Margaret Thatcher foi conivente com os abusos sexuais dos parceiros políticos

do The Independent.UK

Dossier on Smith’s knighthood shows the then-PM was aware of paedophile allegations against him – but he went before the Queen regardless

O governo inglês foi acusado de tentar esconder um dossiê dos arquivos secretos onde revela que Margaret Thatcher sabia das acusações de abuso sexual infantil contra o membro do parlamento Cyril Smith – antes deste receber as honras de Cavaleiro.

Os documentos somente se tornaram públicos nesta semana, após a intervenção do Comissário da Informação, e neles inclui uma carta, não datada e marcada como “secreta”, avisando a PM Thatcher que haveria risco de tal condecoração receber críticas adversas.

Cyril Smith, falecido em 2010, atuou como Liberal e Liberal Democrata por Rochdale entre 1972 e 1992. Ele foi acusado de abusar sexualmente de oito garotos no final dos anos de 1960 e, embora ele não tenha sido processado na época, a polícia confirma que pelas informações, hoje ele seria processado.

O Gabinete do Governo, depois de repetidas exigências do jornal ”Mail on Sunday”, na noite passada liberou o arquivo com 19 páginas, e negou que tenha abafado o escândalo, alegando que o caso era “sensível e complexo”.

Entre as cartas comentando a decisão de intitular Smith como Cavaleiro, em 1988, estava a carta de lorde Shackleton, membro do Political Honours Scrutiny Committee (comitê que avalia os nomes indicados para receberem honras), detalhando para a PM Thatcher que a polícia esteve investigando Smith, em 1970, por “atentado ao pudor contra adolescentes”.

Ele informou que o Diretor do Ministério Público (DPP) decidiu que “não havia nenhuma perspectiva razoável de condenação”.

A carta à PM diz que o caso foi relatado no “Rochdale Alternative Press” e “Private Eye”, e acrescentou: “Podemos não dar valor a esse tipo de notícia, mas o caso poderá voltar à tona, caso Smith seja condecorado”.

Lorde Shackleton disse que haveria “um pouco de  infelicidade” caso este “episódio” evite que Smith receba a honra, mas acrescentou: “Nós sentimos a necessidade de avisar o sistema de honrarias do risco se tal premiação acontecer”.

O jornal “The Mail on Sunday”  informou que em outra carta do arquivo,  de Sir Robin Butler, secretário chefe do gabinete,  perguntava ao DPP porque Smith nunca foi processado.

Ele dizia: “A decisão de assim escrever ao diretor foi para proteger a Primeira-Ministra, a Rainha, e também para ser justo com o Sr. Smith”.

Margaret Thatcher was warned that sex abuse allegations against Cyril Smith might cause a problem for the Government if the MP was knighted, the dossier has revealed (Getty)

Ele informou que o comitê pretendia saber “se as acusações contra o Sr. Smith seriam fundamentadas, ou  que as evidências não teriam sustentação no tribunal”.

O jornal relatou que nenhuma  resposta do DPP foi encontrada nos arquivos.

Os arquivos só foram liberados depois de cinco pedidos do jornal “The Mail on Sunday”, da intervenção do Comissário de Informação e da campanha do MP Simon Danczuk (Labour)- que escreveu um livro sobre as acusações contra Smith – acusando Thatcher e seu  vice de ajudarem a cobrir o caso.

Esse último disse ao “The Mail on Sunday” : “Nick Clegg e David Cameron foram coniventes em cobrir o caso … Ambos precisam ser transparentes e se comprometerem pessoalmente em revelar tudo o que foi arquivado pelos órgãos do governo.

“O primeiro-ministro prometeu que não haveria pedra sobre pedra na investigação dos históricos abusos sexuais em Westminster. Mas, o Gabinete do Governo parece estar fazendo o oposto”.

Um comunicado do Gabinete do Governo informa: “Não há encobrimento e nem o Gabinete do Governo foi forçado pelo Comissário da Informação a liberar este arquivo”.

“Este é um caso sensível e complexo, e é justo levarmos para análise de uma comissão de funcionários. Depois de considerar as análises, o Gabinete do Governo decidiu divulgar as informações.”

Redação

3 Comentários

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  1. Os roqueiros do RU não eram fãs de Thatcher

    Peter Wylie gravou “The Day That Margaret Thatcher Dies!”em 2010/2011 cujo refrão dizia que quando ela morresse, ninguém iria chorar. Que me desculpem os fãs de Thatcher, mas o som é legal hehe.

    [video:https://youtu.be/wcXi-VYy_Yw%5D

    Além dele, muitos outros gravaram canções com fortes críticas a ela (muitas vezes agressivas). Uma boa lista das canções está no link a seguir: http://www.buzzfeed.com/angelameiquan/21-incredibly-angry-songs-about-margaret-thatcher

  2. Morrissey – Margaret On The Guillotine

    Em 1988, Morrissey, ex-Smiths, gravava “Margaret On The Guillotine”, que foi lançada no primeiro álbum de sua carreira solo, chamado “Viva Hate!”. A canção, claro, era uma demonstração de desprezo para com Margaret Thatcher, a famosa dama de ferro, primeira ministra britânica que foi pioneira no pacote de maldades neoliberais que, anos depois, tomou conta do mundo.

    Lembrei-me dessa canção porque, diferentemente da Inglaterra, onde artistas como Morrissey transformaram o eventual ódio que sentiam por Thatcher em arte, compondo uma bela canção, ainda que com uma letra mórbida (ele pergunta “quando você irá morrer?” e faz afirmações como “por favor, morra” ou “transforme esse sonho em realidade”, referindo-se ao fato dela ser guilhotinada), no Brasil, os odiadores de Dilma não ultrapassam as raias do ódio. Em suma, o talento inexiste entre os que odeiam Dilma. É um marasmo só, onde impera a mediocridade, a falta de criatividade e de imaginação.

    A canção que até hoje coloca o Guardian em maus lençois quando tenta sustentar suas críticas a Morrissey:

    [video:https://youtu.be/smzsIONNh0w%5D

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