Filho de FHC nem sabia o que era termelétrica, mas foi contratado pela Petrobras, diz Cerveró

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Lava Jato quis saber de Cerveró se havia propina na negociação da Petrobras que garantiu a operação de uma termelétrica no Rio de Janeiro para empresa ligada a Paulo Henrique Cardoso. “Isso eu não sei porque foi arranjo interno deles lá”, respondeu o delator

Jornal GGN – Na quarta-feira (5), duas horas antes de a imprensa veicular que a Polícia Federal pediu ao Ministério Público o indiciamento de Lula e mais oito pessoas por suspeitas de que o “sobrinho” (filho do irmão da ex-esposa) do ex-presidente teria recebido propina da Odebrecht por obras em Angola, outro inquérito da PF ocupava espaço tímido em alguns portais. De maneira muito rasa, os veículos divulgaram que, com base na delação de Nestor Cerveró à Lava Jato, a gestão FHC era investigada.

O assunto surgiu pela primeira vez na mídia em junho passado. Pela edição do Estadão, o leitor ficou sabendo que, no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), a contratação de uma “empresa ligada” ao filho do ex-presidente, Paulo Henrique Cardoso, se deu por orientação do então comandante da Petrobras, Philipe Reichstul, por volta de 2000.

“A PRS Energia, que segundo o delator pertencia ao filho do tucano, acabou se associando à Petrobras naquele período para gerir a Termorio, maior termoelétrica a gás do Brasil, construída pela multinacional francesa Alstom e que custou US$ 715 milhões. A assessoria de Paulo Henrique Cardoso informou que ele não conhece e nunca teve relação com a empresa”, publicou o jornal.

Na delação de Cerveró, divulgada no canal do Youtube do próprio Estadão, há detalhes que ficaram de fora da reportagem e também do termo de delação premiada do ex-diretor da Petrobras junto à Lava Jato.

Ao contrário do que disse o filho de FHC, Cerveró apontou que ele conhecia, sim, a empresa contratada pela Petrobras. “O Paulo Henrique Cardoso foi colocado ali como elemento de pressão. Não sabia nem o que era uma termoelétrica”, disparou o delator.

Cerveró tocou nesse assunto do filho de FHC quando, após tratar de propinas da Alstom e GE, foi questionado pela Lava Jato se conhecia mais algum caso de “irregularidade envolvendo propina” na gestão do tucano. Foi quando o delator tirou da memória o favorecimento a Paulo Henrique pela Petrobras, episódio em que ele conheceu o lobista Fernando Soares, um dos operadores do PMDB na estatal.

Segundo Cerveró, Fernando Soares o procurou com a cúpula de uma empresa espanhola interessada em fechar negócio com a Petrobras para operar a TermoRio. Delcídio do Amaral, que havia sido indicado um dos dirigentes da estatal patrocinado pelo PMDB, não sabia, contudo, que esse contrato já estava prometido para a empresa onde o filho de FHC, segundo Cerveró, tinha sociedade. “O Fernando ficou branco, ele não conhecia esse detalhe”, disse Cerveró.

Com uma hora e 18 minutos de gravação, o delator reproduz a reação destemperada de Delcídio ao descobrir que o negócio já estava direcionado para favorecer o filho do FHC, com ordens diretas de Philipe Reichstul.

A Lava Jato quis saber se havia propina na negociação. “Isso eu não sei porque foi arranjo interno deles lá”, respondeu Cerveró.

https://www.youtube.com/watch?v=gB3qxR7njq8 width:700 height:394

Cerveró ainda contou que Delcídio, que era muito conhecido no setor elétrico por ter sido ministro de Minas e Energia do governo Itamar, negociava constantemente propina com as empresas fornecedoras de máquinas para a construção de termelétricas no governo FHC. Por isso, ele teria ficado irritado quando descobriu que um dos negócios que estava em seu radar foi atropelado pela cúpula da gestão tucana.

O inquérito da PF sobre o assunto foi colocado sob sigilo.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

14 Comentários

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  1. Falando em termelétrica estou

    Falando em termelétrica estou esperando o racionamento de energia desde 2003. Além da Miriam Leitão já passaram uns duzentos analistas aqui pelo GGN garantindo que ficaríamos sem luz. E olha que tivemos uns dois anos de seca.

    1. tenha calma. o min. do

      tenha calma. o min. do apagão, pedro pulha, esta comandando a maior empresa do país, uma das maiores de energia do mundo. rapidamente tratando de vender a casa pra morar de aluguel(será q ele já privatizou a casa dele e dois pais velhinhos dele tb? todos moram de alugel bem felizes?).

      na mão dele, tudo apaga. tudo se perde (veja oq a bunge pensa dele…)

      “esse é tony montana. piscou duas vezes, perdeu sua grana” Marcelo.

  2. 44:15 “Nós quebramos o país”… Sobre o Racionamento de FHC

    A esquerda perde uma chance gigante por não editar esses vídeos de maneira mais palatável.

    Sempre que eu vejo esses vídeos na íntegra fica óbvia manipulação que a mídia faz desses depoimentos.

    O Estadão coloca no ar os vídeos de 2 horas e impede os comentários… geralmente nos comentários é possível alertar em quais momento estão as partes relevantes.

    Se for juntar todo o material… dá pra fazer um documentário sobre a maior farsa da história desse páis… a tal Lava-Jato.

  3. Por que ninguém pergunta aos delatores sobre Lula ser o chefe???

    Vendo esses vídeos me vem uma dúvida… eu nunca vi ninguém perguntar os delatores sobre a hipótese de Lula ser chefe do esquema.

    Se essa é a tese principal da investigação, deveria ser perguntado aos delatores: “Você acredita que Lula era o chefe de tudo???”

    Será que eles tem medo da resposta????

  4. E o Fefêzinho então é dono da

    E o Fefêzinho então é dono da maior termoelétrica do país? Da para colocar o que mais na conta dele, mesmo que não seja verdade, não importa, o que importa é como vendem a mentira – bom, pelo menos funcionou no caso do Lula e de seu filho.

  5. A blindagem a FHC e ao PSDB é escandalosa

    Prezados,

    Paul Joseph Göbbels, ministro da propaganda nazista, num dos seus onze princípios afirmava que: uma mentira dita em frases curtas e enfáticas, repetida mil vezes, se torna a mais absoluta verdade perante as massas manipuladas. Os mais atentos e observadores devem ter notado que o rótulo de partido mais corrupto colado no PT desde a farsa do menslão (a primeira tentaiva de golpe contra Lula, contra o PT e contra a Esquerda), e depois com a Fraude a Jato, segue exatamente a cartilha de Göbbels. A mesma técnica, com sentido oposto, é usada em relação aos governos de FHC, ao ex-presidente tucano, ao partido dele e às  principais lideranças, assim como aos que integraram os governos privatistas e entreguistas que arruinaram o Brasil, entre 1994 e 2002.

    Mesmo que sejam publicados apenas os trechos de interesse da PF e do MP, percebemos fàcilmente o direcionamento que é dado, para que os delatores premiados digam exatamente o que desejam os ‘investigadores’, de modo que o roteiro e enredo previamente estabelecidos para a trama novelesca sejam cumpridos. Aquele satírico vídeo, produzido por Guilherme Duvivier e Fábio Porchat, intitulado Delação, mostrou ao Brasil como atuam os integrantes da FT da Fraude a Jato quando interrogam um ‘colaborador’ premiado. Tudo é seletivo e direcionado, de modo a incriminar determinadas pessoas (petistas, ex-presidentes petistas, servidores e ex-ministros de governos petistas, diretores, executivos e profissionais nomeados em governos petistas) e poupar ou blindar outras (as que tenham ligações com os governos do PSDB, que tenham sido nomeadas nos governos de FHC, que pertençam ao PSDB, que tenham afinidades ou parentesco com FHC, ex-ministros que tenham servido aos governos de FHC, etc.). A ORCRIM da Fraude a Jato e a ORCRIM do PIG/PPV manipulam e enganam a grande massa preguiçosa e analfabeta política; mas quem tem um mínimo de inteligência social e política percebe claramente toda essa manobra, que visa criminalizar e aniquilar a Esquerda, abrindo espaço para que a direita golpista, escravocrata, oligáquica, plutocrática, privatista e entreguista ocupe o poder executivo federal

    Como já observou Luís Nassif, o golpe não terminou em 31 de agosto; ele continua, com o cerceamento á liberdade de expressão, com a censura e perseguição a jornalistas e a pessoas que criticam o PJ, com a repressão e criminalização dos movimentos sociais e reivindicatórios, com o estupro continuado e assassinato da CF, como vimos neste dia 5 de outubro, em que o STF revogou o Art. 5o, sobretudo o inciso que decorre da DUDH e que estabelece a presunção de inocência do cidadão até que tenha sido provada a culpa e ocorrido o trânsito em julgado (em última instância, evidentemente) de sentença penal condenatória. Embora haja o entendimento do golpe e das forças que o promoveram, NENHUM cientista social ou político, NENHUM jornalista ou analista independente fez até agora um ensaio sobre a trama e sobre sua lógica. 

    Sugiro ao Luís Nassif que aborde o tema “A lógica do golpe” na próxima crônica da série “O xadrez…”. Essa lógica hoje está claríssima; basta uma análise retrospectiva da atuação de sérgio moro, da cooptação da PF e do MP e do PJ por agências e departamentos de espionagem dos EUA (NSA, CIA, Dep. de Estado, FBI), assim como do massacre sistemático desferido pelo PIG/PPV contra o PT, contra os petistas e contra sos governso do PT, do financiamento de ONGs que incitaram manifestações desestabilizadoras (como as de 2013), o ódio e a divisão entre brasileiros, para perceber que o ataque à Petrobrás e às grandes empreiteiras brasileiras têm um propósito claro de paralisar e aniquilar o projeto de desenvolvimento soberano do Brasil, desalinhado dos interesses dos EUA. O setor energético, nuclear,  aeroespacial e de defesa (evidentemente os mais estratégicos para qualquer país) foram visados e atacados com pontaria certeira. Mais do que necessário é imperioso que algum estudioso de áreas técnicas e estratégicas (geólogo, engenheiro, físico), analista, cientista social ou político, desenvolva um ensaio sobre a lógica do golpe. Esse ensaio deve ser distribuído nas escolas públicas, em associações de moradores de bairros, em sindicatos diversos, nas sedes dos movimentos sociais, etc., de modo a despertar a consciência das massas trabalhadoras e excluídas para o que de fato vem ocorrendo no País desde 2013 e as perspectivas sombrias que se delineiam para as duas próximas décadas. O desmonte criminosso da Petrobrás, segue a toque de caixa, comandado pela quadrilha de Pedro Parente. Se não pusermos a boca no trombone, quando acordarmos será tarde demais.

     

     

  6.  
    O Paulinho Henrique já fez

     

    O Paulinho Henrique já fez exame de DNA? Vai que o cabra não é autóctone do nicho ecológico do corno velho.

    Orlando

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