Grupos de extermínio e Lava Jato: a ficha de Ramagem, novo chefe da Polícia Federal

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Alexandre Ramagem coordenou a segurança da campanha de Jair Bolsonaro antes de chegar à Abin e, agora, deve assumir a Polícia Federal

Jornal GGN – Antes de comandar a Abin, a agência que produz informações de inteligência para o presidente Jair Bolsonaro, Alexandre Ramagem atuou em operações contra o crime organizado, no braço fluminense da Lava Jato e na repressão a grupos de extermínio – como o Escritório do Crime, cujo líder Adriano Nóbrega, morto em operação policial, era suspeito de ter relação com o esquema de rachadinha de Flávio Bolsonaro e na execução da vereadora Marielle Franco.

Amigo pessoal de Carlos Bolsonaro, Ramagem foi escolhido a dedo pelo presidente da República para assumir a diretoria-geral da Polícia Federal após a exoneração de Maurício Valeixo, homem de confiança de Sergio Moro.

Em meio às notícias de que a PF estaria cada vez mais perto de pegar Carlos pelos crimes do “gabinete do ódio”, Moro saiu do governo na sexta (24) alegando que há interferência política na direção-geral e nas superintendências da corporação, com o objetivo de dar a Bolsonaro acesso a informações privilegiadas de inquéritos em andamento.

A relação aparentemente íntima entre Ramagem e os Bolsonaro provocou reações na oposição. O deputado federal Marcelo Freixo afirmou no sábado (25) que aguarda apenas a publicação no Diário Oficial da União para ingressar com ação na Justiça contestando a nomeação do delegado.

Ramagem está na raia da família presidencial desde a eleição de 2018, quando foi destacado para ser o coordenador da segurança do então candidato a presidente do PSL. Naquela campanha, Adélio Bispo conseguiu o feito histórico de furar o bloqueio da polícia e desferir um golpe de faca em Jair Bolsonaro.

Após a vitória eleitoral do líder da extrema-direita, em fevereiro de 2019, Ramagem foi nomeado Superintendente da PF no Ceará, mas não chegou a assumir o posto. Foi indicado para assessorar a Secretaria de Governo da Presidência, auxiliando diretamente o então ministro general Carlos Alberto Santos Cruz – exonerado em junho daquele mesmo ano após divergências por conta do “estilo de comunicação” do governo.

No mês seguinte à saída de Santa Cruz, Ramagem então assumiu a Agência Brasileira de Inteligência, a Abin. Na sabatina no Senado, expôs seu histórico profissional, destacando a experiência com crime organizado e grupos de extermínio.

“Em 2011, assumi em Brasília a unidade de repressão contra crimes contra a pessoa. Iniciou-se um período de intensa capacitação do efetivo da PF nesta expertise. Assumi nessa função a presidência das investigações da Polícia Federal com tramitação no Superior Tribunal de Justiça. Operações policiais de combate a grupos de extermínio foram deflagradas em vários estados do País, construindo integração com informações de inteligência com diversas secretarias de segurança”, narrou.

Desde 2012, Ramagem é professor da Academia Nacional de Polícia e ministra a disciplina de “repressão a homicídios e grupos de extermínio”, além de gestão de efetivos da PF e de aperfeiçoamento e planejamento de operações policiais.

“Em 2017, tendo em conta a evolução dos trabalhos da operação Lava Jato no Rio de Janeiro, foi convidado a integrar a equipe de policiais responsáveis pela investigação e inteligência de polícia judiciária no âmbito dessa operação”, diz o documento debatido pelos senadores.

Ramagem tem um irmão, Bruno Ramagem Rodrigues, que também é agente de Polícia Federal.

Leia mais sobre o perfil do profissional aqui.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

3 Comentários

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  1. Eu só posso imaginar que ARamagen seja impedido de assumir a PF.
    Não é possível que este idiota, neste momento mais sujo que pau de galinheiro, ainda consiga ficar indicando amigos de sua família para postos que investigam o clã. Imagino que qualquer indicação do boçal venha a ser anulada, até porque é preciso lembrar que o min. Celso de Mello solicitou, em mandado de segurança, a apresentação de atestado psiquiátrico deste sujeito, algo que só poderá ser obtido com um psiquiatra amigo.
    Jorge Oliveira, cujo CV é bastante modesto, é outro amigo dos irmãos metralha que acaba de ser indicado para o ministério da Justiça.
    Assim, fica estabelecida a vergonhosa dobradinha bolsonaro, Min.Justiça e PF, no comando da justiça do patropi, garantindo assim a inocência de todos os três filhotes em todos os processos existentes. O Carlucho, que não tem nada na cabeça, escreveu ” se não escolhe amigo, tem que escolher inimigo?”, e ainda xinga rsrsrs O zero qualquer coisa esquece que existe a indicação de pessoa neutra.
    Não é possível que, depois de tudo o que aconteceu há dois dias, toda esta patifaria prospere.

  2. Este personagem foi responsável pela segurança da campanha de Bolsonaro. Não foi durante a campanha que o Bolsonaro levou uma facada? Sua nomeação para a ABIN foi o prêmio pela imcompetência? Agora querem entregar o Ministério da Justiça para ele? É premio por qual cagada…?

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