Juíza que barrou visitas a Lula é filha do médico de Janene, o pivô da Lava Jato, por Alceu Castilho

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Por Alceu Castilho, no Facebook

O mundo dá voltas. Em 2007, acusado de um de um desvio de R$ 1,6 milhão, o ex-deputado federal (e pecuarista) José Janene, pivô do caso do mensalão, precisava ir a uma audiência em Londrina, no Paraná. Seu médico particular, um libanês chamado Elie Lebbos, apresentou ao juiz um atestado para justificar a ausência do político: “‘A cardiopatia faz com que ele tenha apenas 28% do coração ativo, ele não tem condições de suportar qualquer situação de stress”.

Janene faleceu em 2010. Elie Lebbos, no ano passado, em outubro. Ele era casado com Marina Vieira Moura Lebbos. Não era só médico. Possuía empresas (inclusive uma incorporadora imobiliária), era um perito previdenciário aposentado (por isso a viúva recebe pensão), foi do Conselho de Administração da Sanepar, a companhia paranaense de saneamento, e fazia parte do Conselho Fiscal do Banco Mercantil do Brasil.

No Mato Grosso, em 2016, Lebbos era do Conselho Fiscal da distribuidora de energia Energisa, junto com seu sócio na Dax Incorporações. Antes, quando a empresa ainda era a Cemat (o controlador Jorge Queiroz, do grupo Rede, ainda não tinha dado um calote bilionário), ele representou acionistas preferenciais. Entre eles estavam Luciana Moura Lebbos e Carolina Moura Lebbos.

Em abril de 2016, ata do Banco Mercantil do Brasil mostra que Elie Lebbos assinou presença na assembleia geral ordinária, “por si e por Carolina Moura Lebbos e Luciana Moura Lebbos”. (O endereço de Luciana em um dos documentos é o mesmo de Elie Lebbos, em Curitiba, a quem defendia como advogada, e o mesmo da cooperativa do médico, a Greenmed).

Em 2018, formada em Direito pela Universidade Federal do Paraná, Carolina Moura Lebbos entrou no noticiário como a juíza responsável por quem visita ou não, na prisão, o ex-presidente Lula. “Discreta, técnica e rígida”, na definição do UOL, a juíza está longe das redes sociais. (Elie Lebbos tinha bem mais visibilidade.) Há alguns dias, ela negou a visita humanitária de um prêmio Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel, de 87 anos, que denunciou um estado de exceção no Brasil.

Alceu Castilho é jornalista

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

17 Comentários

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  1. Quantos fios entrelaçados na “república”…

    Em algum momento no futuro,  qdo desatarem os muitos nós, quem viver verá a trama.

    Mas, desconfio, que em outras plagas já montaram o quebra-cabeça.

    Daí, talvez, tanta submissão,  tanto empenho no ataque e desmonte do nosso país. Não há alternativa, nenhuma possibilidade de recuo.

  2. Concurseiros

    Mais um exemplo de concurseiro que passa a vida inteira com o própósito de se dar bem no poder mais corrupto da nação: fascista, patrimonialista, ignóbil e inútil. Adolf Eichmann fez escola no Brasil. 

  3. Tão novinha

    O que será que ela entende sobre o significado de um prêmio Nobel da Paz, como Esquivel ou da visita de um religioso como Boff? Ou sobre o que significa para o país o homem que encarceraram? Sua atitude  me colocou em dúvida quanto a formação desta juiza.   Mas talvez por ignorância, ou talvez por convicção, aprendeu cedo de mais a se esconder por trás de um palavreado técnico e por um discurso judiciário, sem compreender quão desumano e injusto pode ser este discurso e este palavreado. 

    Mas por outro lado  o critério técnico, é para estes bastante relativo. Pois só   por convicção pode-se  acreditar no palavreado nada técnico do discurso judiciário presente nos autos de condenação do presidente. Esta é a realidade de nossa justiça, juizes não julgando mas sim buscando no discurso técnico e principalmente nos meandros retóricos as justificativas para fazer cumprir suas convicções.  E exemplos como Weber e Fachin e Barroso , fazem escola

    Mas a juiza Lebbos talvez sem compreender ou talvez por convicção infelizmente  ligou seu nome de forma definitiva a uma das passagens mais absurdas e vexaminosas de nossa “Justiça”. Moro a jogou nisto e ela de bom grado se expôs desta maneira tão triste.

     

  4. Tomemos cuidado
    Nassif,

    Não concordo com a prisão do Lula, por tudo o que vem sendo demonstrado nos últimos tempos. O que consta é que foi negada a visita do Esquivel e do Boff era que tinha como justificativa a vistoria da cela, o que foi realizada essa semana pela comissão do Senado, não faz sentido deferir mais uma visita de vistoria.

    Pessoalmente acho vergonhoso não permitir um Nobel da paz visitar um preso, mas deixemos claro que ela é uma juíza de execução penal, o Lula é um preso, ilegal, mas é formalmente um um preso. Ainda se questione ações do pai dela, que para mim não tem nada de irregular,isso não pode ser atribuído a ela. Ser acionista de empresa de energia, não é ilegal.

    Me preocupa um pouco essa perseguição, meio infundada, fica parecendo um fascismo de esquerda. Precisamos estar atento, para não repetir as ações que tanto condenamos.

    Um abraço

    1. Quanto às visitas, esse “o que consta” tá meio embaralhado

      O Esquivel solicitou permissão judicial para uma visita pessoal. Depois, na condição de presidente de uma organização de direitos humanos, fez um requerimento específico para vistoriar as instalções da PF. Este último pedido foi examinado e negado. O primeiro, o da visita pessoal, sequer foi apreciado.

      Quanto ao Leonardo Bofff, não houve pedido de inspeção, mas de visita humanitária que, ao que parece, foi negado.

    2. sair do muro….nem pensar

      O fruto da jaca cai debaixo da jaqueira, da pera idem, da maçã idem, e o da jabuticaba nossa arvore símbolo sempre cai no judiciário, deve ter uma explicação.

    3. Juíza fora da lei
      A LEI fala que presos podem receber visitas de familiares e amigos. O dia de visitas do Lula foi transferido de quartas para quintas. Esquivel é amigo do Lula e numa quinta feira teve seu pedido de visita negado por mais um togado meganha descumpridor da lei.

    4. Deixar um inocente preso ta

      Deixar um inocente preso ta certo?  ficar incomunicável  tb  ta certo??  Ta tudo errado e a juíza  que proibiu   dois idosos  de visita-lo   ta certa????Algo de podre no reino da Dinamarca!!!!!Poupe  meus  neurônios!!!!

    5. Cara Shirley

      Quando  seres humanos, aos quais o estado deu uma formação e  forneceu meios para aprender e se ilustrar , chegam a um cargo de juiz, sabem muito bem que não é a letra da lei, mas sim a interpretação da mesma o que vale. E isto é para o bem e para o mal. Se fosse a letra da lei não teriámos as disparidades das dosimetrias da pena. Se fosse a letra da lei não teríamos delatores vivendo em palácios construidos com dinheiro roubado. Se fosse a letra da lei não se aceitaria de forma alguma autos onde um juiz confessa que não tem provas, e que muda a acusação durante a própio texto da sentença.  Todos aqui sabemos que não se trata apenas de execução penal, ou se formalmente é ou não um preso.  Todos sabemos que não é um preso qualquer, pois não foi condenado de maneira qualquer ou a luz da letra da lei. Todos sabemos que foi preso antes dos recursos ao própŕio TRF4, e neste caso  a letra da lei não foi seguida. Portanto todos sabemos que agora esta questão está sendo interpretada formalmente , à letra da lei,  porque é muito conveniente. 

       Exatamente por isto, barrar Esquivel e Boff  à letra da lei, é  apenas demonstração de poder.E a juiza , pelo próprio cargo deve ser consciente disto tudo. Portanto de forma consciente esta juiza contribue um pouco mais para  a sensação de prisão em solitária.  Se juizes fossem não poderiam mante-lo em solitária. Não poderiam mascarar a solitária como um privilégio.  E se por algum acaso fossem coerentes com as intenções, porque então um preso, que não está condenado a solitária mas sim foi colocada nela com desculpas de distinção, não pode ter visitas quando quiser. Afinal isto sim descaracterizaria a prisão em solitária.

      Portanto não é uma questão formal. E fora  isto a insensibilidade quanto aos visitantes é ou profunda má fé, ou uma profunda ignorância e desconhecimento sobre as personalidades envolvidas.

      Nada sei sobre o pai dela e não é objeto do meu comentário.

    6. FILHA DE PEIXE PEIXINHA É… A FRUTA NUNCA CAI LONGE DO PÉ.

      _FILHA DE PEIXE PEIXINHA É… A FRUTA NUNCA CAI LONGE DO PÉ.  Presada Shirley. Muito da pessoa que hoje sou é herdado de meu pai e de minha mãe, os atos, comportamentos e maneira de ser. Os atos dessa juíza, recém saida do ovo (DA SERPENTE), mostra o lado perverso do meio onde ela nasceu e foi criada, absorveu atos, atitudes e maneira de ser de seus pais. Beleza não põe mesa. O CASAL NARDONE que os diga. A maldade tem sordidez e a face é oculta. Engana-se quem acha que o mal é feio e tem pouca inteligência.

  5. A propósito: Cadê o Cunha?

    Será que o pivô descartável de toda essa merda que estamos vivendo tem um tunel secreto para encontrar-se com sua amada metralhadora de cartões de crédito?

    Falaí Cunha? Onde estás?

  6. A fraude fede.

    Não concordo com esse neologismo “concurseiros”. Conheci pessoas decentes que prestaram concursos mais de cinco vezes até conseguirem aprovação. O problema é quando o aprovado em concurso público vem de família importante, filhos e netos de deputados, juízes, senadores, governadores. Troquem o termo “concurseiro” por fraude pura e simples. Examinem com rigor as instituições acadêmicas de onde vêm esses fascistas públicos, quase sempre de segunda ou terceira linhas e sempre passam na frente de candidatos sem pedigree das nossas melhores universidades.

  7. Pelo visto, mais uma juíza

    Pelo visto, mais uma juíza sem experiência e formação para ocupar um cargo dessa responsabilidade.  Mas, não creio que ela é a peça chave. Para mim ela assina os papéis e as decisões são tomadas pelos mesmos de sempre, mais antigos (sic) nos cargos da lava jato. Ela é decorativa no cenário apresentado, talvez isso justifique sua discrição.

  8. Judiciário em foco

    A imprensa tradicional faz escola:

    “…juíza responsável por quem visita ou não, na prisão, o ex-presidente Lula. ” ( “A decisão foi tomada pela juíza Carolina , responsável pela execução penal do petista”.)

    A propósito,  foi publicado hoje no Estadão:

    “Em conversas recentes com ministros do Supremo, ouviram que a única forma de ajudar Lula a sair da prisão é tirá-lo dos holofotes. Enquanto o petista estiver todos os dias na mídia e confrontando o Poder Judiciário é impossível que a Corte vote qualquer ação que possa beneficiá-lo, como o fim da prisão após 2.ª instância.”

     

  9. Sim, essa juíza é daquele

    Sim, essa juíza é daquele clube.

    Que me perdoem os paranaenses, até dá para entender o desejo de algum protagonismo num Brasil que, segundo a TV, fala em carioquês, ganha dinheiro em São Paulo, decide política em Brasília, torce por time paulista ou carioca e… “e nós, daí?”

    Daí a apoiar o “clube”, só porque é paranaense, sem ver o enorme prejuízo que esse clube está causando não apenas à democracia mas à própria prosperidade e à nacional… é esse o protagonismo que o Paraná queria? Olha que o clube é bem exclusivo, hein? Será que basta ser paranaense para se beneficiar?

  10. Gostaria de deixar

    Gostaria de deixar agradecimento pelo corajoso e ético trabalho tanto do autor dessa matéria quanto da mídia que o repercute. É de muito valor a contextualização dos fatos para entendermos, por exemplo, a verdade de porque essa juíza julgou como julgou. Em outras palavras, informação factual sobre que apito tocam as pessoas envolvidas em mais essa investida do golpe. O golpe não durará para sempre, nenhum golpe dura. Mas a história – e seus personagens e ações – está registrada para sempre, principalmente pelo Jornalismo e pela academia, e o mais legal, sem a capa das mentiras: essas se desfazem, de per si, com o tempo, e pelas mãos de quem toma para si a corajosa função de investigar.

    Grato.

  11. Revelando verdades
    Despreparada, imatura e sem postura ética. Essa juíza, na última vez que esteve com Lula. Esperamos uma conduta ética e técnica, esperamos uma melhor postura das pessoas que ocupam cargos de juízes neste país.

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