Esquema da merenda foi verdadeira farra, diz Polícia Civil

 
Propina apreendida pela polícia com funcionário da Coaf
 
Jornal GGN – Os delegados da Operação Alba Branca, que apura fraudes na merenda escolar no Estado de São Paulo, afirma que as fraudes eram uma “verdadeira farra como o dinheiro público”. A expressão aparece no pedido de prisão de sete pessoas ligadas à Cooperativa Agrícola Familiar (Coaf), da cidade de Bebedouro, documento que foi base para a deflagração da operação.
 
De acordo com a polícia, o esquema se aproveitou da lei federal que prevê incentivos para a compra de até 30% de produtos da merenda escolar de pequenos produtores rurais. Segundo os delegados, o esquema envolvia propinas nos contratos com o governo estadual e prefeituras. A Coaf participava das chamadas públicas simulando disputa com outras cooperativas ligadas a ela e combinando preços superfaturados. Em janeiro polícia apreendeu R$ 95,6 mil reais na cidade de Taiuva, vizinha de Bebedouro.
 
Pouco espaço na capa
 
Apesar dos documentos e da apuração dos repórteres do jornal, a capa do site do Estadão dava pouco destaque para a matéria. No começo da manhã de hoje, ela tinha apenas uma linha, aparecendo abaixo da chamada sobre a delação de Fernando Moura, na Operação Lava Jato. Erroneamente, a notícia sobre o delator do esquema da Petrobras aparecia sob o ‘chapéu’ Operação Alba Branca, que é a investigação que apura os crimes relacionados à merenda escolar.
 
 
Do Estadão
 
Polícia diz que esquema da merenda foi ‘verdadeira farra com o dinheiro público’
 
POR RICARDO BRANDT, FAUSTO MACEDO E PEDRO VENCESLAU
 
Em janeiro, Polícia Civil prendeu com um dos funcionários da cooperativa Coaf, que fraudava contratos de merenda com Estado e prefeituras, R$ 95 mil em dinheiro vivo que seria entregue a lobista foragido

Os delegados da Operação Alba Branca afirmam que o esquema mantido pela Coaf (falsa cooperativa de produtores rurais) na venda de produtores para a merende escolar no governo do Estado, em São Paulo, e em prefeituras era “uma verdadeira farra com o dinheiro público”.

O termo consta do pedido de prisão de sete pessoas ligadas à Cooperativa Agrícola Familiar (Coaf), de Bebedouro, assinado pelos delegados da Polícia Civil Mario José Gonçalves, Paulo Roberto Montelli e João Vitor Silvério. O documento foi a base para deflagração da Alba Branca, no dia 19 de janeiro, que desmontou um esquema de corrupção e fraudes em contratos do governo do Estado e de 22 prefeituras. O esquema, segundo a polícia, se aproveitou da legislação federal, que estipula e prevê incentivos para compra de até 30% de produtos da merenda escolar de pequenos produtores rurais.

A representação dos delegados aponta que o esquema envolvia propinas, chamadas pelos investigados de “comissões”, que giraram entre 10% e 20% em contratos com governos de estado e prefeituras para fornecimento de produtos para merenda, como suco de laranja e arroz. A Coaf participava das chamadas públicas simulando disputa com outras cooperativas ligadas a ela, combinando preços, que eram superfaturados – um litro de suco de laranja, que para a entidade custava R$ 3,70, era vendido a R$ 6,80. Para garantir os contratos com o governo e prefeituras, era feito a certo de “comissões”.

“Tais valores, via de regra, são entregues em dinheiro ao representante do órgão público participante do esquema, no caso, alguém que funcionava como um ‘lobista’”, informa relatório da Alba Branca.

Apreensão de propina. Com base em horas de escutas telefônicas e nos depoimentos de pelos menos seis funcionários da Coaf, incluindo o presidente da entidade, Cássio Chebabi, foi possível detalhar como eram feitos as entregas de pacotes de dinheiro vivo, depósitos em contas e acertos em postos de combustível às margens de rodovias.

Num dos trechos do documento, a Polícia Civil aponta que foram identificados a “entrega de valores, sendo uma no valor de R$ 130 mil, uma segunda de R$ 80 mil e, uma terceira, que iria ser efetuada no valor de R$ 95 mil”.

Considerada pela Alba Branca “importante prova material da efetiva existência dessa organização criminosa”, a polícia apreendeu R$ 95,6 mil reais em notas de R$ 50 e R$ 100, no dia 9 de janeiro, na cidade de Taiuva – vizinha a Bebedouro, sede da Coaf.

O dinheiro estava com Cesar Bertholino, funcionário do setor financeiro da Coaf, que em depoimento admitiu fazer entrega de propinas. No seu depoimento, no dia 19, ele afirmou que “os R$ 95.600 apreendidos na rodovia” “seriam entregues para Marcel, fruto da última parcela do contrato com a Secretaria Estadual de Educação”.

O dinheiro seria a propina paga a Marcel Ferreira Julio, filho do ex-deputado Leonel Julio, que atuaria como lobista que fazia a ligação entre a Coaf e os agentes públicos do governo do Estado e das prefeituras. Ele está foragido.

“Junto com o dinheiro, os policiais ainda localizaram uma anotação com o montante transportado, como ainda divisão de porcentagem e ainda a inscrição “pai” com a anotação de valores na frente”, informa o relatório. A Alba Branca acredita que “seria referente ao montante que seria destinado ao estranho personagem Leonel Julio, pai do investigado Marcel”.

Nos depoimentos, os funcionários e o dirigente da Coaf disseram que Marcel ficava com 10% de comissões nos contratos fechados com o poder público. Seu pai teria uma cota de 2% dessa comissão.

trecho alba relatorio 1

trecho alba relatorio 2

Pressão. Bertholino detalhou como foi a tentativa de entrega frustrada pela polícia. “Naquela ocasião foram sacos da conta da Coaf R$ 181 mil”, diz ele apontando os nomes dos funcionários responsáveis pela retirada no banco. “R$ 1 mil se destinavam a cobrir suas despesas de viagem, já que visitaria prefeituras também (Mairiporã e Barueri), R$

60 mil foram repassados para o vendedor Carlos Luciano que os repassaria para Joaquim, de Campinas, que havia feito vendas para a Coaf e R$ 120 mil se destinavam a Marcel, dois quais a pedido dele segurou parte consigo, que depositaria na conta da esposa dele, onde havia cheques a cobrir e lhe levaria pessoalmente os R$ 95,6 mil apreendidos.”

Depois da apreensão da última parte da propina pela polícia, Marcel ligou para o declarante (Bertholino) e para o vendedor Adriano, pressionado-os para lhe entregasse o dinheiro que julgava devido, pois ele alegava que apreensão não era problema dele.

A entrega, segundo o funcionário da Coaf, foi efetivada. “Em razão da pressão de Marcel, posteriormente o declarante e Adriano com carro alugado da Localiza, levaram-lhe os aludidos R$ 95,6 mil, entregues numa padaria de São Paulo.”

Marcel Julio está foragido, foi o único só sete alvos da Alba Branca a não ser localizado no dia 19. Ele foi flagrado nas escutas telefônicas feitas pela operação com autorização judicial e teve seu nome citado.

“Essa apreensão, obviamente somente ocorrera em razão do andamento do procedimento especial de interceptação telefônica”, escrevem os delegados.

 

Redação

11 Comentários

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  1. no judiciário de São Paulo, …

    a roubalheira da merenda vai ficar esquecida em alguma gaveta, até a repercussão esfriar, ….  depois vão matar o processo….

    Nós já vimos esse filme muitas vezes, …. e, no final, … a Justiça morre !

  2. o conluio do mpf em são paulo

    o conluio do mpf em são paulo não é para investigar,

    sentenciar, condenar e logo prender como na guanatanmo paranaense.

    em são paulo, funciona a tese do estado de direito,

    isto é, há garantismo..;.

    na repúblioca do moro, funcioona a tese do direito punitivo,

    o direito que só prende os inimigos dele e do conluiio demotucano e grande mífia golpista….

    em suma, no paraná, aos inimigos, o direito do inimigo.

    em são paulo, aos amigos, o direito garantista, a lei em seu sentido amplo e constitucional….

  3. So mencionam o nome da

    So mencionam o nome da cidade, do governo….. nenhum nome aos bois e seus partidos… Ja ao “engano” do Estadao, foi intencional sim… e quem viu ja vinculou a Operação Alba Branca com nucleo s do PT.

    E cinismo demais…

  4. Essa e outras farras

    Interessante notar que não ha citações ao Secretario de Educação, ao ex-secretario muito menos ao governador de SP…. De toda forma, a midia paulista so fala e falara nesse caso a conta-gotas. E ja é um milagre que a Policia esteja investigando alguma coisa em SP.

  5. por outro lado, professores e gestores educacionais

    por outro lado,

    professores e gestores educacionais deveriam aproveitar este escândalo lesa-infância de roubo & fraude na merenda escolar & na saúde das crianças perpetrado por políticos & governantes & seus laranjas lacaios para explicar – às crianças, alunos, pais e responsáveis comunitários – uma velha sabedoria popular de serventia moral e cívica para toda a vida besta em formação:

    Não existe almoço gratis!

  6. Erroneamente?

    Erroneamente????

     

    Apesar dos documentos e da apuração dos repórteres do jornal, a capa do site do Estadão dava pouco destaque para a matéria. No começo da manhã de hoje, ela tinha apenas uma linha, aparecendo abaixo da chamada sobre a delação de Fernando Moura, na Operação Lava Jato. Erroneamente, a notícia sobre o delator do esquema da Petrobras aparecia sob o ‘chapéu’ Operação Alba Branca, que é a investigação que apura os crimes relacionados à merenda escolar.”

     

    Melhor não usar esse eufemismo. Pode ser que alguém acredite que foi mero erro.

  7. Agora,
    imaginem se aquela

    Agora,

    imaginem se aquela máxima do Andre Araújo fosse aplicada nets caso: a dos servidores públicos, em se deparando com a alguma irregularidade/ilegalidade, não investigar o caso, para não melindrar o governo constituído… viu, André, como os princípios da administração pública são valiosos?

    Que se investigue tudo, tudinho e que dance quem tiver de dançar.

  8. Essa é a parte da delação

    Essa é a parte da delação verdadeira, tem de investigar a fundo esses tucanos!! Já a parte em que ele fala do Dirceu é mentira descarada para se safar da cadeia.

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