Lava Jato em Curitiba usa argumento falso para se defender do “sequestro” de testemunhas em Atibaia

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Agência Brasil
 
Jornal GGN – Os procuradores de Curitiba decidiram lançar mão de um método duvidoso para tangenciar o escândalo do “sequestro” de testemunhas usadas para construir o caso do sítio de Atibaia contra Lula.
 
Na quinta (21), o GGN publicou que Sergio Moro, enfim, “descobriu” que os procuradores de Curitiba, com ajuda da Polícia Federal, constrageram testemunhas em mais de uma oportunidade denunciada desde 2016 pelo Conjur.
 
Foi somente durante uma recente audiência que Moro se surpreendeu com o relato de Leitides Vieira. Irmão do caseiro do sítio, ele afirmou ao juiz da Lava Jato que sua esposa e filho de 8 anos foram tirados de casa e levados pela força-tarefa para o sítio atribuído a Lula, onde a mulher foi obrigada a depor sem que seus direitos fosse preservados.
 
À época, meados de 2016, os policiais e procuradores não apresentaram nenhuma ordem de condução coercitiva, nem autorização judicial ou qualquer outro documento que sujeitasse a mulher e a criança àquela medida. Os dois foram levados depois que Leitides foi brevemente interrogado pela força-tarefa e precisou sair de casa para uma consulta médica.
 
O Conjur já havia revelado outros casos em que os procuradores fizeram a mesma abordagem ostensiva e sem respaldo jurídico a outras testemunhas que tinham alguma atividade no sítio, todas relacionadas ao caseiro.
 
Ciente da suspeita de abuso, Moro deu prazo de 5 dias para manifestação do Ministério Público e Polícia Federal.
 
Ao Conjur, os procuradores anteciparam ainda na quinta-feira (21) a auto-defesa, mas usando um argumento que deturpa a realidade.
 
Eles alegaram que fazer interrogatórios sem autorização judicial é “legal”, segundo suposta decisão do Conselho Nacional do Ministério Público após analisar o caso de outro irmão do caseiro do sítio que também foi assediado. 
 
Ocorre que o CNMP – que, aliás, arquivou a reclamação contra os procuradores – não analisou em nenhum momento a situação da cunhada do caseiro e seu filho, que foram levados de casa como se conduzidos coercitivamente.
 
O Conjur, na matéria em que fala da desculpa dada pela equipe de Dallagnol, destacou que em momento algum o CNMP se debruçou sobre “retirar uma pessoa de casa e levá-a ao local do suposto crime para tomar seu depoimento, mesmo sem autorização judicial.”
 
Os procuradores, portanto, usaram uma reclamação no CNMP que já foi arquivada, mas que tratava de um outro caso, para tentar justificar o que a bancada do PT na Câmara chamou de “sequestro” da cunhada e do sobrinho do caseiro do sítio. 
 
Leia mais aqui.
 
 
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

10 Comentários

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  1. Isso chama-se estado

    Isso chama-se estado jurídico-policial. Não pode ficar sem a investigação e devidas providências. O legislativo e demais instituições que lutam pela democracia e pelo Estado de Direito não podem calar! Mais do que nunca a CPI da lava jato precisa ser aprofundada para impedir a usurpação da soberania popular e os ataques aos direitos e garantias individuais. 

    1. #

      “O legislativo e demais instituições que lutam pela democracia e pelo Estado de Direito não podem calar!”

      O “Legislativo” é nada mais nada menos que aquele espetáculo de picaretagem que presenciamos em 17/04/20.

      Infelizmente aquilo está tomado por golpistas.

      367 votos a favor do golpe e apenas 137 contra.

      http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/POLITICA/507325-CAMARA-AUTORIZA-INSTAURACAO-DE-PROCESSO-DE-IMPEACHMENT-DE-DILMA-COM-367-VOTOS-A-FAVOR-E-137-CONTRA.html

       

       

       

  2. #

    Por muito menos que isso a reputação do ex-delegado da PF Protógenes Queiroz foi jogada na lama.

    Esse é o nosso bananal chamado Brasil: Pau que dá em Chico dá só em Chico mesmo.

    É por isso que as ruas estão repletas de bandidos. Somos um país sem moral.

     

  3. quando uma investigação é levada longe o bastante…

    a ponto de uma ilegalidade como esta ser permitida,

    nenhum cidadão brasileiro pode se dizer livre, seguro e protegido

    1. Sempre fui a favor do

      Sempre fui a favor do desarmamento, mas isso em uma sociedade democrática.

      O Brasil se tornou uma ditadura jurídica da pior espécie. Hoje penso que é hora da população se armar para se defender contra essas justiceiros loucos e seus abusos. Não quero violência, mas não vejo outra saída para essa situação.

  4. Esses idiotas criaram

    Esses idiotas criaram condições que irão transformar o Brasil em um estado ingovernável no futuro próximo.

    Quando a polícia e o judiciário são abertamente partidários e corruptos, respeita-se a quem? Só resta a força bruta no lugar da Lei. Esses imbecis rasgaram o contrato social brasileiro e o preço que todos pagaremos será altíssimo.

    Mas esses idiotas só irão entender o que fizeram quando o Brasil se tornar um grande faroeste. Quando esses tempos chegarem, ser juiz, promotor ou delegado não fará diferença alguma… Só a pontaria do revólver vai ter importância.

  5. Espero ver a atitude do PT e defesa do Lula

    Será que vão recorrer ao CNMP e ao STF pelo  conselho agir ilegalmente e o MP juntar esta deturpação aos autos?

    A defesa do Lula seria admirada em qualquer país com mídia decente por mostrar se os mecanismos legais contra ilegalidades funcionam.

    Quem sabe em 20 anos isto aconteça aqui?!

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