Glaucos insiste numa “verdade” que não pode ser totalmente comprovada

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – É preciso fazer uma leitura mais crítica da notícia divulgada pelo Estadão nesta terça (9), sob o título “Glaucos quer imagens de compadre de Lula no hospital.”
 
Diz a reportagem que a defesa de Glaucos da Costamarques enviou um ofício a Sergio Moro insistindo em uma diligência já negada pelo juiz de Curitiba: solicitar ao Sírio Libanês as imagens de segurança, numa tentativa desesperada de provar que o dono do imóvel alugado por Lula está dizendo a “verdade”.
 
A “verdade” que Glaucos quer provar com as imagens é que Roberto Teixeira, advogado e compadre de Lula, esteve no hospital, em meados de 2015, supostamente para tratar do pagamento do aluguel de um apartamento vizinho ao do ex-presidente, em São Bernardo do Campo.
 
Glaucos afirma que não recebeu os valores referentes ao aluguel entre 2011 e 2015. No mês em que seu primo José Carlos Bumlai foi preso na Lava Jato, Teixeira teria procurado Glaucos para falar do início do pagamento.
 
Contra a tese do não-pagamento existem declarações anuais à Receita Federal, descobertas pela Lava Jato, que Glaucos tratou de afirmar no primeiro encontro com Moro que eram forjadas.
 
A defesa de Lula, então, apresentou outra contra-prova: os recibos. Em uma segunda audiência com Moro, Glaucos reconheceu que assinou um a um, mas disse era parte do plano para dar aparência de regularidade aos pagamentos.
 
Certo é que desde que a ação penal virou uma novela sobre o pagamento do aluguel, escanteando o verdadeiro objeto da ação – provar que Lula foi favorecido pela Odebrecht por causa de 8 contratos da empreiteira com a Petrobras -, Glaucos tem rebolado para explicar as inúmeras provas que contradizem a acusação.
 
Em meio à crise na narrativa, a defesa do co-réu resolveu se apegar às imagens do Sírio Libanês.
 
“O que busca o réu com a diligência é esgotar os meios de que dispõe para provar que ROBERTO TEIXEIRA o visitou no hospital e com ele tratou do início do pagamento dos alugueres do imóvel de São Bernardo”, diz o documento enviado a Moro.
 
“O fato de não haver apontamentos de ROBERTO TEIXERA nos registros de entrada do hospital, não quer dizer que ele não tenha entrado no hospital. Aliás, nem mesmo o hospital chega a afirmar que ROBERTO TEIXEIRA lá não adentrou. O que o hospital afirmou foi apenas a inexistência de registro de visitas em nome de ROBERTO TEIXEIRA em seus controles de portaria, nada além.”
 
“Isto é em tudo muito diferente de afirmar que ROBERTO TEIXEIRA não esteve lá, até porque, estaria o hospital mentindo e sabe dos riscos jurídicos de uma falsidade neste particular.”
 
(…) 
 
“O acusado está certo de que tais vídeos existem, pois é de interesse do hospital preservá-los para o fim de minorar riscos de responsabilização civil da entidade no trato dos pacientes por médicos, enfermeiros, funcionários e visitantes. Isto é da praxe de instituições como aquela.”
 
Para a defesa, é importante provar que Roberto Teixeira esteve no hospital. Por isso, a insistência em obter as imagens.
 
Mas usando a mesma lógica empregada no “[não ter registro] é muito diferente de afirmar que Roberto Teixeira não esteve lá”, também não é possível afirmar que eventuais imagens de câmera de segurança vão atestar que o compadre de Lula e Glaucos conversaram sobre aluguéis não pagos.
 
As imagens de câmera nunca vão esclarecer esta questão. Moro sabe disso, tanto que deu importância mínima na primeira vez em que elas foram solicitadas.
 
O mais provável é que as gravações , se existirem, sejam repassadas à imprensa para que os noticiários tentem, de alguma forma, dar credibilidade às falas de Glaucos contra Lula. Jogando para debaixo do tapete todas as lacunas e controvérsias que se acumulam neste processo.
 

 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

9 Comentários

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  1. Na ausência…

    Na ausência de provas, na ausência de ligação com contratos da petrobrás, na presença de contradições, na presença de documentos de fé publica, na presença de  declarações de imposto de renda. Porque agora nas vésperas do julgamento no TRF4, Glauco da Costa Marques faz mais uma vez este pedido. Quem o obriga a dizer a cada momento, sim sou mentiroso. Será que é a espada sobre a cabeça de seus filhos.  Mas o timing é interessante. Um novo pedido  sem sentido juridico, mas com sentido midiático. E é isto que interessa a Moro.

    De fato não é sequer necessário uma confirmação da ida de Teixeira. De fato o que interessa é jogar sempre a dúvida, criar uma estória,   pois apenas em cima de dúvidas e estórias que Moro trabalha. Glauco será obrigado a reafirmar suas contradições até que seu uso se esgote.

     Primeiro Moro criou a estória do primo de Bumlai, depois Moro criou a estória do terreno que jamais foi comprado ou do triplex jamais vendido e ou habitado. Esgotadas as estórias, Moro centrou o foco nos recibos. Durante algum tempo os recibos foram seu trunfo. Na verdade Moro apostava naquele relaxamento usual em qualquer casa  onde usualmente os recibos são perdidos. Este era o seu trunfo, mas se deu mal. Montando um cenário de condenação em cima de recibos de aluguel, se viu contestado. Pressionou Glauco, e o foco se tornou então a visita de Teixeira. Esgotado este outro foco, agora é a propagação da dúvida, mesmo apesar das negativas sucessivas do hospital, que são bem mais idôneas do que as afirmações de Glauco.

     

    1. Pois é, isso é tão rídiculo
      Pois é, isso é tão rídiculo para o MPF e o Moro ficarem jogando com o Estado Democrático de Direito. Até o bicicleteiro vendedor de lanches já sabe que isso é armação contra o Lula.

  2. Chantagem

    Os filhos do sujeito são muito vulneráveis.

    Há dinheiro estranho na conta do Glaucos vinda dos seus filhos.

    A salvação (ou troca) para esta situação é apontar para o Lula.

  3. Brasil, o país do Marcola e da bandidagem de toga

    Antigamente, algumas pessoas que não tinham argumentos para criticar a qualidade do texto de um escritor que detestavam,  diziam em tom de “gozação”: “não li e não gostei”. Essa frase era considerada a marca registrada da imbecilidade ampla, geral e irrestrita de quem a pronunciava. 

    No Brasil atual, temos que admitir uma coisa: o desembargador Thompsom Flores inovou com relação à esta frase no contexto do processo de Moro contra Lula ao dizer “NÃO  LI, MAS GOSTEI”. Esta frase representa o máximo em termos de destruição da justiça pelo populismo judicial.

    NÃO LI, MAS GOSTEI é tão imbecil e ridícula quanto “não li e não gostei”.  A diferença é que primeira frase adquire um sentido aterrorizante quando pronunciada por um desembargador.  Ou será que NÃO LI , MAS GOSTEI é uma gozação com aqueles contribuintes brasileiro que pagam os salários de vossas excelências e questionam a parcialidade vergonhosa da “justissa” brasileira?

    Mas Thompom Flores não está sozinho. A justiça do juiz Marcelo Bretas é tão aterrorizante quanto.  Ou seja, ambos são perigosíssimos!

    http://www.viomundo.com.br/denuncias/lenio-streck-a-justica-de-marcelo-bretas-que-toca-terror-e-a-violencia-simbolica-contra-o-ex-presidente-lula.html

     

    1. Estou começando  a acha que

      Estou começando  a acha que marcola, beira-mar e nem são gente muito  boa perto da galera de toga do judiciário do brasil.

  4. Ninguém Guarda Arquivos de Vídeo Aleatoriamente

    Arquivos digitais de vídeo são ultrapesados. Ninguém os armazena indefinidamente de forma aleatória, pois não há estrutura que suporte.

    Na empresa que trabalho, apenas 40 câmeras enchem 500 GB por dia. O servidor de 3TB só consegue armazenar 6 dias. No condomínio onde moro as 9 câmeras mais simples enchem o HD a cada 30 dias. 

    Imagens aleatórias de 2015, nem a pau Juvenal.

  5. Glaucos tenta usar sua própria torpeza em sua defesa.
    Então o Glaucos reconheceu que assinou os recibos um a um, mas disse que a assinatura era parte do plano para dar aparência de regularidade aos pagamentos?Esse Senhor tenta utilizar sua própria torpeza em sua defesa, o que não é permitido pela ordem jurídica. 

  6. Pai é pai…

    Entre ver o filho pagar pelo erro que cometeu ou cometer um erro em acusar o LULA sem provas…

    Ele escolheu o pescoço do LULA!

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