Meneghel: a estratégia para libertar um assassino

O calvário do professor Geraldo Barbosa começou no dia 14 de abril passado, quando seu filho, Alexandre Drumond Barbosa, delegado da Polícia Federal, foi barbaramente executado pelo ruralista Alessandro Meneghel por motivo futil.

Desentenderam-se por causa de uma moça, em um bar de Cascavel.

Meneghel entrou em sua caminhonete, voltou com uma espingarda calibre 12 e fuzilou o jovem Alexandre Drummond Barbosa. O policial caiu no chão, sacou seu revólver para tentar se defender. Meneghel continua atirando, agora com uma pistola calibre 12. O policial rola no chão, na tentativa de escapar dos tiros. Em vão. É alvejado com 40 tiros por um assassino frio. Meneghel dá a ré no veículo, passa por uma rua paralela e, depois, pela cena do crime, para se certificar se o policial estava morto (assista o vídeo no pé do post).

Como Meneghel é influente na região, para evitar que houvesse manipulação no inquérito da Polícia Civil, a PF localizou um vídeo da cena de assassinato e disponibiliza na Internet.

Logo depois, veio a informação de que a família do assassino contratou o perito Ricardo Molina, o polêmico Molina que foi contratado pela Globo para provar que José Serra tinha sido atingido por um objeto de alta periculosidade, o Molina do caso PC Farias e tantos outros episódios nebulosos.

Aí o velho professor Geraldo Barbosa, aposentado do Departamento de Física da Universidade Federal de Minas Gerais, especialista em ótica, iniciou seu penoso trabalho. Baixou o vídeo da Internet e começou a reconstituição, tentando melhorar a imagem. Assistiu centenas de vezes o filho sendo assassinado, cada detalhe, a agonia de tentar fugir dos tiros de um assassino covarde e cruel. Centenas de vezes chorou até não ter mais lágrimas para chorar. Pediu ajuda dos seus antigos orientados do Departamento. Com o único poder de que dispõem – o conhecimento técnico – efetuaram cálculos matemáticos para mostrar a exata posição do veículo, os ângulos do disparo.

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Agora, o assassino está prestes a fazer valer sua influência de ruralista rico, político temido, cabo eleitoral cobiçado.

Primeiro, conseguiu sua transferência de uma prisão mais dura (PEC) para outra quase aberta (PIC). A transferência foi solicitada pelo diretor da PEC, Gilberto Pedro Rossin, em carta ao diretor da PIC, André Luiz Romera.

Este se diz “favorável ao presente pedido, desde que, o referido preso, apresentando problemas de comportamento na PIC seja de imedia (?) recambiado à PEC”. Depois, envia uma carta ao juiz Paulo Damas (Juiz de Direito da Vara de Execuções Penais) solicitando a transferência e declarando a concordância dos dois diretores.

No mesmo documento entre os dois diretores, o Juiz Paulo Damas, em 23 de julho de 2012, acrescenta sua autorização numa única palavra: AUTORIZO. Nenhuma explicação acompanha sua autorização.

Rumores da cidade dão conta que a ida da PEC para PIC teria sido autorizada devido ao fato do assassino já ter sido condenado em outro processo a 5 anos e 19 dias em regime semi-aberto.

Depois disso, o assassino conseguiu ser transferido para uma clínica privada por 30 dias, para avaliação de saúde, apesar dos exames na prisão não indicarem qualquer necessidade. A transferência foi autorizada pelo mesmo juiz Paulo Damas.

Há rumores de que estaria sendo combinado com um médico uma “operação de coluna” que proporcionaria ao réu as condições legais para ficar em casa por um longo período de tempo. Ou para fugir.

Impotente, o professor Geraldo acompanha, lance por lance, a saga do coronelato no país.

Que a morte brutal de seu filho não tenha sido em vão.

Luis Nassif

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