Ministério Público investiga tios de Dallagnol por loteamento ilegal e desmatamento na Amazônia

Família do procurador da Lava Jato está envolvida em disputa de terras no Mato Grosso e responde por crimes ambientais em região conhecida como "portal da Amazônia"

Jornal GGN – O município de Nova Bandeirantes, criado no início dos anos 1990, com a emancipação de Alta Floresta, está localizado na área chamada de Portal da Amazônia, porque marca a entrada para a floresta pelo estado do Mato Grosso, na região situada como Amazônia Legal. Pois é ali que se concentra grande parte dos negócios da família Dallagnol no estado.

Em mais um capítulo da série “Os Latifúndios dos Dallagnol na Amazônia“, o site De Olho nos Ruralistas mostra que o modus operandi de exploração e gestão das terras da família do procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da Operação Lava Jato em Curitiba, se distanciam do que manda a lei.

Nos documentos, o avô do procurador, Sabino Dallagnol, e os oito filhos adquiriram terras no município no início dos anos 1980, chegando a ter a matrícula de 400 mil hectares, ou o equivalente a metade das terras de Nova Bandeirantes. Nesse período, o pai e a mãe de Deltan, o procurador de Justiça aposentado do Paraná Agenor Dallagnol e Vilse Salete Matinazzo Dallagnol, também se tornaram proprietários de terras ali.

O De Olho nos Ruralistas descobriu que os negócios do clã Dallagnol em Nova Bandeirantes são geridos principalmente por dois irmaos: Xavier Leonidas Dallagnol e Leonar Dallagno, conhecido como “Tenente”. A apuração da reportagem revelou ainda que os dois já foram flagrados praticando desmatamento ilegal.

Em 2017, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) autuou Xavier e a mulher, Maria das Graças Prestes, por desmatamento. Neste mesmo caso, Xavier foi multado pelo desmatamento de uma região de 276,5 hectares e a mulher por devastação na Fazenda Iassã, na distrito de Japuranã, onde os negócios da família Dallagnol se concentram. O De Olho nos Ruralistas apurou também que, até o momento, as duas multas não foram pagas porque os dois entraram com recursos.

Alguns anos antes, em 2010, Tenente assinou um termo de ajuste de conduta com o Ministério Público Estadual do Mato Grosso, também por desmatamento em área de proteção ambiental, na Fazenda Aruanã.

Em Nova Bandeirantes, Tenente é conhecido como ruralista e responsável por acompanhar de perto a rotina das propriedades rurais da família. Enquanto outro tio do procurador, Xavier Dallagnol, é o advogado que cuida da parte jurídica das propriedades.

Os dois tios de Deltan também são investigados pelo loteamento ilegal de terras no município que levou a abertura de processos contra eles. Em depoimento ao Ministério Público sobre o caso, em 2016, Tenente confirmou ao Ministério Público que era proprietário do loteamento Estrela Dalva e que o irmão, Xavier, o responsável pelo loteamento Japuranã.

O processo de Tenente continua sob investigação do MP, já o de Xavier foi prescrito, segundo informações do Portal da Transparência do MP-MT.

O portal De Olho nos Ruralistas levantou ainda que Xavier e a esposa estão envolvidos em uma disputa judicial com a Madeireira Juara, na cidade Nova Monte Verde. Os dois são acusados de “extração irregular de madeiras de todas as espécies”, e de desrespeitar decisões liminares já impostas pela Justiça na mesma região.

“Ele [Xavier] e a madeireira também são investigados por dano ambiental em um inquérito proposto pelo Ministério Público do Mato Grosso, a partir de representação da Associação Comunitária Rural Matrinchã. A investigação está em andamento, segundo o portal da transparência do MP-MT. No município, Xavier é investigado em outros processos, inclusive inquéritos policiais, por dano ambiental”, escrevem Leonardo Fuhrmann e Alceu Luís Castilho, que assinam a reportagem.

Clique aqui para ler a reportagem na íntegra.

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Redação

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  1. O único que falou a verdade até agora, foi Lula. Ele disse alto, e em bom som: “Eu vou provar quem são os verdadeiros ladrões deste país!”

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