Em grampo da JBS, Loures insinuou que poderia influenciar Fachin

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: STF

Jornal GGN – Em uma gravação feita pelo empresário Ricardo Saud e entregue à Lava Jato em troca de um acordo delação premiada, Rodrigo Rocha Loures, conhecido como o “deputado da mala” depois que foi flagrado recebendo propina da JBS, insinua que tem proximidade com o ministro Edson Fachin, relator da operação no Supremo Tribunal Federal.

Loures diz a Saud que ele e Fachin são do mesmo estado, Paraná, mas que “ainda” não esteve com ele neste ano. A tentativa de mostra proximidade com o magistrado ocorreu após uma conversa sobre o possível afastamento de Eliseu Padilha do governo.

Segundo Loures, há uma expectativa de que Padilha seja denunciado a Fachin até o próximo mês, e o plano de Temer é afastar o ministro para abafar o impacto de mais um escândalo no primeiro escalão e, ao mesmo, conservar o foro privilegiado. A ideia é manter Padilha distante da primeira instância pelo menos até 2018.

Na transcrição da Polícia Federal, o diálogo segue da seguinte maneira:

Loures: Ele [Padilha] não deixará o governo logo. Mas ele será afastado logo.

Saud: Isso que eu tô falando. [Inaudível] Agora, não tem um jeito de conversar com o Fachin não?

Loures: Eu acho que ele tá…

Saud: Porque o Fachin pediu muita ajuda para o PMDB, na época. O Temer foi… ajudou você também? Me ajudou a controlar o Renan [Calheiros, então presidente do Senado].

Loures: Da onde é o Fachin?

Saud: Ah é mesmo… porra véi, é lá da sua terra. Então, não tem jeito de…

Loures: Eu não estive com ele este ano ainda.

Saud: Não, faz assim. Não é para fazer nada de errado. Deixa isso aqui por enquanto, não mexe lá com o governo…

Loures: Eu acho que não tem… mas ele é um belíssimo ministro do STF.

Saud: Mexer com o governo agora… porque vai sair 8 ministros agora [se forem denunciados] (…).

A conversa ocorreu no dia 24 de abril, na cafeteria Santo Grão, em São Paulo. O encontro foi registrado em imagem pela Polícia Federal.

No mesmo diálogo, Saud questiona por que Loures não foi nomeado Secretário de Governo no lugar de Geddel Vieria Lima, já que o ex-parlamentar era um homem “suprapartidário”, ou seja, com trânsito dentro do PT ao PSDB. No lugar de Geddel, Temer nomeou Antonio Imbassahy (PSDB) para ampliar o espaço do tucanato no governo.

A reportagem do Poder360 tentou entrar em contato com Fachin e Loures para falar da gravação. O ministro não respondeu e Loures não foi localizado. 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

5 Comentários

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  1. Pelo em ovo

    “Loures: Eu acho que não tem… mas ele é um belíssimo ministro do STF.”

    Isso é insinuação? Pra mim, foi uma resposta direta e reta.

  2. Meu comentário desapareceu

    Ontem fiz longo comentário sobre esta matéria, mas ele desapareceu, não foi publicado; tenho certeza de que o salvei, antes de mudar de página eletrônica. Foi perdido? Censurado? 

    1. Censura

      Não foi censurado nenhum comentário seu, nem de ninguém que comente regularmente no blog e GGN. Só evitamos publicar propagandas e trolls confessos (que entram para tumultuar, ofender ou mesmo destilar insanidades). Há um longo comentário seu, por volta de 15h, em outro post que cita Fachin (o da separação de inquéritos). 

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