Fake news: Nem amigo, nem mulher de Moro advogam para petrolíferas

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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A Helix Brasil, fabricante de componentes eletrônicos do Paraná, defendida pelo escritório de Zucolotto, é uma empresa distinta da Helix do Brasil Serviços de Petróleo, divulgada em 2015 como uma subsidiária da Shell que seria cliente da esposa e amigo de Moro

Jornal GGN – Em meados de 2015, a blogosfera repercutiu uma matéria veiculada no Portal i9, do jornalista Fabiano Portilho, sobre Rosângela Moro, esposa de Sergio Moro, trabalhar para o PSDB de Flávio Arns. O mesmo texto afirmava ainda que a mulher do juiz da Lava Jato atuava em um escritório de advocacia que defendia subsidiárias de multinacionais do petróleo. O caso gerou polêmica por indicar conflito de interesse nos julgamentos envolvendo a Petrobras.

Hoje, Rosângela não tem mais sociedade com o escritório de Carlos Zucolotto. Mas ilações e dúvidas sobre o advogado e amigo pessoal de Moro ainda advogar para empresas que, em tese, são concorrentes da Petrobras, permanecem.

Dados levantados pelo GGN mostram, contudo, que esse escândalo, na verdade, pode ser um caso de fake news.

As informações divulgadas pelo Portal i9, em 2015, parecem ser frutos de erros de apuração.

O blogueiro fez confusão com uma das empresas que consta na lista de clientes no site do escritório Zucolotto, a “Helix Brasil”, que fabrica componentes eletrônicos em Curitiba, e tem como sócio administrador, desde 2001, o empresário Eduardo Augusto Purin Schause, que é dono de mais 6 negócios – entre eles, um consórcio que constrói rodovias e ferrovias em São Paulo e holdings de instituições não-financeiras. Veja o CNJP da Helix Brasil aqui.

Na matéria que atinge a mulher de Sergio Moro, o i9 faz menção a uma “Helix do Brasil” que seria “da Shell Oil Company, subsidiária nos Estados Unidos da Royal Dutch Shell, uma multinacional petrolífera de origem anglo-holandesa, que está entre as maiores empresas petrolíferas do mundo.”

A Helix do Brasil Serviços de Petróleo foi criada em 2009, tem sede no Rio de Janeiro e classifica-se como empresa cuja atividade principal é, de fato, “extração de petróleo e gás natural”. Tem no seu quadro societário as empresas Helix Energy Solutions Group – esta, sim, uma multinacional com presença nos EUA, Reino Unido, Cingapura e Brasil -, a Helix Offshore Internacional e outras. Confira o CNPJ e mais dados aqui.

Resumindo: a Helix Brasil, de componentes eletrônicos, e Helix do Brasil Serviços de Petróleo, de extração, são empresas distintas.

Outro trecho da matéria do Portal i9 lançava dúvidas sobre a empresa Ingrax, também citada entre as multinacionais de Petróleo defendidas pelo escritório Zucolotto, ao lado da Helix. A principal suspeita sobre a empresa era o fato de ela ter sede no Rio de Janeiro.

Assim como a Helix Brasil, a Ingrax está longe de ser equiparada a um subsidiária da Shell ou empresa do porte.

A Ingrax vende graxas e lubrificantes automotivos e tem representantes em 2 dezenas de estados brasileiros, além de Uruguai e Paraguai. Tem escritório no Rio de Janeiro, sim, mas também tem um em Colombo, região metropolitana de Curitiba, no Paraná. 

Em 2015, quando o i9 divulgou a matéria, o juiz Sergio Moro acionou o responsável pelo site na Justiça. “Na representação, o juiz garante que sua mulher nunca advogou para essa multinacional, e que a participação dela no escritório Zucolotto Advogados Associados visa apenas a partilha de honorários, não assegurando que ela tenha trabalhado diretamente para todos os clientes da banca”, publicou o Conjur.

O escritório de Zucolotto é especializado em ações trabalhistas.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

5 Comentários

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  1. Não aliviou nada a situação do torquemada e da esposa

    Se o objetivo do GGN foi o mesmo de Marco Aurélio Mello, criar polêmica e tarir holofotes, proferindo voto vencido, pode ser que consiga atingi-lo. Mas o que foi publicado nesta reportagem não alivia nada para sérgio  moro, para a esposa dele e o amigo advogado do casal, agora acusado por outro advogado de cometer tráfico de influência e cobrar propinas de pessoas investigadas pela Fraude a Jato.

  2. AH SE SAÍSSE NA FOLHA OU ESTADÃO!!!

    Bela matéria, Cíntia Alves .. Saudades do jornalismo investigativo. Que acabou faz tempo! Mas fico aqui pensando com meus botões: se essa notícia “Fake news” tivesse sido escrita pela repórter “Cintia Alves, da Folha ou do Estadão ou do Globo” teria aqui um montão de gente tecendo seus comentários…espalhando a notícia, criticando etc etc… Mas saiu aqui, no GGN. Quantas pessoas entraram e comentaram? Quaze ZERO!  Ou seja, a gente fala do fim da mídia familiar (Folha, Estadão, Globo, veja etc), mas ela continua robusta minha gente. Não assinam o jornal, mas vão lá nos respectivos portais (Uol, G1, Estadão)  para ler as novidades do dia. Ou seja, a meia-dúzia de famílias que regem a comunicação no Brasil não têm o que “temer”… Anda existe muito fôlego … Uma notícia como esta aqui no GGN deveria ter pelo menos uns 50 comentários. Né? Seria pouco, mas menos desanimador… Por isso que quando alguns na Blogsfera dizem que a mídia perdeu o poder, não só não acredito como dou risadas. Eles têm ainda muito poder e muita grana para torrar! (alfinetada: aqui para nós, encheram as burras de grana no governo petista).

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