Marcelo Odebrecht acusa executivos da Braskem de manipular em delação e diz que não houve caixa 2 para PT

Ex-presidente da empreiteira diz que Braskem errou ao falar que recursos para o PT nas campanhas de 2010 e 2014 foram de caixa 2 e ainda que executivos mentiram em acordos

Jornal GGN – Marcelo Odebrecht acusa executivos da Braskem de mentir, omitir e manipular em acordos de delação e de leniência para se protegerem na Justiça. A informação é da Folha de S.Paulo que teve acesso a um conjunto e e-mails trocados nos últimos dois anos entre o ex-presidente da Odebrecht e executivos da Braskem, petroquímica da qual a Odebrecht é sócia.

Em seu acordo de delação, a Braskem disse que o PT recebeu R$ 150 milhões nas campanhas de 2010 e 2014 de recursos provenientes de caixa dois. Marcelo rebateu destacando que a informação está errada e que as doações foram legais ou pelo chamado caixa três, quando uma empresa pede a um fornecedor para fazer a doação por ela.

“Acho importante retificar (até que se tenha o volume correto ainda a identificar de outros destinatários) que uma parte dos aproximadamente R$ 150 milhões que é citado como tendo sido direcionados ao PT/governo federal, no contexto das campanhas presidenciais de 2010 e 2014, não foi caixa 2, e sim de doações oficiais ou via terceiros (que tem sido chamada de caixa 3)”, escreve Marcelo propondo que a Braskem corrija as informações prestadas nos acordos.

Ainda segundo os emails de Marcelo, a petroquímica omitiu que pagou propina para dirigentes do MDB para conseguir comprar energia barata da Chesf (Centrais Hidrelétricas do Rio São Francisco).

Marcelo disse ainda que dois ex-dirigentes da Braskem manipularam os emails da petroquímica para que eles não fossem incriminados na Justiça. Eles são o ex-presidente da Braskem (que assumiu o posto com a prisão de Marcelo em 2015), Newton de Souza, e o advogado e ex-integrante da diretoria jurídica da Braskem, Maurício Ferro, que também é casado com a irmã de Marcelo, Mônica Bahia Odebrecht.

Ainda segundo a Folha, em uma das mensagens, Marcelo disse que tentou por diversas vezes ter acesso aos emails da Braskem para relatar irregularidades na empresa à Justiça, mas que não conseguiu porque seu cunhado havia informado que estavam protegidas por sigilo como correspondência entre advogado e cliente.

Marcelo só conseguiu ter acesso aos e-mails depois de passar para prisão domiciliar, desde dezembro de 2017, após ter cumprido dois anos e meio em regime fechado em Curitiba.

Segundo o herdeiro do grupo Odebrecht, os e-mails que ele conseguiu acessar mostram que houve pagamento de subornos e outras ilegalidades envolvendo Souza e Ferro, por isso foram incluídos entre os sigilos para que não precisassem revelar seus crimes.

“Quanto aos emails do meu computador, fica agora evidente a tentativa deliberada por parte de pessoas que gozavam da minha mais inteira confiança para que eu não tivesse acesso ao conteúdo do meu computador”, escreveu Marcelo.

O executivo apontou ainda que o escritório de advocacia americano Paul Hastings LLP, de Washington DC, o mesmo que representou a Braskem no acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos ajudou Ferro na estratégia de omitir os emails.

A Folha destaca que Marcelo entregou às autoridades cerca de 2.000 mensagens que apontam as irregularidades nos acordos da Braskem. Graças a esse material, a Polícia Federal começou a apurar os omissões da petroquímica nos acordos, e Ferro e Souza passaram a ser investigados como suspeitos na compra de medida provisória para beneficiar grandes companhias.

Durante o processo de apuração, a Suíça enviou ao Brasil documentos mostrando que Ferro tinha uma conta com saldo de US$ 8 milhões naquele país, não declarados às autoridades brasileiras. Ao todo foram descobertas seis contas ligadas ao advogado, duas delas em nome de um amigo laranja. Além disso, investigações internas da Odebrecht indicam que Ferro teria recebido R$ 150 milhões da companhia no exterior. O advogado se defende afirmando que os recursos são de bônus.

“Estes executivos tiveram forte envolvimento e protagonismo em muitos dos fatos ilícitos que eu e, imagino, outros colaboradores estamos agora detalhando. Estes fatos vão desde as MPs [medidas provisórias] de interesse da Braskem, passando por temas da área de energia, dos pagamentos não contabilizados, até obstrução da Justiça”, escreveu Marcelo.

“E não se trata apenas de ciência dos fatos­ —o que por si só já seria motivo de enorme preocupação dado as posições que estes executivos atualmente ocupam nas empresas da Odebrecht— mas de coautoria de fato, ativa e relevante, nos ilícitos cometidos. Algo cuja gravidade vai muito além do deletério exemplo que representam, ainda mais após os compromissos publicamente assumidos pela Odebrecht S.A e Braskem”, completou na mensagem de 2018, quando Souza e Ferro ainda estavam na Odebrecht. Ainda no ano passado, após as acusações de Marcelo, os dois executivos saíram da companhia.

Para ler a reportagem da Folha na íntegra, clique aqui.

Redação

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  1. As revelações do site “The Intercept Brasil”, mostrando o conluio entre o ex-juiz Sérgio Moro e a força tarefa da operação Lava Jato para condenar Lula sem provas, comprovam a existência de uma “conspiração política” contra o ex-presidente Lula, ficando, portanto, comprovada a parcialidade e a suspeição do ex-juiz Sério Moro no julgamento de Lula. “O Supremo Tribunal Federal tem agora o dever de retirar todas as consequências destas gravíssimas irregularidades que conduziram a uma condenação injusta e ilegal e, consequentemente, libertar Lula e anular a sua condenação”. “A corrupção é tão importante quanto a democracia e o Estado de Direito. “Mas no caso de Lula, ela foi usada para alimentar estratégias que o eliminassem do jogo político, a fim de permitir que Bolsonaro chegasse ao poder e, em seguida, ‘recompensasse’ Sérgio Moro, nomeando-o ministro da Justiça”, utilizando-se de “lawfare”, que é a manipulação das leis e dos procedimentos jurídicos para fins de perseguição política. É o uso indevido do Direito contra inimigos, objetivando a condenação e a prisão de Lula, mesmo sem prova, com respaldo do Departamento de Justiça norte-americano que os orientou para tirar Lula da corrida presidencial para que ele não fosse eleito Presidente da República. Essa gente deveria ser exonerada de seus cargos a bem do Serviço Público. As máscaras de Moro, Deltan Dallagnol e sua trupe, caíram! Foi necessário chegar aqui, no país do carnaval, um renomado, corajoso e o maior jornalista do mundo, o norte-americano, Green Glennwald, para denunciar o escândalo da Lava Jato, desferindo golpes fulminantes nessa corja de bandidos, através do site “The Intercept Brasil”, do qual é cofundador; desbaratar e acabar com a farra, e a farsa dessa quadrilha que está à frente da Lava Jato, deixando-a de joelhos. Acabou! Caiu a máscara dos algozes e perseguidores de Lula! A vida é assim: “Aqui se faz, aqui se paga!” “Quem com grampo fere, com grampo, será ferido!” É a lei do retorno. Cadeia pra essa corja! Parabéns, Green Glennwald! “In Lula we trust!” #LulaLivre #LulaPresoPolítico #LulaPerseguidopelaJustiça #LulaCondenadoSemProva #LulaInocente (Poeta nordestino, de Sousa, no Sertão da Paraíba)??????✊

  2. Sínteses elaboradas como essas tem que correr Brasil e mundo afora; pena que aqui nessas redes sociais e nas mídias livres e verdadeiras não alcançam o maiores alvos que precisam ser “assediados” e “massificados” no bom sentido, até porque as mídias de maior alcance e abrangência nacional PAGAS e que se dizem populares, estão diretamente enfiadas e até encabeçam esses nefasto GOLPE, dessa forma fica difícil chegar até os verdadeiros necessitados de verdades; quem lê informações de simples entendimento, explicitas e verdadeiras iguais a estas são as pessoas que procuram entender o fenômeno social, político e econômico que estamos passando, ou que está se repetindo (1964 e outras épocas).

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