Ex-dirigente da Sete Brasil nega irregularidades em contratos da empresa

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Da Agência Brasil

Por Carolina Gonçalves

O ex-presidente do Conselho Administrativo da Sete Brasil, Newton Carneiro da Cunha, garantiu hoje (16) que auditorias contratadas para analisar os contratos da empresa não encontraram irregularidade nos negócios firmados desde 2011, ano em que foi criada para construir sondas de perfuração.

“Nas apurações não ficou evidenciado absolutamente nada, nada nas demonstrações contábeis e financeiras e mesmo nos escritórios de advocacia que fizeram auditamento e não encontraram nada”, afirmou.

Segundo ele, as auditorias foram feitas por empresas brasileiras e americanas e abrangeu desde os contratos até troca de algumas mensagens eletrônicas dentro da empresa.

A Sete Brasil foi citada como fonte de propinas na delação premiada do ex-gerente de Tecnologia da Petrobras Pedro Barusco. Há um mês, o atual presidente da empresa, Luiz Eduardo Guimarães Carneiro, havia afirmado que, se houve irregularidades, elas ocorreram fora da Sete.

Newton reiterou a informação hoje ao responder aos deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras. “A Sete Brasil é vítima disto. É muito importante descobrir o formato com que foi feito isto. Se há malfeito, tem que ser apurado, mas não pode se sobrepor ao que é a empresa”, disse.

Ele confirmou que conhece o ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli e o ex-diretor José Eduardo de Barros Dutra que o indicaram para assumir cargo no Fundo de Pensão da estatal (Petrus). Ele disse que conheceu o ex-tesoureiro do PT, Vaccari Neto, no movimento sindical, lembrando que ocupou um cargo no sindicato de petroleiros. Cunha afirmou, porém, que nunca tratou de assuntos sobre a Sete com Vaccari.

O ex-presidente do Conselho Administrativo da Sete Brasil disse que foi filiado do PT até o final do ano passado. Disse também que deixou o comando do conselho no início do ano, quando foi informado sobre uma reunião extraordinária marcada para fazer alterações no comando do colegiado.

Newton Cunha ocupou cargos de direção no fundo de pensão da estatal, Petrus, a partir de 2007. Ele disse que “déficit na Petrus é decorrente do plano de benefícios” e não tem relação com os investimentos feitos pelo fundo. Ele garantiu desconhecer “qualquer investimento que tenha ligação com a Lava Jato”.

A sessão da CPI está esvaziada, com a presença de menos de oito parlamentares, desde que começou o depoimento da testemunha anterior, João Carlos de Medeiros Ferraz, ex-presidente da Sete Brasil. Protegido por um habeas corpus, Ferraz usou o direito de permanecer calado e não respondeu às perguntas dos deputados.

O depoimento começou três horas depois do previsto, por causa de uma discussão provocada pelo PT. O partido questionou as decisões da CPI tomadas na reunião da semana passada.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

3 Comentários

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  1. Por falar em traíras, vira-latas e entreguistas..

    DELFIM DEFENDE BNDES E CRITICA VIRA-LATISMO

     

    O economista Delfim Netto, que foi ministro da Fazenda durante o chamado “milagre econômico”, se levantou contra o assédio ao BNDES e defendeu a política de estímulo às exportações do banco; “É abusivo dizer que o BNDES é uma ‘caixa-preta’ e é erro grave afirmar que deve dar publicidade às minúcias de suas operações, o que, obviamente, revelaria detalhes dos seus clientes que seriam preciosas informações para nossos concorrentes e, portanto, contra o Brasil”, disse ele; segundo Delfim, os ataques ao BNDES, como o desta terça-feira, no Globo, refletem o clássico ‘complexo de vira-latas’ diagnosticado pelo dramaturgo Nelson Rodrigues; ele diz ainda que o Brasil tem uma posição modesta no financiamento às exportações, quando comparado a seus concorrentes; BNDES rebateu a reportagem, que chamou de “rasa”; leia a íntegra da nota

    16 DE JUNHO DE 2015 ÀS 08:20

     

    247 – O economista Delfim Netto, que foi ministro da Fazenda durante o chamado “milagre econômico”, se levantou contra a onda de ataques ao BNDES e defendeu a política de estímulo às exportações do banco.

     

    “É abusivo dizer que o BNDES é uma ‘caixa-preta’ e é erro grave afirmar que deve dar publicidade às minúcias de suas operações, o que, obviamente, revelaria detalhes dos seus clientes que seriam preciosas informações para nossos concorrentes e, portanto, contra o Brasil”, disse ele, no artigo “Exportação de serviços e o complexo de vira-lata”, publicado no jornal Valor Econômico.

    Segundo Delfim, os ataques ao BNDES, como o desta terça-feira, no Globo (leia mais aqui), refletem o clássico ‘complexo de vira-latas’ diagnosticado pelo dramaturgo Nelson Rodrigues. “É lamentável que não se compreenda que os recursos do BNDES-Exim não são remetidos para o país onde se faz o investimento. São usados como pagamentos em reais no Brasil, para centenas de empresas médias e pequenas, com milhares de operários, que fornecem os produtos ‘exportáveis’, sem serem diretamente exportadoras”, diz Delfim.

    Ele diz ainda que o Brasil tem uma posição modesta no financiamento às exportações, quando comparado a seus concorrentes. “De acordo com informações internacionais confiáveis (‘Engineering News Record’), ainda ocupamos uma participação muito modesta no setor: sete vezes menor do que Espanha, EUA e China e quatro vezes menor do que Alemanha, França e Coreia. Somados, esses competem – com subsídios – por 2/3 de um mercado da ordem de US$ 550 bilhões por ano”, diz ele.

    “Não há maior afirmação do ‘complexo de vira-lata’ do que demonizar o suporte do BNDES quando financia despesas em reais que geram produção e emprego no Brasil”, prossegue Delfim. “E não há maior miopia do que não enxergar que ‘exportar é o que importa'”.

    Confira abaixo resposta do BNDES à reportagem do Globo, que chamou de “rasa”:

    Nota do BNDES: reportagem de “O Globo” sobre exportações

     

    16/06/2015
    A reportagem “BNDES causa perdas de R$ 1,1 bi por ano ao FAT” revela uma incompreensão básica em relação ao papel de um banco de desenvolvimento. O cálculo considera o rendimento obtido pelo FAT Cambial e o compara com custos de mercado, chegando à referida cifra. Por que não, então, extrapolar a premissa rasa da reportagem para o total da carteira do BNDES? Sob este ponto de vista, meramente financeiro, seria muito mais vantajoso aplicar todos os recursos do BNDES no mercado, à taxa Selic, por exemplo. A consequência, no entanto, seria nefasta para os investimentos. É isso que o país deseja? A verdade é que o Brasil não pode abrir mão de um setor exportador forte, em que os bens e serviços de maior valor agregado tenham relevância. O que permite que possamos competir em condições de relativa igualdade com nossos concorrentes internacionais é o arcabouço estabelecido por lei nos anos 90, que tem o FAT Cambial como fonte de recursos para os créditos à exportação. Esta é uma política de Estado que independe do governo de turno. Finalmente, diferentemente do que insinua o texto, a destinação de recursos do FAT ao BNDES, definida pela Constituição, não consome fundos que seriam usados para pagamento do abono salarial ou do seguro desemprego.

    1. Se chamou o Globo de raso, foi até

      um elogio!

      Começam a ter rachaduras cada dia mais aparentes entre o mundo midiático-juridico e o capitalismo brasileiro.

      Acho que globo, abril, fsp e oesp vão sentir o peso da vingança do $$$ que eles tanto veneram.

  2. Os coxinhas estão se perdendo!

    Com a ânsia de falar contra o governo o baixo clero político e a imprensa sem capacidade intelectual estão ficando completamente sem rumo, para criticar o PT embolam tudo e além de prejudicar os mais pobres começam a prejudicar os mais ricos! Tão dando o famoso murro em ponta de faca, daqui a pouco a FIESP e a CNI assinam fichas de inscrição no PT!

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