Janot: Depoimento de Paulo Roberto Costa na CPI pode atrapalhar investigações

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – Depoimento de Paulo Roberto Costa na CPI da Petrobras pode comprometer o acordo de delação premiada. A informação teria sido repassada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, aos senadores ristovam Buarque (PDT-DF), Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), por violar sigilo das informações e prejudicar o resultado final das investigações.
 
De o Estado de S. Paulo
 
Procurador-geral se diz contrário a ida de Costa à CPI
 
Ricardo Galhardo 
 
Para Janot, depoimento de ex-diretor pode comprometer acordo de delação premiada e apuração sobre irregularidades na Petrobrás
 
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse nesta quinta-feira, 11, aos senadores Cristovam Buarque (PDT-DF), Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) que o depoimento do ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa na CPI que investiga a estatal pode comprometer o acordo de delação premiada na qual Costa revelou a participação de dezenas de políticos de partidos da base de apoio da presidente Dilma Rousseff em esquemas de corrupção na empresa.
 
Janot argumentou com os parlamentares que o depoimento pode violar o sigilo das informações prestadas por Costa e prejudicar o resultado final das investigações. Isso poderia comprometer o acordo feito entre o ex-executivo e o Ministério Público Federal já que a lei 12.850/2013, que regulamenta a delação premiada, prevê a redução de pena de acordo com os dividendos concretos das informações fornecidas pelo delator.
 
A CPI da Petrobrás marcou o depoimento de Costa para quarta-feira, 178. Antes disso, a comissão precisa de autorização da Justiça, já que o ex-diretor da estatal está preso desde março. Na quarta-feira a CPI solicitou autorização ao juiz da 13.ª Vara Criminal Federal de Curitiba (PR), Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato da Polícia Federal.
 
No mesmo dia, encaminhou o pedido ao ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, alegando que o foco de interesse da CPI são acusados com direito a foro especial. No despacho, Moro considera “legítimas” as solicitações da CPI para ouvir Costa e ter acesso ao teor da delação, desde que preservado o sigilo dos documentos. Ontem a comissão protocolou novo pedido, junto ao STF. A expectativa é que o ministro decida ainda hoje se acata a nova solicitação, nega, ou pede um parecer do MPF.
 
Segundo fontes próximas ao procurador-geral, Janot só vai decidir se entra com um pedido formal contra o depoimento de Costa à CPI depois da decisão do ministro do Supremo. De acordo com um procurador, a lei também possibilita que a advogada de Costa, Beatriz Catta Preta, tente impedir o depoimento, alegando o direito de seu cliente de não ter nome nem imagem expostos após a celebração do acordo. A advogada não foi encontrada ontem para comentar o assunto.
 
Conforme pessoas próximas ao juiz Moro, a possibilidade de o ex-executivo ser solto ou transferido nos próximos dias está descartada. O magistrado viajou ontem para o Recife. A agenda não foi revelada.
 
Sigilo. Justiça Federal, PF e MPF se fecharam em sigilo depois do vazamento de parte do teor dos depoimentos de Costa para o Estado e a revista Veja, na semana passada. Telefones celulares foram proibidos em determinadas áreas da Superintendência da PF na capital paranaense. Nem mesmo os nomes dos delegados e procuradores que participam da força-tarefa que investiga os desvios na Petrobrás foram revelados. Uma equipe designada pelo Ministério da Justiça está desde segunda-feira em Curitiba investigando o vazamento. Jornalistas não passam da portaria do prédio da PF.
 
Ainda nesta sexta-feira, 12, o advogado Antonio Figueiredo Basto, que representa o doleiro Alberto Youssef, também investigado e preso pela Operação Lava Jato, vai apresentar as alegações finais da defesa de seu cliente. Anteontem a Justiça negou outros dois habeas corpus impetrados por Youssef. Basto criticou os vazamentos e a burocracia que envolve o caso. “É muita burocracia. Isso emperra todo o processo. Graças à demora o Paulo Roberto teve tempo de costurar o acordo”, disse o advogado.
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

12 Comentários

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  1. A intencao da “convocacao”

    A intencao da “convocacao” dele nao eh pra anular o inquerito?

    Pra que ela eh entao?

    Onde ja se viu senadorinho e deputadinho perguntando assuntos policiais pra suspeito ANTES do processo em si, gente?!?!

  2.  
    Costa deve é retornar ao

     

    Costa deve é retornar ao período  FHC e contar tudo .

    Bota  fogo no circo .

     

    Caso contrário sofrerá as penalidades da lei e as grandes empreiteiras cairão fora  .

     

    Sua defesa maior é relatar tintim por tintim .

  3. O Janot está nos gozando. Que

    O Janot está nos gozando. Que sigilo? A coisa já está na imprensa com nomes e sobrenomes, faltam apenas as provas. Depois do vazamento Justiça Federal, PF e MPF tomaram medidas para resguardar o “sigilo”. Ora convenhamos, colocar a tranca depois da casa arrombada nada resolve.  Equipe do Ministério da Justiça está apurando o vazamento. Outra balela, deveriam ter afastado todos os envolvidos e iniciado um procedimento disciplinar para verificar quem entregou as informações ao Estadão e à Veja. Quanto ao depoimento do Costa junto à CPI, não vejo probema algum. Basta manter a coisa no mesmo sigilo já aplicado na PF. Ou seja, sigiloso mas com vazamentos dirigidos…

    1. Vazamento?

      Ou talvez o Janot esteja sutilmente sinalizando que não houve vazamento algum – e que é melhor para o PR Costa que não haja, pra não melar o acordo de delação premiada. E nesse caso o suposto “vazamento” seria melhor descrito como “invenção”…

  4. “CPI de boca de urna”

    E a oposição, irresponsável e descompromissada, fez o pedido com “urgência”!

    Eleitoral, evidentemente.

  5. O Cristovão, o Rolemberg e o

    O Cristovão, o Rolemberg e o Randolf estão é querendo ver o circo pegar fogo, somente isto. Não querem que se descubra nada, como sempre.

  6. rs……..acho que vai acabar como quarta-feira de cinzas

    se está preocupado com os “dividendos concretos das informações”, isto pode significar que não há provas

  7. ligações, divulgadas, desde que tudo começou…

    1 – pf queria e delator não

    2 – pf ofereceu e delator recusou

    – ?

    4 – delator ficou de pensar e posteriormente recusou o que a pf nunca quis

    5 – cpi quer ter acesso ao que não foi vazado, mas que ainda depende de provas

    6 – ?

     

    crível ou incrível como todo “faz-me rir” bem composto ou de sempre?

  8. Os três parlamentares citados

    Os três parlamentares citados eram unha-e-carne com Demóstenes. Aliás, no Congresso sempre se destacam uns parlamentares como donos da verdades, arautos da moral e dos bons costumes, até que a própria imprensa que os eternizam se voltam contra eles. Nas CPI’s são os mesmos também a entrevistarem os depoentes com ares de juíses, como: Carlos Sampaio, Aloysio Nunes, Agripino Maia, Rodrigo Maia, Álvaro Dias, entre outros. Às vezes eu quero ver as audiências, mas vejo tanta violência no interrogatório que logo desisto. Muitas vezes nem fazem perguntas, mas afirmações delongadas. Por fim, essas CPI’s são um verdadeiro teatro para dar visibilidade a alguns poucos parlamentares, todos ávidos em desconstruir o PT. 

  9. parece a hsitória do

    parece a hsitória do mensalão.

    alguém inventa, neste caso a veja, e daí sai em toda

    a grande mídia que as declarações foram do condenado costa.

    mas quem tem certeza disso?

    quem garante que a notícia não foi inventada?

    isto é, requentada um monte de informações anteriores como ocorre sempre com veja?

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