“Eu deduzia”, diz Santana como “prova” a crime de Lula no caso Atibaia

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: AFP
 
Jornal GGN – “Eu deduzia que Lula sabia exatamente do que estava se tratando”, foi o testemunho de acusação do marqueteiro João Santana, colhido pelo juiz Sérgio Moro, nesta segunda (05), para sustentar que o ex-presidente recebeu propinas da Odebrecht, OAS e Schahin por meio de reformas no sítio de Atibaia.
 
Após uma série de pressões da equipe da força-tarefa de Curitiba, Santana fechou acordo de delação premiada com a Operação Lava Jato, no último ano, entregando aos investigadores informações de que Lula saberia ou teria conhecimento de ilícitos, chaves para os procuradores conectarem o ex-presidente à tese de que o petista seria o grande responsável por todo o esquema de corrupção.
 
No mesmo caminho que tramitou a condenação no caso do triplex do Guarujá, a equipe de Moro em Curitiba acelera os autos do processo relacionado ao sítio no interior de São Paulo. Após o fracasso dos investigadores por tentarem comprovar que o ex-presidente seria o verdadeiro dono da propriedade em Atibaia, a exemplo do que ocorreu também no triplex no litoral, as delações foram as alternativas que sobraram à Lava Jato para segurar a teoria.
 
Assim, Santana afirmou em sua delação, no ano passado, que Lula tinha conhecimento da existência de pagamentos em caixa dois pelos serviços prestados pelo próprio publicitário na campanha à reeleição, em 2006. Em outro extremo, para o Ministério Público Federal (MPF), Lula comandou a formação de um esquema criminoso para o seu enriquecimento ilícito e para “financiar caras campanhas eleitorais”.
 
Provas? O marqueteiro João Santana disse que nunca conversou com o ex-presidente sobre valores ou formas de pagamento de serviços da campanha, que envolveram caixa dois. Confirmou aos investigadores, apenas, que reclamou “duas ou três vezes” sobre atrasos nos pagamentos de seus serviços como marqueteiro.
 
De reclamar o atraso, para que o ex-presidente Lula soubesse dos ilícitos e comandasse um esquema criminoso, uma ponte construída pela Lava Jato: “Eu deduzia que ele sabia exatamente do que estava se tratando”, disse João Santana.
 
“Primeiro, uma coisa genérica: eu não conheci nenhum candidato que não soubesse dos detalhes da administração financeira da sua campanha. Segundo: os pagamentos oficiais sempre tiveram margem pequena de atraso. Sempre tinha atraso, mas não tanto. Então, quando se referia a atrasos, atrasos inclusive que ficavam para depois da campanha, estava implícito que era caixa 2”, continuou na sua lógica, que era a mesma dos investigadores e que, portanto, deveria ser a de Lula.
 
Além de Santana, a sua esposa e sócia, a marqueteira Mônica Moura, e o ex-executivo da área internacional da Petrobras, Eduardo Musa, todos delatores, também prestaram depoimentos como testemunhas de acusação nesta segunda no caso de Atibaia contra o ex-presidente Lula.
 
Mônica Moura confirmou as informações de Santana: nunca tratou de valores e de formas de pagamento do caixa dois com Lula, que estes temas ficavam supostamente a cargo do ex-ministro Antonio Palocci e do ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.
 
A marqueteira apenas reiterou como ela mesma e seu marido receberam dinheiro de caixa dois da Odebrecht no exterior como suposta parte do pagamento de milhões por serviços prestados na campanha de Lula em 2006, não declarados à Receita.
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

15 Comentários

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  1. Olha só os tipos que conduzem
    Olha só os tipos que conduzem o preso algemado: me lembra marines americanos no Iraque…lå a desculpa era o combate a ditadura e hoje os iraquianos tem um ditador em cada quarteirao decepando cabeças….

    No caso da “primavera brasileira” a desculpa foi o combate a corrupçao…e hoje temos Serra….Jucå…Aecio….Temer e cia combatendo a corrupssaum….

    Parem o mundo que quero descer

      1. Patrulhinha

        JB, como diz a Anarquista que entende do babado do português, quede sua foto? Ja estava acostumada a visualiza-lo pela foto agora tenho que ler o nome 🙂

  2. Moro e Dallagnol reduziram o

    Moro e Dallagnol reduziram o Judiciário brasileiro a uma pantomima. Já seria gravíssimo se o objetivo fosse apenas a perseguição a Lula e ao PT. Mas se torna absurdo pela proteção deslavada aos corruptos do PSDB. Para piorar, a qualidade moral dos tribunais superiores não é superior a esta primeira instância. E o Conselho Nacional de Justiça está reduzido pela patética Carmem Lucia a um sindicato de magistrados, resumindo seu trabalho a defesa inconsequente da categoria. Ao povo resta a desobediência civil contra os abusos de um Judiciário corrompido.

  3. Gente baixa

    Como esses dois (o casal Santana) são baixos.

    Gente que incrimina outros apenas porque percebe que assim se livra é gente muito baixa.

    1. Concordo com vc. Mas sob anos
      Concordo com vc. Mas sob anos de tortura na Guatanamo do Moro e sendo condenados a prisao perpetua para em seguida receberem a promessa de liberdade e premios se disser alguma coisa contra Lula, quem resiste
      ????

      Léo Pinheiro tentou resistir para não ser Judas mas foi assediado por escribas do Rei: teve várias chances de refazer seu depoimento, com certeza o ensaiou com otoridades ate chegar ao ponto desejado pelo juizeco.

      1. Nem todos têm firmeza de carater

        Não é todo mundo que é um José Dirceu. Isto esta claro. E se um dia justiça for feita, Dirceu deveria ser presidente deste Pais.

  4. Vai se repetir a mesma farsa

    Vai se repetir a mesma farsa do triplex: condenação com base em delações lastreadas apenas nas palavras dos delatores e indícios que, de tão “indiciantes”,  podem ser dados como provas. Em suma: apelo recorrente a Teoria do Domínio do Fato. 

    Qualquer juízo sério, independente, compromissado apenas com a Justiça, de pronto repeliria depoimentos com incriminações na base do “eu acho”, “eu deduzo”, “eu” isso, “eu” aquilo. Um processo no qual está em jogo a liberdade, se não mesmo a vida de um ser humano, jamais poderia abrigar qualquer tipo de subjetivismos. Máxime quando estes partirem da parte interessada. 

    Seu Dunga, nosso personagem lá do Cariri cearense, se juiz fosse da causa com certeza diria: “meta esse seu “acho” e “deduzo” na bunda! Queremos provas! Fatos! 

    Deveriam nos poupar desse “teatro do absurdo”, desse simulacro no qual já de antemão se sabe o enredo e o final. 

    Agora, como bem lembrado por um colega comentarista, resta lamentar, deplorar, a total falta de caráter desses delatores. A dúvida é se é inata ou provinda da covardia. Se transformaram em vermes na forma de humanos. 

    1. Esse “teatro do absurdo”

      Esse “teatro do absurdo” custa caríssimo ao povo e rende milhões aos CANALHAS do judiciário e da rede gROUBO! Ou juntamos uma turma boa pra queimar e fuzilar esses malditos ou podemos nos acostumar com o nosso papel de capacho no qual eles limpam suas botinas enlameadas na podridão! 

  5. Já eu deduzo que os corruptos

    Já eu deduzo que os corruptos joão e monica santana são tão vis e abjetos quanto essa coisa que chamam de “justiça” brasileira. CANALHAS mancomunados com outros CANALHAS (mídia, judiciario, mp, executivo golpista e congresso majoritáriamente mafioso…) para manter o povo brasileiro na miséria, na alienação, na estupidez e na apatia! 

  6. mau caratismo !

    Chegou e parou nesta dupla de marqueteiros, que só foram premiados ! Fizeram campanhas em vários países, ganharam muito e ainda ferram o Lula. Eles não precisam mais do Lula, já “enricaram” para sempre. Mas o moureco quer mais, foi contratado para tal, junto com todo o judiciário e os nossos negociantes do país.

    ” Que ardam todos nos mármores do inferno” !

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