admite o equívoco da PF

    Em fevereiro, após a deflagração da 23ª fase da operação, batizada de Acarajé, a PF divulgou um relatório em que a associa a sigla JD ao nome do petista.

    Segundo o delegado, o erro foi descoberto depois que os investigadores cruzaram os dados da planilha com anotações da agenda do presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht. Um número de telefone ao lado da sigla JD pertencia a Jucelino Dourado.

    Planilha da Odebrecht lista 200 políticos e valores recebidos

    No documento, depois de apontar o recebimento de R$ 10 milhões em 2009, a Força-Tarefa afirma que “novamente temos a sigla ‘JD’, de José Dirceu, atrelada ao valor de R$ 38.000.000,00, dos quais 8 milhões solicitados em abril e maio/2010; 20 milhões descritos como eventos de julho, agosto e setembro/2010, estando tal valor dividido em duas parcelas, uma de 16 milhões e outra de 4 milhões considerada como bônus e por fim mais 10 milhões também em setembro/2010, considerado como evento extra e descrito como assuntos BJ (Benedicto Junior) e 900 (mil) como bônus para o PT”.

    pd dirceu

    A planilha encontrada pela Força-Tarefa revelou a existência do “Setor de Operações Estruturadas” da empreiteira, destinado à pagamentos de propina.

    Na época, o advogado Roberto Podval, que defende Dirceu, afirmou que a associação feita pela PF não tinha cabimento. “Não tem nenhum cabimento. Tudo o que foi recebido pela JD Consultoria foi escriturado. Como alguém vai receber essa quantia sem que isso apareça na contabilidade?”, questionou.

    Jucelino Dourado, o verdadeiro JD, foi preso nesta segunda-feira junto com o ex-ministro Antônio Palocci e outro assessor.

    José Dirceu

    Em agosto, a prisão do ex-ministro José Dirceu completou um ano. Ele foi preso na 17ª fase da Operação Lava Jato e condenado a 20 anos e dez meses de prisão por crimes como corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa e cumpre pena no Complexo Médico Penal em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba

    A pena, originalmente, era de 23 anos e três meses de prisão. Porém, em junho, o juiz Sérgio Moro aceitou o pedido da defesa e reduziu a pena do ex-ministro em dois anos e cinco meses. No despacho, o magistrado considerou como atenuante a idade de Dirceu, que está com 70 anos.

    O Ministério Público Federal (MPF) sustenta que os crimes investigados na 17ª fase, a Pixuleco, envolveram 64 atos de lavagem de dinheiro, que somam mais de R$ 60 milhões. De acordo com a denúncia, só Dirceu teria recebido, pelo menos, R$ 11 milhões em propina a partir de acordos firmados com a Petrobras.

    No dia 29 de junho, Moro recebeu mais uma denúncia do MPF contra o ex-ministro, e também contra o ex-diretor da Petrobras, Renato Duque, que também já foi condenado em processos anteriores da Operação Lava Jato. A denúncia diz respeito a 30ª fase da operação, a Vício, e aponta que Duque ajudou uma empresa de tubos a fechar contratos com a Petrobras e, para isso, recebeu R$ 7 milhões em propina. Parte do valor foi repassado ao núcleo político capitaneado por José Dirceu. “Assim, cerca de 30% dos valores recebidos por Júlio Camargo, o que equivale a R$ 2.144.227,73, foram transferidos ao ex-ministro da Casa Civil”, diz o MPF.

    http://paranaportal.uol.com.br/operacao-lava-jato/pf-errou-jd-nao-era-jose-dirceu-na-planilha-da-odebrecht/

  7. A Lista de Furnas ( não vem

    A Lista de Furnas ( não vem ao caso para pf e moro), mas o propinoduto para o psdb e o santo, estão lá. Mas investigadores prá isso, no Brasil não há. Nem investigando o governo de Minas, a tal lista são capazes de achar.

    https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/os-nomes-e-valores-da-lista-de-furnas 

    GOVERNADOR-MG

       

    Aécio Neves

    PSDB-MG

    5.500.000,00

     

    Agora só citando os de São Paulo, onde o “Santo” está:

     

     

    José Serra

    PSDB-SP

    7.000.000,00

     

     

     

     

     

    GOVERNADOR-SP

     

     

     

    Geraldo Alckimin

    PSDB-SP

    9.300.000,00

     

     

    DEPUTADOS-SP

     

     

     

    Valdemar Costa Neto

    PL-SP

    250.000.00

     

    Vadão Gomes

    PPB-SP

    150.000,00

     

    Antonio Carlos Pannunzio

    PSDB-SP

    150.000,00

     

    Aberto Goldman

    PSDB-SP

    150.000,00

     

    Walter Feldman

    PSDB-SP

    100.000,00

     

    Gilberto Kassab

    PFL-SP

    100.000,00

     

    João Batista

    PFL-SP

    100.000,00

    PP

    Luis Antônio Fleury

    PTB-SP

    100.000,00

     

    Medeiros

    PTB-SP

    100.000,00

     

    Nelson Marquezelly

    PTB-SP

    100.000,00

     

    Robson Tuma

    PFL-SP

    100.000,00

     

    Arnaldo Faria de Sá

    PTB-SP

    100.000,00

     

    Zulaiê Cobra

    PSDB-SP

    75.000,00

     

    Chico Sardelli

    PFL-SP

    75.000,00

    PV

    Xico Graziano

    PSDB-SP

    75.000,00

     

    Dimas Ramalho

    PPS-SP

    75.000,00

     

    Antonio Carlos Mendes

    PSDB-SP

    75.000,00

     

    Luiz Carlos Santos

    PFL-SP

    70.000,00

     

    João Baptista

    PFL-SP

    70.000,00

    PP

    Aluízio Nunes Ferreira

    PSDB-SP

    50.000,00

     

    Carlos Sampaio

    PSDB-SP

    50.000,00

     

    Lobbe Neto

    PSDB-SP

    50.000,00

     

    Silvio Torres

    PSDB-SP

    50.000,00

     

    Walter Barelli

    PSDB-SP

    50.000,00

     

    TOTAL DE SP

     

    2.265.000 ,00

     

     

  8. Arquivamento Certo

    Nassif: planilha que não serve de prova que JD é José Dirceu, nem presta pra prender Lula, serve prá quê? Agradeça a Cíntia pelo empenho nessa matéria. Mas esse inquérito vai ser arquivado. E os dois meninos encarregado do caso vão transferidos para Brasilia, onde irão servir cafezinho no gabinete do chefão da PGR.

  9. Tanto faz

    “JD pode ser José Dirceu ou Jucelino Dourado, dependendo de quem é que a gente quer criminalizar. Pode ser até os dois se assim o quisermos. Já condenamos com argumento tão ou mais pífio que esse, com base na ‘literatura’. E aí, vai encarar? Vai reclamar com quem?”

    Tomara que daqui a 50 anos, quando conseguirmos derrotar os oligopólios e conseguirmos colocar no poder outra turma como foi a do PT, lembremo-nos do quanto dói a falta de estado democrático de direito…

    1. Nesse caso do JD que não era

      Nesse caso do JD que não era José Dirceu, como fica a sua condenação na Lava Jato? E quanto aos bens bloqueados e confiscados? Nada muda? A casa da mãe do Dirceu que confiscaram deve valer muitíssimo menos do que a propina que disseram que ele recebeu da Odebrecht e agora confessaram que se enganaram, pois “descobriram” que o JD era outro.

  10. PF nas eleições.

    Alguém se lembra de quando sequestraram o Abilio Diniz? 

    Se lembram que às vésperas da eleição Lula/Collor a pf prendeu os sequestradores e os apresentos à imprensa com eles vestidos com camisas do PT?

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