Lula tenta provar que Petrobras não era “empresa facilmente manobrável”

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Paulo Pinto/Agência PT
 
 
Jornal GGN – A defesa do ex-presidente Lula tenta provar que a Petrobras não era uma “empresa facilmente manobrável” na ação penal em que o petista é acusado de receber propina da Odebrecht por meio da compra de um imóvel nunca utilizado pelo Instituto Lula, entre outras supostas benesses. A Lava Jato acusa o ex-presidente de ser o chefe do chamado petrolão, pois Lula teria dado o aval à nomeação dos ex-diretores condenados por desvios na estatal para enriquecimento pessoal e abastecer partidos políticos. A denúncia se repete, em parte, no caso triplex.
 
Em nota à imprensa, após depoimentos colhidos pelo juiz Sergio Moro junto a ex-funcionários da Petrobras, a defesa de Lula disse que “a tentativa do MPF [Ministério Público Federal] de reduzir a Petrobras a uma empresa facilmente manobrável e sujeita a interferências indevidas não guarda correspondência com a realidade.”
 
“A realidade aponta em outra direção, considerando que a  companhia sempre teve instrumentos adequados de controle para barrar ilícitos. Refuta-se, assim, a ideia de uma situação generalizada de corrupção, capitaneada por um alto escalão, quando os fatos parecem cada vez mais indicar focos específicos de ilegalidades, não detectados nem mesmo pelo detalhado sistema de controle que a companhia dispunha à época.”
 
Na ação penal do triplex, também julgada por Sergio Moro, a força-tarefa tentou criar a ideia de que Lula teve dezenas de encontros com ex-dirigentes da Petrobras e que sua política de governo visava o favorecimento de empresas que sustentavam as campanhas do PT e aliados. Além disso, tentou criar proximidade entre Lula e o ex-deputado Pedro Corrêa, que ainda aguarda o fechamento de um acordo de delação premiada. Corrêa disse a Moro que tinha proximidade com Lula e que vivia no Palácio do Planalto já que era cacique do PP, uma das legendas que detinham influência em diretorias da Petrobras.
 
O ex-ministro Tarso Genro, segundo a defesa de Lula, ajudou a desqualificar essa tese da Lava Jato, apontando que Lula dialogava com todas as lideranças partidárias da base aliada de maneira estritamente institucional.
 
Além disso, dois ex-funcionários da Petrobras teriam explicado que a estatal tem mecanismos de regulação e controle dos negócios muito rigídos e que até a Lava Jato surgir, nenhum caso de corrupção veio à tona, muito menos com ciência ou participação do ex-presidente.
 
Abaixo, a nota completa da defesa de Lula.
 
O ex-ministro Tarso Genro reiterou hoje (12/6), em seu novo depoimento ao Juízo da 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba, que tem conhecimento suficiente da pessoa de Lula para dizer que o ex-Presidente “jamais aceitaria qualquer benefício indevido decorrente de intercâmbio, a partir de funções presidenciais”.  Ele desqualificou a afirmação anterior de Pedro Corrêa, que usou fotos tiradas com o ex-Presidente em reunião do Conselho Político para sugerir alguma proximidade com Lula. Genro afirmou que o convite à participação no Conselho não era feito por Lula e nem se dava por relação de proximidade com o ex-Presidente, mas sim pela posição institucional das lideranças políticas. O ex-ministro participou da criação do Conselho, instância voltada à institucionalização das relações políticas.
 
Tarso Genro disse que o governo Lula promoveu o aprimoramento das instituições voltadas ao combate à corrupção e que havia orientação expressa do ex-Presidente para que os processos de investigação ocorressem dentro da legalidade – este era o “princípio que norteava uma postura ética”. Disse também que, como ministro da Justiça, jamais teve conhecimento de qualquer esquema de desvio de recursos na Petrobras.
 
Foram igualmente esclarecedores os depoimentos de José Paulo Assis, ex-gerente de ampliação da refinaria, que assinou o contrato da Repar discutido na ação, e Mário Márcio Castrillon de Aquino, funcionário da Petrobras por 36 anos e que participava do Comitê de Normas Técnicas. Eles afirmaram que todas as contratações seguiram normas e padrões vigentes na companhia. Registraram ainda que todo o processo de contratação no caso da Repar foi conduzido por diversos técnicos de diferentes áreas da petrolífera, com o aval do departamento jurídico. Os preços praticados sempre observaram o limite aceito pela companhia em suas licitações. Ambos questionaram as conclusões apresentadas num relatório de uma comissão interna de apuração, instituída em 2014, e que foram utilizadas pelo MPF para inquiri-los. Ambos não reconheceram sequer afirmações a eles atribuídas e que constavam no material, como a referência a que as contratações na obra atendiam cronograma de eleições. Assis afirmou inclusive que não foi ouvido pela comissão e nunca teve acesso às suas conclusões.
 
A tentativa do MPF de reduzir a Petrobras a uma empresa facilmente manobrável e sujeita a interferências indevidas não guarda correspondência com a realidade. A realidade aponta em outra direção, considerando que a  companhia sempre teve instrumentos adequados de controle para barrar ilícitos. Refuta-se, assim, a ideia de uma situação generalizada de corrupção, capitaneada por um alto escalão, quando os fatos parecem cada vez mais indicar focos específicos de ilegalidades, não detectados nem mesmo pelo detalhado sistema de controle que a companhia dispunha à época.
 
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

3 Comentários

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  1. Tenta provar??????

    GGN virou sucursal de o globo?????? Mais uma falha grave do nassif.

    Desastroso o título. Mesmo porque o texto prova que a petrobras tem, ou tinha, uma estrutura de orçamentação contratação rígidas. E obras dificílimas de orçar devido a complexidade, grandeza e ineditismo, por serem diferentes de outras contratadas a no mínimo 20 anos antes.

    Será que o nassif ainda não sabe que o poder dos diretores de assinar um contrato hoje ou daqui a um mês, por exemplo, “quando eu voltar das férias”, valia um fortuna. Imagine um empresário que ganhou um serviço de 1 bi e o diretor diz que não tem pressa de assinar a ordem de serviço…

    Havia um governador em minas que conversando com grandes empreiteiros dizia: “minas só tem dinheiro para pagar um de vocês”; por conclusão valia uma fortuna a decisão de mandar pagar o que o estado realmente devia relamente.

    É claro que há outras várias maneiras de ganhar propinas, mas a da petrobrás, mais forte, era essa. E a Dilma quando soube demitiu o diretor ou diretores, não sei.

    A lava jato e a mídia misturaram tudo até com a chantagem do eduardo cunha que sabedor disso chantageava os corruptos e não queria de maneira nenhuma que fossem demitidos, o que foi a sua bronca com a Dilma, transformando a cia como uma corrupta.

    Que isso nassif! Já tenho desgostos demais.

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