Moniz Bandeira: Um país que politiza a Justiça, acabou

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – “Para o mundo, o Brasil está na lata do lixo. Um Executivo desmoralizado, composto por políticos altamente corruptos, um Legislativo quase todo vendido e um Judiciário que politiza suas decisões. E ninguém mais tem ideologia”, resumiu Luiz Alberto Moniz Bandeira em entrevista ao GGN.
 
Para o cientista político, autor de mais de 20 obras, entre elas “A Segunda Guerra Fria – Geopolítica e dimensão estratégica dos Estados Unidos” (ed. Civilização Brasileira), o “Brasil hoje já não existe para os estrangeiros”.
 
Na crise das instituições, Moniz destaca o Judiciário. Aos 81 anos de idade, afirma que nunca viu em sua vida um Supremo Tribunal Federal (STF) tão desmoralizado, “em que cada ministro atua como quer, toda hora falam à imprensa, adiantam suas decisões, politizam os julgamentos”.
 
“É claro que há gente boa, mas de modo geral, aqueles que estão estraçalham a imagem do Brasil. O STF sempre foi a instituição mais respeitada. Nunca vi uma coisa dessa na vida. Um país que politiza a Justiça, acabou.”
 
Além do Supremo, Moniz Bandeira lembrou da atuação da Justiça de primeira instância na Operação Lava Jato. Para ele, além de politizar os julgamentos, os investigadores e o juiz federal Sérgio Moro estão colaborando para a derrubada da economia brasileira. 
 
“Eu creio que essas cooperações, tanto do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e de Dallagnol [coordenador da força-tarefa], estão prestando serviço ao estrangeiro, a uma nação estrangeira e arrebentando as empresas nacionais de construção, as maiores, as que estão encarregadas de projetos importantes”, ressaltou.
 
Para ele, o objetivo dos EUA é manter o Brasil sob controle, de forma a não ameaçar a soberania norte-americana. Com isso, às custas de figuras do Judiciário que se alimentam da imagem e da auto-promoção, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos consegue o apoio de procuradores, como se os mesmos fossem agentes da polícia americana.
 
“É uma forma de controlar o outro país, de espionar. E os que estão [investigadores] nessa campanha da Lava Jato atuam como se fossem agentes. Mesmo não remunerados, o fato é que, objetivamente, estão a favorecer uma nação estrangeira contra o Brasil. Estão a trabalhar contra os interesses nacionais”, disse.
 
As consequências disso, alerta o cientista político, são os prejuízos causados à economia nacional, “muito maiores do que toda a corrupção que tem”. “O Brasil e as construtoras têm obras espalhadas em diversos países da América Latina e da África paralisadas num valor de mais de 6 bilhões de dólares”, lembrou. 
 
Por outro lado, a imagem criada de corrupção sobre as empresas brasileiras aqui, tanto pela imprensa, quanto pela campanha massiva do Judiciário, difere muito dos conceitos que os próprios norte-americanos têm de proteção de seu mercado. “Porque os financiamentos, como o do BNDES, os Estados Unidos e outras nações também fazem, favorecendo suas empresas nacionais. Não é verdade que [o Brasil] financiou Cuba, financiou as empresas brasileiras, as indústrias nacionais, para que elas possam produzir e exportar”, lembrou.
 
“Tem muitos [procuradores e investigadores] que são manipulados. Muitos não tem consciência disso, não. Esses procuradores, Rodrigo Janot e outros, também estão por exibição, para autopromoção, estão querendo assumir o governo do país. Estamos todos agora no país deles”, concluiu.
 
Sobre o acordo recente fechado pela Odebrecht, sob intermediação dos investigadores da Operação Lava Jato, com o Departamento de Justiça norte-americano, Moniz Bandeira ressaltou que se trata de um projeto que visa atingir a segurança brasileira.
 
“Os Estados Unidos não poderiam fiscalizar todas as atividades da Odebrecht durante três anos como pretendem, porque a Odebrecht está encarregada de várias projetos em defesa da soberania: a construção do submarino nuclear com tecnologia da França. A fiscalização dos Estados Unidos é espionagem. A Odebrecht está encarregada de outros projetos, como a defesa da costa, também de segurança nacional, e outros. É um absurdo”, manifestou.
 
Leia mais: 
“Não estão fora do nosso alcance”, diz FBI sobre empresas brasileiras
Lava Jato intermedeia acordos de delatores com EUA para derrubar Petrobras
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Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

28 Comentários

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    1. O dinheiro das balas é troco
      O dinheiro das balas é troco de bgala perto do quje eles roubaram e que vai ficar para a família… na verdade, as familias devem ser expropriadas e jogadas embaixo da ponte.

    2. Não concordo mas, mesmo assim, vou lhe dar cinco estrelas

      Acho que esses próprios crápulas, antes da execução, devem trabalhar e pagar as balas com as quais serão executados. Às vezes as famílias deles lhe deram o melhor e eles escolheram esses caminhos criminosos porque quiseram vida fácil bajulativa.

      Vou lher dar um excelente. tá?

      Mas não pense que concordo com você.

  1. Companheiro LULA, por favor,

    Companheiro LULA, por favor, não se candidate mais a governar “ESSA PORRA”. Digo isto porque daqui para frente, “ESSA PORRA” deixou de ser um Estado perante os outros Estados do mundo civilizado. Daqui pra frente, “ESSA PORRA” não passará de uma pocilga, um puteiro. Retiro a palavra puteiro. Desculpem-me as Senhoras Madames. Mas, continuando, creio que o Dignisssimo Professor esqueceu(acredito que não omitiu) os “verde oliva”. São tão inescrupulosos como os outros citados.

    1. futuramente será cobrado pelo que fez ou permitiu…

      porque está sendo pago por isso, por abrir as portas para a espionagem, com a venda da Petrobras

      outras grandes empresas estrangeiras, que também investiram, devem estar revoltadas e com toda razão

  2. É facil culpar outros

       Colocar todas as mazelas atuais do Brasil na conta da geopolitica norteamericana, é facil e bastante comodo, como se ninguem soube-se como funciona o “Big Brother do Norte “, poxa vida ,eles sempre agiram assim, desde o século XIX, não tinha, nem tem nenhuma novidade, ou vcs. acreditaram em Obama quando ele chamou Lula de “Big guy “.

        A merda atual, a zona feita, os esbirros autoritários a solta, foram originários daqui mesmo, claro que em parte foram cooptados e estão a serventia de outros externos paises e INTERESSES, são ingenuos até burros, mas todos possuem uma qualidade em comum, comigo e com outros mais de 200 milhões, são brasileiros, muitos deles, a maioria, funcionários/servidores publicos de alto escalão, concursados, o “creme de la creme” de nossos serviço publico.

        Já que a culpa é sempre dos Estados Unidos, porque eles não desestabilizam a China, India até mesmo a Russia, claro que tentaram faze-lo, tentam diuturnamente, mas não conseguem – e é do jogo geopolitico, de estabelecer preponderancia, a desestabilização de seu concorrente – porque ?

         São paises que tem um sentido claro do que é um Estado, uma Nação, não admitem interferencias externas, não fornecem bolsas de estudo a seus funcionarios, como se fossem docinhos de festa, a seleção dos enviados ao exterior passa fortemente pela analise politica das intenções do solicitante, eles tem foco, programa de Estado, não de governo.

          Culpar a geopolitica norteamericana é querer negar as cagadas que nós fizemos, parte de responsabilidade eles possuem, mas a culpa é nossa e exclusiva.

    1. Não, nossas elites de poder

      Não, nossas elites de poder não têm essa autonomia que você diz. Só agem após a permissão e o apoio dos do norte. Poderiam tê-lo feito em 2005-2006, mas não viram o apoio externo necessário. Uochintom estava mais preocupada com Iraque (e não tinhamos pré-sal, ainda, este é o fato central). Obama/Hilaria mudam a cena e mostram as garras logo de cara, em Honduras, no Paraguay, nas primaveras pelo mundo afora. Os exemplos que você cita (Rússia, China, India), desculpe, mas são nações construídas na resistência militar e cultural ao invasor. Não é o nosso caso. Mal temos FA’s. Ou 2016 mostra que não temos. 

      1. E as nossas forças armadas nos atacam para defender os EUA

        Tá dominado, tá tudo dominado. Acho que se fôssemos um Estado Americano, como o Havaí ou o Alasca, estaríamos em melhores condições do que sendo um país supostamente independente.

    2. Os dois processos ocorrem em

      Os dois processos ocorrem em paralelo , e um, influencia desde sempre o outro ,sendo naturalmente a geopolitica dominante ,por ser onde maiores poderes são mobilizados .O fato de que Russia ,China e India terem através de guerras(primeiro internamente pra eliminar os trairas , e depois externas(no caso da india foi um pouco diferente )) extremamente sangrentas contra o imperialismo ,estabelecido algum  grau de soberania nacional  não significa nem que a guerra deles contra esse poder imperial (que não é só norte americano ou inglês ) acabou ,nem que os representantes do imperio na “terra brasilis ” fariam essas exatas coisas que estão fazendo sozinhos .A falsa ideia de Democracia capitalista é o seu mantra mais impermeavel (não é possivel romper com o dominio deles, sem ser incluido no grupo dos “não democraticos”) e sobretudo ,não há “jeitinho possivel ” é eles ou nós ,em questões de vida ou morte .E que mesmo decidindo que preferimos a nossa soberania, ainda teremos que enfrenta-los em diversos campos de batalhas onde muitos de nós poderåo perecer .A alternativa é a escravidão consentida e a subserviencia de um boi indo pro matadouro .

       

  3. Como chegar a trágica “essa porra”.

    Não, não devemos exclusivamente a prestimosa colaboração de moro e seus dalagnoias amestrados.Tão pouco entendo que ao venial corporativismo do mpf de janot e marajás judiciários. Pouco aos 300+ picaretas do congresso . Nunca as correntes evangélicas, católicas, islamitas, budistas, judáicas, umbandistas ….Nem devemos a Bolsonaro e seus gorilas. Nossa culpa ! Devemos essa porra aos brasileiros de bem que se calaram contra difamaçôes generalizada. Aos que toleraram a dissídia entre partidários de idéias contrárias, aos que se acostumaram com injustiças aos menos favorecidos, ao nosso histórico desvalor ao patriotismo, à nossa passividade e descuido com a defesa nacional. A quem se calou diante de acontecimentos anormais, denunciados por valorosos blogueiros de parcos recursos de mídia. Essa porra foi prevista! 

  4. Realidade alternativa
    Os safados burlam as leis, escondem patrimônio, compram agentes públicos, fazem tráfico de influência, usam de apadrinhamento político, desviam dinheiro do governo e de empresas, mas a culpa é do executivo, do legislativo e do judiciário. Se é essa realidade alternativa que você quer enxergar, que pode ser feito?

  5. Como se isso não bastasse, a política também foi judicializada

    Além da politização da justiça, o Brasil também judicializou a política.

    Pode fechar essa merda de país e vamos todos para o Haiti, pois o Brasil é no Haiti

  6. Enquanto discutem afundam as empreiteiras brasileiras,

    O Parente vende a preço de banana as reservas de petróleo. Total e Statatoil já levaram sua parte, deixando o prejuízo de quase R$150 bi para os brasileiros Quantas lavajatos cabem nesse rombo?

    Quem dá tudo isso de graça? Não acredito que saiu de graça. Tem coisa para ser investigado aí; há cheiro de propina distribuída para a concretização dessa venda, e deveria ser investigada.

    Mas isso não vem ao caso para o PGR e para os Ministros. São atos praticados pelo atual governo – e o atual governo não é corrupto!

    Estamos sendo enganados, Nassif! E ninguém apura nada?

     

  7.  
    O STF entregou Olga Benário

     

    O STF entregou Olga Benário aos nazistas, apoiou o golpe de 1964, reconheceu a validade do AI-1, AI-2, AI-3, AI-4 e AI-5 e, mais recentemente, se recusou a revogar a Lei de Anistia auto-proclamada pelos militares contrariando a jurisprudência da OEA.

    Moniz Bandeira, portanto, está equivocado. O Brasil sempre esteve na lata do lixo. A justiça brasileira nunca deixou de ser politizada. E o STF gozava de um prestígio imerecido que com justiça começou a perder. 

    1. Este mesmo supreminho impediu

      Este mesmo supreminho impediu em 1957 a extradição do criminoso de guerra (nazi-fascista) francês Jacques de Bernonville para que ele fosse julgado na França por diversos genocídios quando a França foi ocupada pelos nazistas .

    2. Esqueceu que nos governos

      Esqueceu que nos governos petistas, com Celso Amorim e Antonio Patriota o Brasil c ganhou prestígio internacional por suas posições altivas e independentes, chegando a ser cogitado como membro permanene doConselho de Segurança da ONu e ainda integrar4 os Brics e o grupo dos 20.

  8. Fossa a Céu Aberto?

    Nassif: esse texto do Bandeira, focado na espionagem norteamericana para manter o Brasil no cabresto, é magistral. Mas ouso alguns complementos.

    De Gaulle dizia que não éramos sérios, lembra?

    Estamos pior, quando assistimos um Judiciário que faz, por uma maioria, das instâncias de instrução e julgamento meras extensões políticas-ideológicas de seus Partidos efetivos e afetivos; um Çupremu Tribunal Federal – ÇTF na mão dos 6 do “Ferrari”. E os Gogoboys, vazando coisas sigilosas a todo vapor, complementam esse quadro.

    Um Executivo comandado por “MT_43”, cujo bando é composto por chefões como “Angorá”, “Boca Mole”, “Primo”, Mineirinho”, Carcamano da Moóca, “Babel”, “Aloisio 300mil”, “Feio” “Caju”, “Pino”, “Velhinho”, “Tuca”, “Missa”, “Campari” (só pra citar alguns principais).

    E um Legislativo, capitaneado por “Botafogo” e “Justiça”, cujo Congresso esta composto, segundo a grande mídia, por 2/3 de bandidos, muitos já indiciados (de brincadeirinha) no mencionado Judiciário. E que conta, agora, com a plena assistência daquele que tem domicilio na Avenue Foch e de quando em vez aparece para o chá na Casa de Machado de Assis. “Caranguejo” e Youseff continuarão a assessoria, de seus “escritórios” de Curitiba.

    Sob o manto da falsa moralização estão entregando todos os nossos bens de mãobeijada aos estrangeiros. O projeto nuclear aos norteamericanos e israelenses. O presal àquele seleto grupo que destruiu o Iraque e a Líbia (o das Relações Exteriores, dizem, já esta tomando devidas providências). As grandes construções, inclusive hidrovias, hidroelétricas e a ferrovia transatlântica, serão fatiadas por “Nações amigas”, colaboradoras do botim. Imaginam que com essas do exterior ficaria mais fácil receber as propinas.

    Comentou-se As Forças Armadas vão acabar. A Marinha, com a IV Frota nos limites das águas internacionais, prá quê? Onerar os cofres com barquinhos velhos e carcomidos? Também o Exército. Qualquer manobra que os 10.000 da “Forças Especiais” do “Kojak” não puderem dar conta, encherão o Pais de fuzileiros da Matriz, que tem milhares de homens embarcados para a missão. Só os do ar ficarão, pela metade. É que chegando os tecotecos supersônicos o pessoal do Cartel de Medelín não dispõe de gente treinada à altura e os do Heliococá disseram que não querer a tarefa. Considerando ainda que num Pais de dimensões continentais seus bandidos precisam de rapidez para movimentar, rapidamente, cargas e pessoas.

    Lógico que no quadro comporta outros enfoques. Mas o importante é o retrato corpo inteiro — somos ou não somos um Pais de salafrários? Pergunte ao povão, que aumenta, mas não inventa. Analise isto e sinta a óptica do estrangeiro sobre nossa Nação.

    Por isto, lamentavelmente, o Brasil não “está no lixo”. Hoje, até para nós, brasileiros sinceros e autênticos, ele é o lixo.

     

    PS: só temos que distinguir “Povo norteamericano” das grandes corporações que comandam aquele País e dominam a CIA. Esses, sim, são o Pai da criança.

  9. A Odebrecht lucrou bilhoes

    A Odebrecht lucrou bilhoes corrompendo politicos e aprovando projetos apenas do interesse dela. Ganhou projetos estrategicos de um jeito obscuro. Parece que alguns autores esquecem que ela fez muita coisa errada.

    Mais uma pessoa / partido / empresa que teria condicoes de fazer aprovar projetos / leis para modernizar o pais e populacao, entretanto escolheram outro caminho.

    1. Aprenderam  com as empresas

      Aprenderam  com as empresas estrangiras, principalmente americanas, que impumja, projetos de seu s interesses aos países do terceiro mundo, Brasil incluído,  num pacote que vinham até com financiamento dos bancos estrangeiros…

      É só ler Confissões de  Um Asssassino Econômico,  de John  Perkins,  que irá se inteirar mais sobre o assunto.

      1. Dica Importante

        Mello: obrigado pela dica. Só conhecia por referência de terceiros. Na primeira oportunidade vou me debruçar sobre o livro do Perkins.

  10. Entendeu AGORA porque há anos digo que a esquerda PRECISA conquistar os militares…

     

    Mas não, ainda querem levar a julgamento. Vai lá….fala agora.

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