Filha de Queiroz repassou ao pai 80% do salário como assessora de Bolsonaro

Família unida. Defesa dos Queiroz argumenta que, apesar de prestar serviço como personal trainer no Rio enquanto era contratada no gabinete de Bolsonaro em Brasília, Nathalia Queiroz prestava serviços em mídias digitais e repassava salário para o pai porque era ele quem geria os recursos da família.

Jornal GGN – Um novo relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) revela que a personal trainer Nathalia Melo de Queiroz, ex-assessora de Jair Bolsonaro na Câmara, repassou 80% do salário que recebeu entre junho e novembro de 2018 ao pai, Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

A informação foi exposta nesta terça-feira (20) pelo jornal O Globo. Segundo o Coaf, a personal trainer transferiu para seu pai R$ 29,6 mil dos R$ 36,6 mil que recebeu como assessora do Bolsonaro.

O policial aposentado e motorista, Fabrício Queiroz, está sendo investigado pelo Coaf e Ministério Público do Rio por conta da movimentação suspeita de R$1,2 milhão entre 2016 e 2017, em suas contas bancárias, valor incompatível com seus rendimentos.

O órgão aponta ainda que Nathalia Queiroz repassou R$ 97,6 mil para o pai, em 2016. Ela trabalhou também no gabinete de Flávio Bolsonaro entre setembro de 2007 e dezembro de 2016, antes de assumir cargo na Câmara dos Deputados como assessora de Jair Bolsonaro.

Enquanto trabalhava em Brasília, Nathalia prestava serviço como personal trainer no Rio. O relatório da Divisão de Laboratório de Combate à Lavagem de Dinheiro e à Corrupção do MP aponta que ela foi registrada como funcionária de três academias no Rio e que ainda tem vínculo aberto com a Bodytech.

O advogado Paulo Klein, que atua na defesa da família Queiroz, argumenta que Nathalia prestava serviços de mídias digitais, à distância, portanto não precisava estar o tempo todo em Brasília. Sobre a transferência sistemática do salário para a conta do pai, a defesa responde que Queiroz geria os recursos da família.

Em fevereiro, a revista Veja divulgou outras informações do relatório do Coaf sobre Flávio Bolsonaro. O órgão ponderava que as movimentações nas contas do parlamentar eram incompatíveis com seus rendimentos, então como deputado estadual.

Durante os seis meses analisados pelo Coaf, Flávio movimentou R$ 632 mil. Desse total, R$ 337 em créditos (ou seja, depósitos em sua conta) e R$ 294 mil em débitos.

Ainda em fevereiro, a TV Globo veiculou uma reportagem baseada em outro trecho do relatório do Coaf mostrando que Flávio Bolsonaro recebeu na sua conta 48 depósitos de R$ 2 mil em um mês, totalizando R$ 96 mil. Todos os depósitos foram feitos no autoatendimento de uma agência bancária que fica dentro da Alerj, o que pode ser configurado como a prática da “rachadinha” (também chamada de “rachid”) – devolução de parte ou de todo o salário do funcionários para o deputado.

O senador Flávio Bolsonaro se defende afirmando que o dinheiro foi recebido como sinal pela venda de um apartamento. Mas, ainda segundo a TV Globo, a escritura do imóvel revela que o pagamento do sinal ocorreu três meses antes das operações suspeitas.

Em outro relatório, que teve trechos divulgados no final de fevereiro pela revista Veja, o Coaf mostrou que Queiroz sacou R$ 190 mil entre 20 de dezembro de 2016 e junho de 2018. No período ele fez 38 operações bancárias diferentes. Foram feitos saques fracionados em espécie com cartão de débito, despertando a suspeita do Coaf de ocultação de destino deste valor e sua finalidade.

Depois de meses negando depoimento ao MP do Rio, Queiroz finalmente enviou uma carta por escrito ao órgão justificando as movimentações suspeitas. Ele contou que recolhia parte dos salários de funcionários de Flávio para distribuir a outras pessoas que trabalhavam informalmente para o ex-deputado e hoje senador.

Queiroz disse ainda aos procuradores que, quando contratados formalmente para trabalhar na Alerj, os funcionários sabiam da partilha, feita para aumentar o número de assessores de Flávio que atuavam na base eleitoral. Segundo Queiroz, o senador desconhecia a prática.

O ex-policial descreveu o esquema como uma “desconcentração de remuneração”.

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Redação

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  1. Se fôssemos um país sério, todos já estariam presos e estes que se dizem salvadores da pátria teriam que devolver o dinheiro público e cumprir pena em.uma cadeia bem cheia. São tão marginais quanto aos que acusam, ou será que vão utilizar a mesma tática do larápio de nove dedos ao dizer que não sabiam de nada?

  2. Se fôssemos um país sério, todos já estariam presos e estes que se dizem salvadores da pátria teriam que devolver o dinheiro público e cumprir pena em.uma cadeia bem cheia. São tão marginais quanto aos que acusam, ou será que vão utilizar a mesma tática do larápio de nove dedos ao dizer que não sabiam de nada? Cadê os membros do MPF e a república de Curitiba?

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