É impossível argumentar que a Lava Jato atuou exclusivamente para atacar o PT e Lula, diz editor de revista dos EUA

‘História está sendo reescrita agora (...) Não acho que há alguma forma de uma pessoa razoável olhar para essa transcrição e sair pensando que este era um juiz imparcial’, avalia editor-chefe da Americas Quarterly

Jornal GGN – “Na minha opinião, é impossível argumentar que a Lava Jato atuou exclusivamente para atacar o PT e Lula”. A avaliação é de Brian Winter, editor-chefe da revista Americas Quarterly durante entrevista ao podcast First Person, da revista Foreign Policy.

Winter foi um grande admirador da Lava Jato e da atuação de Moro. Sua revista chegou a editar uma matéria que rendeu uma capa caracterizando o ex-juiz da Lava Jato como um dos personagens do filme “Os Caça-Fantasmas”, chamando-o de “caça-corruptos”. Trechos da sua mais recente entrevista para o First Person foram traduzidas por Daniel Buarque, do Blog do Brasilianismo, no UOL.

O reposicionamento de Winter em relação à Lava Jato mostra o impacto internacional do vazamentos de conversas entre o então juiz e procuradores da Lava Jato.

“A história está sendo reescrita agora. Muitos que tinham expressado admiração pela Lava Jato agora estão vendo coisas em muitos mais tons de cinza”, disse Winter.

“Eu ao longo dos anos defendi a Lava Jato e a luta contra a corrupção de forma geral. Todos sabemos o que a corrupção faz com os países. Ela erode a confiança nas instituições e na democracia e tira dinheiro que deveria ser usado para educação e saúde. (…) Mas nada do que estou dizendo justifica essas condutas e práticas reveladas agora”, completou.

Sobre especificamente o trecho da conversa em que Moro chama o discurso de defesa de Lula de “showzinho”, Winter avalia: “Não acho que há alguma forma de uma pessoa razoável olhar para essa transcrição e sair pensando que este era um juiz imparcial”.

Ao fazer um resumo da história da Lava Jato, Winter ressaltou que “sempre houve suspeitas” de que Lula foi mais prejudicado por Moro do que outros políticos investigados por corrupção.

“Mas a questão sobre o fato de eles terem sido mais agressivos ou infringido regras de procedimento judicial e ética para condenar Lula, que eles acreditavam que era o líder de todo o esquema, é uma dúvida que existe há anos. E esta nova evidência revelada pelo Intercept, supere fortemente uma conduta equivocada”, completa.

Apesar dessa nova avaliação, decorrente das revelações de mensagens expostas pelo The Intercept Brasil, Winter não acreditava que Moro e os procuradores tivessem como objetivo a condenação de Lula ou do PT “por odiar a esquerda ou por odiar Lula especificamente”.

“O que acho que vemos com essas revelações é que, por razões de lógica da acusação, eles infringiram as regras e fizeram coisas que não deveriam ter sido feitas porque eles estavam atrás de uma pessoa que eles acreditavam que era a peça central de uma organização criminosa”.

Essa característica da força-tarefa da Lava Jato e do próprio ex-juiz Moro recebe apoio de setores da sociedade brasileira, como mostra a maneira como parte da opinião pública tem se manifestado em relação às mensagens vazadas.

“Há pessoas no Brasil que não se interessam pelos vazamentos. O que importa para muitos brasileiros é que Lula e vários outros políticos que são acusados de corrupção estão presos. Mais do que isso, as pessoas acham que, se Moro infringiu a lei, isso é ok porque os fins justificam os meios”, disse, negando em seguida que ele concorda com essa interpretação.

O editor pontua ainda que os vazamentos reforçam a acusação contra Moro de que ele recebeu um ministério no governo Bolsonaro como “recompensa” pela prisão de Lula. E conclui sua análise a respeito do escândalo da Lava Jato no Brasil com a preocupação de que os vazamentos desmobilizem a luta contra a corrupção como um todo no país. “Se tudo for colocado debaixo do tapete, isso é um problema”. Para ler a o artigo no Blog do Brasilianismo na íntegra, clique aqui.

Editor-chefe da revista Americas Quarterly, que já publicou Moro na capa, diz que ‘história da Lava Jato está sendo reescrita’
Redação

15 Comentários

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  1. Essa revista é órgão direto da CIA e NSA, reparem na capa, toda a America do Sul sob um mesmo esquema de caça à esquerda. Temos que saber o porquê desse jornalista agente da CIA estar mudando de posição. Temos que saber o quê o PT negociou com os americanos para voltar ao poder.

    1. Nao tiha um comentario mais merdal nao? So esse?

      Foi o PEEEEETEEEEEEEE que encomendou vitoria dos Estados Unidos, filho da puta???

      Tem certeza?

  2. É “quase isso”: Destruir o PT e Lula é um “fim-meio”, ou seja, um passo fundamental para destruir ou aleijar nossa economia, independência e soberania, além de (pior) capturar a alma, os corações e mentes de boa parte de nossa população, tal qual crentes de uma igreja dessas (universal, mundial, internacional…) que se multiplicam neste pobre país.
    Destruir uma liderança que pensa transformar finalmente este país de mais de 5 séculos em uma nação. Conseguiram reverter e nos afastar desta meta com um atraso de décadas em meses.
    Como se um satélite militar (olha eu dando idéia perigosa) tivesse envenenado e intoxicado nossa atmosfera com alguma droga estragada para que ficássemos “besteirões” (ainda vem que boa parte é imune…).
    Embora já diminuindo em número, os crentes desse inacreditável “messias”, os cada vez menos remanescentes ficam mais duros e renitentes, como o pó que resta no fundo de uma evaporação.
    Espero que o último a sair acenda a luz.

  3. Acho que quem apoiou a Lava Jato, tendo uma intelectualidade bastante desenvolvida, como este cidadão, estava a favor do desmonte de nossas empresas multinacionais e apoiando a recolonização do nosso país. Esta mudança de atitude cheira a mais um processo de estagnação do nosso país.

  4. Sinceramente, uma pessoa que precisa das revelações do intercept para enxergar o óbvio não pode ser muito esperta….

    Taí uma revista que nunca irei ler…..

  5. “eles infringiram as regras e fizeram coisas que não deveriam ter sido feitas porque eles estavam atrás de uma pessoa que eles acreditavam que era a peça central de uma organização criminosa”:

    Estavam sim. O nome da pessoa central aa organizacao criminosa eh Sergio Moro.

  6. É difícil encontrar texto tão mal feito por aí. Nesse texto o autor provou que consegue ser tão raso quanto um pires. Senão vejamos:

    …”para condenar Lula, que eles acreditavam que era o líder de todo o esquema”…
    …”eles estavam atrás de uma pessoa que eles acreditavam que era a peça central de uma organização criminosa.”

    Que “acreditavam” que nada! Precisa ser muito inocente para crer que as pessoas que acusaram e condenaram Lula “acreditavam” que ele era líder de uma organização criminosa. Moro, Dallagnol e todos os operadores do Direito, por mais desonestos que sejam, estudaram Direito. E como foi revelado nas mensagens, nem eles próprios acreditavam em culpa. Estavam e estão até hoje correndo o risco de serem desmascarados. Não praticaram o Direito. Prevaricaram e, para dar a aparência de Direito, usaram recursos da propaganda comercial. Shows, espetáculos, manipulação das pessoas…

    Sergio Moro tinha uma missão e sempre soube disso: afastar das instituições todo traço de legalidade, voltar essas instituições para o arranjo que prevalece desde a fundação da república (ganham os mais poderosos) e desmanchar qualquer tentativa de tornar a máquina estatal em instrumento de justiça social e democrática. Moro sempre soube que essa era a missão de que lhe tinha encarregado a elite latifundiária e financista do Brasil e estrangeira. Repito: só um leigo em Direito acredita que Lula cometeu algum crime. A esperança do ex-juiz era ascender, era subir degraus na escada da elite. E só. (Antigamente o pessoal chamava isso de “capitão-do-mato”.)

    “O que importa para muitos brasileiros é que Lula e vários outros políticos que são acusados de corrupção estão presos.”

    De novo uma inocência que beira a esquizofrenia poliânica: o que importa para os brasileiros que apoiam o golpe é que qualquer gestor público que ameace o oligopólio da elite seja derrubado mesmo não sendo, esses brasileiro, da elite. Derrubar inclusive – mas não só – Lula. Calhou de Lula estar lá mas fosse outra pessoa a tentar fazer valer justiça social teria sido derrubado da mesma forma: violentamente. Pergunta se os apoiadores do golpe querem saber onde está o Queiroz… Se querem que os filhos de Bolsonaro sejam presos por esquemas, rachadinhas, laranjas, milícias e corrupção. O que importa não é se o sujeito é ou não corrupto, o que importa é se defende ou não a elite. A turma que apoia o golpe mesmo não sendo da elite ou sendo da beiradinha da elite, elite periférica, apoia a elite, seja ela criminosa – como já está mais do que provado que é – ou não.

  7. Algumas pessoas acham que juízes e procuradores não podem e não devem ser presos por cometerem crimes, tipificados na legislação que estabelece regras para o devido processo legal, simplesmente porque, ao cometerem esses crimes, tais juízes e procuradores estariam convictos, antecipadamente, que um cidadão, alvo de investigação, é um suposto criminoso.
    Por similaridade, então, linchadores também não deveriam ser presos por estarem convictos que o alvo do linchamento é um suposto criminoso.
    Ao constatar que existem pessoas assim, juízes e procuradores que agem assim e, até, juristas que os defendem, vem lá de dentro, da profundeza da minha essência, de uma memória remota de meus ancestrais lá das cavernas (desconfio que estou sendo injusto com meus ancestrais), uma vontade enorme de me tornar um torturador, um linchador, um acendedor de fogueiras da idade média, um carrasco de guilhotinas, um pregador de homens em cruzes, enfim um justiceiro tipo Clint Eastwood, Charles Bronson e Gene Hackman, entre outros, que esses idiotas adoram, só para ter o prazer de condenar essas pessoas, esses juízes e procuradores e esses juristas sem, absolutamente (é o prazer máximo), o respeito ao devido processo legal e o estabelecimento de qualquer tipo de prova.
    Entretanto, como não sou um bárbaro, pelo contrário, sou um homem civilizado que sabe controlar muito bem seus impulsos selvagens, espero que para esses juízes e procuradores criminosos sejam observados o devido processo legal, conduzido por um juiz imparcial, que observe ainda, rigorosamente, o direito de defesa e a presunção de inocência.
    Para isto, a primeira providência que todos devem seguir é entregar seus celulares para serem devidamente periciados por um órgão policial independente, por exemplo, a Polícia Federal da Alemanha.
    Finalmente, só não dá para perdoar, aqueles orgasmos, em máxima excitação, que juízes e procuradores sentiam, logo após a condenação do ex-Presidente Lula, nas 1ª, 2ª e 3ª instância, quando eles imaginavam a expressão de estupefação no rosto de Lula que acreditava, ingenuamente, que era impossível ser condenado sem provas e que tinha, inutilmente, mais uma vez, acreditado na imparcialidade do Poder Judiciário, restando-lhe, agora, somente, cumprir domesticadamente a pena e, se possível, recorrer ao Papa.
    Juízes e procuradores imaginaram que tinham cometido o verdadeiro crime perfeito.

  8. Dá para ver pelas declarações do “editor de revista” que ele não conhece nada do Brasil. Muito menos ainda sobre o caráter dos golpistas como moro, dellagnol. janot, globo, etc etc
    Eles SABIAM que o Lula era inocente.
    Mas pouco importa este detalhe, o importante era afastar o Lula e o PT do poder, fosse como fosse.
    Estes safados ainda vão pagar muito caro pelo que fizeram.

  9. “Exclusivamente”, não, mas principalmente, sim. As demais metas da “atuação” da Lava Jato eram as que os lesa-pátrias receberam de encomenda: acabar com a Petrobras e com a construção civil pesada brasileira. E, de quebra, foi junto a nossa economia e as nossa frágeis instituições, dependentes do domínio de uma elite entreguista. Lei de João Gordo: no Brasil, os pobres pensam que são classe média, os da classe média pensam que são elite… e os da elite pensam que são estrangeiros.

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