Jair Bolsonaro e seu filho são denunciados pela PGR por racismo e ameaça

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – O deputado federal e pré-candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro, foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República, nesta sexta-feira (13), pelo crime de racismo, durante palestra no Clube Hebraica, no Rio de Janeiro, em abril do ano passado.
 
“Eu fui num quilombo. O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem para procriador ele serve mais. Mais de R$ 1 bilhão por ano é gastado com eles”, havia dito, nos insultos. Por estas declarações, Bolsonaro já foi condenado a pagar R$ 50 mil por danos morais coletivos a comunidades quilombolas e à população negra. 
 
Durante a sua fala, Bolsonaro disse que, se for eleito presidente em 2018, não iria destinar recursos para ONGs e que tampouco iria deixar “um centímetro demarcado” para reservas indígenas ou quilombolas. “Se depender de mim, todo cidadão vai ter uma arma de fogo dentro de casa. Não vai ter um centímetro demarcado para reserva indígena ou para quilombola”, havia iniciado, em seu discurso.
 
Na denúncia apresentada pela PGR nesta sexta, Raquel Dodge lembra que o crime de racismo é inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de 1 a 3 anos de prisão e multa. A procuradora pede que Bolsonaro pague R$ 400 mil por danos morais coletivos.
 
“Jair Bolsonaro tratou com total menoscabo os integrantes de comunidades quilombolas. Referiu-se a eles como se fossem animais, ao utilizar a palavra ‘arroba'”, escreveu a procuradora-geral.
 
“Esta manifestação, inaceitável, alinha-se ao regime da escravidão, em que negros eram tratados como mera mercadoria, e à idéia de desigualdade entre seres humanos, o que é absolutamente refutado pela Constituição brasileira e por todos os Tratados e Convenções Internacionais de que o Brasil é signatário, que afirmam a igualdade entre seres humanos como direito humano universal e protegido”, ressaltou.
 
Também sobre os danos a quilombolas, “Jair Bolsonaro ainda consignou, em comparação, que os japoneses são um povo trabalhador, que não pede esmola. Assim, evidenciou que, em sua visão, há indivíduos ou povos superiores a outros, tratando quilombolas como seres inferiores”.
 
Filho também denunciado
 
O filho do pré-candidato também foi denunciado pela Procuradoria. O deputado federal Eduardo Bolsonaro teria feito ameaças a uma jornalista. A repórter realizou um boletim de ocorrência narrando e registrando mensagens no aplicativo Telegram, aonde o deputado usou palavras como “acabar com sua vida”, “agressão” e “fazer a vítima arrepender-se de ter nascido”.
 
As ofensas ocorreram no dia 14 de julho de 2016, usando também palavras de baixo calão. “A conduta ainda é especialmente valorada em razão de o acusado atribuir ofensas pessoais à vítima no intuito de desmoralizá-la, desqualificá-la intimida-la (‘otária’, ‘abusada’, ‘vai para o inferno’, ‘puta’ e ‘vagabunda’)”, informou.
 
“O denunciado era plenamente capaz à época dos fatos, tinha consciência da ilicitude e dele exigia-se conduta diversa. Relevante destacar que o denunciado teve a preocupação em não deixar rastro das ameaças dirigidas à vítima alterando a configuração padrão do aplicativo Telegram para que as mensagens fossem automaticamente destruídas após 5 (cinco) segundos depois de enviadas”, lembrou Dodge.
 
O crime tem pena prevista de um ano ou, caso a Justiça prefira, poderá condená-lo a indenizar a vítima em R$ 50 mil, mais 25% do salário que o parlamentar recebe a uma instituição de atendimento a famílias e autores de violência doméstica pelo período de um ano e 120 horas de serviço à comunidade.
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

16 Comentários

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  1. Começou

    Com um julgamento rápido no STF a direita golpista pode tirar o segundo colocado nas pesquisas pela Lei da Ficha Limpa abrindo espaço para uma eleição completamente “chapa-branca”, sem Lula e com Alckmin, Meireles, JB e Marina. Sonho realizado!

    Bolsonaro deveria renunciar ao mandato de deputado para que o crime volte a 1a instância dando tempo dele se eleger…

  2. Pois é, o golpe global não

    Pois é, o golpe global não está confiando no “voto útil” da galera para eleger o Macron de xuxu contra a besta do apocalipse. É bom não confiar mesmo. Voto em tucano não tem utilidade em hipótese alguma. Não importa quem esteja do outro lado.

    Facismo espalhafatoso ou discreto na aparência dá no mesmo. Bolsonaro não vai metralhar a Rocinha, vai é exterminar pobres do mesmo jeito que Alkimin já faz. A diferença é com ou sem bravata 

  3. Espanta é saber que

    Espanta é saber que Bolsonaros em geral não valem o que o gato come pelo que fazem há tempo, com vídeos suficientes para provar esse comportamento insano, selvagem. Todas as selavagerias praticadas contra Lula nos últimos meses, principalmente, advem desse deputado federal. Ou seja, será que Dodge está politizando o assunto favoravelmente aos tucanos? Em favor de Lula, defensor das causas dos negros, quilmbolas, e tantas outras minorias, é que não é, mesmo.

    Enfim, com Dodge, ou sem ela, Bolsonaro não se aguentaria em pé, diante de alguns políticos, durante os debates de praxe antes das eleições, se acontecerem eleições. 

  4. Por que agora se os crimes

    Por que agora se os crimes foram cometidos há mais de ano?

    Porque a questão não é o racismo desse psicopata. A questao é que o globalistas, a quem Dodge responde, não suportam o discurso de armar a população. E Bolsonaro já fez até projeto de lei nesse sentido.

    Por outro lado, se Bolsonaro abrir mão dessa bandeira perde importante força eleitoral .

    Por isso ele não é considerado uma possibilidade viável e vai ser descartado mesmo tendo acenado ao mercado atraves de seu provavel ministro da fazenda (Paulo Guedes) que prega o estado mínimo,  diz que pretende privatizar o Brasil de cima a baixo (abrindo mão do discurso nacionalista), que vai fazer a reforma da previdencia inspirado no modelo chileno (!), e ainda propoe corte de impostos e independencia do Banco central.

    Bolsonaro, assim como Marina, é  o pior dos mundos: conservador nos costumes com  influencia religiosa, e neoliberal na economia.Chamo de teocracia neoliberal, mas também podem chamar de trevas na terra.

     

  5. racismo nada……………………ou não só

    qualquer um que seja diferente deles é visto da mesma forma, como um inútil que precisa ser eliminado

      1. foi por aí, por esta falsa seletividade alimentada pela mídia…

        que criaram Hitler

        que também eliminou muitos alemãs que, pela visão deles, era para serem vistos como iguais

        ou “puros”

  6. Hehehe. 
    Tudo dentro da

    Hehehe. 

    Tudo dentro da previsão: Lula preso, Alckmin liberado, chegou a vez do Bolsonaro (não que esse troglodita não mereça). Por falar nisso me contaram que o economista do Bradesco, em palestra para fazendeiros na região onde eu moro, vendeu o Alckmin como o próximo presidente. A Folha já começa a fazer pesquisa sem o Lula, a Mônica Bérgamo já intrigou o Ciro com o Pt (deve-se dizer com grande participação das movimentações e declarações dele) e chegou a hora de desidratar o Bolsonaro. Acertado números falsos da pesquisa com as urnas eletronicas fraudadas por certo seremos governados pelo “pacificador”, o homem de centro, o que vai fazer o Brasil voltar aos trilhos que será vendido pela Globo e asseclas da imprensa paulista.

    É a democrácia (não democracia) brasileira. E quando retornarmos ao estado em que primeiro os militares do golpe de 64 e depois o FHC deixaram o Brasil  veremos grandes protestos da classe média. Nessa altura é possível que até os togados e os de terno de Miami participem do protesto. Carmen Lucia, Barroso, Fachin, Moro e caterva não. Deus é pai e não é padrasto e esses canalhas não vão durar pra sempre.

  7. classe média que se prepare…

    porque ser contra o Lula por ódio simplesmente

    é o mesmo que fechar uma porta para o inaceitável, segundo eles, e abrir outra para o insuportável

    se hoje já é difícil resistir ao  avanço do golpe,

    imagine sobreviver futuramente tendo que pagar até pelo ar que respiramos

    A oferta de escolhas de candidatos, sem o Lula, confirma

  8. Como todos já sabemos o golpe

    Como todos já sabemos o golpe quer impor um candidato deles, “honesto, homem de bem e de família”.

    Então, como também já sabemos, os golpistas tiraram do páreo o líder barbudo e e analfabeto que estava em primeiro lugar disparado nas pesquisas com ajuda decisiva do STF.

    Ocorre que nem assim o candidato deles teria qualquer chance. Sem Lula o bostanaro seria/será eleito no primeiro turno.

    Agora correm como loucos para excluir também o bostanaro.

    Só estão esquecendo de UM detalhe. Os apoiadores do Lula não têm nem portam armas de fogo, ao contrário da maioria esmagadora dos apoiadores do bostanaro, que têm e portam armas de fogo.

    Será que eles serão tão mansos quanto os petistas?

  9. O golpe tem que abrir espaço
    O golpe tem que abrir espaço para o santo.
    As bestas Bolsonaro viraram os petralhas da vez.
    Mas o santo é tão ruim, tão sem graça que não ajuda. O cara não consegue empolgar.

    Se está ruim para esquerda, para direita está pior.

  10. eu acho que o sistema não

    eu acho que o sistema não segura mais o bolsonaro.. a não ser que melem as eleições, aí nesse caso vão enfrentar a fúria dos ogros..

    .. as elites deram o golpe no Brasil achando que iam se dar bem economicamente e se ferraram.. mesmo.. profundamente.. tem muita riqueza virando fumaça, embora alguns pouquíssimos estejam ganhando uma grana..

    .. aí eles resolveram prender o Lula (que provavelmente nunca mais sairá da prisão) e se ferraram de novo, porque agora o que vem aí é bolsonaro, ninguém segura..

    .. nem a ditadura militar, hein, escrevam aí..

    .. infelizmente.. preparem-se..

  11. Bolsonaro formaria um governo anti funcional, por isto ele …..

    Bolsonaro formaria um governo anti funcional, por isto ele deve ser excluído pela própria direita.

    Muitas pessoas comparam Bolsonaro com Mussolini ou com Hitler, baseando-se que nos dois últimos eram fascistas e o brasileiro também o é, entretanto tanto um como outro dos facínoras do passado eles tinham uma característica que o nosso atual facínora não tem, a inteligência e a liderança.

    Para um governo numa situação de crise política e principalmente de crise econômica há necessidade, ou de pessoas que resolvam a crise, que não seria o candidato a presidente, ou uma pessoa que no caso de um governo fascista contorne a crise com atos truculentos, porém devidamente calculados.

    Jair Bolsonaro, seria uma espécie de presidente biruta (a de aeroporto) sobre um vento forte num sentido para a direita, muda de tempo em tempo a direção dentro do vento principal indo mais para um lado ou para o outro. O que todos sabem é que além do apoio dos seus bolsominhos, Bolsonaro só consegue juntar um bando de direitistas completamente alucinados, do tipo que olha a bandeira do Japão e pensa que esta é uma bandeira brasileira socializada.

    Com alguém com o perfil deste tipo, ou ficará na mão de grupos variáveis de oportunistas sem possibilidade de formar um governo com qualquer estrutura, grupos que serão variáveis, ora puxando para um lado, ora puxando para outro. A instabilidade que causa um governo regido por bandos que flutuam no poder, num sistema instável como o atual brasileiro, será uma constante de crises uma após a outra, pois simplesmente não haverá alguém para controlar nada.

    A outra alternativa de um governo Bolsonaro, seria a constituição de um governo do tipo fascista de partido único, entretanto esta condição ainda seria mais difícil a ser controlada, pois governos fascistas são “regimes reacionários de massa”, e para a geração deste perfil é necessário a um apelo constante a uma ordem fascista, que devem ser obtidas através de apelos de ordem, mantendo as massas afastada da política, porém incorporadas ao regime de forma subalterna, desprovidas de autonomia e hierarquicamente organizadas, análogo ao funcionamento de uma grande fábrica fordista militarizada. E o mais importante de tudo, deve o Líder ser alguém carismático e que consiga, através de objetivos simples manter toda a estrutura coesa.

    Um regime fascista deve ser visto pela massa como um regime “revolucionário”, “moderno” e hierarquizado, porém esta revolução deve ser vista pela própria massa como uma revolução que surge de cima, por sobre um controle absoluto, principalmente nos grupos mais fortemente doutrinados. A falta da figura de um “Líder Forte”, leva rapidamente a insurreição, dentro das próprias fileiras, onde surgirão outros elementos que devem ser periodicamente eliminados (de preferência fisicamente eliminados). Isto ocorreu no início do governo nazista onde os líderes dos camisas marrons tiveram que na “Noite das facas longas” serem extirpados do movimento.

    Como os quadros de base de Bolsonaro são compostos principalmente por polícias militares, nada disciplinadas, a posse deste na presidência da república levará rapidamente a sedição hierárquicas destas forças de policiais militares passando a confrontar com as forças armadas convencionais. Ou também a sedição poderá vir dos quadros subalternos das forças armadas, contra os próprios comandos.

    Em resumo, um governo Bolsonaro, ou seria instável se criasse uma base civil ou mesmo se criasse uma base militarizada, desta forma ele deve ser eliminado pela própria direita que o empoderou.

     

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